Assunto Inacabado (Camren)

By GabriellaAsor

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"Há uma lenda japonesa que fala sobre um fio vermelho invisível que une as pessoas que estão predestinadas a... More

Capítulo 1 - O Novo Apartamento
Capítulo 2 - A Vizinha do 301
Capítulo 3 - Diablo Pub
Capítulo 4 - Você é uma Médica!
Capítulo 5 - Algo Sobre Você
Capítulo 6 - Noite Esotérica
Capítulo 7 - Estás Celoso?
Capítulo 8 - Talvez Vocês Estejam Ligadas
Capítulo 9 - Querido Diário
Capítulo 10 - Uma Bundinha Pra Pegar
Capítulo 11 - Partiu Missão!
Capítulo 12 - Branca como a Neve
Capítulo 13 - Você tem que Acordar
Capítulo 14 - Finalmente se Pegaram!
Capítulo 15 - Não cansa de se humilhar?
Capítulo 16 - Eu não aguento mais
Capítulo 17 - Desculpa
Capítulo 18 - A Torre, Os Lírios, A Chave
Capítulo 19 - É só um Beijinho
Capítulo 20 - Noite Agitada
Capítulo 21 - Preciso da sua Ajuda
Capítulo 22 - Be Right Here
Capítulo 23 - Happy Halloween
Capítulo 24 - Día de los Muertos
Capítulo 25 - Backing to the Start
Capítulo 26 - Foi um Sonho?
Capítulo 27 - Turbulências Parte I
Capítulo 28 - Turbulências Parte II
Capítulo 29 - Dia de Ação de Graças
Capítulo 30 - Boca Gostosa
Capítulo 31 - Quem dita as Regras
Capítulo 32 - Lento
Capítulo 33 - El ritmo me está Encendiendo
Capítulo 34 - Bem Vinda de Volta
Capítulo 36 - Miami
Capítulo 37 - Quem é aquela?
Capítulo 38 - Happy Birthday Sofi
Capítulo 39 - Adeus Miami
Capítulo 40 - Boa sorte na Prova
Capítulo 41 - Jokenpô
Capítulo 42 - Vegas, Tumor, Virose
Capítulo 43 - A garota do Metrô
Capítulo 44 - O Jantar
Capítulo 45 - Chocolate Quente
Capítulo 46 - Vai ficar tudo bem
Capítulo 47 - Noite Esotérica II
Capítulo 48 - My heart is yours
Capítulo 49 - Je t'aime
Capítulo 50 - Je t'aime II
Capítulo 51 - A flor da pele
Capítulo 52 - Recomeço...
Capítulo 53 - Tensão
Capítulo 54 - Hope
Capítulo 55 - Família
Capítulo 56 - O Amor Quebra Barreiras

Capítulo 35 - Imprevistos Acontecem

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By GabriellaAsor

POV Camila Cabello

Naquela tarde, nomeada de "tarde da preguiça", Lauren e eu estávamos deitadas no sofá com as pernas entrelaçadas e no conforto do colo uma da outra. Na verdade eu estava praticamente em cima dela, enquanto ela me envolvia em um abraço quentinho e gostoso debaixo de um cobertor.

O dia estava um pouco mais frio, e apesar de não nevar por aqui — somente aos arredores das montanhas da cidade —, ainda assim fazia frio.

Lauren passou praticamente a semana toda aqui comigo, voltando ao apartamento da Mani apenas para pegar mais roupas ou algum objeto pessoal. Mas nos dias em que ela ficou com a Mani, senti muita saudade. Ter seu corpo ao meu lado todas as noites me fazia muito bem, e eu já havia me acostumado, mesmo estando juntas, de fato, há pouco tempo.

Lauren estava se adaptando muito bem a sua rotina no hospital. Agora entendo o que todos diziam sobre ela. A mulher é uma máquina! Muito boa no que faz, extremamente concentrada e, por vezes, arrogante. Dava para ver que ela se cobrava muito, mas também cobrava resultados dos seus internos. Ela voltou a ativa com tudo.

