Assunto Inacabado (Camren)

By GabriellaAsor

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"Há uma lenda japonesa que fala sobre um fio vermelho invisível que une as pessoas que estão predestinadas a... More

Capítulo 1 - O Novo Apartamento
Capítulo 2 - A Vizinha do 301
Capítulo 3 - Diablo Pub
Capítulo 4 - Você é uma Médica!
Capítulo 5 - Algo Sobre Você
Capítulo 6 - Noite Esotérica
Capítulo 7 - Estás Celoso?
Capítulo 8 - Talvez Vocês Estejam Ligadas
Capítulo 9 - Querido Diário
Capítulo 10 - Uma Bundinha Pra Pegar
Capítulo 11 - Partiu Missão!
Capítulo 12 - Branca como a Neve
Capítulo 13 - Você tem que Acordar
Capítulo 14 - Finalmente se Pegaram!
Capítulo 15 - Não cansa de se humilhar?
Capítulo 16 - Eu não aguento mais
Capítulo 17 - Desculpa
Capítulo 18 - A Torre, Os Lírios, A Chave
Capítulo 19 - É só um Beijinho
Capítulo 20 - Noite Agitada
Capítulo 21 - Preciso da sua Ajuda
Capítulo 22 - Be Right Here
Capítulo 23 - Happy Halloween
Capítulo 24 - Día de los Muertos
Capítulo 25 - Backing to the Start
Capítulo 26 - Foi um Sonho?
Capítulo 27 - Turbulências Parte I
Capítulo 28 - Turbulências Parte II
Capítulo 29 - Dia de Ação de Graças
Capítulo 30 - Boca Gostosa
Capítulo 31 - Quem dita as Regras
Capítulo 32 - Lento
Capítulo 33 - El ritmo me está Encendiendo
Capítulo 34 - Bem Vinda de Volta
Capítulo 35 - Imprevistos Acontecem
Capítulo 36 - Miami
Capítulo 37 - Quem é aquela?
Capítulo 38 - Happy Birthday Sofi
Capítulo 39 - Adeus Miami
Capítulo 40 - Boa sorte na Prova
Capítulo 41 - Jokenpô
Capítulo 43 - A garota do Metrô
Capítulo 44 - O Jantar
Capítulo 45 - Chocolate Quente
Capítulo 46 - Vai ficar tudo bem
Capítulo 47 - Noite Esotérica II
Capítulo 48 - My heart is yours
Capítulo 49 - Je t'aime
Capítulo 50 - Je t'aime II
Capítulo 51 - A flor da pele
Capítulo 52 - Recomeço...
Capítulo 53 - Tensão
Capítulo 54 - Hope
Capítulo 55 - Família
Capítulo 56 - O Amor Quebra Barreiras

Capítulo 42 - Vegas, Tumor, Virose

298 23 17
By GabriellaAsor

Se atentem aos detalhes...

Boa leitura!!

...


POV Camila Cabello

— Espera aí... Como assim Jauregui-Kordei e Cabello-Hansen?

— Eu ouvi direito?

— Sim, ouviram perfeitamente bem. — Ally continuou com aquele sorriso.

— Allyson, fala sério. Você tá de zoação com a nossa cara. Vai, pode dizer a verdade! — Dinah começava a entrar em desespero.

— Gente, eu não estou brincando. Vocês se casaram mesmo.

— Como isso? — falei indignada. — Por que eu não me lembro?

— Ah, vocês estavam muito chapadas! — Ally jogou-se no pequeno sofá que tinha no quarto.

— Estavam mesmo... — concordou Vero. Eu mal havia notado a sua presença.

— Se vocês se lembram disso, por que não impediram o casamento?! — falei levemente brava.

— Ah meninas. Vocês que confundiram o cerimonialista...

— Ficaram que nem doidas brincando de cavalinho dentro da capela, com os casais trocados. Esperavam o quê?

— Que ele tivesse a decência de casar os casais certos. — disse Mani.

— Porra, eu também não me lembro de nada... — disse Dinah.

— Olha, todas nós chapamos muito, mas vocês estavam piores.

