Marcela?!
- Marcela! - gritei no portão dela, o irmão mais novo veio abrir. - E ai meu amor, Marcela tá em casa?
Rodrigo: Ela tá no quarto... - eu entrei e fechei a porta, ele voltou a sentar no sofá pra ver desenho. Olhei em volta e dei aquela encarada na escada, subi bem rápido.
- Marcela? - ela deu um grito de susto, colocou a mão no coração.
Marcela: Oi! - deu uma risada e aliviou a respiração quando viu que era eu.
- O Maurício pediu pra mim vir falar com você... Quer dizer alguma coisa?
Marcela: Desculpa! - ela virou a boca de lado, fiz cara de curiosa. - Eu tava bêbada... Eu e ele estávamos sozinhos. - ela prendeu os lábios. - Eu tentei ficar, beijar ele e ele não quis, fiquei com raiva e falei tudo pro Maurício.
- Beijar quem? - cerrei os olhos.
Marcela: O Dênis. - ela me olhou com cara de tristeza. Balancei a cabeça positivamente, meia sem jeito, encarei o chão, respirei fundo.
- Depois a gente conversa... - falei com desdém, ela tentou me impedir segurando meu braço mas puxei o mesmo. - Depois, Marcela! - falei grosso e ela me soltou.
Fui pra casa em questão de segundos, de certa forma, querendo ou não, fiquei magoada, doeu sim... Marcela e Dênis? Duas coisas que eu não podia imaginar, não me sinto no direito de ir contar pro Formiga, não quero tornar essa história pior. Na real, a parada é eu me afastar, sem ressentimento, sem mágoa, sem rancor, só paz e amor pra todo mundo. Se antes eu já era fechada, imagina agora...
1 semana depois...
- É dona Marisa... Você podia estar aqui! - eu disse enfiando o dedo no glace do bolo e em seguida lambi. - Hora do parabéns! - dei uma risada e fiquei de pé, eu e meu chapéu de festa preenchia a cozinha. - Parabéns pra mim, nessa data querida, muitas felicidades muitos anos de vida... Aehhhhhhh, Clara! - encarei o bolo e olhei em volta, só faltava o grilo cantar. - Hora de partir o bolo! - cortei uma fatia enorme do bolo de morango com pedaços de chocolate branco, por cima taquei bastante glace.
Fui pra sala com o prato cheio de docinhos, bolo e salgadinhos, e um copo enorme de guaraná, me joguei no sofá.
- Meu Deus, eu tô pirada! - tirei o chapeuzinho de festa e amassei e joguei do outro lado da sala. - Que se dane, tenho comida! - dei uma risada sinistra e quando fui enfiar o primeiro brigadeiro na boca tocaram a campainha. - Ah não! - fiz cara de brava.
Deixei o prato em cima do sofá, peguei o molho de chave e enfiei na maçaneta, girei a mesma e dei de cara com o Dênis. O olhar dele mirou meus pés descalços e veio subindo até meus olhos.
Dênis: Parabéns?!
- Vai se fuder! - empurrei a porta bruscamente pra se fechar, mas o idiota enfiou o pé na frente. - DÊNIS, TIRA O PÉ! - gritei empurrando a porta com mais força e ele lutando do mesmo jeito do outro lado.
Por fim, acabei saindo da porta e a mesma se abriu, vi Dênis cair no meu tapete. Revirei os olhos e coloquei as mãos na cintura, encarei ele.
Dênis: Como eu ia dizendo... - se levantou e concertou a camisa no corpo. - Parabéns!
- Aham, legal, maneiro, show de bola, super, emocionei, agora já pode ir. - falei rápido e sem emoção. Ele olhou pro meu sofá e viu meu bolo.
Dênis: Olha, bolo! - apontou e andou na direção do mesmo, segui ele e fiquei cercando pra que ele não pegasse.
- Ah, qual é! - coloquei o cabelo pra trás. - Festinha particular.
Dênis: Agora é em dupla! - ele se jogou no meu sofá, com o meu prato de bolo, meu refrigerante e começou a comer.
Quando ia sentar a campainha tocou de novo.
Dênis: Acho bom não ser o Maurício!
- A casa é de quem? - disse abrindo a porta. Dei de cara com Alan e logo atrás, esticando a cabeça, apareceu o Cosme. - Oi! - disse rindo.
Alan: Sai da frente, gorda. - enfiou a mão na minha cara e me empurrou, que delicado!
