Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

By tamires_menaldo

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Em meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condena... More

Introdução - Personagens e Playlist
Prólogo
Capitulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulos 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Epílogo

Capítulo 42

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By tamires_menaldo

Castelo Forte dos Espinhos



Beatrice, Oliver e Cassius chegam ao Castelo Real, montados em seus cavalos, após uma longa jornada, tendo que se esconderem e se esquivarem de alguns caçadores que toparam pelo caminho. Como já sabiam da presença dos mesmos pela floresta, usaram magia para passarem despercebidos.


- Esse lugar me parece mais frio do que me recordava - diz Beatrice descendo de seu cavalo após passarem pelo portão levadiço da entrada e olhando para a fortaleza a sua frente e para a extensão do jardim, onde algumas crianças brincavam correndo umas atrás das outras.


- Talvez não tenha sido uma boa ideia voltarmos - comenta Oliver desmontando também.


- Eu levo os cavalos para o estábulo - diz Cassius pegando as rédeas dos animais, após desmontar do seu -, enquanto vocês se ocupam com o que vieram fazer aqui. - Ele se afasta levando os cavalos rumo ao estábulo.


- Está pronta para falar com sua família? - indaga Oliver aproximando-se e pegando nas mãos de Beatrice.


- Não - diz ela com sinceridade olhando para as mãos dele com luvas de couro para esconder as marcas de queimadura -, mas preciso fazer isso assim mesmo.


Eles entram na fortaleza de mãos dadas. Ao colocarem os pés no Grande Salão se defrontam com Hector e Ricardo saindo da Sala de Reunião do Conselho Real. Beatrice, instintivamente, puxa a sua mão da de Oliver.


O Duque de Espirais ao avistar a filha fica imóvel com uma expressão impassível no rosto.


- Pelo visto você não estava perdida - alfineta Hector deslizando os olhos de Beatrice para Oliver, que mantinha uma postura ereta.


- Beatrice - grita Agnes emocionada do alto da escada com Cateline ao seu lado.


A Duquesa desce os degraus rapidamente e vai abraçar a filha mais nova, sem ter se dado conta da presença de Oliver ao lado. Cateline também desce só que mais vagarosamente devido a sua barriga avantajada.


- O que houve com você, minha filha? - indaga Agnes passando as mãos pelos cabelos dourados em desalinho de Beatrice.


- Eu preciso falar com todos vocês - anuncia ela olhando de soslaio para o pai, que permanecia no mesmo lugar e com a mesma expressão.


- Ficamos preocupados com você - diz a Rainha aproximando-se da irmã.


- Sua barriga está crescendo, Cat - diz Beatrice olhando para a saliência no vestido de seda dourado da outra.


- E me deixando cada vez mais cansada - comenta Cateline abraçando a irmã.


- Podemos conversar em um lugar mais preservado? - pergunta Beatrice a ninguém em especial.


- Vamos para a Sala de Reunião - responde Hector secamente.


Todos dirigem-se para a sala. Beatrice lança um olhar de cumplicidade para Oliver e ambos caminham lado a lado até a sala, que após todos entrarem, teve suas portas fechadas por Hector.


- -Agora nos conte o que aconteceu e porque este rapaz está com você - ordena o Duque olhando com desdém para Oliver e depois fixando seu olhar penetrante em Beatrice.


- No dia do torneio, eu fugi - inicia Beatrice tentando manter a voz firme -, por que eu não queria me casar com o Conde de Salinas.


- Não acredito que fez isso - choraminga Agnes.


- Se sumiu por vontade própria, então por que voltou? - questiona Hector friamente.


- Eu voltei, pai - responde ela erguendo o queixo -, porque precisava que soubessem que me casei com o Oliver. - Ela lança um olhar na direção do bruxo.


Hector vira o rosto acompanhando o olhar da filha e seu semblante permanece inabalável, enquanto a Duquesa e a Rainha passavam o olhar de Beatrice para Oliver, perplexas.