— Vero filmou tudo, enquanto eu tirei as fotos — Ally dizia em tom alegre e Vero começou a rir quando recebeu uma cotovelada de Dinah.

— Isso doeu Dinahssaura!

— Para de rir Vero. — Dinah estava emburrada.

— Ainda não estou acreditando. — me joguei na cama.

— Ouch, Camila.

— Desculpa, Mani.

Depois de toda essa loucura, resolvemos tomar banho, não sem antes tomar algumas aspirinas para dor de cabeça. A Ally não impediu o casamento, mas pelo menos serviu para nos trazer remédio. Bem, não estava com raiva, até era uma situação engraçada. Mas não posso ficar casada com a minha melhor amiga.

Então depois de nos arrumar e pegar as nossas coisas, resolvemos voltar para casa. A viagem de volta pareceu mais longa para voltar. Deve ser o silêncio que se instalou no veículo durante o trajeto, misturado com a dor de cabeça que todas estávamos sentindo.

— Você roubou minha namorada, Jauregui. — Dinah falou com a cabeça apoiada no vidro do carro.

— E você roubou a minha, Hansen!

— Ah, por favor, calem a boca! — Mani proferiu de mau humor, ela quem dirigia o veículo.

— Amor, fala mais baixo... — pediu Dinah massageando as têmporas.

— Não chama ela de amor, agora ela é casada comigo, Hansen.

— Cala a boca, Jauregui. Tá chapada ainda?

Lauren fechou a cara, cruzou os braços e deitou em meu colo. Que situação nos metemos...

Poucas horas depois chegamos em Los Angeles. Eu estava me sentindo tão cansada, bem, eu não era a única. Estávamos acabadas.

Ao chegarmos em casa, aproveitamos as poucas horas que nos restavam para tomar banho e relaxar. Todas vieram para meu apartamento, então decidimos relaxar no conforto daquela maravilhosa Jacuzzi no terraço. Os jatos de água eram quase como se fossem massagens por todo o corpo. Apesar de estarmos no silêncio, não conseguia me lembrar daquela noite em Vegas e o ponto em que chegamos até estarmos casadas com a mulher errada.

— Se você continuar com essa cara, vai ficar com rugas permanentes.

— Ain Dinah, é que... Eu não consigo me lembrar daquela noite. Qual é, tinha algo nas nossas bebidas?

— Não, Mila. Vocês só beberam demais mesmo. — respondeu Ally.

— E agora a ressaca que fala, né? — resmungou Mani.

— Camila, pega água pra mim... — Dinah falou em tom manhoso e de dor.

— Não vou sair daqui agora, Chee.

— Você é minha esposa, vai. Faz isso por mim.

— Legalmente sim, mas...

— É minha melhor amiga. Vai logo bunduda!

— Ai, tá bom.

Saí da jacuzzi e me direcionei à geladeira da área gourmet, pegando uma garrafa em seguida. Entreguei a garrafa a ela e entrei na jacuzzi novamente.

— Gente, agora sério. Ninguém pode saber do que rolou com a gente, senão seremos zoadas eternamente. — disse Dinah.

— Tem razão. Por isso, o que acontece em Vegas, fica em Vegas. — disse Ally.

— Isso aí, todas estamos de acordo, certo? — indagou Mani.

— Óbvio, senão eu afogo aqui na jacuzzi agora mesmo.

— Lolo, você não era assim.

— Ah, é o convívio com essas doidas. — respondeu divertida.

— Quem é doida aqui?! — Mani falou com um olhar psicopata jogando água em Lauren, porém me atingindo também.

— Você, você, vo... — saiu apontando para cada uma de nós, mas foi interrompida pelas rajadas de água em sua direção. Eu fui atingida novamente.

Na tarde daquele dia as meninas resolveram nos mostrar os vídeos e fotos sobre aquela noite, e... Meu Deus, que vergonha! Como elas nos deixaram fazer aquelas loucuras?

— Cara, essa parte é a minha favorita! Olha só a Dinah e a Camila — Vero dizia em meio a gargalhadas.

