Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

By tamires_menaldo

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Em meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condena... More

Introdução - Personagens e Playlist
Prólogo
Capitulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulos 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Epílogo

Capítulo 52

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By tamires_menaldo

Mosteiro da Graça



Durante a madrugada os caçadores cercam a muralha do mosteiro por todos os lados, munidos de armamentos para invadir o local. Os bruxos que decidiram fugir pela floresta, acabaram sendo capturados pelos caçadores que já estavam montando o cerco ao redor da Abadia. Alguns dos homens do Tribunal posicionam o trabuco para ser usado contra a muralha, enquanto outros preparavam o aríete para arrombar o portão principal, que dava acesso ao pátio do mosteiro.


Apesar dos caçadores estarem tentando movimentarem-se no maior silêncio possível, os bruxos, devido a audição aguçada, escutam os ruídos além da muralha e começam a prepararem-se para a invasão, que sabiam que ocorreria a qualquer momento. Enquanto os homens do Tribunal preparavam seus armamentos para a invasão, os arqueiros, incluindo Freya e Adrian, postavam-se escondidos atrás dos merlões, entre as ameias, no topo da muralha. Eles estavam usando magia para ficarem invisíveis aos olhos dos caçadores, pelo menos, até o alvorecer. Os outros bruxos se reuniram no pátio à espera do ataque com suas armas em punho.


Beatrice junto com as crianças e os monges abrigaram-se para protegerem-se da investida na cripta do mosteiro localizada abaixo da capela. Os bruxos no topo da muralha observavam os movimentos dos caçadores, que carregavam o aríete e começaram a lançá-lo contra o portão com o intuito de derrubá-lo. Freya coloca uma flecha no arco e atira em direção aos homens amontoados abaixo da muralha, os outros arqueiros passam a atirar suas flechas também.


Os caçadores assustam-se com as flechas sendo deferidas em suas direções sem poderem ver da onde estava vindo o ataque, então eles iniciam os arremessos de pedras pesadas, através do trabuco, contra a muralha, formando pequenos buracos na construção rochosa. Umas das pedras arremessadas acerta o topo da muralha onde Freya e Adrian estavam posicionados, destruindo parte do muro. Com o impacto, a bruxa cai para trás e alguns fragmentos da pedra ferem, superficialmente, seus braços e rosto.


- Você está bem? - indaga Adrian preocupado, ajoelhando-se ao lado dela.


- Sim - responde ela levantando-se com a ajuda dele, que a segurava pelos cotovelos -, não foi nada.


- Os caçadores estão quase conseguindo arrombar o portão - informa um bruxo vindo correndo do outro lado da muralha.


Freya olha para os lados e vê outras partes da muralha sendo atingidas pelas pedras. Adrian olha para baixo e vê os caçadores se amontoarem perto do portão à espera de ele ser derrubado pelos companheiros que carregavam o aríete.


- Eu vou descer até o pátio para ajudar os que estão lá embaixo, pois eles irão precisar quando os caçadores conseguirem derrubar o portão - diz Adrian aos outros. - Os bruxos que sabem usar outras armas além de arco e flecha, deveriam me acompanhar para ajudar também, quanto ao restante, continuem atirando e acertem o maior número de caçadores que puderem.


- Eu vou com você - avisa Freya.


- Eu preferiria que você ficasse aqui, lá embaixo pode ser perigoso.


- Estou ciente disso, mas eu sei usar outras armas, então serei útil no pátio.


- Sei que não vou conseguir convencê-la a ficar, então vamos.


Os dois junto com outros bruxos descem até o pátio, enquanto os que ficaram no topo da muralha, continuam atirando suas flechas na direção dos caçadores, abatendo quantos possíveis.


No pátio, o portão estava prestes a ser colocado abaixo. Cassius e Oliver estavam na vanguarda do grupo de bruxos esperando a invasão. Freya e Adrian se juntam a eles, mas ficam na retaguarda.


- Os caçadores vão te reconhecer assim que o verem - comenta Freya a Adrian.


- Eu sei disso, mas não me importo, pois a essa altura todos, inclusive o Bispo, já sabem que estou vivo e vivendo na Corte como cavaleiro.


