Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

By tamires_menaldo

3.3K 867 383

Em meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condena... More

Introdução - Personagens e Playlist
Prólogo
Capitulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 06
Capítulos 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Epílogo

Capítulo 05

87 21 13
By tamires_menaldo

Floresta da Lua



Freya desperta atordoada pelo chacoalho do cavalo e percebe pelo céu alaranjado que o dia já estava findando e a noite logo tomaria conta da floresta. Sentada à frente do caçador com as mãos atadas, ela olha para sua ferida, que sentia fisgar de dor a cada trotada do animal, percebendo que o sangue em volta endurecera misturando-se ao pus e formando uma crosta nojenta por cima. Seu vestido estava arruinado pelo liquido viscoso que secara no tecido.


Ela pisca várias vezes sentindo sua cabeça latejar como se tivesse mil facas sendo enfiadas em seu crânio. A bruxa volta a olhar para sua a ferida.


- Você precisa limpar isso - diz o caçador com voz grave ao perceber para onde ela estava olhando.


- Foi você quem causou isso. - Ela retruca rispidamente. - E por que se importa se o meu fim é a morte mesmo?


- Apesar de ser uma bruxa, merece um julgamento, por isso eu devo te levar até o Tribunal viva - diz ele sem desviar sua atenção do caminho.


- Eu preferiria que você me matasse agora.


- Você não irá morrer pelas minhas mãos.


O homem puxa as rédeas do cavalo, fazendo-o parar perto do Rio das Sombras, que seguia seu curso por toda a extensão da Floresta da Lua. Ele desce do animal e segura Freya pela cintura arrastando-a para baixo.


A bruxa ajoelha-se na beirada do rio e olhando de soslaio percebe que o caçador, que ainda usava o capuz da capa acinzentada sobre a cabeça, ficara parado atrás dela. Então resolve lavar seu rosto e suas mãos sujas com seu sangue seco, porém para poder limpar a ferida, ela rasga uma parte da bainha de seu vestido, molhando a tira de tecido na água turva e a torcendo em seguida.


Freya passa, cuidadosamente, o pedaço de tecido úmido por seu ferimento, soltando alguns gemidos por causa da dor. Ela vai tentando limpar o quanto pode do sangue endurecido em volta da ferida aberta. Então percebe que a ponta de metal da flecha estava alojada em sua carne.


- Vou precisar da sua ajuda - diz ela secamente virando-se para o caçador.


- Para que? - indaga ele sem se mover e mantendo sua expressão impassível.


- Se não quer que eu morra antes de chegar ao Tribunal, preciso que a ponta da sua flecha seja retirada do meu abdômen, senão a ferida irá infeccionar - explica ela com impaciência.


O homem, a contragosto e com o semblante sisudo, ajoelha-se ao lado de Freya olhando para o ferimento dela.


- Vou precisar que puxe a ponta da flecha. Eu não consigo fazer isso devido as minhas mãos estarem amarradas.


O caçador, sem dizer nada, enfia seus dedos indicador e polegar em forma de pinça na ferida da bruxa sentindo o metal da ponta da flecha alojado na carne dela. Antes de puxar o objeto, ele olha para o rosto de Freya, que estava com uma expressão de dor: as sobrancelhas franzidas, os lábios retorcidos e lágrimas involuntárias escorrendo por suas bochechas. Ela o encara com um pedido silencioso nos olhos que ele acabasse com aquela agonia logo.


O homem puxa a ponta da flecha, cautelosamente, até conseguir retirá-la por completo, fazendo a bruxa soltar um suspiro de alivio, mas o sangue recomeça a jorrar. Então o caçador pega a tira de tecido, que ela ainda segurava na mão, molhando-a no rio e torcendo-a antes de colocar sobre a ferida fazendo um pouco de pressão para estancar o sangramento. Freya, ao sentir o toque do pano molhado em sua pele, fecha os olhos apertando-os e mordendo seu lábio inferior de aflição.


Abrindo os olhos novamente, ela decide rasgar outra tira maior de tecido da bainha de seu vestido para enrolá-la em volta do seu abdômen e, assim, cobrir o ferimento, mas como estava com as mãos atadas não conseguia fazer isso sozinha. O homem percebendo sua dificuldade, pega o pedaço de tecido da mão dela e o passa em torno da cintura da bruxa, finalizando com um nó para manter o pano fixo no local da ferida.


Enquanto ele enrolava a tira de tecido, Freya observara que o homem usava um anel no dedo anelar da mão direita.


- Esse anel parece ser da nobreza.


- Mas não é - rebate ele lavando as mãos ensanguentadas na água turva do rio e levantando-se. Em seguida vira-se de costas caminhando até o seu cavalo.


Freya, meio desajeitada devido as mãos amarradas, também se levanta e o segue.


- Você não precisa fazer isso.


- Fazer o que?


- Levar-me até o Tribunal do Santo Oficio.


- Você é uma bruxa. - Ele dispara virando-se para ela e encarando-a carrancudo. - Vai subir por bem ou por mal no cavalo?


Freya tenta subir no corsero preto, com certa dificuldade por causa das mãos atadas e também devido a sua estatura baixa, então o homem a segura pela cintura ajudando-a a subir. Ele monta logo em seguida e coloca o animal em cavalgada.


- Eu poderia me curar facilmente dessa ferida se não fosse essa maldita corda.


O caçador não responde ignorando-a.


- Será que você sabe a razão de eu não conseguir usar magia devido a essas amarras? - Ela continua tagarelando.


Ele continua mudo e focado na trilha a sua frente.