Dinah e eu estávamos ao lado do Elvis, cantando junto com ele, depois dançando algo que não tinha nada a ver com o ritmo tocado. Eu e a Dinah estávamos rebolando a bunda.

— A Lauren subindo no banco da Capela cantando mais alto que o Elvis, e o cerimonialista nos chamando... — Ally dizia aos risos.

— A Mani pulando nas costas da Lauren!! — Dinah gargalhava.

Todas nós começamos a dançar e tirar fotos com todos dentro da capela. Não acredito que estava fazendo todas aquelas coisas. De repente a Dinah tira a peruca do Elvis e todas caíram na gargalhada, inclusive o cerimonialista. Coitado, acho que ele nunca havia feito um casamento com tantas doidas reunidas.

A semana passou-se rapidamente, e como combinado, a Dra. Roberts veio da Inglaterra para colher nossas células tronco para iniciar o processo de criação do espermatozoide. Ela trabalharia em parceria com uma clínica de fertilização aqui em LA. Não tínhamos planos de ter um bebê agora, mas nossos espermatozoides ficariam guardados na clínica para quando estivéssemos prontas para usar. Lauren e eu ficamos afastadas do serviço durante algumas horas do dia após a retirada das células. Apesar de ser bem desconfortável receber uma agulhada na lombar, eu estava ansiosa. Lauren também parecia.

Sobre o casamento trocado, estávamos guardando segredo com muito sucesso, apesar de rolar algumas piadas e brincadeiras. Ficávamos rindo dessa besteira que fizemos e do porquê fizemos. Realmente não conseguimos nos lembrar, mas os vídeos e fotos sobre aquela noite ficariam marcados para sempre.

Quando falamos sobre a anulação do casamento, aquelas tapadas da Ally e da Vero, revelaram que o casamento era de brincadeira. Acontece que na capela Graceland é realizado tanto casamentos verdadeiros quanto casamentos de mentira, apenas para as pessoas se divertirem e terem a sensação de um casamento real na presença de Elvis. Nós pagamos pelo casamento, e elas colocaram lá a opção de casamento por diversão. Até que foi um alívio. Mas tínhamos aquelas certidões inválidas que poderíamos guardar como lembrança. Que coisa doida!

Na manhã de quinta-feira, chegamos ao hospital no horário de sempre, parecia um dia comum. Como residente, minhas responsabilidades só cresciam. Então segui direto para o vestiário, depois para a recepção. Me reuni com a minha turma e todos pareciam animados com o dia.

Entramos em um assunto sobre o prognóstico de um paciente com problemas cardiovasculares ainda na recepção do térreo e ao mesmo tempo lendo alguns prontuários. Estávamos aguardando nosso grupo de internos.

Eu estava distraída quando ouço o som de sapatos de salto ecoar por aquele ambiente sobre o piso espelhado do hospital. Ergui o meu olhar apenas para ver a dona de todo aquele "barulho" e logo franzi o cenho.

— E aí vadias, sentiram a minha falta? — ela levantou os óculos de sol e pousou a mão na cintura. Um sorriso sarcástico estampava o seu rosto.

— Lucy, o que tá fazendo aqui? — perguntei em tom confuso.

— Quer apanhar mais? — disse Dinah.

Lucy relaxou o corpo, trocando o peso da perna e tirou aquele sorriso sarcástico, dando lugar a um novo sorriso, este desconhecido por mim e pelas outras. Parecia sincero e ao mesmo tempo desconcertado.

— Gente, eu não vim aqui para isso, ok? — gesticulou com os braços. É... parecia sincero, mas como confiar? — Estou aqui porque sei que aqui trabalha uma das melhores neurocirurgiãs do país.

— O que quer dizer com isso?

— Bem, esse assunto é só com a neurocirurgiã. Com licença, vadias! — colocou os óculos novamente e desfilou até o elevador com aqueles saltos ecoando o salão principal por todo o percurso.

O que Lucy fazia ali no hospital? Nós continuávamos com olhares confusos e expressões surpresas.

— Bem, eu espero que essa daí não apronte nada. Vou para a minha sala! — proferiu Dinah, mordendo uma maçã e seguindo para o elevador.

