𝗮𝘀 𝗮 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆 ! 𝗵𝗮𝗿...

By heatherpoetic

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Ela perdeu os pais muito nova, por motivos que nunca a foram revelados. Ele passou pelo mesmo, porém, a causa... More

Apresentação
1. Você acha que nós gostamos?
2. Ordem da Fênix
3. É bom estar em casa
4. "Mas vocês estão diferentes um com o outro..."
5. Não me faça rir
6. Eu confio em você
7. Eu amo você
8. Obdormiscere
9. Claro que aceito
10. Jealousy
11. Corujal
12. Precisamos agir
13. Música?
14. Cabeça de Javali
15. A festa
16. Armada de Dumbledore
17. O jogo
18. Now you see her
19. A visão
20. Natal
21. Oclumência
22. Dia cheio
23. Parque de diversão
24. E quem vai dirigir Hogwarts?
25. Carência
26. As lembranças de Snape
27. Eles fazem falta
28. Gêmeos Weasley
29. N.O.M.S
30. Ministério da Magia
31. A profecia perdida
32. Unbelievable
6° ano
1. Ela não vai estar sozinha
2. Harry?
3. Do céu ao inferno
4. You make me feel
5. A fuga de Draco
6. O clube de Sluge
7. Príncipe Mestiço
8. Acidinhas
9. Insegurança
10. Sempre vocês quatro
11. Jogo de Quadribol
12. O baile
13. O álbum
14. Envenenado
15. Ele pode ser confuso as vezes
16. Horcruxes
17. O colar de Libitina
18. Quarteto de ouro
7° ano
1. Batalha no Céu
2. Feliz Aniversário Harry
3. O testamento de Dumbledore
4. O casamento
5. Promessas
6. R.A.B
7. Ela não...
8. Ministério
9. To love you is easy
10. Você não tem família
12. Xenofílio Lovegood
13. Cada átomo que me constitui
14. O melhor erro que já cometi
15. Gringotes
16. A Guerra
17. Júpiter e Saturno
18. A batalha final
19. Os dias de cão acabaram
Pós Guerra
1. Um novo começo
2. O Casamento
3. Honeymoon
Epílogo
Agradecimento

11. Eu prometi

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By heatherpoetic

A música cessou, mas nossos corpos continuaram unidos em um abraço confortante como se ela ainda tocasse dentro de nós, como se ainda vibrassemos com o som da melodia que competia com a beleza do céu acima de nós. Aquelas cores, pensei desejando ter minhas tintas em mãos para que pudesse reproduzir tal cenário, embora achasse utópica e quase cômica a ideia de pintar algo tão encantador.

Nos afastamos e uma das mãos de Harry ainda pairava em minhas costas quando ele tirou uma mecha de cabelo do meu rosto, a colocando para trás da orelha de forma delicada. Ele me analisou por breves segundos, fez menção de abrir a boca mas coloquei meu dedo indicador sob seus lábios, o impedindo.

- Sei que sim.

───※ ·❆· ※───

No dia seguinte aparatamos sob a capa da invisibilidade para Godric's Hollow, protegidos pela escuridão da noite.

Após a desconfortável sensação de ser engolida por uma escuridão interminável, chegamos na pequena vila, agora coberta por uma grossa camada de neve. Eu e Harry estávamos de mãos dadas em uma estradinha, sob um céu azul-escuro em que as primeiras estrelas da noite começavam a piscar palidamente. Havia chalés de ambos os lados da via estreita, e decorações de Natal cintilavam às janelas. Um pouco adiante, um clarão dourado de lampiões de rua indicava o centro da aldeia.

- Devíamos ter usado Polissuco - falou Hermione, que se encontrava ao meu lado.

- Não - interpôs Harry. - Foi aqui que eu nasci, não retornaria como uma outra pessoa.

Um sino tocou ao longe e eu e ele trocamos um breve olhar. Desvencilhei minha mão da sua para segurar seu braço e me aproximar mais dele, que sem hesitar se aninhou a mim como podia.

- Boa Noite! - gritou um homem na rua a nossa esquerda.

Olhamos para ele brevemente e começamos a andar, seguindo a estradinha nevada.

- Ei, acho que é véspera de Natal! - falou Hermione, quando duas criancinhas soltaram gritinhos de animação em uma casa ao lado.

- Escutem - sussurei e nos três nos concentramos na canção natália que vinha de algum lugar não muito longe.