O que me admira nela, é que mesmo com a rotina agitada, Lauren conseguia ser extremamente organizada. Ela nunca deixava nada para depois, e eu que algumas vezes ficava procrastinando, bem... Gerou algumas brigas básicas, mas no fim, ficávamos bem.

Lauren também sempre fazia coisas para me agradar. Desde de comidas, pratos específicos que ela me fazia provar — porque adora cozinhar — a uma simples limpeza ou organização de algo. Ela também insistia em querer guardar as minhas roupas no closet após serem lavadas e passadas, mas quando ela fazia isso, eu simplesmente não conseguia achar nada, então... Mais discussões algumas vezes.

Hoje estamos com o dia livre praticamente. Nosso plantão hoje será noturno, e quero aproveitar o máximo de tempo possível ao seu lado enquanto estamos em casa, seja beijando, abraçando, inalando o seu cheiro, brincando, ou até mesmo irritando ela. Sim, ainda a chamo de espírito assombroso ou de Samara do poço algumas vezes, porque, cá entre nós, essa pele branca faz minha visão ofuscar, e esses cabelos negros e maravilhosos, as vezes me assustavam ao amanhecer. Mas claro que isso é uma brincadeira. Ainda fico pensando em novos apelidos para ela, apenas por diversão. Eu gosto de brincar com Lauren e de ver suas expressões irritadas, a faz ficar ainda mais linda e sexy.

Me remexi no sofá e me aconcheguei melhor ao seu corpo, que se encaixou perfeitamente aí meu. Comecei a acariciar o seu braço, passando o dedo de leve subindo e descendo. A pele tão macia e cheirosa me prendia completamente. Eu quase não prestava mais atenção ao seriado que estava passando na TV. Lauren afagava os meus cabelos com uma mão, e com a outra distribuía um carinho em minhas costas. Virei o rosto em sua direção.

— Oush, Camz! — reclamou por algum motivo.

— Desculpe.

— Tudo bem.

— Só queria um beijinho.

Lauren desviou o olhar da TV para mim e sorriu. Os olhos verdes um pouco mais claros, agora brilhando. O semblante calmo, as bochechas levemente rosadas... Que perfeição de mulher!

— Claro, meu amor.

Ela me puxou um pouquinho para cima e pousou as duas mãos em meu rosto em um gesto carinhoso. Então selou os nossos lábios iniciando um beijo calmo, na verdade apenas um roçar de lábios. Eu dei a primeira iniciativa ao passar a língua por entre seus lábios em um pedido de passagem, que ela prontamente concedeu.

Quando nossas línguas se tocaram, foi impossível não sentir um choque percorrer por todo o meu corpo. O ritmo era lento, e nos acariciamos sem pressa, apenas explorando e conhecendo cada parte do interior da boca uma da outra — ainda mais —, nos desligando mais uma vez do mundo a fora, e nos conectando em um momento só nosso. Lauren beijava de forma divina e estava sempre me surpreendendo.

Suas mãos me tocavam com carinho, mas ao mesmo tempo me segurando firme para que não fôssemos parar no chão, afinal, o sofá não era tão espaçoso.

Quando o beijo teve fim, recuperamos nosso fôlego e eu abri os olhos lentamente para encará-la. Nem o som da TV eu estava ouvindo naquele momento. Eu sentia o meu coração acelerado, e por estar tão próxima a ela, podia sentir também as suas batidas descompassadas. Mas então, um pequeno som nos distraiu e nos tirou completamente daquele transe. Era o meu estômago me denunciando.

— Parece que alguém está com fome! — Lauren falou e soltou um riso tão gostoso, que não pude deixar de reparar em seus dentes fofos e no seu nariz franzindo levemente. Retribuí o sorriso.

— Estou mesmo! O que temos pra hoje? — indaguei ainda com um sorriso.

— Meu Dragãozinho! — ela me apertou em um abraço. — Bem, como temos que ir trabalhar hoje, pensei em te levar pra jantar. Conheço um ótimo restaurante no centro.

— Ideia perfeita! — falei sorrindo e me remexendo para levantar.

— Hey, onde pensa que vai? — apoiei-me em seus ombros.

— Ao banheiro.

