Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

By tamires_menaldo

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Em meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condena... More

Introdução - Personagens e Playlist
Prólogo
Capitulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulos 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Epílogo

Capítulo 38

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By tamires_menaldo

Castelo Forte dos Espinhos



- Vocês vão a algum lugar? - pergunta Freya entrando no estábulo com seu arco na mão e a aljava no ombro e vendo Dimitri e Adrian preparando os cavalos.


- O Rei resolveu promover uma caçada e nós fomos convidados - responde o cavaleiro ajeitando as rédeas do seu destriero cinza. - Apesar de esse não ser o meu esporte favorito, não dava para recusar um convite de Sua Graça.


- Bem, nós sabemos onde Beatrice está, mas para as demais pessoas, ela continua desaparecida e mesmo assim o Rei decide fazer uma caçada?


- Na verdade, a ideia do Rei é usar a caçada para distrair todos na Corte e abafar um pouco o burburinho sobre o desaparecimento de minha irmã e o casamento cancelado do Conde Ricardo, apesar dos cavaleiros continuarem as buscas por Beatrice pelo bosque e pelas cidades ao redor também.


- Agora eu entendi. - Ela vira-se para Adrian. - Você vai também?


- Não seria adequado recusar o convite do Rei, mas não estou muito feliz com isso, caçar não é mais para mim - responde ele puxando seu cavalo com pelagem negra para fora da baia.


- Você caçava pessoas e não animais.


Adrian apenas a encara com o semblante consternado.


Freya desvia o olhar engolindo em seco já arrependida pelas palavras ditas.


- Seria bom se você pudesse vir caçar conosco - diz Dimitri a Freya.


- Eu não queria ir mesmo. Só caçaria pela necessidade e jamais faria isso por diversão.


Eles terminam de ajeitar suas armas no coldre pendurado na cintura e sobem nos cavalos indo para o pátio ao encontro dos demais que iriam participar da caçada. Freya segue até o fundo do estábulo e começa seu treino do dia.



Henrique divide os participantes da caçada em vários grupos para se embrenharem pelo Bosque Real em busca de qualquer animal que pudesse ser abatido.


Eles estavam a horas no bosque caçando animais pequenos e tentando fazer armadilhas e emboscadas para animais maiores. O dia já estava findando e o pôr-do-sol pintava o céu em um tom alaranjado vibrante, quando o Rei e seu grupo escutam um rugido alto vindo por entre as árvores ao longe.


- Esse barulho está parecendo ser de um urso - comenta o Duque de Espirais.


O rugido ecoa pelo bosque novamente, mais perto.


- Com certeza é um urso - concorda o Conde.


- Então vamos pegá-lo - incita o Rei desembainhando sua espada.


- Nós já estamos cansados, Vossa Majestade - diz Hector -, não seria prudente tentar caçar um animal do tamanho de um urso agora, devemos voltar para o castelo.


- Esse urso será nossa última caça e nosso trunfo ao levarmos ele para o castelo.


Todos os homens descem de seus cavalos formando um círculo, um de costas para o outro, e com as espadas nas mãos apontando-as para frente. Vigiavam todos os lados para certificarem-se por qual direção o urso iria surgir. O rugido torna-se mais alto e parecia vir de todos os cantos do bosque, os homens permanecem em suas posições.


Um rugido alto e estridente ecoa pelo bosque fazendo os galhos das árvores balançarem e as folhagens no chão farfalharem. O urso de pelagem amarronzada surge no horizonte a frente do Conde Ricardo, que segurava sua espada com as mãos trêmulas e o suor escorrendo por sua testa pálida.


O animal ruge mais uma vez e dispara em direção ao grupo. O Conde, ao ver o urso aproximando-se depressa, esconde-se atrás de seus guardas que estavam ao seu lado. Eles são atingidos pelas garras do animal rasgando suas gargantas e arremessando seus corpos para longe. O grupo se espalha e outros guardas avançam sobre o urso fincando suas espadas no dorso dele, que, instintivamente, solta um bramido de dor e joga suas patas dianteiras para trás acertando as garras nos homens dilacerando seus rostos e pescoços.