- Eu não sei como não pensei nisso antes. - Freya olha para trás encarando os olhos azuis do homem, encobertos pela sombra do capuz. - A igreja é tão hipócrita - conclui ela com um sorriso cínico no rosto.


- Do que você está falando? - Ele a fita por alguns segundos e volta a se concentrar no caminho.


- A igreja usa de algum modo magia negra para bloquear outros tipos de magia, só isso poderia explicar o fato de eu não conseguir usar a minha.


- Com certeza tem outra explicação.


- Qual?


Naquele momento, um raio corta o céu clareando as árvores ao redor por alguns segundos e logo em seguida escuta-se o ruído estrondoso de trovão, que chega a assustar o cavalo. Instintivamente, Freya e o caçador olham ao mesmo tempo para o céu.


- Isso não é bom - comenta ela.


As primeiras gotas de chuva começam a cair, mas, aos poucos, sua intensidade vai aumentando, encharcando-os


- Não tem como continuar com essa chuva - comenta ela se encolhendo em seu manto marrom desbotado.


- Eu sei, estou tentando achar abrigo.


Eles cavalgam mais alguns metros até o homem parar o cavalo em frente a uma abertura nas pedras. Ele desce do animal puxando Freya para baixo pelos pulsos e caminhando em direção a caverna. O caçador, após amarrar seu corsero negro a uma árvore, pega outra corda maior de dentro da bolsa de pano, que trazia pendurada nas rédeas, e a amarra no pulso direito da bruxa e no próprio pulso esquerdo prendendo-a a ele para que não tentasse fugir.


Freya se encolhe sentada no chão abraçando os joelhos com seu manto e vestido rasgados, manchados de sangue e ensopados pela chuva. Ela tremia de frio pela umidade da caverna e pelo vento que começara a soprar lá fora. O homem senta-se a frente dela com as pernas dobradas apoiando os cotovelos sobre os joelhos e observando-a.


- Precisamos de uma fogueira. - Ele se levanta. - Vou pegar alguns galhos, mas você precisará vir comigo - diz o caçador erguendo o pulso mostrando a corda que prendia um ao outro.


- Você poderia me desamarrar - provoca Freya dando uma piscadela para ele.


O homem ignora o comentário dela caminhando para a entrada do abrigo e dando um puxão na corda obrigando-a a levantar-se e segui-lo. Ele pegava os galhos mais secos perto da abertura e os entregava para Freya, que ficara em silêncio e com expressão emburrada, segurá-los.


Os dois voltam para o fundo da cavidade e a bruxa joga os galhos no chão voltando a se sentar encostada na rocha, o homem junta os gravetos e acende o fogo. Quando a fogueira já estava crepitando, Freya se aproxima para se aquecer.



No meio da noite, a bruxa acorda e percebe que a chuva havia diminuído e o fogo apagado, virando a cabeça para o lado, em meio a escuridão vê que o caçador estava dormindo. Devagar, ela pega seu punhal, que estava escondido em sua bota de cânhamo, e arrasta-se até o homem encostando a lâmina na garganta dele.


Ela hesita por um instante e então sente uma mão agarrar seu pulso fazendo-a sobressaltar-se.


O homem abre os olhos e a encara com expressão austera em meio a penumbra da caverna. Ele aperta o pulso dela torcendo-o até fazê-la largar o punhal, que cai ao chão. Freya ainda tenta recuperar a arma, mas o caçador é mais rápido e o pega guardando-o dentro de sua capa. Frustrada, ela se afasta sentando-se de frente para ele.


- O que pensou que ia fazer? - pergunta ele sentando-se.


- Matar você - responde ela, sem rodeios, encarando-o com semblante sério.


- E você realmente achou que conseguiria fazer isso? - questiona ele sarcástico.


Ela continua encarando-o sem responder.


- Vamos embora - diz ele levantando-se e sacudindo a poeira de sua capa.


Freya abaixa o olhar, mas não se move.


- Prefere que eu te carregue?


Ela ergue o olhar para encará-lo arqueando uma sobrancelha. O homem ameaça se aproximar dela dando um passo em sua direção, então Freya, desajeitadamente, levanta-se. Ele sai da caverna na frente puxando-a pela corda, que os ligava pelos pulsos, até ao lado do cavalo.


- Consegue subir? - pergunta ele desamarrando a corda de seu pulso.


- Estou com fome - desconversa a bruxa mantendo distância.


- Você vai comer quando chegar ao Tribunal.


- Eles vão me matar de fome antes de me queimar na fogueira.


Freya aproxima-se e tenta subir no animal sozinha, mas devido à sua dificuldade, o caçador, impaciente, segura-a pela cintura e a lança para cima no dorso do corsero montando logo em seguida atrás dela. Ele agarra as rédeas e sai em disparada.


Continue Reading

You'll Also Like

46.1K 5.4K 21
Os verdes e os negros. Ambos querem o trono, o poder. Os dois desejam aquilo que acreditam ser seu por direito. Uma certa rainha chegará para mudar o...
77.4K 8.3K 45
𝐖𝐈𝐍𝐆𝐒 | Conta a história de Alyssa Targaryen, sua emancipação, erros, atos de rebeldia e fidelidade. Como lutou pelos seus ideais, por sua honr...
866 107 14
Um dia sua vida muda drasticamente, em um acidente de carro Aurora acaba sendo transportada para outro mundo, um mundo antigo e com criaturas de con...
3.3K 653 43
A coroa do falecido rei dos quatro reinos foi roubada. Após 88 anos presa em Kahrsdor, a vampira Victórika recebe uma visita desconhecia alegando o r...