— Não sem antes me dar um beijinho! — ela fez sinal com o dedo indicador, tocando os próprios lábios.

Apenas sorri abertamente e depositei um, dois, três selinhos até sair completamente de cima dela e seguir para o banheiro.

Não demorei muito, eu estava com preguiça de sair de seu colo quentinho e enfrentar o friozinho que a casa estava emanando. Mas como iríamos sair para jantar, aproveitei para ir tomar banho já que estava dentro do banheiro. Acho que era a primeira vez que iríamos sair somente nós duas. Seria uma espécie de... Encontro?

Liguei o chuveiro e comecei a tirar a roupa. Mesmo com tudo fechado, senti minha pele arrepiar ao entrar em contato com aquele ambiente gelado. Prendi o cabelo em um coque e segui para o chuveiro. O vapor logo começou a se fazer presente.

— Camz? — escutei Lauren me chamar do outro cômodo.

— To no banho, Lolo. — Então ela abriu a porta do banheiro.

— Posso entrar com você?

Olhei para trás e um leve sorriso estampava o seu rosto, enquanto seu olhar estava claramente preso em meu traseiro. Revirei os olhos. É e sempre será assim. Minha doce e safada Lauren.

— Claro — respondi simples e um frio percorreu aquele ambiente.

Fiquei de costas novamente e fechei os olhos, deixando a água quentinha entrar em contato com o meu rosto. Em poucos segundos, senti Lauren se aproximando e tocando minha cintura. Apesar do frio, suas mãos estavam quentes. Ela me apertou de leve e deslizou suas mãos em meu abdômen.

— Uh, está frio... — sussurrou em meu ouvido. Ato que me fez arrepiar.

— Vem aqui. — fiquei de frente a ela, e assim a água entrou em contato com o corpo de ambas.

Peguei o sabonete e comecei a passar em seu corpo. Lauren fez o mesmo, e nesse momento nossos olhares estavam conectados e não desviavam um minuto sequer. Os olhares vidrados um no outro como se estivéssemos conversando através de pensamentos. Mas também numa forma de conseguir nos concentrar apenas em nosso olhar. Porém, somos feitas de carne, e estar diante dela desta forma, era impossível reparar apenas naquelas esmeraldas maravilhosas. Palavras não foram necessárias para traduzir o que queríamos naquele momento.

Tão rápido quanto a velocidade da luz, nossos lábios se tocaram com destreza. Cada toque era produzido com certa urgência. O frio? Eu já havia me esquecido. Talvez aquele contato tão íntimo e sagaz, estivesse me deixando quente.

Suas mãos deslizavam em meu corpo como se estivesse me esculpindo. Minhas mãos serpenteavam suas curvas, vez ou outra massageava os seus seios. Sua língua quente e macia estava me enlouquecendo, e já estava começando a ficar rendida àquele beijo.

Tudo se tornou mais intenso quando senti Lauren me prensar contra a parede fria de forma brusca, levantar uma das minhas pernas na altura de sua cintura e me arranhar pesadamente. Soltei um suspiro e abri os olhos lentamente para encará-la. Sorri maliciosamente envolvendo meus braços em seus ombros, e emaranhando meus dedos em seus cabelos, iniciando um novo beijo, ávido e voluptuoso.

Lauren apertou minha nádega com vontade, e desferiu um forte tapa em seguida, me fazendo gemer entre o beijo. Senti suas mãos subindo em meu abdômen e pousando em meus seios.

— Hum... Camz... — Lauren murmurou entre o beijo.

Continuei a beijá-la, desta vez com menos intensidade, e em um ritmo mais lento e lascivo.

— Camz... — parei de beijá-la e a encarei com o cenho franzido. Seus lábios estavam extremamente avermelhados e apetitosos. O vapor tomava conta de todo o banheiro.

— Oi Lolo?

— Eu sei que é sempre eu quem pede pra continuar ao invés de parar, mas se a gente não se apressar, não vamos ter tempo de jantar...

— E se eu te jantar, você me jantar...? — sugeri.

Lauren soltou um riso divertido.

— Muito tentador e não costumo negar fogo, você sabe, mas... Nosso plantão será longo. Tem certeza que quer...

