Castelo Forte dos Espinhos
Freya estava de costas para a entrada do estábulo acariciando um dos cavalos contido em sua baia, um destriero com pelagem preta como breu e manchas brancas no pescoço e nas patas.
- Quando eu for cavalgar - sussurra ela passando a mão pelo focinho do animal -, vou escolher você para montar.
- Acho que essa capa é minha - diz uma voz grave atrás dela.
Freya para de acariciar o cavalo e olha por sobre o ombro na direção da voz.
- Adrian? - surpreende-se ela virando-se para ele, que estava parado na entrada do estábulo vestindo um calção marrom e uma camisa acinzetada. Trajes diferentes do que ela o vira usando antes.
- Achei que nunca mais fosse vê-la - declara ele dando alguns passos na direção dela.
Adrian aproxima-se parando a alguns centímetros de distância de Freya.
- Acho que você também tem algo que me pertence - diz a bruxa erguendo o queixo para encará-lo.
- Está falando disso? - Ele retira a correntinha dela do bolso do calção e a exibe em sua mão.
- Não achei que você a havia guardado, de novo. - Freya desliza seu olhar até o pingente de lua cheia na palma da mão, com pequenas cicatrizes, dele.
- Então você estava nas Montanhas Vendavais.
- Estava e vi o que você e os outros caçadores fizeram ao meu povo - dispara ela com voz amarga e dando um passo para trás.
- Depois que você me deixou naquele abrigo, fui ao encontro dos caçadores que estavam na floresta. Eles já sabiam onde era o esconderijo dos bruxos e estavam a caminho das montanhas, além de estarem procurando por você. Eu não queria que eles a capturassem de novo, mas não pude evitar que levassem os outros.
- Eu o deixei no abrigo, pois não confiava em você para levá-lo até o esconderijo dos bruxos. Não que tenha adiantado alguma coisa, vocês nos encontraram mesmo assim.
- Entendo você não confiar em mim.
- Pretende me devolver minha correntinha? - pergunta ela apontando para a joia ainda na mão dele.
- Sim, claro. - Adrian se aproxima. - Posso? - indaga ele abrindo o fecho.
Freya hesita por alguns segundos, mas acaba cedendo e vira-se de costas para ele segurando seu cabelo acima da cabeça para deixar seu pescoço livre. Adrian coloca a correntinha em volta do pescoço dela fechando o fecho na nuca.
- Tente não a perder outra vez - diz ele ao pé do ouvido dela -, não sei se terá sorte que eu a encontre de novo.
- Agradeço - murmura ela virando-se, novamente, para Adrian com a mão no pingente. - Acho que você também vai querer o seu pertence de volta. - Ela faz menção de tirar a capa.
- Não precisa - diz ele colocando as mãos nos ombros dela impedndo-a de tirar a veste -, pode ficar com ela, se quiser. - Ele retira as mãos guardando-as dentro dos bolsos do calção.
- Está certo.
- Como veio parar aqui no castelo? - indaga ele se afastando um pouco.
- Depois do ataque dos caçadores na floresta, o Rei ofereceu abrigo as crianças no castelo e minha tia, praticamente, me obrigou a vir junto - suspira ela. - E você o que faz aqui?
- Eu estava entre os caçadores na floresta. Vi alguns bruxos indo rumo ao mosteiro e antes que os homens que estavam comigo os seguissem, os matei e fui ferido na luta. Se não fosse por um cavaleiro, eu estaria morto agora.
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Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...