Eu decidi comprar uma rosquinha e um café no food truck que ficava em frente ao hospital. Só tinha duas pessoas na minha frente e a fila foi rápida. Voltei para o hall com uma caixa de rosquinhas e segui para a sala de descanso. Demi estava lá como de costume bebendo café. Mani estava ao seu lado guardando algo na geladeira.

— Nossa Cabello, não sei como você não engorda, queria ser como você! — Mani disse aos risos e enfiando a mão na minha caixa de rosquinhas.

— Estou com fome... — respondi de boca cheia e dei com os ombros.

— E quando é que você não está?

— Bem... — parei para pensar, mas acho que era uma resposta que não precisava ser proferida em palavras, pois eu sempre estava com fome. Acho que faço jus ao apelido "Dragãozinho".


POV Lauren Jauregui

Eu já havia começado a minha especialização em neurocirurgia, e naquele dia havia auxiliado a Dra. Stewart em uma cirurgia de craniotomia.

Após a cirurgia, passei a tarde no laboratório fazendo minha pesquisa sobre alzheimer, não vi as meninas, na verdade só vi a Vero e a Ally, que passaram o horário de almoço junto comigo. As outras estavam sumidas, inclusive Camila.

Kristen e eu iniciamos o processo de seleção de pacientes para a fase de testes da minha pesquisa. Ela trabalharia em parceria comigo. Depois retirou-se da sala e foi fazer um atendimento no pré-operatório.

Vero, como boa amiga que é, me trouxe notícias sobre a aparição repentina da Lucy. Primeiro revirei os olhos, mas depois ela me contou o que estava acontecendo. Lucy Vives estava com um tumor cerebral, era benigno, e como foi descoberto rapidamente, tudo sairia tranquilo — esperávamos. A cirurgia é simples e os pacientes costumam ter uma rápida recuperação.

Kristen entrou no laboratório, parecia à procura de Vero.

— Ah, aí está você! — falou em tom aliviado. Ela estava com um prontuário em mãos.

— Sim chefinha, a que devo a honra?

— Você vai me auxiliar na cirurgia da srta. Vives.

— Eu? Sério? Que legal! — falou animada.

— Por que ela?

— Acha mesmo que eu escolheria você ou as outras, Jauregui? Vocês tiveram uma ligação com a Lucy, tiveram desavenças, eu não vou arriscar uma cirurgia simples colocando uma de vocês.

— Hum, nisso ela tem razão, Laur.

— É... Fazer o que... — Olhei para o chão com um olhar meio perdido. Na verdade, só estava pensativa. — Bem, acho que eu preciso de uma pausa.

— Eu também. Vamos tomar um café? — sugeriu Vero.

— Vamos.

Saímos para tomar um café, e fomos ao refeitório externo do hospital. O dia estava nublado e parecia que a qualquer momento iria chover. Engano meu achar que o dia estava tranquilo. Surgiu uma emergência e Vero e eu corremos para lá.

Quando chegamos estava rolando uma discussão entre os pacientes, então descobrimos que eram da mesma família. Quatro daquelas pessoas estavam com cortes pelo corpo e continuavam discutindo. Mas que briga foi essa?

A maioria dos internos e residentes estavam lá, menos a Camila. Só a vi pela manhã e já estava com saudades. Iniciamos o atendimento com aquelas pessoas, e os internos fizeram as suturas. Até que foi simples, nenhum deles precisou de cirurgia, logo foram liberados.

Sentei-me na cadeira da recepção e peguei um café para relaxar.

— Hey Vero! — chamei minha amiga.

— Oi Laur — sorriu.

— Você viu a Camila?

— Hum, só vi ela pela manhã junto a Dinah. Depois não a vi mais.

— Ah, beleza.

— Aconteceu algo?

— Não, só queria falar com ela.

— Ah, depois ela aparece. Sabe como é trabalhar em hospital né. — deu de ombros. Assenti com a cabeça. — Bem, eu já vou indo. Tenho que levar a Lucy para fazer uns exames...

— Ok, vai lá! — respondi com um meio sorriso e bebi um pouco do café.