— Ai... Tá bom Lauren. Vamos logo. — respondi interrompendo-a e revirando os olhos.

Afastei-a lentamente e fiquei de costas para si. Rapidamente terminei de me ensaboar. Não que eu estivesse com raiva, mas... O beijo dela me deixou excitada. Ok, isso me frustrou um pouco, mas ela tinha razão quanto a isso.

Ah, que razão o quê. Eu só queria o corpo dela!

Entrei debaixo do chuveiro novamente, e tirei todo o sabão do meu corpo. Logo finalizei aquele banho e me enrolei na toalha seguindo direto para o quarto.

Em minha mente começou a passar diversos pensamentos. Será que é assim que a Lauren se sentia quando eu pedia pra parar? Quando eu interrompia o nosso momento quando estávamos nos esquentando?

Bem, me sequei rapidamente e vesti uma roupa quentinha. Logo iríamos sair, e Lauren também não demorou no banho.

Saímos de casa com os dedos entrelaçados e em silêncio. Apenas um singelo sorriso estampava os nossos rostos.

Hoje Lauren iria dirigir, pois ela que nos levaria ao tal restaurante. Entramos no carro e ela ligou o som em uma rádio qualquer. Estava tocando rock, e de alguma banda que ela gostava, pois sem perceber, cantava baixinho alguns trechos. Esfreguei minhas mãos uma na outra e peguei o celular para checar o horário.

Saímos do prédio residencial e ela conduziu o carro com calma. Sabendo que eu conhecia poucos lugares em LA, ela começou apontar alguns e falar sobre. Me senti em um passeio turístico com minha namorada, e estou amando.

Mas então Lauren parou o carro de repente, e notei que havia um trânsito. Estava completamente parado, e só notava os minutos passando e eu dizendo adeus ao nosso jantar. Ultimamente nada estava saindo como o planejado.

— O que houve? — indaguei meio impaciente.

— Não sei, mas olha — apontou para frente —, tem fumaça. Acho que deve ter acontecido um acidente. — respondeu calmamente.

— Acha que devemos ir lá ver o que...

Antes que eu pudesse terminar de falar, Lauren tirou o cinto e abriu a porta do carro, saindo e caminhando em direção a fumaça. Logo em seguida ouço o som de sirenes de ambulâncias. Rapidamente olhei ao redor, e também saí do carro, correndo em direção a minha namorada.

Quando alcancei Lauren, ela olhava fixo para o chão, e quando notou a minha presença, encarou-me seriamente.

— Camz, pega o kit de primeiros socorros no carro, rápido!

Assenti com a cabeça freneticamente e voltei ao carro, pegando uma bolsa de tamanho médio que continha o necessário para usarmos.

Quando finalmente me aproximei de Lauren e encarei a vítima no chão, entendi a proporção do caso. Fratura exposta nos membros inferiores, vítima com respiração acelerada...

Abri a bolsa rapidamente e entreguei a ela um par de luvas. Ela checou a pulsação dele, era um rapaz de aproximadamente vinte anos e estava de bicicleta. Foi um atropelamento.

— Ele está com dispneia. — disse Lauren enquanto fazia uma breve avaliação. — Camz, me ajuda aqui!

Então ouço um grito vindo do carro ao lado. Segui com o olhar a origem do som e me coloquei de pé. Olhei através da janela, e notei que uma mulher respirava com certa dificuldade, e o desespero estava estampado em seus olhos. Corri até ela e notei que ela estava grávida. Possivelmente estava entrando em trabalho de parto.

— Meu Deus... — sussurrei para mim mesma.

Não tinha como o carro passar por conta do acidente à frente. Mas parecia ter algo de errado com aquela mulher no carro.

— Com licença, meu nome é Camila e eu sou médica, posso ajudar? — falei colocando as luvas e me aproximando.

— Precisamos chegar logo ao hospital. Sou só um taxista, Doutora... — o homem falou desesperado.

— Posso te examinar? — indaguei com o olhar direcionado a mulher, que apenas assentiu com a cabeça rapidamente.