- Quem me garante que houve um casamento? - indaga o Duque ainda olhando para Oliver reparando com expressão de repulsa para as vestes simples e empoeiradas dele.


- Eu me casei - confirma ela estendendo a mão esquerda para mostrar a aliança em seu dedo anelar.


- Duvido que esse casamento já foi consumado, portanto pode ser anulado - rebate o Duque descrente olhando para a mão da filha.


- Já foi consumado, portanto não pode ser anulado - mente ela abaixando a mão.


- Pelo o que percebo, você está decidida a manter esse casamento.


- Sim pai, já está feito.


- Então a minha decisão diante disso é deserdá-la. Você não é mais minha filha.


- Hector, não faça isso - implora Agnes aproximando-se do marido.


- Conde Ricardo - dirige-se o Duque ao outro, ignorando a mulher -, o casamento entre nossos filhos deverá ser realizado o quanto antes.


O Conde apenas assente com a cabeça.


- Dimitri vai casar com Charlotte? - questiona Beatrice franzindo as sobrancelhas.


- Sim - responde Hector secamente e dirigindo-se para Oliver. - Se aceitou casar-se com Beatrice esperando ter o dote, saiba que isso não vai acontecer.


Sem esperar por resposta, o Duque sai da Sala de Reunião com o Conde acompanhando-o porta afora.


- Filha - diz Agnes aproximando-se de Beatrice -, volte atrás e desfaça esse casamento para o seu próprio bem.


- Eu não vou voltar atrás, mãe. Nem poderia mesmo que quisesse, o casamento já foi consumado como eu disse. - Ela volta a repetir aquela mentira para convencer a mãe de que era verdade.


- Por que fez isso, Bea? - indaga Cateline aflita.


- Eu já disse o porquê.


- Mas veja o que essa sua atitude estúpida lhe causou - prossegue a Rainha.


- Eu não me importo, Cat.


- Você me decepcionou Beatrice - lamenta-se Agnes com os olhos marejados.


- Sinto muito, mãe - diz Beatrice inabalável.


Agnes, desolada, sai da sala acompanhada pela filha mais velha, que a segurava pelo braço.


Beatrice apenas fica observando ambas se afastarem.


- Beatrice - chama Oliver, após os dois ficarem sozinhos na sala. Ela vira-se para ele. - Você devia repensar sua decisão. - O bruxo posta-se a frente dela.


- Por que está dizendo isso?


- Nosso casamento não foi consumado, então pode ser anulado sim.


- Você quer que seja anulado?


- Eu não posso deixar que você seja deserdada.


- Não se preocupe com isso, a não ser que você esteja arrependido de ter se casado comigo.


- Claro que não, Beatrice - diz ele olhando-a nos olhos. - É que eu não tenho nada para te oferecer, sou um camponês caçado pela Igreja e que não tem nem casa para morar.


- Você me ofereceu a minha liberdade, quanto ao resto, eu não me importo. - Ela aproxima seu rosto do de Oliver e encosta levemente seus lábios em uma das bochechas dele. - Agora vou procurar o meu irmão.


- Eu vou atrás de Freya e Diana.


Eles saem da Sala de Reunião e deparam-se com Cassius no Grande Salão esperando-os.


- Nos vemos depois - despede-se Beatrice saindo da fortaleza.


- Ela vai falar com o irmão dela - explica Oliver ao notar a expressão de "ponto de interrogação" no rosto do pai. - Vem comigo.


Ambos seguem para o primeiro andar e vão para o quarto de Diana. Enquanto Oliver bate à porta, Cassius fica atrás da parede, fora de vista.


- Oliver! - surpreende-se Diana ao abrir a porta. - Não acredito. - Ela o abraça e ele corresponde ao abraço - Você está bem? - indaga a bruxa largando-o.


- Sim.


- Você voltou - diz Freya atirando-se nos braços do amigo enlaçando-o pelo pescoço, que a agarra encaixando os braços ao redor da cintura dela e erguendo-a no ar.