POV Veronica Iglesias

Segui para o elevador tranquilamente, depois para a recepção do segundo andar. Lucy iria começar o processo de internação, mas para isso precisava assinar alguns documentos para fazer os exames necessários.

Entrei no quarto e ela parecia concentrada no celular, mas assim que fechei a porta, ela me encarou. Seu semblante estava meio tenso.

— Olá — falei simples.

— Oi, você é a Vero, né?

— Sim, mas prefiro que me chame de Dra. Iglesias.

— Uh, ok. Já vi que você também não vai com a minha cara, não é?

— Não tenho nada contra. Mas não precisamos entrar nesse assunto.

— Ok...

— Bem, eu vim aqui porque você precisa fazer alguns exames, e precisa assinar aqui.

Aproximei-me dela e mostrei a prancheta com os diversos documentos que ela precisava assinar. Ela parecia preocupada ou com medo. Encarava tudo aquilo como se estivesse perdida também. Jogou algumas mechas de cabelo atrás da orelha e respirou fundo pegando a caneta.

— Você trouxe algum acompanhante?

— Não. Eu... Eu não quero preocupar o meu pai, ele é muito ocupado... E não tenho muitos amigos, então...

— Preciso que você coloque aqui um contato para emergência.

— Certo.

Entreguei a prancheta a ela, que começou a ler atentamente e também assinar, conforme eu pedi.

— Olha, não precisa ter medo. Vai dar tudo certo.

— Eu não estou com medo! — falou em tom acusatório.

— A Dra. Stewart realizou essa cirurgia milhares de vezes. Fica tranquila.

— Não preciso da sua pena, Iglesias.

— Não estou com pena. Só estou tentando te trazer um pouco de tranquilidade.

— Por que você tá sendo legal comigo?

— Estou te tratando como qualquer outro paciente.

Lucy nada respondeu, apenas deu de ombros e terminou de assinar os papéis. Então a levei para trocar de roupa e iniciar os exames.

Após os exames, Lucy voltou para o quarto e eu procurei a Dra. Stewart para levar os resultados e iniciar o plano de cirurgia. Ela estava com um tumor do tamanho de uma bola de ping-pong. A cirurgia talvez ficaria para o dia seguinte, pois a pressão dela estava um pouco alta, e também teve uma pequena alteração no eletrocardiograma.

De longe eu a observava e Lucy parecia ser uma pessoa tão solitária, embora seja algo que ela parece tentar camuflar. Talvez todo aquele jeito debochado, insuportável algumas vezes, seja porque ela é uma pessoa sozinha. Não parece ter amigos... Acho que ela é ausente até da família. Não sei... Ninguém merece estar sozinho numa hora dessas, nem mesmo a Lucy.

— Hey — cumprimentei entrando no quarto.

— Oi Veronica. — revirei os olhos. Que intimidade eu dei a ela?

— Marcamos a sua cirurgia para amanhã.

— Só queria resolver isso logo e ir embora.

— Logo você irá. Relaxa.

— É porque não é você que está com um tumor no cérebro. — arqueou as sobrancelhas e desviou o olhar.

— Por que você é assim, hein?

— Assim como?

— Toda arisca... Ahn... Sabe, eu só quero ajudar.

— Não sou arisca. Só estou me protegendo.

— Do que?

— Das pessoas. Sempre que eu me aproximo de pessoas legais, elas acabam com ódio de mim. Eu sempre estrago tudo. — desviou o olhar.

— Não precisa ser assim sempre...

— Eu não sei o que acontece... Eu só faço merdas.

— Por que não começa consertando algumas coisas?

— Como assim?

— Tenta se redimir com as pessoas.

— Mas como eu faço isso?

— Não sei... Peça desculpas, se for de coração... Faça algo bom.

— Aí é que tá. Eu não sou uma pessoa boa.

— Acho que você só é mal compreendida. Acredito que todos merecem uma chance de se redimir. É só tentar.

— É... Quem sabe. — deu de ombros e sorriu.