- Mas não sabem que você é um traidor e se bandeou para o lado dos bruxos.


- Agora eles vão saber.


Naquele momento, o portão é, finalmente, derrubado e os caçadores irrompem pelo pátio por todos os lados. Todos lutando com as armas que possuíam nas mãos tentando se protegerem dos ataques. Os homens do Tribunal usavam suas correntes e armamentos para inibirem a magia dos bruxos, mas alguns conseguiam usar arremessando os caçadores para longe ou paralisando, temporariamente, seus movimentos impedindo os golpes dos mesmos.


Oliver e Cassius usavam suas espadas para enfrentar os caçadores, enquanto Diana, afastada da multidão debaixo do claustro na ala dos fundos, onde as meditações matinais dos monges eram realizadas, estava de joelhos diante de uma tigela com água. Ela com os olhos fechados e suas mãos imersas no liquido transparente, usava sua magia para proteger o máximo de bruxos que conseguia.


Adrian também lutava com sua espada e percebia que a cada ex parceiro que golpeava, era reconhecido por eles, que o fitavam incrédulos antes de sucumbirem.


Freya deixara seu arco e flecha de lado e atacava com seu punhal em mãos, até que sente uma corrente enroscar-se em seu tornozelo esquerdo, que a puxa derrubando-a no chão e arrastando-a entre a multidão, com isso causando pequenas dilacerações por seus braços e pernas, até que seu corpo bate em outro e um caçador surge por cima dela com uma adaga na mão.


Quando o homem estava prestes a cravar a arma nela, Freya vê uma ponta de espada transpassar o corpo dele através do abdômen fazendo o outro tombar ao seu lado respingando sangue em seu rosto e em seu vestido. Ao olhar para cima, se depara com a figura de Adrian segurando a espada em uma mão e estendendo a outra para ela, que a pega se levantando do chão.


- Agradeço.


- Tome mais cuidado - aconselha ele desenrolando a corrente do tornozelo dela, que ficara com marcas de queimadura.



Enquanto a batalha no pátio continuava, os outros escondidos na cripta escutavam todos os barulhos vindos dos combates.


- Não estou aguentando mais ficar aqui sem poder fazer nada e sem saber o que está acontecendo lá fora - comenta Beatrice ansiosa, andando de um lado para o outro torcendo as mãos.


- Infelizmente, não há nada que possamos fazer - diz o Abade Carlo -, a não ser rezar.


- Desculpe-me Abade, mas já cansei de rezar.


- Compreendo - diz ele calmamente -, mas não perca a sua fé.


- Estou tentando, mas esses barulhos são assustadores.


- Sente-se aqui - diz ele, que estava sentado no chão de pernas cruzadas, apontando para o espaço vazio à sua frente.


Beatrice obedece sentando-se no local indicado e cruzando as pernas enquanto enrolava uma mecha de seu cabelo dourado com o dedo indicador.


- Vou te ensinar a meditar para tentar se acalmar.


Naquele momento, Beatrice percebe, em meio a penumbra, que todos os monges estavam em meditação. Ao olhar mais para o lado, ela vê as crianças dormindo tranquilamente, então volta a sua atenção para o Abade.


- Vamos começar?


Ela assente com a cabeça.



No pátio, Cassius olhava para os lados vendo os bruxos tentarem se defenderem, alguns sendo arrastados; outros mortos ao resistirem à captura. Seu olhar fixa-se no filho que acabara de fincar a espada em um caçador e se aproximava dele.


- Os bruxos estão começando a ficar cansados - comenta Oliver -, a quantidade de caçadores é superior à nossa e o treinamento deles também.


- Eu sei, mas temos que continuar lutando.


Freya, do outro lado do pátio, percebia ao olhar a sua volta que, assim como ela, a grande maioria dos bruxos estavam com marcas negras espalhadas pelo corpo devido as armas usadas pelos caçadores. Sua atenção recai sobre a tia de joelhos no claustro, que tentava manter sua proteção sobre os bruxos, além de também ter que se manter invisível aos olhos dos caçadores, mas tudo isso a deixava esgotada e suas forças estavam se esvaindo. A proteção dela impedia que alguns ataques ferissem os bruxos fazendo-os se curarem mais rápido do que o normal, porém ela não conseguia dar conta de todos ao mesmo tempo.


