𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿...

By heatherpoetic

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Ela perdeu os pais muito nova, por motivos que nunca a foram revelados. Ele passou pelo mesmo, porém, a causa... More

Apresentação
1. Você acha que nós gostamos?
2. Ordem da Fênix
3. É bom estar em casa
4. "Mas vocês estão diferentes um com o outro..."
5. Não me faça rir
6. Eu confio em você
7. Eu amo você
8. Obdormiscere
9. Claro que aceito
10. Jealousy
11. Corujal
12. Precisamos agir
13. Música?
14. Cabeça de Javali
15. A festa
16. Armada de Dumbledore
17. O jogo
18. Now you see her
19. A visão
20. Natal
21. Oclumência
22. Dia cheio
23. Parque de diversão
24. E quem vai dirigir Hogwarts?
25. Carência
26. As lembranças de Snape
27. Eles fazem falta
28. Gêmeos Weasley
29. N.O.M.S
30. Ministério da Magia
31. A profecia perdida
32. Unbelievable
6° ano
1. Ela não vai estar sozinha
2. Harry?
3. Do céu ao inferno
4. You make me feel
5. A fuga de Draco
6. O clube de Sluge
7. Príncipe Mestiço
8. Acidinhas
9. Insegurança
10. Sempre vocês quatro
11. Jogo de Quadribol
12. O baile
13. O álbum
14. Envenenado
15. Ele pode ser confuso as vezes
16. Horcruxes
17. O colar de Libitina
18. Quarteto de ouro
7° ano
1. Batalha no Céu
2. Feliz Aniversário Harry
3. O testamento de Dumbledore
4. O casamento
5. Promessas
6. R.A.B
7. Ela não...
8. Ministério
9. To love you is easy
10. Você não tem família
11. Eu prometi
12. Xenofílio Lovegood
13. Cada átomo que me constitui
14. O melhor erro que já cometi
15. Gringotes
16. A Guerra
17. Júpiter e Saturno
19. Os dias de cão acabaram
Pós Guerra
1. Um novo começo
2. O Casamento
3. Honeymoon
Epílogo
Agradecimento

18. A batalha final

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By heatherpoetic

Longos minutos se decorreram desde que Harry partira. Hermione estava sentada ao meu lado, no degrau empoeirado da escadaria. Ron se encontrava em pé, um tanto quanto resistente a não mecher um sequer músculo.

Seu olhar concentrado em um único ponto aleatório denunciava a sua relutância para não chorar.

Estávamos visivelmente a deriva, como sempre ficávamos quando nos separávamos. Precisávamos um do outro para funcionar e precisávamos ainda mais de Harry para que tudo fluísse como deveria.

Ainda tinha a tola esperança de que meu namorado apareceria a qualquer momento dizendo que ainda podiamos reinar, como rei e rainha de dias melhores. Uma outra parte de mim, entretanto sabia que era impossível. Mesmo que a tentasse ocultá-la, ela sempre gritava mais alto, afoguentando os ânimos da esperança, que agora ressoava como um eco distante em meu centro.

Hermione se levantou de repente, limpando as palmas das mãos nas laterais de seu jeans.

— Não podemos ficar aqui por muito tempo... temos...

— Temos que destruir a cobra – murmurei, me colocando em pé também; passei a manga do suéter em minhas bochechas, mais uma vez.

— Vamos encontrar os outros – continuou ela. — Ver se estão bem e então pensaremos em como destruir a última Horcruxe.

Assenti pensativa.

— Você não, S/n — interpôs Ron.

— O quê?

— Ele quer a você também. Não podemos correr o risco... não vou perder mais um irmão.

— Ela ficará escondida, Ron - disse Hermione. — Vamos, S/n.

— Hermione, você não percebe? Ele conseguiu Harry, acha que S/n será um alvo fácil agora que está vulnerável.

Eu não estou vulnerável, pensei.

Não era uma verdade sólida, mas antes que pudesse interpor, Hermione se irritou.

— Querem saber de uma coisa que estou pensando há meses? — disse ela, e sem esperar uma resposta, continuou, impaciente: —  Voldemort não passa de um idiota! S/n, ele não tem certeza alguma de que você tem relação com a profecia, as únicas pessoas vivas que sabem dela somos eu, você, Ron e Harry. Ele está com medo! Os boatos que soltaram a respeito de você ter alguma relação com tudo isso viraram nossas vidas de cabeça para baixo, e ele está apenas fazendo o que ouviu, que você é uma "ameaça" para ele! Harry tem histórico, você não, ele não pode achar que entregaremos você dessa forma! 

Ao terminar, a menina ofegava, buscando ar novamente. Meus olhos estavam arregalados e Ron também a olhava espantado.

O que ela disse fazia sentido e eu sabia disso, mas sinceramente, não havia muito o que fazer para mudar isso. Não agora.

Nos entreolhamos e soltei um suspiro, levando minha mão até a têmpora direita enquanto meu outro braço se apoiava em minha costela.

— Escutem. Sei que vocês têm as melhores das intenções, e Hermione, você está completamente certa — olhei diretamente em seus olhos. — Voldemort não teria como saber que eu possivelmente posso o destruir, é impossível, mas isso não o impede de absolutamente nada. Já chega de tentarem me proteger a todo custo, eu sei bem que estão cansados e assim como eu exaustos de tentarem, mas agora eu preciso que confiem em mim.

Um formigamento dançava por minhas falanges a medida que eu intercalava o olhar entre meus dois melhores amigos.

Estranhamente senti falta da sensação da tinta em contato com as mesmas, e desejei que agora possuísse um pincel em minhas mãos, bem como Harry entre elas.

— Amo vocês, independentemente do que aconteça.

Os olhos marrons de Hermione voltaram a carregar lágrimas a medida que eu os encarava.

Ron soltou um suspiro trêmulo, e enfiou as mãos nos bolsos de seu moletom, pensativo.

— E se ele quiser vir até mim, que venha.

───※ ·❆· ※───

HARRY'S POV

— E a menina? — perguntou uma voz que reconheci ser de Narcisa.

— A destruirei de qualquer forma — Voldemort respondeu. — Agora, vamos ao castelo lhes mostrar o que restou do seu herói. Quero que Bennet veja seu amado morto, quero que veja o que acontece com quem fica no meu caminho. Você o carrega — ordenou. — Apanhe o seu amiguinho, Hagrid. E os óculos... reponha os óculos... ele precisa ficar reconhecível.

Alguém chapou os óculos em meu rosto com a clara intenção de me machucar, mas as mãos enormes que me ergueram no ar foram extremamente gentis.

Eu estava vivo. Meu coração estava acelerado, e temia que aqueles que estavam ali ouvissem, de tão intensas que eram as batidas, mas estava vivo, e isso me deixava aliviado de cem formas diferentes.

Senti os braços de Hagrid tremendo com violência. De seus profundos soluços, grossas lágrimas choveram sobre mim quando ele me aninhou nos braços, mas não me arrisquei avisar ao meu amigo que nem tudo estava perdido ainda.

— Ande – ordenou Voldemort, e Hagrid avançou aos tropeços.

A caminhada de volta ao Castelo foi brusca, senti cada galho rasgar minha pele enquanto era carregado pela floresta. Todavia, continuei inerte enquanto ouvia murmurinhos e conversas rasas de Comensais, e enquanto Hagrid soluçava.

A veia em meu pulso pulsava, viva. Ninguém se atentou a verificá-la.

Após algum tempo, percebi, pelo clareamento da escuridão através das minhas pálpebras fechadas, que as árvores estavam começando a rarear.

— AGOURO! – berrou Hagrid, e não pude evitar que meus olhos se abrissem, assustados.

— Estão felizes agora por não ter lutado, seu bando covarde de mulas velhas? Satisfeitos de ver Harry Potter... m-morto...?

Ele não continuou, pois sucumbiu às lágrimas. Vi que passávamos por uma multidão de centauros e alguns Comensais da Morte gritaram insultos para as criaturas, à medida que as deixavam para trás.

Tornei a fechar meus olhos com força, e pouco depois, deduzi que estávamos na orla da floresta, devido a mudança significativa de temperatura.

— Pare.

Achei que Hagrid devia ter sido forçado a obedecer, porque ele cambaleou ligeiramente.

Senti, então, a presença dos Sugadores de Felicidade. Mas eles não me afetariam agora. A realidade de minha sobrevivência me abraçou por dentro, um talismã contra eles, como se tivesse no coração o veado Patrono de meu pai a me guardar.

— Harry — soluçava Hagrid. - Ah, Harry... Harry...

Sabia que estavamos nos aproximando do castelo, e apurei os ouvidos para distinguir sinais de vida em seu interior.

Queria ter a certeza de que estavam vivos, e principalmente ela.

Não sabia quanto tempo havia passado, perdi totalmente a noção de tempo e isso era agonizante.

— Parem.

Uma fresta mínima foi aberta em meus olhos. Vi que os Comensais se debandaram, formando uma linha em frente às portas abertas da escola.

A entrada começara a se encher de gente, à medida que os sobreviventes da batalha saíam aos degraus.

— HARRY POTTER ESTÁ MORTO! – berrou Voldemort, os braços erguidos para cima, em triunfo.

— NÃO!

O grito de McGonagall foi a coisa mais terrível que eu sequer sonhara ouvir. Ouvi Bellatrix rir em algum canto a direita.

— Silêncio, velha estúpida! – bradou Voldemort, lançando um feitiço na mulher.

Ouvi o soluçar de Hermione, e não sei como, mas sentia que Ron estava a segurando. Não ouvi um sequer suspiro da minha namorada, e pedi aos céus que ela estivesse escondida.

Queria ir até meus amigos e dizer que eu estava vivo, e acima de tudo encontrar S/n. Voltar para a minha S/n. Mas não podia, não agora.

S/N POV

Eu não sabia como me sentir, havia ficado na sacada superior do castelo, a qual detinha de uma boa visão do pátio. Vi o corpo de Harry nos braços de Hadrid, e levei a mão até a boca, evitando que um soluço me escapasse.

Engoli o nó em minha garganta antes de sucumbir as lágrimas.

— Harry Potter está morto! – continuou Voldemort. — De agora em diante, vocês depositaram sua fé em mim.

Nem fudendo.

Voldemort se virou para sua multidão, e anunciou com uma voz carregada de prazer:

— Harry Potter está morto!

Ele riu e seus Comensais também, alguns até aplaudiram, acompanhando seu mestre como cãezinhos obedientes.

Pressionei minhas palmas no muro baixo que rodeava a sacada, a pressionando fortemente contra o mesmo. Não me importava se iriam ficar vermelhas.

Não podia olhar para Harry agora. Não aguentaria.

O vento batia em meus cabelos, cortando minhas bochechas com a temperatura negativa. Levantei a cabeça e fechei os olhos, afastando qualquer emoção que ousasse entrar em minha mente.

Falhei miseravelmente, pois um cabo de guerra já havia sido formado: a raiva imensurável por Voldemort e a tristeza incessante por Harry. E eu estava no meio.

— E agora é a hora de se declararem! – prosseguiu Voldemort.

O silêncio constrangedor que caiu sobre aquele pátio me deu algum tipo de satisfação.

— Venham e se juntem a nós... ou morram.

Ninguém se mecheu.

Lucius Malfoy chamou Draco, quase que aos sussuros.

Meus olhos buscaram o loiro, que estava perto de Luna. Não conseguia enxergar sua expressão fácil, mas sua hesitação em ir para o outro lado era visível.

— Draco – chamou Narcisa.

O que o pai tentara disfarçar, agora já não era preciso. A atenção se vidrou em Draco, e por um instante pensei que ele fosse ficar ali onde estava.

— Draco – repetiu Lucius, ríspido.

— Venha – Narcisa reforçou.

A tensão pairou no ar. Os pais estavam inquietos, mas o filho não poderia ficar mais imóvel.

Entretanto minha atenção naquilo acabou quando aquele formigamento em minhas mãos dançou mais uma vez, fazendo-as arder como se os sapatos dessa coreografia fossem apertados demais. Machucava, e não era pouco.

A sensação irradiante de magia cresceu em meu interior, misturando-se a raiva e a dor da perda.

Tais sentimentos jorravam por meus poros e me desconstruiam, edificando logo em seguida. Mais e mais intensos.

Como uma brasa coberta de cinzas, mas sempre queimando.

Olhei para baixo mais uma vez. Neville havia se destacado segurando um chapéu velho e desgastado.

Não estava confiante, mas quando não se tem essa dádiva da elegância e às vezes da prepotência... bem, você pode ao menos fingi-lá.

Desaparatei e acabei por me encontrar nos fundos da multidão. Ninguém vira ou dera muita atenção pois se encontravam vidrados no discurso de Neville.

— Não importa Harry ter morrido.

—  Para com isso – a voz de Simas protestou.

— Pessoas morrem todos os dias – continuou Neville, ignorando o amigo. – Amigos, familiares... é... perdemos o Harry, mas ele está conosco. Aqui dentro! – o vi levar a mão até seu peito. — Ele não morreu em vão, assim como nenhuma outra vida perdida durante a noite passada. Mas é o seu fim! Porque está errado! – Voldemort ria descaradamente. — O coração de Harry batia por nós, e o de S/n ainda bate! Por todos nós! E isso ainda não acabou!

Então, muitas coisas aconteceram no mesmo instante.

O menino, em um único movimento tirou de dentro do chapéu que segurava um objeto prateado com um punho cravejado de rubis.

Muitos soltaram exclamações de espanto. Harry pulou do colo de Hagrid e meu coração acelerou de forma tão intensa que fez meu peito doer.

Sorri, sentindo uma adrenalina gélida e esquisita tomar conta das minhas veias. Alívio me parecia mais respirável que oxigênio agora.

Todos ali presentes, sem nenhuma exceção, também se surpreenderam ao vê-lo vivo, e mais ainda quando ele disparou um feitiço contra Nagini.

Ouviu um clamor nas divisas da escola, dando a impressão de que centenas de pessoas escalavam os muros e corriam em direção ao castelo, proferindo retumbantes brados de guerra.

Depois vieram os cascos, a vibração de arcos distendendo e flechas começaram repentinamente a chover entre os Comensais da Morte, que romperam fileiras, gritando, surpresos.

Harry corria pelas laterais do castelo enquanto Voldemort disparava feitiços em sua direção loucamente, raivoso o suficiente para condenar um batalhão a morte.

No entanto, meus olhos focaram em Neville. Nagini vinha em sua direção, ele aproveitou a oportunidade e ergueu a espada de Gryffindor no ar. O gesto pareceu atrair todos os olhares. Com um único golpe, o menino decepou a cabeça da cobra, fazendo-a desperçar ao vento.

A boca de Voldemort se abriu em um berro de fúria, que ninguém pôde ouvir.

Reinou o caos. Corri em meio aos outros alunos que faziam o mesmo. Os Comensais da Morte, pouco a pouco sumiam e abandonavam seus postos. Vi  Bellatrix gritar enquanto seus companheiros rodopiavam no ar e sumiam logo em seguida.

— Onde estão indo? Voltem! Voltem!

— Bennet!

Me virei para trás, em busca da voz. Encontrei o olhar acinzentado de Draco e ele jogou a minha varinha para mim. Suspirei impulsivamente por tê-la novamente em minhas mãos.

Sentia como se estivesse em um abalo sísmico, tamanha era a desordem. Entretanto, o olhar de Voldemort sobre mim era medotizado.

O encarei de volta por breves segundos antes de disparar para dentro, subindo as escadas do saguão de entrada rapidamente na esperança de afastá-lo dos demais.

O castelo estava vazio e um pouco escuro, iluminado canto ou outro por rachaduras nas paredes e tetos.

Passei por cima de vários destroços em direção a lugar nenhum. Tudo estava tão silencioso que ouvir meus próprios pés esmagando o chão me dava náuseas.

Muitas náuseas.

Parei ao chegar à Torre do Relógio. Ofeguei quando vi que sua face frontal estava totalmente destruída, bem como o próprio relógio.

Havia dois lances de escadas de madeira no lado direito e esquerdo. Varias pontes de madeira levavam a diferentes lugares, mas não tive tempo de escolher nenhuma antes de ouvir um estralo. Voldemort estava atrás de mim.

— Poupe seu fôlego e pare de fugir de mim, Bennet – falou ele, caminhando em minha direção.