Passaram-se alguns minutos naquele silêncio, e Lucy parecia refletir sobre essa pequena conversa que tivemos, então ela me pediu para chamar a Camila e a Lauren. Simplesmente do nada! Ela parecia séria e, no semblante, um olhar preocupado. Então, todas as minhas amigas passaram pela porta do quarto ao mesmo tempo. Eu estava ao seu lado.

— Por que nos chamou aqui? — Lauren perguntou de forma impaciente.

— Obrigada por virem. — Lucy agradeceu e encarou todas. O semblante estava tranquilo.

— Anda logo, vai. Fala. — disse Camila.

— Gente, desde que eu fiquei doente refleti sobre muitas coisas. Bem, não é de hoje que eu sei sobre o tumor. Eu só estava com medo de mexer nisso e acontecer algo, e enfim... Eu decidi parar de perder o meu tempo fazendo as pessoas me odiarem...

— Uh, só agora? — Lauren comentou e Ally lhe deu uma cotovelada.

— Deixem ela falar. — Exigi. Então notei que estava perto demais da Lucy.

— Olha, eu sei que o que eu fiz foi errado. Eu fui uma idiota e...

— Uma vadia na verdade — corrigiu Camila.

Lucy respirou fundo e fechou os olhos como se estivesse buscando paciência.

— Vocês são pessoas legais e do bem. Não mereciam aquilo.

— Que bom que reconhece os seus erros.

— Se algo acontecer comigo naquela cirurgia, não quero ir embora sabendo que vocês me odeiam...

— A sua lista deve ser muito grande. Vai conseguir falar com todos? — Lauren alfinetou e eu apenas lhe lancei um olhar reprovador para que ela deixasse Lucy prosseguir.

— Meninas eu só quero pedir perdão a vocês. Por tudo o que eu fiz. E sim Lauren, reconheço toda essa merda. Sei que demorou, mas... Pelo menos reconheci e estou agora diante de vocês pedindo perdão.

Ficamos em silêncio por um tempo. Todas no quarto ficaram trocando olhares, até Lucy desviar e soltar um pesado suspiro, como se tivesse compreendido que elas não a perdoaria.

— Tá legal, eu enten...

— Certo. Eu te perdoo, Lucy. — encarei Camila com um olhar surpreso. — Ué, o que foi Lolo? Tudo o que aconteceu está no passado. Eu estou com você agora e somos felizes.

— É... A Chancho tem razão! — Dinah falou descruzando os braços jogando o peso do corpo para uma perna. — Ela tá sendo sincera gente! — Dinah apenas confirmou.

Os dons da Dinah me impressionam. E passei a confiar plenamente em suas palavras.

— Ok Lucy. Eu te perdoo. — disse Lauren.

Lucy sorriu fraco, então vi ela direcionar seu olhar para mim e tocar minha mão. Foi um toque simples, mas estranhamente senti um friozinho na barriga e um arrepio por todo o meu corpo. Sua mão era tão macia...

Lauren franziu o cenho e me encarou com os olhos semicerrados. Direcionei o meu olhar para Dinah e ela estava com aquele olhar misterioso que me intrigava. Era como se ela enxergasse coisas além da nossa realidade. Coisas futuras. Ela é mesmo uma vidente. E... Eu queria muito perguntar o que estava havendo, porém não consegui proferir palavra alguma.

O clima no quarto ficou meio estranho, todas me encaravam, e só agora me dei conta de que ainda estava de mãos dadas com a Lucy. Senti minha face ruborizar, e interrompi aquele contato. Eu nunca me senti assim antes. Não sou nada tímida.


POV Lauren Jauregui

Um mês havia se passado desde que fizemos a prova, e parece que nossa rotina ficou ainda mais pesada que o normal. Além de estar com a cabeça nos livros, eu participava de várias cirurgias de neurologia. Camila estava indo muito bem também como residente, e já realizava cirurgias sozinha, algumas ainda sob supervisão, mas ela fazia tudo com maestria. Era uma das melhores residentes do seu ano e turma. Sobre o seu perfil como uma "professora" dos internos, ela era mais... Alegre. Não era assustadora como Mani e eu, porém conquistou o mesmo respeito. Ela só é mais legal que nós duas, como dizem os outros. Ah, eu não ligo quanto a isso.

