Capítulo 44

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Castelo Forte dos Espinhos



Charlotte acorda e revira na cama percebendo que o espaço ao seu lado estava vazio. Ela abre os olhos e vê Dimitri calçando suas botas sentado no banco em frente à mesa de leitura.


- Desde o dia do nosso casamento, na nossa noite de núpcias, você tem vindo para cama só depois que já estou dormindo e levanta-se antes de eu acordar - reclama Charlotte sentando-se no colchão. - Apesar de ter concordado em dividirmos a cama, você parece não querer fazer isso de fato.


- Eu não quero incomodá-la - diz ele levantando-se -, mas hoje também é o dia da cerimônia de nomeação de Adrian, então levantei mais cedo para poder ir ajudá-lo.


- Compreendo - diz ela com voz enfadonha.


Dimitri limita-se a dar um beijo rápido na testa de Charlotte e sair do quarto sem dizer mais nada. Ela joga-se de costas no colchão suspirando desanimada.


- Podemos estar casados, mas, pelo visto, nunca vamos ser marido e mulher de verdade - desabafa ela para si mesma enquanto fitava o teto.



O cavaleiro dirige-se para a capela, onde Adrian ficara em vigília a noite inteira e em jejum. Ele adentra o local e vê o outro ajoelhado perante o altar rezando em silêncio, então permanece em pé esperando. Após alguns minutos, o cavalariço levanta-se e ao virar o corpo depara-se com Dimitri.


- Acabou sua vigília - avisa o cavaleiro -, pode ir se preparar para a cerimônia.


- Finalmente - suspira o outro aliviado sentindo seus joelhos doerem e o resto de seu corpo formigando por ter passado a noite inteira na mesma posição.


- Esse sacrifício é necessário para demonstrar sua honra e lealdade.


- Só espero que tudo isso valha a pena.


- Vai valer.


Adrian encaminha-se para o seu aposento, que agora era apenas ocupado por ele, na Torre da Cavalaria. Uma tina com água já o aguardava para o banho purificador. Ele tira a túnica marrom que usava e mergulha na água, que estava fria.


Após se lavar, o cavalariço veste uma túnica longa de linho na cor branca colocando por sobre os ombros um manto carmesim, que representava o sangue dos inimigos que seria derramado em defesa do Reino, e nos pés calça meias pretas e sapatos de couro. E por fim amarra à sua cintura o coldre de couro.


Depois de completar essa última parte do ritual antes da cerimônia, ele desloca-se até a Sala do Trono, onde seria realizada sua nomeação a cavaleiro. Ao adentrar o recinto, Adrian percebe que todos estavam em pé aguardando sua chegada. Os presentes, assim como os cavaleiros, estavam dispostos em pé divididos metade de cada lado da sala formando uma passagem no meio até a elevação do trono de ferro, onde encontravam-se Dimitri e o Comandante da Guarda Real.


Adrian anda lentamente pela passagem sob os olhares de todos até alcançar a elevação onde sobe os dois degraus parando em frente ao Comandante Eduardo.


- Adrian - inicia Eduardo segurando uma Bíblia com as palmas das mãos -, jura solenemente proteger o Rei e todo o Reino de Vale das Pedras; defender os cristãos contra os pagãos e hereges; ser fiel a Igreja agora e sempre e jamais recuar diante de um inimigo?


Adrian coloca sua mão direita sobre a Bíblia.


- Eu juro consagrar minhas palavras; minhas armas; minhas forças e minha vida em defesa dos mistérios da fé cristã e da unificação de Deus. Prometo ser fiel e submisso ao meu Senhor e na presença de inimigos não recuarei, mesmo sozinho combatê-los-ei.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora