Sn on
Volto para casa da Jessy sozinha, Jake saiu tão puto da vida que não me esperou. Essa era uma das coisas que me deixava chateada com ele, ele não queria ouvir o que eu tinha a dizer, apenas explodia de uma vez e foda-se.
Falta apenas uma quadra para eu chegar quando começa a chover, mas continuo andando sem me preocupar se ficaria molhada, eu queria verificar todas as ruas durante o caminho, não tinha certeza se Jake foi mesmo para casa, do jeito que ele estava poderia ter ido para qualquer lugar.
Acabei de perceber como ele é impulsivo igual a irmã dele, mesmo sendo um tanto diferentes, Jake tinha algumas características que lembravam suas irmãs, ainda bem que chatice não é uma delas.
As vezes é estranho pensar neles como irmãos, são tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo.
Eu já pensei em conversar com uma delas para ver se eu conseguia dar um jeito nessa insegurança do Jake, mas isso parece ser culpa de seu passado e eu não sei o que fazer quanto a isso.
Falta apenas virar a esquina dessa viela e sairei em frente à casa, ando um pouco mais apressada doida para sair desse frio até passo rapidamente por um beco e vejo um vulto.
Dou meia volta indo ao beco para ver o que era aquilo e vejo um homem sentado no chão encostado na parede atrás dele todo largado, sem se importar com a chuva que caia sobre ele molhando-o todo. Devo avisar que não era um homem qualquer, era o meu mesmo...
Me aproximo do hacker encharcado ficando na frente dele, ele não me olha mas sabe que sou eu.
Jake: Saia da chuva. — disse autoritário. Mesmo zangado ele se preocupava comigo, eu acharia fofo se não estivesse irritada com ele também.
Sn: Só quando você sair também.
Jake: E você se importa?
Sn: Vou fingir que não fez essa pergunta. Agora vamos Jake. — ele permanece imóvel, o que fez eu ficar mais puta ainda.
- Tá fazendo o que nessa chuva gatinha? — um homem aparece na entrada do beco.
Eu pensei em tirar minha arma da cintura e assustar o sujeito, mas vou me aproveitar da situação para fazer Jake se levantar.
Sn: Não enche cara, fica na sua. — chega mais perto meu querido...
- Relaxa gata, quer ir ao meu apartamento? Está quentinho lá. — ele vem até mim.
Continua...
- E se não tiver quente o bastante, eu mesmo posso te esquentar...
Esboço um sorriso ao saber que aquela frase fez meu objetivo se concretizar, pois Jake se levantou num pulo e ficou na frente do cara, o mesmo estremeceu ao ver ele surgir do nada.
Jake: Quer ver eu te esquentar na porrada?
- Puta merda. — ele sai correndo saindo do beco.
Jake não se virou para mim, apenas começou a andar e eu fui atrás.
Jake on
A chuva começou a cair mas eu não me importei, continuei ali atirado no chão deixando que a água que caia do céu me molhasse todo, eu também estava sem forças para me levantar, estava sem vontade nenhuma.
Algo em mim estava quebrado, partido e despedaçado, e não foi pelo lance do Alan tentar beijar Sn. Foi pelo jeito que ele a olhava quando fez isso... um olhar apaixonado.
Tenho certeza que um simples beijo não deixou ele daquele jeito, eu sabia que teve algo a mais e isso foi confirmado quando ela mentiu para mim.
Eu fui um idiota em pensar que ela não mentiria mais para mim, e olha que nem é a primeira vez que ela faz isso mas ainda assim eu me entreguei e confiei nela.
Nada tira da minha cabeça que ela só quer me manipular e depois me deixar sem que eu nem percebesse... como fez com Alan.
De repente vejo que alguém parou a minha frente, não precisei olhar pois sabia que era ela.
Jake: Saia da chuva.
É inacreditável, apesar de tudo eu ainda me preocupo com ela, sinal que eu já estou na palma de suas mãos.
