Projeto Don Juan (Degustação)

By LicNunes

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História imprópria para menores de 18 anos. Projeto Don Juan - Clube dos Maus-Caracteres. E se você fosse... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
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Venda liberada!!

Capítulo 7

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By LicNunes

Isadora até tentou prosseguir o caminho até sua casa em silêncio, porém, isso foi impossível, porque o motorista puxava conversa todo momento.

— Deveria ser taxista — comentou, quando finalmente sua paciência chegou ao fim e o viu abrir um sorriso que era, ao mesmo tempo, tímido e provocante.

—Suponho que vá me explicar o porquê — soou seguro e seu tom era de quem se divertia, esperando pela resposta que, conforme já percebera, estava na ponta da língua.

— Taxistas geralmente puxam conversas, ainda que os passageiros não estejam predispostos a mantê-las — explicou, olhando para a janela.

Talvez tivesse sido má ideia aceitar a carona, no fim das contas. Não que ele lhe tivesse faltado com o respeito, no entanto não conseguia tratá-lo da mesma maneira que o trataria caso tivesse o conhecido em outro lugar, numa ocasião diferente.

Ainda estava sob efeito do que ouvira de Lorena e o incidente fizera com que ela projetasse nele toda a indignação que estava sentindo, como se o homem tivesse alguma culpa.

— Pelo menos você é direta — Fael comentou em tom de aprovação — O que é uma qualidade. Acabou de me dizer que minha conversa é maçante e que estou forçando a barra. Muitas mulheres ririam, continuariam ouvindo e não diriam nada.

— Não é que seja maçante, que dizer, talvez seja, porém, ainda que não seja, no momento sou tentada a achar que é — confusa, tentou se explicar, fazendo-o sorrir mais uma vez — É que não começamos com o pé direito e isso está interferindo no meu julgamento e você sorrir a todo o momento me irrita — apesar do conteúdo, a declaração foi feita de forma ponderada.

— Tudo bem. Peço desculpas novamente — segurou-se para não sorrir, pois era a vontade que tinha, pois, além de bonita e brava, considerou-a engraçada. Algo que atiçava sua curiosidade para saber mais a respeito dela. Queria fazer-lhe um milhão de perguntas, mas sabia que ela não responderia, porque, como ela mesma enfatizara, o incidente acabara criando uma barreira entre eles.

Se ela fosse uma de seus "trabalhos" saberia exatamente como agir, entretanto conhecê-la daquela forma subtraíra uma de suas principais armas nos encontros: a empatia. O modo como ela estava sentada demonstrava isso. Muito reta, encostada no banco, com os braços cruzados sobre o busto, mesmo que eles não estivessem mais expostos, por ter emprestado sua jaqueta para ela.

Com Gustavo, que era um estudioso sobre o assunto, comprando todos os livros que saíam a respeito, Fael aprendera a prestar atenção nos sinais que o corpo emitia e era impressionante o nível de acerto. Naquele momento, por exemplo, a postura dela evidenciava a resistência que lhe devotava. Pensando nisso e não querendo irritá-la novamente, seguiu o restante do caminho em silêncio.

Quando havia perguntado o endereço, imaginara que ela lhe dissesse uma rua próxima de onde morava, portanto, foi com surpresa que estacionou diante de um prédio que não era novo, mas também não era um dos mais antigos, sem muito luxo, mas longe de ser um lugar ruim para se viver.

— Parece que cumpriu sua palavra — Isadora não escondeu o alívio por terem chegado.

— Sempre cumpro — Fael encarou-a, enquanto soltava o cinto de segurança — Era o mínimo que poderia fazer depois do incidente.

— Incidente seria se você estivesse em uma velocidade decente — deixou escapar e Fael não conseguiu deixar de sorrir. Porém, agora o sorriso saiu encantador, fazendo com que ela se sentisse tola, pois ele estava sendo gentil, admitindo o erro e ela continuava implicando — Olha só, desculpe-me e muito obrigada pela carona — assim que se livrou do cinto, estendeu a jaqueta de couro para ele.