— Não estou fugindo de você — falei, caminhando para trás em passos curtos. Estávamos os dois na ponte do meio, a qual ligava uma parte da Torre a outra, totalmente destruída.

Nesse momento, mais do que nunca me orgulhei de ser filha de Darya Bennet. Sua voz calma e a confiança passada pela mesma, mesmo em situações em que você está repensando mil vezes se sua vida valhe o risco, me é uma herança útil em diversas situações, e nessa mais do que nunca.

O vento daquela parte totalmente aberta agitava meu cabelo.

— Só o afastei do caos, Tom.

Vi a alteração em seu semblante.

— Matarei você primeiro, Bennet. Não há ninguém para se colocar em sua frente agora. Ninguém para a proteger.

— E a você tampouco – falei. — Os comensais que juraram lealdade foram os primeiros a te abandonar, afinal. Isso parece justo, não?

Senti todo meu corpo formigar.

Estava tão cansada de sentir medo. Tão cansada de viver pensando se estaria viva no dia seguinte, ou me preocupando com aqueles que amo vinte e quatro horas por dia. Isso não é vida. O final é um só, nós vivemos ou morremos e o medo é desnecessário quando se tem ciência dos fatos. Apenas um lado ficaria vivo, afinal.

— Justo – ele repetiu, com desdém. — Se é insolente ao ponto de achar que tem alguma chance contra mim, eu, Lorde Voldemort, então sim, muito mais que justo para o meu lado

— Você constrói uma casa de cartas, Riddle – disse eu, num tom mais baixo. — Conheço seus segredos, suas mentiras... eu sei onde você os mantém.

Ele soltou uma risada seca e fria, embora eu visse que aquele som asqueroso não possuía qualquer fundo de diversão.

— Isso tudo acabou para você assim como acabará para Harry Potter. – continuou ele. — Você está arruinada em minhas mãos, garota.

Pensei então em Harry e em seus olhos verdes.

— E acabou agora! AVADA KEDAVRA!

— FOGOMALDITO!

Ambos os feitiços então, disparados no mesmo tempo causaram uma colisão. Eu não tive muito tempo para pensar, e, talvez – e apenas talvez, pois preciso ter meu momento boss bitch em que planejo tudo o que faço – não tivera muito tempo para pensar em algo.

Lembrei das palavras de Hermione em meu ouvido, dizendo o quanto este feitiço era poderoso em um dos dias em que estávamos acampando na floresta.

"AVADA KEDAVRA mata uma pessoa, e eu reconheço que isso não é pouco, não mesmo. Mas FOGOMALDITO pode causar um estrago enorme, eu não usaria esse feitiço nem mesmo para destruir Horcruxes"

Entretanto o feitiço produzia feras de fogo, uma mutação em sua projeção oficial – se possível – requeria prática, muita prática.

"Certo, S/n, seu último objetivo é conjurar uma fera flamejante, então foque nisso."

Repetia à mim várias vezes, e acabou dando certo pois eu mantive a mandição retilínea na direção de Voldemort.

Entretanto, o feitiço verde vinha como uma rajada em direção à mim. Meu coração martelava no peito, isso era inegável. Sentia a madeira da minha varinha ceder, por mais resistente que fosse, ela não aguentaria muito mais que trinta segundos.

Algo então coçou em meu centro, como se manifestasse pelo corpo inteiro. A sensação de magia necessitando ser gasta de forma pura urrou e eu respondi, meu corpo respondeu.

Já não era hora de prolongar mais o que sabia que deveria acontecer. Não havia mais tempo nessa ampulheta de orgulho.

O momento certo era agora.

NARRADORA ON

— Você está errado – disse ela. — Eu não estou arruinada.

Ela esqueceu tudo ao seu redor, só se importava agora em cruzar aquela linha de chegada e reinvidicar aquele poder.

O núcleo de sua varinha se partiu, e o revestimento em madeira de carvalho também o acompanhou. Antes que a maldição que conjurava fosse extinta, suas mãos entraram em foco, jorrando a mais pura e ardente magia.

— Eu sou a ruína.

A mesma correu fulgurante até Voldemort, que continha um semblante espantado. Cada poro reverberizando o que ele estava vendo.