Freya aproxima-se da outra entrando em sua redoma de invisibilidade, ela vê que o nariz da tia já sangrava demonstrando sua fraqueza.


- Canaliza minha magia - pede ela ajoelhando-se ao seu lado e estendendo a mão para a outra.


Diana, que permanecera com os olhos fechados, os abre fitando a sobrinha e pegando em sua mão. Então volta a cerrar os olhos fortalecendo sua magia.


Mesmo com toda a ajuda da magia, muitos bruxos estavam sendo capturados, apesar de todo o treino que tiveram no mosteiro, não se comparava ao treinamento pesado de uma vida toda dos caçadores, que devido a isso lutavam com muito mais habilidade. Os bruxos, que ainda estavam na batalha começavam a apresentar sinais de exaustão.


Quando os bruxos estavam prestes a se renderem, Cassius, através da abertura do portão que havia sido derrubado, avista cavalos ao longe aproximando-se. Ele fica fitando o horizonte acreditando tratar-se de uma miragem, até que os ruídos dos cascos dos cavalos batendo no solo fica mais audível e vai tornando-se mais alto. Os animais vão chegando mais perto e o bruxo consegue vislumbrar que as figuras montadas eram cavaleiros da Guarda Real.


Em meio aos combates, Adrian após abater mais um de seus antigos parceiros, olha para o lado e depara-se com a figura de seu ex-mentor com a pele acastanhada toda salpicada de sangue; seu rabo de cavalo afrouxado e uma espada ensanguentada na mão. Alexandre vira-se para o cavaleiro com seus olhos âmbares brilhando de fúria.


- Eu vou matar você, Adrian - diz o caçador encaminhando-se ao encontro do outro, que permanece no mesmo lugar com sua espada em punho.


Quando Alexandre ergue sua espada prestes a desferir o primeiro golpe na direção do outro, os cavaleiros passam pela entrada do mosteiro e começam a lutar contra os caçadores, desviando sua atenção para a movimentação da Cavalaria. Adrian aproveitando a distração do antigo mentor desaparece em meio a multidão fazendo-o perdê-lo de vista.


Após a entrada dos cavaleiros da Guarda Real, mais atrás vinha um vagão da onde desponta o Rei. Ao ver Henrique, Cassius aproxima-se do outro.


- O que está fazendo aqui?


- Isso não vem ao caso, mas, pelo visto, você e seus bruxos estavam precisando da minha ajuda.


- Não vou mentir que essa ajuda veio em um bom momento.


- Onde está Freya?


- Sinceramente, eu não sei.


- Preciso encontrá-la.


- Você é o Rei, então não é seguro se enfiar no meio da batalha.


- Mas preciso ver a Freya.


- Ela sabe se cuidar, agora vem comigo.


Cassius leva Henrique até a capela, que ficava na ala dos fundos ao lado do claustro e que não havia sido invadida.


- Por enquanto é melhor você ficar aqui.


Cassius, sem esperar por resposta, volta para o pátio e vê os caçadores, que foram surpreendidos pelos cavaleiros, começarem a recuar e a se retirarem do mosteiro, mas, infelizmente, mesmo indo embora, eles conseguiram capturar alguns bruxos.


Após a retirada dos caçadores, Oliver corre para a capela, estancando o passo por alguns segundos ao se deparar com o Rei parado no altar, mas segue para a entrada que dava acesso a cripta no subsolo.


- Beatrice - chama ele descendo os degraus de pedra.


Beatrice, que ainda estava sentada em meditação junto ao Abade, ao escutar seu nome levanta-se e vai ao encontro de Oliver, abraçando-o forte, mesmo sabendo que ele estava sujo de sangue e suor.


- Fiquei com muito medo de perder você - choraminga ela com a cabeça apoiada no peito dele.


- Eu estou aqui - sussurra ele correspondendo ao abraço e pousando seu queixo no alto da cabeça dela. - A batalha acabou.