O Conde corre e esconde-se atrás de uma árvore com seu corpo rechonchudo tremendo e a respiração irregular, ele apenas fica observando os outros defenderem-se do animal. Os homens que restaram cercam o urso, que vira na direção de Hector, mas Adrian acerta uma flecha no dorso do animal, que já estava com os pelos cheios de manchas de sangue.


O urso vira-se para o cavalariço e Dimitri enfia a espada na pata traseira do animal, que solta outro bramido e joga a pata contra o cavaleiro, que consegue se esquivar, mas uma das garras passa de raspão por sua perna esquerda fazendo-o recuar. Henrique tenta usar sua magia, discretamente, para controlar o urso e paralisá-lo, mas o Duque chama seu nome, ao perceber que o animal estava indo em sua direção, distraindo-o.


O urso avança para cima do Rei derrubando-o no chão e fazendo-o soltar sua espada que desliza para longe, Henrique segura o animal pelo pescoço tentando manter a boca do mesmo longe de seu rosto. O urso crava suas garras no abdômen do Monarca, que urra de dor e perde as forças. Dimitri e Hector estavam indo para atacar o urso por trás, mas Adrian atira uma flecha atingindo o pescoço do animal, que vira a cabeça em sua direção e, rapidamente, ele atira outra flecha acertando-o diretamente no olho esquerdo fazendo-o tombar para trás no chão, morto.


- Temos que levar Vossa Majestade para o castelo - diz Dimitri aproximando-se de Henrique e vendo-o com a túnica rasgada e ensanguentada - ajudem-me a levantá-lo.


Hector e Conde, que finalmente saíra de trás da árvore, levantam o Rei e o carregam até o cavalo, ao qual Adrian já estava montado, e o colocam no dorso do animal. O cavalariço sai em disparada rumo ao castelo, enquanto os demais sobem em seus cavalos e o seguem.


Chegando no Castelo Forte dos Espinhos, eles ajudam a pegar Henrique, que no meio do caminho de volta perdera os sentidos, e o carregam até a Sala de Reunião do Conselho Real com todos olhando curiosos e apreensivos para a cena. O Rei é colocado em cima da mesa de pedra no centro do cômodo.


As pessoas começaram a se aglomerarem pelo Grande Salão em frente a porta da sala tentando ver o que havia acontecido.


- Precisamos do monge Amis aqui - diz Hector para ninguém em especial, parado ao lado do Rei inconsciente em cima da mesa.


- Eu conheço outra pessoa que pode ajudar - diz Dimitri saindo da sala às pressas esbarrando nas pessoas no meio do caminho.


Com a algazarra, Agnes e Cateline foram atraídas para a Sala de Reunião. A Rainha ao ver o estado do Rei com as vestes ensanguentadas fica boquiaberta e quase desaba se não fosse sua mãe segurá-la.


Dimitri seguira apressadamente para o primeiro andar e rumara até o quarto de Diana batendo à porta com impaciência.


- Dimitri - diz a bruxa ao abrir a porta com Freya atrás dela -, aconteceu alguma coisa? - pergunta ao perceber o semblante angustiado do outro.


- O Rei foi gravemente ferido na caçada e está precisando da sua ajuda.


As duas acompanham o cavaleiro até a Sala de Reunião. Para alcançar a porta e adentrar no cômodo, eles precisaram empurrar as pessoas amontoadas na entrada querendo espiar o Rei. Diana aproxima-se de Henrique, que estava com a pele pálida, suor escorrendo por suas têmporas umedecendo seus cabelos castanhos e sua túnica clara de seda manchada com o liquido viscoso vermelho. Ele abre os olhos atordoado pelo sangue que jorrava de seu ferimento e encara a bruxa ao seu lado.


- Tire todos dessa sala - ordena ele em um sussurro para Diana.


Freya também se aproxima e olha para o rasgo que o urso fizera em Henrique, mas seus olhos se fixam na marca de nascença dele em formato de lua crescente no abdômen acima do ferimento, semelhante à sua, com a diferença que a marca dele tinha uma mancha escura por cima formando um eclipse. Involuntariamente, ela coloca a mão em seu ombro sobre sua própria marca por cima da manga do vestido. Seu olhar desliza para o rosto da tia, que a fitava apreensiva.