A menina deixou com que o júbilo a preenchesse, sem se preocupar com as tonturas que viriam em seguida, ou as dores de cabeça, afinal, elas não viriam.

Enquanto sentia a ardência do poder, ele se tornava quase insuportável em sua força.

De um lado, havia uma pessoa completa, totalmente em êxtase. E do outro, um ser no qual vivia apenas um resquício de alma, uma carcaça pouco vívida.

"Bennet...Bennet...sua linhagem é poderosa. Muito poderosa."

Pensamentos circundeavam a mente da menina a medida que o feixe reluzente se tornava mais triunfante. Suas cores roxas e azuis colidindo com o verde do feitiço de Voldemort.

"S/n, você não faz ideia do poder que carrega dentro de si. Você é a escolhida, você e o menino Harry Potter estão conectados, isso é inegável, mas para matar um bruxo como Voldemort serão necessárias perícia e poderes incomuns."

A sensação de se sentir finalmente completa e usar o poder que tanto almejava era boa, mas o corpo enfraquecido de S/n experimentava problemas ao mantê-lo.

Ela não tinha certeza de seus limites.

A mão de Voldemort tremia devido a intensidade que depositava, e ele parecia inerte a qualquer coisa a medida que sua varinha recuava.

Era como se ela fosse uma tomada de 180V, e o poder, um fio com uma voltagem maior. Todos sabem que a tomada não aguentaria toda essa carga, embora o encaixe seja perfeito.

O cansaço atingia a menina, e a sensação de êxtase sumia. Ela era incapaz de soltá-la, mas a mesma já escorregava de suas mãos.

As mesmas que pintaram os quadros mais belos agora se sujavam com as cores frias do fim.

Um feixe luminoso cascateou atrás dos seus olhos, e a menina queimou por dentro. Seus órgãos carbonizaram.

Uma última lufada de ar a escapuliu antes que o feitiço da morte a atingisse, levando seu corpo até a beira da torre.

Lá embaixo um pontinho se encontrava aos nervos, tudo nele era preocupação e não ter aquela que mais queria proteger a vista o fazia tremer.

Sem sinal dela, sua cabeça estava prestes a explodir, mas assim que viu algo caindo do que seria a torre do relógio, sua atenção fixara ali; apertou os olhos para ver melhor, e quando indentificou que não era algo e sim alguém, sua mente congelou.

Mas antes, voltemos para cima novamente. Voldemort estava estarrecido no chão, visivelmente fraco. Mais do que estivera em seus dias, habitando pelas sombras, sem um corpo para chamar de seu.

Imaginava não haver sequer magia que ele desconhecia, mas definitivamente estava errado. Muito errado.

Sua pele se tornou mais fria que o de costume e ao ir até a beira da torre aos destroços, sentiu-se de alguma forma zonzo, cambaleou para frente antes de se firmar para trás novamente, afastando-se de lá.

"O que essa menina fez?"

— Molliare! – ordenou Harry e o corpo parou a centímetros do chão. Ele a segurou antes de tocar o mesmo.

— S/n – falou enquanto a ajeitava em seus braços. — Ei, amor.

Suas mãos foram até o rosto dela, e ele acariciou suas bochechas. Não estava entendendo o que acontecia.

— Amor.

Nada.

Harry errigeceu, os olhos fechados de sua namorada o encheram de desespero. Ela não respondia e ele analisava sua face, esperando algo.

— Ei – continuou, ajoelhado enquanto ela estava deitada sobre ele. — Ei, ei, ei.

A pele dela era quente. Muito mais quente que o normal. Como se fervesse. Mas ele não se importou agora, queria apenas que ela o respondesse.

— S/n, S/n, vamos acorde.

Um pânico crescente espalhou por ele e o mundo pareceu morrer.

— S/n – ele balbuciou, as palavras estimulando os canais lacrimais. — Fique comigo, por favor, fique comigo, amor, por favor...

Ele dava leves batidinhas em seu rosto, mas nada acontecia.

— Fica comigo, vamos S/n, fica comigo.

A estudou mais uma vez, sentindo algo que nunca sentira antes. Nunca.