— Se quiser pode ficar — a oferta sincera e quase a fez sorrir, no entanto ficou no quase, porque ela fez-se séria no último minuto.

— Estou diante da minha casa, não há necessidade — negou educadamente e o viu apanhar sua jaqueta. Ele colocou-a no banco traseiro, no mesmo lugar em que estava e aproveitou para devolver-lhe a bolsa. A vontade de Isadora era abrir a porta e sair do carro, e teria feito isso, se ele não fosse mais rápido, descendo antes que ela, apenas para lhe abrir a porta — Obrigada — agradeceu-o ao desembarcar, sem conseguir esconder que não esperava por esta atitude.

— Foi um prazer — comentou, arrependendo-se logo em seguida — Antes que diga algo, estou me referindo a trazê-la aqui, não ao que aconteceu antes...

— Eu entendi — permitiu-se um sorriso e Fael ficou a olhá-la encantado. Ela tinha uma boca bonita, desenhada, com lábios carnudos e provocantes. Naqueles segundos que duraram seu encantamento, só conseguiu pensar que eles, além de bonitos, deviam beijar bem.

— Menos mal — assim que ela se afastou, Fael fechou a porta e permaneceu encostado a ela — Deveria sorrir mais — sugeriu, mas sem muita ênfase para não irritá-la.

— Isso de sorrir é com você — ela devolveu de imediato.

Fael não se intimidou, resolveu arriscar.

— Você me acharia muito atrevido se eu pedisse seu telefone?

O sorriso que arrancou de Isadora foi irônico.

— Acho melhor nem responder — não perdeu o humor — E, além do mais, tenho seu telefone. Você se esqueceu de que fiz uma ligação dele? — quis saber e ele balançou a cabeça negando — Portanto, se tiver algum interesse em vê-lo novamente, não se preocupe, ligarei para você.

— Foi bem desanimador esse "se tiver algum interesse" — comentou bem-humorado — Com o seu telefone, pelo menos teria poder de decisão — deu de ombros — No entanto, já entendi o recado: estou em suas mãos, só me resta esperar que nasça algum interesse de sua parte. Mesmo porque, se voltasse aqui sem ser convidado, e se descobrisse o número de seu apartamento, talvez não me recebesse.

— Ah pode ter certeza de que não mesmo — nem hesitou — Mesmo porque acharia que é algum tipo de perseguidor — continuou e ele riu.

— Tudo bem, senhorita Prates — estendeu a mão para ela — Se um dia me perdoar, ficarei feliz em receber seu telefonema.

Isadora hesitou antes de estender a mão para cumprimentá-lo, mas o fez. Foi impossível deixar de notar que as mãos dele não eram ásperas, ao contrário, eram macias, evidenciando que talvez nunca tivesse chegado perto de um trabalho pesado.

— Tenha uma boa noite — tomou a iniciativa de soltar a mão dele, senão os dois permaneceriam ali por muito tempo ainda. Ele respondeu-lhe com um "boa noite" abafado, já que não queria que aquele encontro inusitado acabasse daquela forma. Pena que ela não se sentisse da mesma forma, pensou ao vê-la se encaminhar para a entrada do prédio, ter a porta aberta pelo porteiro e subir, sem ao menos olhar para trás.

Dentro do elevador, Isadora suspirou. Que raio de encontro fora aquele? Não poderia conhecê-lo em outra ocasião, quando estivesse com mais confiança na humanidade? A sua blusa já havia secado, mas sentia-se incomodada, querendo livrar-se dela de uma vez. Desceu do elevador, imaginando um bom banho, depois uma refeição rápida, provavelmente alguma coisa congelada...

Colocou a chave na fechadura, mal a girou e, assim que empurrou a porta, entrou de costas para poder fechá-la. Para adiantar o banho, já foi se livrando da blusa, ficando apenas de sutiã.

— Hum — Heloísa pigarreou, quase matando Isadora do coração. Ela se virou com tudo, fechando a porta com o quadril. Se houvesse um buraco onde pudesse enfiar a cabeça, aquela seria o momento ideal, pois Heloísa estava parada ano centro da sala, com uma expressão preocupada e, ao seu lado, totalmente constrangido, estava André.