- Tá fazendo o que nessa chuva gatinha? — um cara aparece no beco, provavelmente bêbado.
Da última vez que algo assim aconteceu ela algemou o cara no poste da rua, vamos ver o que ela vai fazer agora...
Sn: Não enche cara, fica na sua.
Isso me tirou uma lágrima. Isso é tudo o que ela vai fazer?
- Relaxa gata, quer ir ao meu apartamento? Está quentinho lá.
- E se não tiver quente o bastante, eu mesmo posso te esquentar...
Dessa vez meu corpo que se moveu sozinho indo até o homem e o mesmo saiu correndo do beco.
No fim ela não fez nada mesmo, eu que tive que intervir, mas por que ela faria né? Parecia até que queria ir para o apartamento dele mesmo.
Começo a andar voltando para casa e ela vem atrás me seguindo.
Sn on
Phil: Caralho, pegaram chuva? — disse quando passamos pela porta da casa.
Jake: Não, tomamos banho de roupa. — ele passa por Phil indo direto para o quarto.
Tive que segurar o riso, o estresse do Jake era engraçado, ele ficava mais debochado do que nunca.
Phil: A campanha para vacinação antirrábica é na semana que vem...
Sn: Eu resolvo isso.
Phil: Tem um banheiro ali.
Sn: Obrigada.
Vou até o quarto onde eu e Jake estávamos e não o encontro, deve estar no banheiro pois a porta está fechada. Pego algumas peças de roupa e vou até o banheiro apontado pelo Phil.
Depois que acabei meu banho, vesti minhas roupas secas e fui diretamente até o quarto, eu e Jake precisamos resolver isso agora.
Adentro no quarto e o vejo sentado no pé da cama fitando o chão, apenas de calça, sem camisa e cabelos molhados. Ele parecia mais tranquilo, mas todo pinscher é assim antes de sair te atacando que nem um demonio.
Fecho a porta do quarto e me aproximo dele, o mesmo levanta a cabeça para me olhar... seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar e toda a minha raiva foi embora imediatamente.
Jake: Eu... sou apenas uma simples tarefa de trabalho para você?
Sn: Do que está falando Jake?
Jake: Você fica comigo porque quer ou ... por diversão? — ele disse a última parte tão baixo que eu mal pude ouvir.
Sn: Você sabe muito bem a resposta.
Jake: Parece que não, do contrário não estaria perguntando.
Sn: Eu amo você Jake.
Jake: Não minta para mim! — ele se levanta chegando bem perto de mim.
Sn: Eu não estou.
Jake: Não, você sempre foi boa em enganar, sempre foi boa em mentir, e já fez isso tudo comigo uma vez.
Sn: Mas agora é diferente, Jake... eu nunca mais menti para você depois que a missão acabou.
Jake: Você mentiu quando disse que apresentou provas para convencer Alan de libertar o Phil! Quando na verdade você apresentou sua boca para ele...
Sn: Você não estava bem nesse dia para eu te contar toda a verdade, eu não queria te deixar pior!
Ele limpa suas lágrimas que não param de cair e passa suas mãos por seus cabelos dando alguns passos para trás, eu podia sentir a inquietação dele de onde eu estava.
Sn: Eu não te traí Jake.
Sn: Nós não estávamos juntos quando aquilo com Alan aconteceu.
Jake: E eu deveria me sentir melhor com isso?! — ele se vira ficando de costas passando sua mão pelo seu rosto enquanto anda, até que ele para de repente e me olha, eu não sabia dizer o que acabou de acontecer, mas ele me olhava de uma forma diferente. — por isso vocês estavam tão amiguinhos naquele dia no restaurante...
Ele está ficando alterado...
Jake: Por você ter feito sei lá o que com ele, ele se achou no direito de chamar você para longe de mim em uma mesa distante com apenas vocês dois enquanto eu fiquei na mesma mesa que nem otário sem entender nada.
Jake: Vocês estavam flertando um com o outro não estavam?
