Mosteiro da Graça
Freya estava guardando alguns pertences dentro de um saco de pano, para a expedição até o Tribunal, com o auxílio da tia.
- Vou pegar alguns suprimentos para a viagem - diz Diana saindo do aposento.
Alguns minutos depois, alguém bate à porta.
- Entre.
- Pelo visto, você está se preparando para a viagem - diz Adrian entrando no quarto com uma caneca de cerâmica na mão.
- Você não veio até aqui para me pedir também para que eu não vá ao Tribunal, não é?
- Não, só vim te trazer esse chá para ajudá-la a dormir - diz ele oferecendo a caneca para ela -, pois imagino que deva estar ansiosa para o ataque.
- Sim, estou, mas não gosto muito de chá.
- Tome pelo menos um pouco - insiste ele colocando a caneca em cima da mesa de leitura.
Freya aproxima-se da mesa pegando a caneca e levando-a aos lábios.
- É bom - comenta ela bebericando o liquido fumegante.
- Por que você achou que eu vim aqui te pedir para não ir ao Tribunal?
- Porque o Rei cismou que eu não devo ir e tentou usar minha tia para me convencer a ficar - responde ela tomando mais um gole do chá.
- Entendi - diz ele observando-a. - É óbvio que ela não conseguiu te convencer.
- Claro que não - diz ela terminando de tomar o chá e colocando a caneca em cima da mesa -, até porque sou eu quem vai acabar com a vida do Bispo.
- O seu maior objetivo é esse?
- O meu maior objetivo é acabar com a Inquisição e para isso o Bispo precisa morrer.
Freya sente uma leve tontura e apoia-se na mesa para não cair. Adrian aproxima-se e a segura pela cintura.
- De repente, eu não... - ela se interrompe fitando a caneca e desfalecendo nos braços do cavaleiro.
Adrian a carrega até a cama deitando-a, delicadamente, sobre o colchão de palha.
- Perdoe-me, Freya, mas isso é para o seu próprio bem - diz ele acariciando os cabelos dela. - Eu não posso nem imaginar te perder.
Ele passa os dedos pela bochecha de Freya e aproxima o rosto encostando seus lábios nos dela. Depois sai do quarto encontrando Henrique e Diana esperando-o do lado de fora.
- Feito - diz Adrian para o Rei.
- Agora preciso fazer a minha parte - diz Henrique segurando uma vela acesa em uma mão e na outra uma cumbuca de barro vazia - colocarei uma barreira no quarto que a impedirá de sair.
- Por quanto tempo ela ficará presa? - questiona Diana.
- Até a fase da lua crescente terminar daqui a três dias, com esse tempo o grupo já estará longe e ela não poderá alcançá-los.
- Ela ficará furiosa quando acordar e perceber que está presa.
- E, com certeza, ela vai me odiar pelo o que eu fiz - desabafa Adrian.
- Pelo menos ela vai estar viva para ficar furiosa - dispara o Rei. - Agora saiam e não deixem que ninguém se aproxime desse corredor até eu terminar a magia.
Diana e Adrian afastam-se e Henrique ajoelha-se em frente à porta do quarto da filha.
Ele coloca a vela acesa no chão ao seu lado e tira do bolso de sua túnica uma adaga, com a qual faz um corte na palma de uma das mãos deixando o sangue pingar na cumbuca. Fechando os olhos enquanto o sangue escorria e enchia o recipiente, o Rei faz a magia para selar o quarto de Freya com uma barreira invisível. Após terminar, ele levanta-se pegando a vela e deixando a cumbuca com o sangue no canto da porta.
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Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...