Quis gritar, e foi isso que fez, mas não pareceu o suficiente. Sua mãos acariciavam os cabelos dela, e ele não conseguia parar de chorar. Seus gritos se transformaram em soluços, arquejos silenciosos e violentos.

Era como se pudessem rachar seu crânio, ou desfazer seu estômago após tanto o contrair.

— Por favor, meu amor – ele suplicou uma última vez, abaixando sua cabeça em direção ao rosto dela, inalando seu cheiro. – Por favor, fica comigo.

Voldemort se encontrava agora como espectador da cena. Ele estava frágil, mas a sagaz vontade de matar o menino vulnerável, realmente o matar, o animou.

Ele bateu palmas, chamando a atenção de Potter. O menino então, sem dizer absolutamente nada depositou o corpo de S/n no chão com um cuidado absurdo, embora ela não pudesse sentir se não o tivesse feito.

— Gostou do que fiz? – disse Voldemort. — Um presente de boas vindas para o garoto que sobreviveu a minha maldição.

Mais uma vez. Completou em sua própria mente.

Harry poderia o socar até a morte, ali e agora. Suas bochechas ainda estavam cheias de lágrimas e ele parecia dormente e alheio.

Ganhar essa batalha já não tinha mais importância.

Apenas dor inebriava seus sentidos. Seu corpo poderia quebrar a qualquer instante e ele sabia disso, mas ao olhar novamente para o corpo de sua querida, odiou a todos e odiou ainda mais Voldemort.

— Você não vai ficar impune por isso, Tom.

Então ele brandiu um grito carregado de pesar e todos os sentimentos mais doloros para os céus.

— Avada Kedavra!

— Expelliarmus!

O estampido foi o de um tiro de canhão e as chamas douradas que jorraram entre as duas, marcaram o ponto em que os feitiços colidiram.

A Varinha das Varinhas voou para o alto.

Harry agarrou a varinha com a mão livre ao mesmo tempo que Voldemort

Ele venceu. Devia estar feliz, mas quando viu Hermione, Ron e centenas de outras pessoas saindo para fora, triunfantes e vibrantes, teve vontade de chorar. Chorar até que o mundo se acabasse em lágrimas.

Hermione vinha na frente, e quando viu o menino ajoelhado diante do corpo de sua melhor amiga, ela abafou um soluço com as mãos.

Logo os demais perceberam, e todos ali se calaram no mais absoluto silêncio. Muitos não pareciam acreditar no que viam. Gina e Ron se ajoelhavam à frente dela enquanto Hermione segurava Harry, que soluçava.

— Não era pra isso ter acontecido – ele choramingou. – Não era para ela... ela não podia...

Seus olhos estavam vermelhos e Hermione o puxou para si, afundando o menino em um abraço confortante quando ela mesma chorava.

Pouco a pouco todos derramaram lágrimas para S/n.

— Ela não está... – Harry soluçou, enxugando o nariz. – Não está...

— Shhh – Hermione o apertou mais contra si.

Angelina buscou o abraço de George, que chorava ao lado de Molly Weasley. Fred não estava a vista e tampouco Remus ou Tonks.

O clima não era dos melhores, e até menos Luna havia perdido seu ar alegre. Ron sequer piscava, e Hermione percebeu seu choque. O ruivo não sabia se aguentaria mais perdas. Ninguém ali já aguentava mais perder pessoas queridas.

Harry, o pobre e coitado menino Harry se sentia incompleto. Todos os seus planos pós batalha com o amor da sua vida se desfizeram em segundos. Suas lágrimas pareciam intermináveis...

Pobre menino que sobreviveu.

Se sua sobrevivência custava tantas vidas, ele não achava que valeria a pena continuar a lutar por ela.

Quem partirá fora S/n, mas quem ficou sem ter para onde ir fora Harry.

___________________________

◖◍◗ 𝐋𝐈𝐁𝐈𝐓𝐈𝐍𝐀.

substantivo feminino

frm. a morte.

"Na mitologia romana, Libitina era a deusa dos cadáveres e dos funerais"

referências.

"Eu não estou arruinada. Eu sou a ruína" – Sombra e Ossos.

Varios parágrafos da cena final utilizaram-se de referências da trilogia Grisha.

Frase Final – Pedro Miranda

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