Estávamos em uma época de virose e a maioria dos pacientes procuravam atendimento por conta dessa onda. Nem os funcionários do hospital conseguiram escapar. Mani acabou pegando e estava de molho em casa. Dinah passou toda a semana com ela. Aquelas duas estavam praticamente morando juntas. Não que eu queira expulsar a Dinah do meu apartamento, mas ela está igualzinha eu quando comecei a trazer minhas coisas pra cá, até a Mani conversar comigo e sugerir que eu voltasse a morar aqui.

Não demorei para chegar em casa naquela noite e passei pela porta jogando as minhas chaves no painel da TV.

— Oi Camz, desculpe o atraso. A cirurgia demorou mais que o esperado.

Passei um pouco apressada, jogando a bolsa em um canto qualquer e seguindo para o balcão da cozinha. Camila estava deitada no sofá toda encolhida assistindo algo.

— Trouxe pizza.

— Tá bom.

Coloquei a caixa em cima do balcão e segui para o quarto. Tirei o meu sapato e o casaco e calcei um chinelo, segui para a cozinha novamente e Camila estava abrindo a caixa de pizza. Ao lado havia dois pratos. Abri a geladeira e peguei uma jarra de suco. Assim que Camila abriu a caixa e olhou aquela pizza, notei que ela fez... Uma careta? Pendeu a cabeça para o lado e fechou a caixa novamente.

— O que foi, Camz?

— Nada, estou com dor de cabeça, e não estou com fome.

— É a sua pizza favorita.

— Não quero.

Camila sem fome? E recusando pizza? Logo a favorita dela? Isso é muito estranho.

— Você comeu alguma coisa?

— Doritos e chocolate.

— Camz, isso não é janta...

— Mas não estou mais com fome.

— Ok... Não vou insistir.

Camila mexeu no cabelo para afastar a franja que caía sobre seus olhos e seguiu para a sala, deitando no sofá em seguida. Peguei uma fatia da pizza e também segui para o sofá, me sentando próxima aos pés dela. Camila encolheu-se e continuou com os olhos vidrados na TV, ignorando minha presença.

— Camz, você tomou remédio pra dor de cabeça?

— Sim, Lolo. Mas não passou ainda.

— Certo. Se não melhorar, nós vamos ao hospital, ok?

— Não — falou choramingando e em tom completamente manhoso. — Não quero ir ao médico... — proferiu no mesmo tom. — E você acabou de chegar, não vou fazer você voltar para lá.

Comecei a assistir com ela enquanto comia. Estava passando Bones. Por sermos médicas, estávamos acostumadas a ver corpos e pacientes com ferimentos expostos, órgãos, e todas essas coisas, mas quando se vê um cadáver em estado de putrefação é outra coisa. E comer enquanto se assiste a algo assim, dá um certo nojo. Como Camila se sente tão confortável?

Olhei ao redor da sala e percebi que ela realmente havia consumido porcarias, muitas porcarias. Deve ser por isso que está com dor de cabeça. Não se alimentou direito...

Depois de alguns minutos, Camila levantou-se do sofá subitamente. Tão rápido que até me assustei, e seguiu para o quarto. Franzi o cenho sem entender nada. Camila está estranha.

Resolvi ir até o quarto ver se estava tudo bem, considerando que ela demorou alguns minutos. Se ela estiver mesmo mal, terei de levá-la ao hospital.

Ao passar pela porta, escutei alguns grunhidos vindos do banheiro. Adentrei o local e encontrei Camz sentada no chão e com cara de enjoada. Com certeza ela vomitou.

— Camz...

— Não, não quero ir ao hospital Lo...

— Me deixa checar a sua temperatura.

— Tá...

Ajudei ela a se levantar e a coloquei sentada em cima da privada. Abri a gaveta do gabinete do banheiro e peguei o termômetro. Apertei o botão e coloquei nela. Enquanto aguardava o tempo necessário para o resultado, fiquei observando-a por completo. Parecia cansada e sua respiração estava meio pesada, talvez por ter vomitado tanto. Se ela pegou a virose, teremos de tomar algumas providências

Camila tirou o termômetro e encarou o objeto quase fechando os olhos.

