Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

By tamires_menaldo

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Em meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condena... More

Introdução - Personagens e Playlist
Prólogo
Capitulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulos 07
Capítulo 08
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Epílogo

Capítulo 09

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By tamires_menaldo

Tribunal do Santo Oficio



Freya sentia-se fraca e debilitada, por este motivo aceitava a sopa fria e sem gosto que lhe ofereciam dia sim e dia não. Aliás, ela já havia perdido a noção do tempo, não sabia dizer a quantos dias estava presa naquele lugar e nem se era de dia ou de noite, só sabia esperar pelo momento que viriam buscá-la de novo.


Além disso sentia-se imunda. As suas vestes eram as mesmas do dia em que chegara, exceto pelo seu manto marrom desbotado, que os carrascos haviam tomado dela. E por esta razão, ela sentia calafrios por todo o seu corpo, que tremia, constantemente, dentro daquela cela suja, úmida e escura. O Padre Gregório chegou a visitá-la mais uma vez para trocar o curativo de seu ferimento causado pela flecha do caçador.


A porta de ferro da cela se abre com estrondo e os homens de capa vermelho-sangue agarram a bruxa, desprendendo-a das correntes e levando-a, bruscamente, até a Sala de Confissão novamente. Dessa vez ela estava sem forças para oferecer resistência, então deixa-se ser arrastada sem alarde. Eles deitam-na em uma placa de metal, ao qual ela sente o corpo inteiro arrepiar ao tocar o material frio, amarrando-a com cordas grossas, pelos tornozelos e pulsos.


Enquanto os carrascos enrolavam as cordas, Freya mantinha os olhos fechados tentando se desligar daquele momento, mas ao ouvir a voz grave do Padre Bartolomeu, ela abre-os novamente e o encara com rancor.


- Está pronta para confessar, bruxa? - indaga o Padre parado de pé ao lado dela encarando-a de volta com seus olhos amendoados perversos.


- Vai tentar... me afogar...de novo? - ironiza ela, falando vagarosamente, por ainda sentir a garganta doer.


- Dessa vez não, querida Freya. - Ele responde cruelmente. - Quero testar até onde vai a sua resistência, principalmente, física.


Freya não responde e desvia o olhar do Padre.


- Podem puxar as cordas - ordena Bartolomeu aos carrascos, que manuseando as manivelas puxam as cordas em torno dos tornozelos e pulsos de Freya.


Ela cerra os olhos apertando-os e fazendo uma careta de dor.


- Podem puxar mais - ordena o Padre ao perceber a reação dela.


Os carrascos esticam ainda mais as cordas fazendo a bruxa soltar um grito. Freya sentia como se seus membros fossem se romper a qualquer momento e sua ferida, que ainda não estava, completamente, cicatrizada começa a ser repuxada fazendo-a sentir como se seu abdômen estivesse queimando em brasas.


- Podem parar - manda Bartolomeu olhando para Freya, que tinha lágrimas involuntárias escorrendo pela sua bochecha. - Está pronta para confessar?


- Não - sussurra ela abrindo os olhos.


O Padre com uma expressão de ódio no rosto afasta-se pegando um espeto de ferro e esquentando a ponta na tocha presa à parede da sala. Ele aproxima-se novamente de Freya e encosta a ponta fervente do espeto na perna da bruxa arrancando um gemido dolorido da garganta dela, que o sufoca mordendo os lábios.


Bartolomeu finca a ponta com mais força na pele dela deixando uma marca redonda de queimadura. Freya solta um berro agudo que ecoa pela sala.


- E agora está...


- Devia...me matar...logo - interrompe ela com a voz rouca.


O Padre a espeta novamente, mas na barriga bem no local do ferimento abrindo-o de novo e provocando o vazamento de pus e sangue. Depois também a espeta nos braços e no ombro esquerdo perto da marca de nascença dela.


- Está aqui a marca do diabo que você carrega, bruxa.


Freya apenas gritava de dor, de forma ensurdecedora, mas sem falar nada. O Padre a espetava em várias partes do corpo, até mesmo na bochecha. Ela sentia como se fosse desfalecer a qualquer momento, no entanto a bruxa ainda estava consciente e determinada a não falar absolutamente nada.