Caminhamos em linha reta por um pequeno trecho até vermos a casa que os pais de Harry - e consequentemente ele - moravam. A casinha onde tudo aconteceu, onde há dezesseis anos o menino ao meu lado sobrevivera, porém, sem os pais e com uma cicatriz em sua testa que o marcaria para toda a vida; que o fadou à guerra sem que ele tivesse escolha.

A sebe crescera livremente desde que Hagrid retirara Harry dos escombros ainda espalhados pelo capim, que chegava à cintura. A maior parte do chalé permanecia de pé, embora inteiramente coberta de hera escura e neve, mas o lado direito do andar superior explodira.

- Acha que eles estariam ali dentro? - perguntou Harry enquanto a estudávamos. Embora não tenha dito para alguém em específico seus olhos encontraram com os meus, como se ele esperasse uma resposta apenas de mim. - Mamãe e Papai.

Eu e Mione não respondemos de imediato, a menina analisava a casa com muito carinho e eu fazia o mesmo, imaginando como seria se tudo fosse diferente; como seria se nada disso tivesse acontecido, como seria se Lily e James estivessem vivos, Harry teria tido o amor materno e paterno desde cedo e não precisaria ter ido morar com os tios que apenas o maltrataram...

- Acho que estariam sim - falei, olhando para ele, que também estava absorto em pensamentos.

Mesmo com a escuridão pude ver que seus olhos marejarem com lágrimas que há muito tempo gritavam para serem jorradas, embora ele lutasse contra elas diariamente. Harry era mais forte do que pensava e queria que ele pudesse ver isso.

Após um bom momento observando-a, puxei seu braço retomarmos o caminho para a Igreja. A cantoria foi se elevando à medida que nos aproximavamos. Havia um portão que dava passagem a uma pessoa por vez, na entrada do cemitério. Hermione o abriu, o mais silenciosamente possível, e nos três entraramos de lado. Nas laterais do caminho escorregadio que levava às portas da igreja, a neve estava alta e intocada. Atravessamos, deixando profundas valas ao contornar o prédio.

No adro da Igreja, fileiras e mais fileiras de túmulos nevados emergiam de um manto azul muito claro com ofuscantes malhas vermelhas, amarelas e verdes, que eram a luz dos vitrais incidindo sobre a neve.

Nós três nos separamos para procurar pelos túmulos, eu fui mais atrás para dar espaço à Harry, Hermione ficou próxima de mim. Olhávamos todos os túmulos, reconhecendo vez ou outra o nome de um Abbott e até mesmo da falecida irmã de Dumbledore, Ariana e sua mãe, Kendra.

Passei a ponta dos dedos em um túmulo; Mione que estava ao meu lado se espantou quando a neve deu visão ao símbolo que vimos no livro "Os Contos de Beedle, o Bardo".

- Olhe, Harry! - chamou ela.

Afastei mais um pouco maia de neve da parte mais baixa da lápide em que pude ver fragmentos muito desgastados do que algum dia foi o nome de alguém.

- Ig-Ignoto Perevel... - a menina lia com certa dificuldade - Harry?

Me reergui, olhando para o nosso lado e vendo Harry, um pouco mais afastado, com a cabeça abaixada em direção ao que já sabia o que era. Fui até ele e pude ver a lápide de mármore gravada com os nomes de seus pais, os quais eram mais visíveis que as outras pois pareciam brilhar no escuro.

James Potter, nascido 27 de março 1960, falecido 31 de outubro 1981

Lily Potter, nascida 30 de janeiro 1960, falecida 31 de outubro 1981

Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.

Hermione se agaixou à frente das lápides e produziu uma coroa de heléboros com a varinha, a qual ficou postada no túmulo dos pais.
Harry chorava, ele não fingia estar com o nariz empoeirado ou ter um cisco no olho como sempre fazia; ele deixou que as lágrimas caíssem contra seus lábios contraídos, os olhos fixos na neve espessa que ocultava o lugar em que jaziam os despojos dos seus pais, agora, certamente apenas ossos ou pó, sem saberem nem se importarem que seu filho sobrevivente se achasse tão perto, seu coração ainda palpitando, vivo por causa do seu sacrifício.

- Feliz Natal - murmurou Harry, a voz embargada e chorosa.