Ela usava um vestido, o que facilitou muito. Ela estava com cinco centímetros de dilatação, mas o bebê ainda não estava coroando. Suas pernas estavam sob o painel do carro, e aparentemente ela não conseguia se mover. Avaliando toda a situação, o impacto do carro causado pelo carro à frente, fez com que as pernas dela travassem naquela posição, talvez tenha deslocado o quadril.

— Então, como você se chama?

A mulher soltou um grito pela contração. Olhei de relance para a Lauren e ela fazia alguns curativos no rapaz. Ela estava completamente concentrada e fazia tudo de forma rápida e hábil. Mas o problema parecia ser maior do que imaginava.

— Brenda.

— Brenda, vou precisar fazer uma coisa. Isso pode doer ou incomodar pouco, mas será necessário para ajudar o seu bebê a nascer, tudo bem?

— Sim, sim... — assentiu com a cabeça.

Abri a porta de trás do carro, e com a ajuda do taxista, abaixei o banco do passageiro, para tentar trazer mais conforto à mãe. Então voltei para a porta da frente e pousei minhas mãos em sua barriga.

— Seu bebê está deitado de forma transversa. Vou precisar virar o bebê. — tentei falar de forma calma, e explicando a ela de forma simples, tudo o que iria fazer.

Tateei a sua barriga, buscando a posição da cabeça e nádega do bebê, então comecei a empurrar e girar o feto para a posição correta. Ela gritou alto, e o taxista segurou a sua mão. Fiz mais duas tentativas e examinei sua entrada. Ela estava com sete centímetros de dilatação.

— Ok, você tem uma toalha limpa aqui?

— Te-tem na minha bolsa. — apontou para trás.

Comecei a preparar o necessário para receber aquele bebê. Enquanto ela não atingia a dilatação necessária, comecei a distrair ela com conversas aleatórias, mas ao mesmo tempo fazendo perguntas sobre sua saúde para me inteirar melhor sobre a situação.

Mais ambulâncias estavam a caminho, pois havia mais feridos. Olhei novamente para Lauren, e notei que ela havia feito uma toracotomia no rapaz, e fazia uma massagem cardíaca naquele momento. Cristo, o caso era grave mesmo. A ambulância parou e os paramédicos rapidamente se aproximaram de Lauren.

— Camila! — gritou o meu nome. — Me desculpa, eu preciso acompanhar! Estou com a mão no ventrículo dele!

Arregalei os olhos e apenas encarei ela.

— Tudo bem, nos vemos no hospital!

Então a mulher gritou novamente. Os paramédicos conseguiram tirar ela do carro, e com cuidado a colocaram sobre a maca. Com os equipamentos da ambulância deu para checar melhor o grau da situação. Porém, mais um imprevisto aconteceu. A paciente desmaiou no caminho para o hospital. Ela está com eclampsia.

Rapidamente chegamos ao hospital, e a obstetra já nos aguardava.

(...)

Nossa noite não havia começado como o planejado. Acho que ser médico é ter que passar por algumas loucuras de vez em quando. Eu estava me sentindo tão cansada. Lauren e eu estávamos jogadas no sofá que ficava na sala de descanso enquanto tomávamos café. Ela me contou por alto o que aconteceu com o seu paciente e do porquê da toracotomia de emergência. Além do acidente de trânsito, ele teve uma perfuração por bala. Será que ele estava fugindo da polícia?

O nosso carro? Ally foi lá para buscar. Como estava trânsito, o carro parado por lá não atrapalhou em nada. Acho que foi meio louco largar o carro assim também, né?

Com toda essa loucura, realmente não deu tempo de sairmos para jantar, e nossa comida nessa noite, foi hambúrguer da cantina do hospital.

— Uaau, maravilhoso... — disse Lauren em tom de ironia.

— Acontece... A gente vai na próxima...

— Mas tinha que ser hoje? Estava indo tudo tão perfeito... — encarou-me com as sobrancelhas franzidas e pronunciou em tom frustrado.

— Imprevistos acontecem. Você sabe bem disso.

Fiquei durante alguns segundos encarando Lauren, intercalando meu olhar entre seus lábios, onde um lindo biquinho estava formado, seu olhar pidão, seus cabelos levemente bagunçados, e seu uniforme de tom azul claro todo amarrotado. É raro ver ela de roupa amarrotada.