Cosme: Fala ai, nega... - segurou na minha cintura e me deu um beijo molhado no cangote, entrou atrás do Alan.
Fechei a porta e agora olhei pra sala, os três faziam festa um pro outro. E agora?
Alan: Opa, tá rolando um bolo... - ele pegou o chapéu de festa do chão e me olhou. - Tava rolando uma baita de uma festa! - corri até o mesmo e peguei o chapéu.
- A festa era particular... Até vocês chegarem. - escondi o chapéu de papelão atrás dos dedos.
Cosme: Eu quero bolo! - disse rindo, catucou Alan e os dois sentaram no sofá.
Dênis: Bora pra praia amanhã? - Cosme olhou meio desconfiado pra Dênis.
Eu fui na cozinha e cortei os pedaços de bolo pro Alan e pro Cosme. Por fim era o que menos queria, festinha dos amigos... Eu e minha vovó querida, sempre comemoramos sozinhas e agora vem todo mundo, deixando a coisa sem graça.
-Toma! - dei o bolo na mão do Cosme. - Come logo pra vocês irem pra casa! - falei sem animação e dei um sorriso falso no meio, entreguei o outro prato de bolo pro Alan.
Alan: A gente vai pra praia amanhã! - disse de boca cheia.
- Legal.
Cosme: Êh burrinha, queremos que você vá.
Dênis: E de biquíni. - e levou outro olhar do Cosme.
- Eu trabalho amanhã, gente...
Dênis: Não é atoa que você faz aniversário dia primeiro de abril, para de mentir. - dei dedo.
- Tá. - falei seca e bufei. - Eu vou mas vou voltar antes do almoço. - eles concordaram com a cabeça. - Beleza! - bati palma assustando eles, Cosme deu até um pulinho, tadinho. - Agora vão pra casa!
Alan: Fica expulsando a gente... Que delicadeza!
Dênis: Bora dormir aqui hoje, fazer companhia pra amiga?
- Pergunta se eu quero!
Dênis: Claro que não, a decisão já foi tomada. - os três riram.
- Tô indo pro meu quarto. - dei de ombros. - Não façam bagunça!
Subi pro quarto, bati a porta e passei o trinco.
- Melhor garantir. - sussurrei.
Abri os braços e as pernas e me joguei na cama, eu estava quase igual a uma estrela do mar. Eu contei até dez é quando terminei já tinha dormido.
DÊNIS
- Acha que eu devo ir no quarto dela?
Cosme: Até parece que ela vai abrir a porta... - falou irônico e riu
- É por isso que você vai bater na porta! - ri e ele me olhou sério.
Alan: Eu vou ficar vendo pornô... - sussurrou e riu, esticou a mão por trás da cabeça e mudou os canais.
Empurrei, pelo corredor o Cosme, ele ficava virando pra trás me encarando e fazendo alguns gestos mandando eu parar. Ele bateu na porta, ela gritou alguma coisa, tipo um já vai, abriu a porta e eu encostado no escuro.
Clara: O posto de gasolina tá aberto e eu não quero cerveja. - ela fechou a porta antes que ele pudesse falar alguma coisa, do nada, abriu de novo. - O canal de pornô é 376. - antes que ela pudesse bater a porta de novo o Cosme segurou.
Cosme: É que... - ele coçou a cabeça e ela ficou encarando ele. - O coelho que comer cenoura. - eu não me aguentei e comecei a rir.
Cai no chão rindo e ouvi o barulho da porta se abrir, ela acendeu a luz do corredor e agora Cosme ria junto comigo.
Clara: O que tá rolando?! - disse irritada. Levantei devagar, quase sem forças, ainda rindo. Empurrei o Cosme pra descer. - Tá rindo de que?
- Do Cosme... - coloquei a mão na barriga e fui parando de rir aos poucos.
Clara: Aham... Tá precisando de que?
- Sei lá, mina... - tirei o boné e passei a mão no cabelo depois coloquei o boné de novo, dessa vez com a aba pra trás. - Só sei que você é minha falta de juízo... - enfiei as mãos no bolso, ela me encarou e deu um sorriso, olhou pro chão e do nada bateu a porta na minha cara.
FIM DA NARRATIVA DO DÊNIS
- Vai se foder. - eu gritei de dentro do quarto. - Uma cena fofa não ia me convencer! - dei uma risada. - Quem não conhece, compra e paga caro, em!
Dênis: Não acredito que fez isso!
- Bom acreditar... - pausei. - Estou indo dormir... Boa noite! - apaguei a luz e me joguei na cama.