Henrique, depois de Oliver descer para a cripta, sai da capela procurando por Freya, olhando entre os bruxos feridos espalhados pelo pátio, até avistá-la no claustro, em pé, junto a Diana, mas antes de ele chegar até elas, Adrian e Dimitri aproximam-se primeiro.


- Como você está? - pergunta Adrian para Freya abraçando-a.


- Eu estou bem.


- E você? - indaga Dimitri pegando a mão de Diana.


- Não vou mentir, estou exausta.


Diana termina a frase esmorecendo e sendo segurada por Dimitri, que impede que ela desmoronasse no chão.


- Diana - chama o cavaleiro com a cabeça dela apoiada em seu braço.


- Ela se esgotou por usar muita magia - explica Freya -, vamos levá-la para o quarto.


Dimitri carrega Diana no colo.


- Ela está bem? - indaga Cassius aproximando-se.


- Ela só precisa descansar. - responde Freya.


Freya passa por Henrique sem olhar para ele com Dimitri logo atrás com Diana nos braços, conduzindo o cavaleiro pela ala da hospedaria até o quarto que ocupava junto a tia. No cômodo ele coloca a bruxa, cuidadosamente, no colchão de palha.


Cassius, após a saída dos outros, olha para Henrique e antes de dizer qualquer coisa, ele avista Oliver e Beatrice junto com os monges e as crianças saindo da capela, então decide ir ao encontro do filho.



○○○



Depois do fim da batalha, Cassius e Freya ficaram ao lado de Diana no quarto até ela acordar.


Oliver e Beatrice ficaram junto ás crianças, que estavam assustadas com o que viram no pátio.


Os monges e o Abade cuidavam dos feridos na enfermaria do mosteiro.


O Rei com a ajuda de seus cavaleiros, incluindo Dimitri e Adrian, amontoavam os corpos dos mortos e os queimavam.



Alguns dias após o episódio sangrento, todos estavam tentando reconstruir o que fora destruído com a invasão dos caçadores.


Freya reúne o grupo no gabinete do Abade Carlo.


- Precisamos retaliar o ataque que sofremos dos caçadores e libertar aqueles dos nossos que foram levados para o Tribunal antes que sejam executados - diz ela olhando seriamente no rosto de cada um dos presentes no gabinete.


- Estamos em desvantagem, seriamos massacrados novamente - comenta Oliver.


- Não seriamos, se contarmos com a ajuda dos cavaleiros do Rei - diz Freya fitando Henrique -, os caçadores não vão estar esperando por uma retaliação, então serão pegos desprevenidos e essa será nossa vantagem.


- E ainda sim é loucura fazer isso.


- Então o que pretendem fazer? - irrita-se ela encarando o amigo -, agora que eles sabem onde estamos escondidos, vão voltar para terminar o que começaram, até não restar mais nenhum de nós. Vão querer fugir de novo? Não temos para onde ir.


- Todos os bruxos podem ir para o Castelo Real - oferece Henrique -, lá estarão seguros.


- Mentira! - dispara Freya enfurecida. - Foi no castelo que Aimée, que era apenas uma criança, foi capturada pelos caçadores, que eram seus hóspedes. Eu cheguei tarde demais para salvá-la.


- Eu não esperava pela visita do Padre Bartolomeu e dos caçadores que o acompanhavam, nem sei como descobriram que ela era uma bruxa.


- É obvio que alguém da sua Corte fez uma denúncia e por isso o Padre foi até o Castelo Real sob a desculpa de uma visita de cortesia. Então lá não é um lugar seguro para nós, aliás, não existe mais lugar seguro para nós, ou lutamos para tentar sobreviver ou morreremos todos.


- Sinto que você tem razão, Freya - diz Cassius -, mas irmos até o Tribunal estaremos nos arriscando demais.


- Qualquer coisa que fazermos agora será um risco, inclusive ficarmos aqui parados à espera de outro ataque.


- Com a permissão do Rei, os cavaleiros estarão dispostos a cooperar com o ataque contra o Tribunal - diz Dimitri.


- Se é dessa forma que posso ajudar, então os cavaleiros estarão à disposição de vocês - concorda Henrique.


- Primeiro precisamos ver com os outros bruxos se eles concordam com isso e depois montar uma estratégia de ataque - diz Cassius.