Freya lançando um olhar gélido para a tia, vira as costas e dispara porta a fora esbarrando nas pessoas no caminho. Adrian decide ir atrás dela ao vê-la se retirar com expressão enfurecida no rosto. Diana faz menção de seguir a sobrinha, mas Henrique a impede segurando-a pelo pulso.


- Por favor, me ajude aqui - suplica ele com a voz falhando -, depois você conversa com ela.


- O que você quer que eu faça? - suspira ela contrariada.


- Primeiro, tire essas pessoas daqui - pede ele semicerrando os olhos sentindo suas forças se envaindo.


- Todos para fora da sala... agora - dispara Diana para os presentes no cômodo aumentando o tom de sua voz, fazendo todos olharem em sua direção -, o Rei precisa de espaço.


As pessoas, apesar da curiosidade, começam a afastarem-se para fora da sala.


- Quem é você para ordenar alguma coisa? - questiona Hector se colocando a frente de Diana.


- Pai, ela vai cuidar de Sua Graça - interpela-se Dimitri -, apenas obedeça, por favor. - Ele conduz o Duque para fora, que segue o filho mesmo contrariado.


- Eu quero ficar com meu Rei - teima Cateline pousando a mão sobre sua barriga saliente pela gestação.


- Mãe, tire Cat daqui - pede o cavaleiro para Agnes, que acata e leva a filha para fora guiando-a até seu quarto.


Depois de todos terem saído da Sala de Reunião, Dimitri também se retira fechando a porta. Ficando dentro do cômodo apenas Henrique e Diana.


- Agora vou precisar canalizar a sua magia para me curar - comunica Henrique com a voz trêmula -, eu já estou usando a minha para tentar conter a piora do ferimento, mas perdi muito sangue e estou fraco demais para fazer isso sozinho.


- Eu devia deixá-lo morrer - profere ela encarando-o friamente.


- Eu sei, mas você não vai fazer isso.


Mesmo a contragosto, a bruxa estende a mão direita para ele, que pega na mão dela e fecha os olhos. Ela paira sua outra mão sobre o ferimento do Rei, que rapidamente começa a cicatrizar. Henrique respira fundo e abre os olhos fitando Diana, que puxa sua mão da dele desfazendo o contato.


- Como vai explicar às pessoas lá fora que seu ferimento simplesmente desapareceu?


- Vou precisar improvisar um curativo - responde ele sentando-se na mesa e terminando de rasgar sua túnica, deixando todo o seu abdômen amostra. Ele envolve sua cintura com o farrapo e amarra-o na altura de onde o ferimento estivera - acho que isso vai servir.


- Você percebeu que a Freya viu sua de marca de nascença.


- Nós sabíamos que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde - diz ele descendo da mesa e ficando de pé à frente de Diana.


- Ela vai me odiar agora.


- Não é verdade - diz ele encarando-a e colocando sua mão sobre a dela, que estava apoiada na mesa. - Freya pode não querer falar com você por ora, mas vai acabar te perdoando.


- Eu aceitei trazê-la para este castelo sob sua chantagem para evitar esse momento - Ela retira, bruscamente, sua mão debaixo da dele -, mas como ela descobrir a verdade acabou sendo inevitável, então não temos mais razão para ficar aqui, talvez a própria Freya queira ir embora.


- Eu não desejo isso, mas se for da vontade dela, eu não vou impedi-la.


Diana apenas continua encarando-o, desconfiada se ele estava realmente sendo sincero.



○○○



Freya, após sair da Sala de Reunião do Conselho Real, dirige-se para o estábulo com Adrian em seu encalço. Ela monta no primeiro cavalo que vê e sai em disparada rumo ao Bosque Real.


- Freya - chama o cavalariço em vão.


Ele monta em outro cavalo e vai atrás dela.


A bruxa cavalga, apressadamente, até a clareira. Quando Adrian aproxima-se e a encontra sentada no chão, do lado do tronco, abraçada aos joelhos e com a cabeça baixa.


- Freya - chama ele ajoelhando-se na frente dela -, o que aconteceu?


Ela levanta a cabeça e olha para ele com seus olhos verdes embaçados devido as lágrimas que teimavam em cair.