— Tá vendo, tá tudo bem. Não preciso ir ao hospital.

Peguei da mão dela apenas para conferir.

— Ok, então vamos tomar um banho.

— Tá...

Ajudei ela a se levantar e saí do banheiro para pegar as nossas roupas e toalhas. Entrei no banheiro e ela estava escovando os dentes. Coloquei a banheira para encher e comecei a me despir. Camila fez o mesmo em seguida.

Com a banheira cheia, entrei, me sentei e encostei. Camila veio em seguida e sentou entre minhas pernas. A abracei por trás e colei os nossos corpos. A água estava tão quentinha, e aquele contato de sua pele na minha, me causava arrepios e frio na barriga.

Comecei a distribuir beijinhos em seus ombros e ela pendeu a cabeça para o lado. Trilhei um caminho de beijos até o seu pescoço e notei que os seus olhos estavam fechados.

Peguei o sabonete líquido e despejei um pouco na mão, espalhando por suas costas. Repeti o processo e deslizei minhas mãos por seu abdômen e seios. Camz recostou o corpo no meu e deitei um pouco. Fiquei acariciando o seu corpo, mas logo ela virou e sentou sobre o meu colo e começou a me beijar. Um beijo calmo e travesso, repleto de mordiscadas, às vezes brincando com a língua.

— Camz? — chamei em tom quase inaudível.

— Hum?

— Eu te amo.

— Também te amo, meu amor.

— Mas preciso te dizer uma coisa.

Camz afastou-se um pouquinho e me encarou com um biquinho formado em seus lábios. Parecia preocupada.

— Eu tenho certeza que eu te amo. E nós já vivemos juntas há bastante tempo. E... O que a gente tá vivendo, eu quero que seja eterno.

Camz ouvia atentamente e seus olhos castanhos estavam vidrados nos meus.

— E eu poderia ter planejado algo especial pra te dizer isso, ou ter feito algo clichê, mas acontece que para mim, cada minuto ao seu lado é especial. Sempre que eu estou perto de você, sinto meu coração disparar como se fosse a primeira vez que percebi que estava apaixonada e... É como se o meu coração fosse explodir de tanta felicidade só por ter tido a sorte de ter te encontrado, por nossos caminhos se cruzarem. Toda aquela loucura com nossas amigas, me fez pensar bastante. Camz... Eu te amo muito, muito mesmo, e diante dessa banheira, dessas paredes azulejadas, quero saber se você aceita se casar comigo?

Camila abriu a boca completamente surpresa. Os olhos percorreram todo o meu rosto. Por um momento ela pareceu ter prendido a respiração, mas conseguia sentir seus batimentos acelerados por estarmos tão perto. Seus olhos brilhavam tanto!

— Eu... Ahn...

Ela ia responder, mas saiu do meu colo e da banheira abruptamente, quase escorregando no chão por estar molhada, seguindo para o vaso e vomitando novamente. Arqueei uma das sobrancelhas observando tudo aquilo. Por que as coisas com a gente não podem ser normais nunca?

Após alguns minutos — sim, minutos —, ela ficou de joelhos, passou a mão na boca, e sorriu bobamente me encarando.

— É claro que eu aceito. Te amo do tamanho do universo!

Sorri abertamente. Sentia como se minha face pudesse se rasgar de tão feliz que estava me sentindo.

— O universo não tem tamanho. É infinito...

— Exatamente! — piscou e sorriu.

Camz seguiu para a pia, escovou os dentes novamente e voltou para o meu colo na banheira. Ficamos abraçadas um bom tempo curtindo uma à outra.

ESTAMOS NOIVAS!!!


...

Vejamos, Ally e Vero sacanearam todas kkkkkk
Lucy reapareceu. Será q vem Vercy por aí? 🤔
E Camren mais uma vez sendo diferenciadas kkkkk

Ah, tenho um grupo no whatsapp junto com outras autoras de fic, caso alguém queira entrar, me avise 😉

Até logo!! 

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