Sn: Jake... eu precisava continuar fingindo para manter Alan do meu lado.
Jake: Do seu lado ou na sua boca?
Sn: Para de deturpar tudo o que eu falo!
Jake: Então para de mentir!
Sn: Eu não estou mentindo Jacob!
Eu sabia que ele não gostava muito quando eu o chamava de Donfort e parece que o efeito é o mesmo quando o chamo de Jacob.
Jake: Sim... você está! — ele ia falar mais alguma coisa mas perdeu o controle.
Sua respiração se desestabilizou e ele se apoiou na mesa atrás dele tentando se recompor.
Tirei do meu bolso uma bombinha de asma e joguei para ele pegar, quando o mesmo pegou ele me olhou confuso, mas logo sacudiu o objeto e levou em sua boca inalando o pó em seguida.
Fiquei calada esperando ele se recuperar. Ele disse aquilo com tanta convicção que me doeu, quando Jake vai confiar em mim?
Eu nunca senti algo tão verdadeiro quanto o que eu sinto por ele... mas ele não enxerga isso, nunca enxergou.
Sn: Não, eu não estou mentindo. Você realmente acha que eu sempre fiquei das 5 da manhã até às 23 no trabalho?
Jake: O que está dizendo?
Sn: Eu não trabalho o dia inteiro, nunca trabalhei... eu faço isso agora porque eu mudei o foco das minhas missões.
Sn: Eu parei de ir atrás de bandidos, traficantes, mafiosos... tudo para eu não ter que me envolver com ninguém porque agora eu estou com você!
Sn: Jake... — suspirei deixando toda a minha raiva sair e minhas lágrimas imediatamente surgiram.
Caminho até ele e o mesmo continua parado com os olhos brilhando pelo choro, até que chego bem perto e seguro seu rosto com minhas mãos.
Sn: Eu nunca mais troquei um único olhar com qualquer homem desde que nós transamos, desde que você correspondeu meus sentimentos e me chamou de sua.
Sn: Eu nunca deixei de ser sua. Eu amo você... e só você.
Sn: Essa é a verdade mais absoluta que você vai escutar em toda sua vida.
Mais lágrimas caem de seus olhos e eu o abraço agarrando seu pescoço e ele retribui entrelaçando seus braços em minha cintura.
Isso já foi longe demais, não dá para ter uma discussão dessas toda vez que um homem se aproxima de mim.
Sn: Eu sei que você tem dúvidas meu amor... mas precisa confiar em mim.
Jake: Eu confio. — diz com voz de choro sem se separar do abraço.
Sn: Não, você não confia.
Jake: Sim... confio. Confio tanto que entregaria minha vida por você... mesmo que você não fizesse o mesmo por mim...
Me afasto um pouco e nossos olhos se encontram, ele não desenrolou seus braços de mim em momento nenhum apenas me olhava com os olhos vermelhos pelo choro.
Agora eu entendo, o problema dele não é confiança, não em mim, mas em si próprio.
Sn: Por que não consegue acreditar que é você quem eu amo?
Jake: Eu não me sinto digno disso.
Sn: E eu tenho cara de Mjölnir? — ele sorri. — eu te amo Jacob Donfort. E vou repetir isso quantas vezes forem necessárias.
Jake: O que fez com Alan?
Sn: Jake...
Jake: Eu preciso saber... por favor.
Sn: Não fiz nada que me fizesse tirar a roupa.
Jake: ... obrigado. — ele se desvencilhou de mim e começou a fitar o chão.
Ele não parecia bravo nem nada, só queria um pouco de espaço e eu vou respeitar isso. Me solto dele para me afastar mas assim que faço isso, sua mão me puxa pela cintura juntando nossos corpos novamente.
Ele não tirou sua mão da minha cintura e não deixou de olhar o chão, enquanto isso eu olhava para ele tentando decifrar suas intenções.
Phil: Pombinhos! — ele grita de trás da porta. — vamos todos buscar Lilly na casa dela, já voltamos.