- Você é, realmente, resistente bruxa, mas vamos ver até quando - ameaça ele guardando o espeto. - Podem levá-la de volta a cela - ordena aos carrascos -, se ela desmaiar aqui, vai ser uma completa inútil.


Os homens soltam as cordas dos tornozelos e pulsos de Freya e a arrastam para fora da Sala de Confissão, mas ao saírem na porta se deparam com o Bispo Domênico.


- Esta bruxa está sendo resistente - comenta Padre Bartolomeu saindo da sala -, não disse nada até agora.


O Bispo olha para Freya de cima a baixo com desdém e ela o encara desafiadoramente.


- Sabia que para usar magia negra, ela cobra um preço? - Ela sussurra para o Bispo. - E é bem alto.


- Então não perca mais tempo com ela. - Ele responde ao Padre, ignorando as palavras de Freya. - Mande-a para a fogueira.


- Como ordenar, Reverendo - diz Bartolomeu fazendo um sinal com a cabeça para que os carrascos a levassem.


Os homens, então, arrastam a bruxa pelo corredor estreito e à meia-luz.


Adrian, vindo pelo outro lado do corredor passa pelos carrascos arrastando Freya, que estava com a cabeça baixa e os cabelos pretos cobrindo-lhe o rosto. Olhando, rapidamente, de soslaio para a bruxa, o caçador pôde perceber, apesar da pouca luminosidade, que ela estava muito machucada com os pulsos e tornozelos inchados e arroxeados, marcas de queimaduras espalhadas pelo corpo e o vestido cinza, que agora estava todo em tonalidade avermelhada devido ao sangue, estava rasgado e sujo.


- Aquela é a bruxa que você capturou - diz Bispo Domênico quando o outro aproxima-se notando o olhar dele voltado para os carrascos levando Freya -, ela não está cooperando muito, terá que ser executada o quanto antes.


- Por que o Reverendo me chamou até aqui? - indaga o caçador mudando de assunto.


- Para te avisar que terá nova caçada - responde Domênico sério -, convoque alguns caçadores o quanto antes, pois partirão amanhã de manhã.


Adrian apenas faz sinal afirmativo com a cabeça.


- Pode ir.


O caçador reverencia o Bispo e sai pelo corredor virando em outro mais estreito rumando para a escada em espiral que dava acesso ao pátio.



○○○



O sol já estava se pondo no horizonte, quando a pequena comitiva do Rei encosta os vagões na Praça da Fé em frente à entrada principal do Tribunal do Santo Ofício.


- Você vai ficar aqui dentro do vagão - ordena Henrique a Cassius.


- Claro que não - protesta o outro indignado.


- Vai sim - retruca o Rei seriamente -, se esqueceu que você é um bruxo e que se te pegarem terá o mesmo destino que a menina que está querendo salvar?


- E o que você vai fazer?


- Vou entrar no Tribunal sozinho, você será levado junto aos meus cavaleiros para os fundos. Não faça nenhuma tolice.


Henrique sai do vagão passando pela entrada semicircular e adentrando o local pela porta dupla de madeira, ao qual é recebido pelo Bispo Domênico.


- Vossa Majestade, pelo visto recebeu minha mensagem - diz o Sarcedote reverenciando o Rei.


- Sim, Bispo Domênico - diz Henrique com enfado na voz.


- Vossa Majestade, acompanhe-me até meu gabinete.


Os dois caminham, lado a lado, por um corredor longo virando para outro mais curto, ao qual no fundo ficava o gabinete do Bispo.


- Onde meus cavaleiros vão ser instalados? - pergunta o Monarca ao adentrarem o recinto.


- Eles irão ficar no alojamento junto com os caçadores e carrascos - responde Domênico sentando-se em sua poltrona estofada de veludo após fechar a porta do gabinete.


- Está certo - concorda Henrique sentando-se em outra poltrona aveludada a um canto do cômodo.


- A cada ano que passa esses bruxos parecem estar ficando mais fortes.


- Parece que a ajuda que ofereço não está sendo suficiente.