— Mas que merda! — ela deixou escapar, cobrindo-se com a blusa que havia acabado de tirar — Como vocês entraram aqui?

— Tenho a chave, gênio! — Heloísa balançou um chaveiro prata, enquanto André se virava, sem graça, como se a tivesse visto nua — Esqueceu-se da sua última viagem? — quis saber e Isadora se recordou que havia pedido para a amiga passar de vez em quando para abrir o apartamento, enquanto ela estivesse na cidade maravilhosa.

— Mas, o que estão fazendo aqui? — continuou confusa, tentando compreender o motivo de estarem ali. Quer dizer, a amiga vá lá, porém, não entendia onde o André entrava na história. Começou a vestir a blusa que havia acabado de tirar. Pelo jeito, seu banho teria que esperar; a refeição rápida, também.

— Como assim? Depois daquele seu telefonema, pensei em um milhão de coisas. Estava tão nervosa que não consegui nem ao menos dirigir até aqui — Heloísa respondeu indignada e, só assim, Isadora entendeu a presença do amigo — E você chega cheia de calor, perguntando o que estamos fazendo aqui!

— Pode se virar André, está muito esquisito conversar com você de costas para mim — Isadora se arrumou e caminhou em direção à amiga. André se virou e mesmo que ela já tivesse se recomposto, seu rosto continuava vermelho. Ele era um pouco mais alto que as duas e magro, uma figura longilínea que chamava a atenção, principalmente se estivesse vermelho como um pimentão. Isadora o achou engraçado e percebeu que Heloísa compartilhava da mesma opinião. Entre ela e Heloísa era assim, geralmente uma acertava o que a outra estava pensando e tinham as mesmas reações diante das situações.

— Vou ser sincero, também fiquei muito preocupado. Você seguir uma fonte misteriosa foi bem arriscado — o tom protetor de André fez com que Isadora olhasse para a amiga.

— O que você contou para ele, Helô? —indagou num tom de queixa.

— Ei! Precisava convencê-lo de que não estava doida, ou delirando — Heloísa se defendeu e nem ela, nem o amigo se surpreenderam, quando Isadora soltou um palavrão.

— E está na cara que era um trote — André ignorou o termo que ela acabara de pronunciar — Você foi muito ingênua em acreditar em uma fantasia desta.

Se olhar matasse, Heloísa teria sobrevivido apenas alguns segundos, antes de cair morta diante dos dois. Isadora simplesmente não acreditou que ela tivesse contado tudo, porém, pelo tom de reprovação de André, teve certeza de que fora exatamente isto o que ela tinha feito.

Torcendo para que a água não tivesse entrado em sua bolsa, abriu-a devagar.

— Não era trote! A Lorena existe e acreditei em cada palavra que ela me disse — com alívio, viu que o cartão estava intacto. Jogou a bolsa sobre o sofá e estendeu o cartão para os dois amigos — Se isto aqui não é uma pista confiável, não sei o que seja.

Heloísa apanhou o cartão, leu-o com atenção e o passou para André que fez o mesmo, no entanto com mais cuidado, procurando alguma indicação da gráfica onde havia sido impresso.

— Tá brincando, não é? — Heloísa olhou-a incrédula — O que vem a ser Projeto Don Juan? Será que não havia um nome mais clichê?

— Que tal agirmos como pessoas normais — Isadora propôs — E, em vez de ficarmos os três aqui em pé no meio da sala, nos sentarmos para que possa contar tudo o que ouvi. Já que estão aqui mesmo...

— E suponho que vá explicar, também, seu telefonema confuso — Heloísa fez questão de cobrá-la.

— Isso também — fez um gesto para que os dois se acomodassem — Mas, antes, preciso trocar de roupa urgentemente, porque a nossa conversa vai demorar um pouco — apanhou a bolsa e se dirigiu para o seu quarto, deixando Heloísa e André curiosos o suficiente a ponto de não largarem o cartão por um minuto sequer.

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