Vilarejo Paraiso das Gaivotas
Oliver e Beatrice montados em seus cavalos despontam no vilarejo Paraiso das Gaivotas, onde se viam vários casebres humildes e semelhantes uns aos outros pelas ruelas, feitos de madeira rústica e telhado de palha, até que mais ao fundo estava a pequena capela do lugar, que era uma construção simples de pedra com telhado de vime pontiagudo e uma cruz esculpida no arco de entrada.
- Chegamos.
- Então é aqui que você morava? - pergunta ela olhando tudo a sua volta.
- Sim. Eu nasci e cresci aqui, até o dia em que tive que deixar minha casa para trás.
- Por causa dos caçadores.
- Exato, todos os bruxos desse vilarejo tiveram que deixar suas casas e se esconderem nas montanhas.
- Para não serem capturados e levados até o Tribunal do Santo Oficio.
- Isso mesmo. Aquele lugar é o pesadelo de qualquer pessoa considerada herege, mas, principalmente, para os bruxos.
- Não consigo nem imaginar o sofrimento que deve ser para quem acaba sendo capturado e levado para lá.
- Vamos, a capela fica logo ali na frente.
Eles cavalgam lentamente e param em frente à capela, que estava com as portas de madeira abertas. Ambos descem dos seus cavalos amarrando-os a um toco de madeira próximo e subindo os degraus da entrada. O local estava vazio, exceto pelo Padre ajoelhado perante o altar orando de cabeça baixa e olhos cerrados.
Eles ficam parados de pé, em silêncio, no meio do corredor entre as fileiras de bancos, esperando até o Sacerdote levantar-se e deparar-se com eles.
- Oliver! - surpreende-se o Padre descendo do altar e encaminhando-se até ambos.
- Padre Alfredo - diz Oliver andando de encontro ao outro, com Beatrice em seu encalço alguns passos atrás.
- Pensei que não o veria novamente - comenta o Padre parando em frente ao bruxo.
- Também pensei que não voltaria para o vilarejo, mas estou apenas de passagem e vim até aqui para te pedir um favor.
- Em que posso te ajudar? - indaga o Sacerdote coçando a cabeça calva e dirigindo seu olhar para Beatrice. - E quem é a donzela que te acompanha?
- Essa é Beatrice, minha noiva - apresenta Oliver pegando na mão dela trazendo-a para o seu lado -, queremos te pedir que realize o nosso casamento.
- Casamento? - pergunta o Padre arqueando as sobrancelhas grisalhas, surpreso.
- Sim - responde o bruxo apertando a mão de Beatrice entre a sua.
- Eu realizo o seu casamento com muito gosto. É só me dizer para quando será marcada a cerimônia.
- Queremos que nos case hoje.
- Hoje? - espanta-se o Sacerdote piscando os olhos várias vezes.
- É por que desejamos uma cerimônia discreta - disfarça Oliver -, apenas nós dois.
- Está bem. Como desejarem. Eu realizo o casamento de vocês, mas precisam estar mais apresentáveis - diz o Padre olhando de um para o outro observando as vestimentas sujas de ambos.
- Tem razão, Padre - concorda o bruxo.
-Vocês podem usar o meu pequeno aposento nos fundos da capela para se trocarem, enquanto eu busco os objetos necessários na sacristia para preparar a cerimônia.
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Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasíaEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...