- Nossa parceria sempre foi uma ajuda reciproca.


- E a Igreja tem sido muito beneficiada em seus propósitos durante todos esses anos - diz o Rei recostando-se no encosto alto da poltrona.


- Assim como Vossa Majestade se manteve no poder em troca do meu silêncio - rebate o Bispo inclinando o tronco para frente e apoiando os cotovelos na mesa.


- Você só manteve sua descrição sobre quem eu sou, porque sem minha magia negra não conseguiria alcançar seu propósito de aniquilar com os bruxos.


- E sua ajuda tem servido muito bem ao propósito da Igreja, porém parece que seu povo está se fortalecendo ou sua magia negra que está enfraquecendo.


- Eles não são o meu povo - retruca Henrique rispidamente.


- Você é um bruxo como eles e os renega, ajudando a exterminá-los - diz Domênico arqueando, levemente, uma das sobrancelhas esbranquiçada.


- Eu não devo nada aos bruxos.


- E você deseja ser o mais poderoso.


- Eu já sou o mais poderoso - corrige o Rei com prepotência coçando sua barba negra. - Minha magia não está enfraquecendo, é a Igreja que não está fazendo a sua parte direito.


- Os bruxos estão escondendo-se pelos vilarejos e florestas há tempos - reclama o Bispo remexendo as mãos enrugadas nervosamente -, mas agora estão fazendo isso muito bem.


- O que você quer de mim dessa vez, Reverendo? - indaga Henrique impaciente. - Saiba que meu plano não era vir até aqui apesar do seu pedido.


- A proteção sobre nossa fortificação contra magia e o bloqueio do uso da mesma colocado nos instrumentos de caça e tortura não estão sendo o suficiente.


- Não sei se posso oferecer mais do que isso.


- Vossa Majestade, eu sei que pode - diz o Bispo encarando o outro com expectativa -, se quiser.


- A magia negra é poderosa, mas também tem seus limites e consequências.


- O que vou pedir é bem simples: alguma magia para localizar os esconderijos desses bruxos.


- Seria uma magia simples se eu tivesse como canalizar energia para fazer isso.


- Como assim?


- Para se fazer uma magia de localização é necessário ter um pertence pessoal de quem se deseja localizar, no caso você está querendo encontrar um lugar e não uma pessoa especifica.


- Então o bruxo mais poderoso do Reino não consegue fazer uma magia simples? - provoca Domênico.


- Eu não disse que não consigo - explana Henrique com desdém. - Para localizar o esconderijo dos bruxos vou precisar canalizar a energia da floresta e este pode ser um processo um pouco demorado.


- Mesmo que demore, você conseguindo localizar é o que importa.


- Vou avisar meus cavaleiros que ficaremos mais tempo do que o previsto.


- E Vossa Majestade pode ficar em meus aposentos, acredito que ficará mais confortável e eu me acomodo em um dos quartos junto aos outros Padres.


- Agradeço pela hospitalidade.


Henrique levanta-se da poltrona e retira-se do gabinete acompanhado pelo Bispo, que o conduz até o alojamento dos caçadores, que ficava no pátio.


O Rei vai em busca de Cassius o encontrando perto do estábulo, que ficava ao lado.


- Vamos precisar ficar hospedados aqui por alguns dias - avisa ele aproximando-se do outro.


- Por que?


- Devido aos meus negócios com o Bispo.


- E quanto a Freya?


- Provavelmente, ela está presa no subsolo junto com outros bruxos em celas trancadas e vigiadas por carrascos. Não vai ser fácil chegar até ela e tirá-la daqui sem que ninguém perceba.


- Mas eu tenho que tentar.


- Eu vou ver se consigo tirar alguma informação útil do Bispo, até lá não faça nada.


- Você quer que eu fique parado enquanto ela pode estar sofrendo? - pergunta Cassius inconformado. - Eu posso tentar descobrir algo com os carrascos também, já que estou no meio deles.


- Só tome cuidado e seja discreto, pois se te pegarem, eu não vou poder fazer nada nem por você e muito menos pela menina.


- Eu vou ser cuidadoso.


Henrique afasta-se e vai conversar com os seus cavaleiros.


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