- Você com certeza conseguirá convencer os bruxos - diz Freya - e quanto a estratégia, aposto que Dimitri tem domínio sobre esse assunto e Adrian conhece o Tribunal melhor que ninguém aqui para montarmos um ataque furtivo.


Eles começam a debater as ideias de como invadir o Tribunal e de como convenceriam o restante dos bruxos a cooperar com o ataque. Depois de algumas discussões, a reunião é encerrada e todos saem do gabinete.


- Freya, podemos conversar? - indaga Henrique segurando a filha pelo pulso impedindo-a de sair do cômodo.


Eles esperam todos saírem.


- O que deseja de mim, Vossa Graça? - indaga ela assim que se vê sozinha com o Rei.


- Não precisamos dessas formalidades, afinal sou seu...


- Antes de descobrir que Vossa Majestade era meu pai - interrompe ela -, para mim, sua pessoa era apenas o Rei de todo o Reino de Vale das Pedras e é assim que vai permanecer.


- Mas é como seu pai e não como Rei que te peço para não participar do ataque e ficar aqui no mosteiro junto a mim.


- Mas é claro que eu vou com os outros, jamais ficaria para trás


- Eu não vou permitir que você vá.


- Eu só não vou, se me prender aqui, caso contrário estarei junto aos outros - diz ela saindo do gabinete sem esperar resposta.


Henrique sai também indo para o pátio e encontrando Diana sentada em um banco.


- Gostaria de pedir sua ajuda - diz ele sentando-se ao lado dela.


- O que é? - indaga ela sem olhar na direção dele.


- Convencer Freya a não participar do ataque contra o Tribunal.


- E você acha que qualquer pessoa, mesmo eu, é capaz de convencê-la disso?


- Ela precisa ficar.


- Por que? - indaga a bruxa encarando-o.


- Não me pergunte como, mas fiquei sabendo que ela pode morrer em breve e temo que isso possa acontecer nessa invasão ao Tribunal.


- Está falando sério? - indaga Diana franzindo o cenho.


- Claro que estou.


- Para você saber de algo assim, só pode ser através da sua magia negra.


- Você acredita em mim?


- Não sei por que, mas dessa vez eu acredito, vejo um lampejo de preocupação em seus olhos.


- Então tente convencê-la a ficar, por favor.


- Posso tentar, mas não sei se vou conseguir, você já a conhece o suficiente para saber que ela é teimosa.


- Eu sei, mas essa teimosia pode, dessa vez, custar a vida dela, se for preciso prendê-la aqui para impedi-la de ir, eu o farei.


Diana não responde, apenas fica pensando em uma maneira de convencer Freya a ficar no mosteiro.



○○○



Dimitri, após sair do gabinete do Abade, vai em busca da irmã, encontrando-a na capela sentada em um dos bancos de olhos cerrados. Ele senta-se, em silêncio, ao lado dela esperando-a finalizar suas orações.


- Estava rezando - diz ela ao abrir os olhos e ver o irmão ao seu lado -, peguei esse costume após o ataque que sofremos, se não fosse por você e os outros cavaleiros, não sei o que teria sido de nós.


- Realmente, vocês tiveram sorte, aqueles caçadores não iriam embora até derramar o sangue de todos.


- Mas eu não temia pela minha vida.


- Imagino que você esteja falando do Oliver.


Ela assente com a cabeça.


- Bea, tenho algo para te contar, que não tive coragem de dizer antes, até por causa das circunstâncias.


- O que é?


- Nossa irmã teve um parto difícil, o bebê nasceu morto e ela não resistiu.


- Você está dizendo... - balbucia ela com a voz fraca e com os olhos arregalados.


Dimitri apenas fita a irmã com os olhos marejados.


- Eu não estava lá para me despedir dela - lamenta-se Beatrice caindo em prantos.


O cavaleiro abraça a irmã apoiando a cabeça dela em seu ombro chorando junto com ela.


Oliver, que havia ido atrás de Beatrice e entrara na capela sem ser notado, depara-se com a cena e escuta parte da conversa. Então, ele resolve se retirar em silêncio e deixar os dois sozinhos.

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