- Eu disse que nos veríamos de novo - diz ele colocando-a de volta no chão.


- Achei que iriam sentir minha falta - brinca Cassius entrando no quarto.


- Cassius, você também veio - alegra-se Diana indo abraçá-lo -, é claro que sentimos sua falta.


- Eu também senti a de vocês - ele corresponde ao abraço. - Receberam a minha mensagem?


- Recebemos sim - responde Diana desvencilhando-se do abraço. - Por que vieram para o Castelo Real?


- Teve alguns detalhes que deixamos de mencionar na mensagem - torna Oliver.


- O que? - pergunta Freya.


- Eu e Beatrice nos casamos.


Freya abre e fecha a boca estupefata e Diana encara Oliver com os olhos arregalados.


- Por que fizeram isso? - indaga a bruxa mais velha.


- Beatrice queria fugir de um casamento arranjado. Ela me contou que seu plano com a fuga era casar-se com o Patrick, pois se um dia o pai a encontrasse iria obrigá-la a casar-se com o Conde de qualquer jeito, então eu sugeri que nos casássemos.


- Isso foi loucura - comenta Freya.


- Não me arrependo dessa decisão.


- Isso ainda não explica porque decidiram voltar - diz Diana.


- Beatrice quis voltar, pois achou melhor contar aos pais, pessoalmente, sobre o casamento.


- Vocês se casaram onde? - indaga Freya.


- No nosso vilarejo, passamos por lá antes de seguir para o mosteiro. Inclusive na floresta ao redor ainda possuem alguns caçadores rondando. Alguns deles chegaram a me pegar, mas consegui escapar com a ajuda de Beatrice.


- Eles te machucaram?


- Nada que eu não pudesse curar, mas as correntes que eles usaram deixaram essas marcas, que não saíram nem com magia. - Oliver tira a luva da sua mão esquerda mostrando as manchas escuras de queimadura em sua pele.


- Quando eles me prenderam eu não fiquei marcada - estranha Freya olhando para a mão do amigo.


- Acredito que as armas deles estão mais fortes agora.


- Isso não é bom. - Freya pega na mão de Oliver para ver as marcas mais de perto.


- Precisamos tomar cuidado quando passamos pela floresta - diz Cassius.


- Não é só você, Oliver, que tem novidade - diz Freya soltando a mão do amigo. - Eu descobri que o Rei é o meu pai.


- O que?! - espanta-se Oliver franzindo a testa.


Dessa vez, foi Cassius quem olhou boquiaberto para Diana, que o encara de volta.


- Agora ela já sabe da verdade.


- Como? - indaga Oliver colocando sua luva de volta na mão.


- Eu vi a marca de nascença do Rei, que é exatamente igual a minha. Depois disso minha tia não teve como negar e me contou o resto.


- Isso que é novidade - assobia o bruxo mais novo.


- Nem imagina como eu me senti.


- Então você é uma princesa.


- Eu não sou princesa.


- Mas é filha do Rei.


- Eu sou uma bastarda.


- Mesmo assim.


- Vamos ver as crianças - sugere Freya mudando de assunto. - Elas estão no jardim e devem estar com saudades de você.


Freya pega Oliver pela mão e juntos saem do quarto rumo ao jardim.


- Você contou toda a verdade para ela? - questiona Cassius abismado ao se ver sozinho com Diana.


- Toda não. Apesar de ter prometido a Freya que não mentiria mais, não tive coragem de contar tudo, então omiti a parte da magia negra e do sacrifício.


- Henrique mostrou a marca de propósito para ela?


- Não, isso aconteceu sem querer - esclarece Diana -, mas depois de descobrir sobre Henrique, a própria Freya deseja ir embora daqui, estávamos nos preparando para voltar ao Mosteiro da Graça.


- Jura?