- O Rei é meu pai - sussurra ela com voz trêmula.


- Como assim? - indaga ele confuso, franzindo a testa.


- Eu vi a marca de nascença dele - diz ela encostando-se no tronco -, é igual a minha.


- Você acha que o Rei é seu pai por causa de uma marca?


- Somente bruxos possuem marcas assim e nem são todos que tem - explica ela afastando a gola do vestido e mostrando sua marca no ombro. - Essas marcas de nascença são herdadas, minha mãe não tinha nenhuma, então a minha só pode ter sido herdada do meu pai.


- Então o Rei é seu pai e um bruxo também - surpreende-se ele sentando-se ao lado dela com as pernas cruzadas.


- Minha tia sabia disso o tempo todo e nunca me contou. - Ela ajeita a gola do vestido.


- Como você tem certeza disso?


- Ela conhecia ele e me fez acreditar que estava morto.


- Você precisa conversar com ela.


- Eu não quero conversar com ela, pelo menos não agora - diz Freya olhando para o céu escuro e estrelado. - Na verdade, a vontade que eu tenho é de ir embora daqui.


- Você não é covarde para simplesmente fugir do assunto desse jeito.


- Eu só não faço isso por causa da Aimée. - Ela volta a olhar para ele. - Não poderia deixá-la para trás.


- Seria melhor voltarmos para o castelo.


- Eu ainda não quero voltar.


- Não posso deixá-la aqui sozinha, por isso aconselho que volte comigo - diz ele levantando-se e estendendo a mão a ela.


- Eu vou ficar. - Ela ergue o queixo para encará-lo. - Se quiser pode ficar aqui comigo.


- Está bem, Senhorita Teimosa - brinca ele fazendo-a sorrir -, mas não podemos ficar aqui nesse lugar aberto, vamos precisar de uma fogueira para nos aquecer durante a noite e nos proteger de animais grandes, já que nos deparamos com um urso um pouco mais cedo na caçada.


- Tem razão. - Ela pega na mão dele, que ainda estava estendida à sua frente.


Ele a ajuda a levantar-se mantendo a mão dela na sua.


- Então foi um urso que atacou a Sua Graça?


- Ele atacou todos nós, alguns guardas morreram e o Rei acabou sendo gravemente ferido.


- Vocês não deviam ter ido caçar.


- O urso, no final das contas, foi abatido.


- Quem o abateu?


- Todos colaboraram, mas confesso que o golpe final foi meu.


- Então você matou o urso.


- Com uma flecha no olho.


- Todos vocês poderiam ter morrido hoje.


- Se o Rei é bruxo, ele poderia ter usado magia para acabar com o urso.


- Ele não poderia usar magia na frente dos outros, duvido que a Corte saiba quem ele é.


- Isso é verdade.


Freya abaixa o olhar fitando a sua mão ainda sobre a dele, que começa a passar, carinhosamente, o polegar no dorso de sua mão.


- Agora entendo porque minha mãe se esquivava de falar sobre meu pai. Ela não queria que eu soubesse quem ele é.


- Talvez ela só tivesse medo de te perder, por isso não te contou nada.


- Isso não faria sentido, pois jamais a deixaria. Enfim, eu só queria a verdade. - Ela volta seu olhar para ele, que a encarava.


- Entendo.


Adrian afasta uma mecha de cabelo do rosto de Freya colocando-a atrás de sua orelha, então passa a mão pela bochecha dela deslizando-a até a nuca. Ele aproxima seu rosto do da bruxa encostando seu nariz no dela e olhando-a, profundamente, enfeitiçado pelo verde intenso dos olhos de Freya. Sentindo seu coração acelerar, ela, vagarosamente, entrelaça seus dedos nos de Adrian e a outra mão pousa em seu braço.


Com a respiração do cavalariço tocando seu rosto, Freya, erguendo o pescoço, roça seus lábios nos dele ainda o encarando, querendo mergulhar no azul profundo dos olhos dele, que a encarava de volta. A bruxa, então, fecha os olhos e entreabre a boca sentindo a língua de Adrian tocar a sua. Ele desce a mão da nuca dela até a cintura puxando-a mais para perto de si e colando seus corpos um ao outro.

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