Um leve sorriso começou a brotar em meus lábios. Como Lauren é linda, meu Deus. Essa mulher foi esculpida por Deus, que beleza divina, descomunal. Não me canso de olhar para ela, e às vezes acabo até me dispersando de qualquer assunto que seja. Não tem como não ficar hipnotizada quando se está ao lado de Lauren Jauregui.

— Camila?!

— Ah, oi? — falei balançando a cabeça e piscando os olhos freneticamente.

— Finalmente acordou!

— Desculpa, é que...

— Eu sei que eu sou linda! — sorriu de forma convencida.

— Você se acha demais, garota! Eu hein...

— Só de vez em quando. Mas você é mais linda, e somos perfeitas juntas.

Me perdi novamente naquele olhar enquanto um largo sorriso desenhava o meu rosto.

— Ah, sabe... — iniciei mudando um pouco o assunto, pois fiquei levemente tímida. — O que será que vai ser daquele bebê? — indaguei triste.

Muita coisa aconteceu desde que iniciamos o atendimento com aquela paciente. Houve complicações durante o parto.

— Talvez irá pra adoção até ele melhorar. Vocês fizeram o parto a tempo. Ele vai ficar bem.

Desviei o olhar dela e fixei no chão.

— Eu quero aquele bebê Lauren, ele é tão...

— Camz, não tem que se sentir culpada ou na responsabilidade daquele bebê porque a mãe morreu durante sua cirurgia com a Dra. Smith.

— Lauren...

— Ela estava com hemorragia, foi uma fatalidade, vocês fizeram todo o possível, mas...

— Lauren, não é isso. Eu... Eu gostei dele.

Lauren me encarou e lentamente me envolveu em seus braços. Fiquei com o dorso completamente encostado em seu peito.

— Meu amor, ainda não é a hora para termos um bebê. Você ainda é uma interna, eu uma residente, nossas vidas estão completamente agitadas, e...

— Mas eu quero um bebê agora! — falei de forma completamente manhosa e cruzei os braços.

— Camz — ela afagou os meus cabelos. — Já conversamos sobre isso... — falou segurando o riso.

— Há uma hora atrás.

— Sim, e foi repentino. — ficou em silêncio por um instante. — E já expliquei, meu amor. É muito cedo. Não precisa de pressa, ok? Ainda vamos ter o nosso bebê.

— Tá bom...

— Ele vai ficar bem.

— Como pode ser tão fria assim?

— Não estou sendo fria. Só estou sendo racional.

Ficamos alguns minutos no conforto daquele abraço. Lauren não entendia, mas eu tinha me apaixonado por aquele bebê. Se eu sou louca? Talvez. Não era cisma, realmente gostei dele e queria ele. Mas como nem tudo é perfeito né...

Lauren não queria que eu me apegasse àquela bebê. Mas ele era lindo e muito fofo. E eu só ficava imaginando se iriam conseguir encontrar sua família ou se ele realmente iria para a adoção. De forma geral ele estava saudável, então não ficaria tanto tempo no hospital.

Fomos para o andar onde ficavam os neonatais, e fiquei observando aquele fofo bebê através do vidro. Soltei um longo suspiro em frustração. Lauren pegou em minha mão e entrelaçou os nossos dedos de forma carinhosa. Não estou nem aí para a razão, só quero aquele bebê.

Foram poucos minutos permanecendo naquele local e no conforto da paz que todos aqueles bebês transmitiam, pois o nosso pager começou a tocar de forma insistente. Não entendia porquê as pessoas aprontavam tanto durante a madrugada.

E como zumbis, Lauren e eu nos direcionamos a ala da emergência para mais um atendimento. A noite seria muito, muito longa...


...

Agora pronto, Camila cismada em querer o bebê 😂
Gente, só lembrando que não sou médica, é apenas ficção, e mais uma vez me inspirei em Grey's Anatomy kkkkkk, e se tiver alguma coisa sem cabimento, é só lembrar mais uma vez que é ficção 😁

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