- Sim, mas agora que vocês contaram que ainda há caçadores rondando a floresta, não sei se voltar é uma boa ideia, já foi perigoso terem saído do mosteiro para virem até aqui.


- Eu sei, mas vamos voltar todos juntos e vai dar tudo certo.


Diana assente com a cabeça mesmo sentindo uma aflição que palpitava em seu coração.



○○○



Beatrice depois de sair da fortaleza seguira para a Torre da Cavalaria atrás do irmão. Na entrada, os cavaleiros de guarda fazem menção de impedi-la de adentrar o local, mas ela atravessa entre eles como um furacão fazendo-os desistir de interpelá-la por se tratar da sobrinha do Comandante.


Ela entra na Torre sob os olhares curiosos e reprovativos dos outros cavaleiros, mas nenhum deles se atrevem a dizer uma palavra sequer. Beatrice dirige-se diretamente para o piso superior indo até o aposento de Dimitri, ao qual bate à porta e entra sem esperar resposta encontrando o irmão vestindo uma túnica, de costas para ela.


- Dim - chama ela suavemente.


O cavaleiro vira-se para a irmã e fica de queixo caído ao vê-la.


- Bea. - Ele vai até ela e a abraça forte. - O que está fazendo aqui?


- Eu precisava voltar - responde Beatrice enlaçando o irmão pela cintura.


- Por que? - pergunta Dimitri soltando-a do abraço. - Depois de todo o sufoco para você fugir, aliás se nosso pai a ver aqui...


- Eu já falei com nosso pai - interrompe ela.


- Já? - Ele arqueia as sobrancelhas douradas.


- Sim, eu precisei voltar por que eu e o Oliver nos casamos e vim contar isso para nossa família.


- O que?! - Ele arqueia ainda mais as sobrancelhas enrugando a testa.


- Isso mesmo que você escutou.


- E como nossos pais receberam essa notícia?


- Não ficaram felizes. Nosso pai, inclusive, me deserdou.


- O que?


- Eu não me importo com isso, só queria minha liberdade e consegui.


- Mas você ainda acabou se casando com quem não tinha pretensão do mesmo jeito.


- De certa forma sim. No entanto, Oliver era a minha melhor opção, por isso não me arrependo dessa decisão.


- Então fico feliz por você.


- Agora é você que está sendo obrigado a casar-se com Charlotte.


- A ideia do noivado foi minha, então, na verdade, é a Charlotte que está sendo obrigada a se casar comigo.


- Mas você só deu essa ideia por minha causa, para que assim o nosso pai pudesse manter de qualquer forma o acordo dele com o Conde.


- Em algum momento nosso pai também me forçaria a desposar uma donzela - desabafa Dimitri. - Se ele me obrigasse a casar com alguém que eu não quisesse, não poderia me recusar como você fez, pois se fosse deserdado perderia meu posto na Guarda Real.


- E deixaria de ser cavaleiro - completa ela -, que é o que você sempre quis ser.


- Exato. Então me casar com Charlotte é uma boa opção.


- Você a ama?


- Como é? - surpreende-se ele com a pergunta de supetão.


- Você me ouviu.


- Posso aprender a amar.


- Ela não é a mulher com quem você realmente gostaria de se casar.


- E você ama o Oliver?


- Eu gosto muito dele sim, mas nós mulheres não temos escolha quando se trata de casamento, já vocês homens possuem opções.


- Não para o nosso pai e nem diante dessa situação.


- Tem razão, mas eu sei de quem você gosta.


- Ela não gosta de mim, não do mesmo jeito, então não importa.


- Aposto que nem deu a chance de ela saber o que você sente.


- Não iria adiantar nada, até por que vou me casar com Charlotte e devo meu respeito a ela.


- Tem razão - conforma-se Beatrice. - Agora vou embora antes que o Comandante me expulse daqui, por mais que seja o nosso tio, ainda assim mulheres não são permitidas na Torre da Cavalaria.


Eles se despedem e Beatrice sai apressadamente da Torre retornando para o castelo.

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