Hermione suspirou e eu olhei para Harry com o coração apertado, ver ele sofrendo era pior que ser cortada nua por mil espinhos de uma só vez, se pudesse evitar que ele passasse por isso eu faria sem pensar duas vezes, mas a questão é que não podia, nada do que fizesse iria trazer seus pais de volta ou lhe dar uma vida normal... guardá-lo em um um lugar onde eu pudesse o proteger de todo mal e de toda a malevolência humana me pareceu um pensamento possível agora, tamanho era meu desígnio em vê-lo bem e seguro.

- Feliz natal - respondemos em uníssono.

Escorei a cabeça no ombro de Harry e logo senti sua bochecha pesar sob a mesma; eu apertava sua mão fortemente e ele retribuia o ato na mesma intensidade. Hermione deitou a cabeça em meu outro ombro, apertando meu braço com as duas mãos.

- Tem alguém olhando pra gente - sussurou ela depois do que me pareceu dois minutos. Me assustei um pouco com a fala da menina, meus pensamentos haviam voado para muito longe. - Perto da Igreja - acrescentou.

Ergui minha cabeça do corpo de Harry e olhei para o lado, onde a sombra de uma velhinha estava parada ao longe, nos observando atentamente. Nos três nos entreolhamos e fomos ao encontro da mulher, mas na mesma hora ela deu meia-volta e saiu manquejando pelo caminho que viera, entrando em um portão logo em seguida.

Seguimos em um caminho ladeado por um jardim muito grande e mal cuidado. Ela se atrapalhou um instante com a chave à porta, abriu-a e se afastou para nos deixar entrar. Hermione entrou primeiro mas quando Harry foi cruzar a porta, agarrei sua mão.

- Harry, eu não acho que isso seja uma boa ideia - sussurei. Não estava com um pressentimento nada bom.

- Está tudo bem, fique perto de mim, tá? Precisamos de respostas.

- Não Harry, eu realmente acho que... - minhas palavras se perderam ao vento quando a mulher veio até nós, seus olhos fixos em mim. Aquilo me dava medo.

- Amor - ele segurou minha mão. - Vamos.

A contra gosto entrei na casa: torci o nariz ao passar, tudo ali cheirava extremamente mal. A bruxa fechou a porta, então se virou e espiou o rosto de Harry e o meu. Ela retirou o xale preto roído de traças, revelando uma cabeleira branca e rala que deixava visível o couro cabeludo.

- Batilda? - disse Harry.

Ela fez que sim com a cabeça.

Batilda passou por nós arrastando os pés, empurrando Hermione para o lado como se não a tivesse visto e desapareceu, provavelmente em uma sala de visitas.

- Harry, eu não estou com um... - sussurrei mas Hermione me interrompeu: - Eu também não me sinto segura aqui, Harry...

- Olhe o tamanho dela; acho que poderíamos dominá-la, se fosse preciso - comentou ele.

- Entre! - convidou Batilda da sala vizinha.

Hermione se sobressaltou e agarrou meu braço, involuntariamente eu cheguei mais perto de Harry. Eu definitivamente não estava gostando de ficar ali mas não queria os deixar sozinhos.

- Tudo bem, está tudo bem - tranquilizou Harry, segurando minha mão - Só, não saia de perto de mim.

Batilda andava vacilante pela sala, acendendo velas, mas o lugar continuava muito escuro, para não falar de sua extrema sujeira, eu sentia cheiro de carne estragada. Ela parecia ter esquecido seus dotes de magia, porque se atrapalhava acendendo as velas, seus punhos de renda em constante risco de pegar fogo.

- Deixe-me ajudá-la - ofereceu-se Harry, tirando os fósforos de sua mão e acendendo os das velas sobre pires por toda a sala.

Harry pareceu achar alguma foto interessante na cômoda, do outro lado da sala. Eu e Hermione trocamos um breve olhar e por instinto apertei a minha varinha mais forte contra o bolso.

- Sra... srta. Bagshot? - disse ele, e sua voz tremeu um pouco. - Quem é ele?

A senhora não o respondeu, analisou Harry por alguns segundos e depois transferiu o olhar para mim; pegou uma vela e subindo as escadas indicando que ele fizesse o mesmo.

- Harry... - sussurei mas ele fez um único aceno com a cabeça e subiu.

- Não estou gostando disso - cochicou Hermione, acendendo a luz da varinha para que pudessemos olhar a casa.

- Também não estou, nem um pouco se formos falar a verdade.

A menina estava vendo a capa de um livro então me aproximei para vê-lo também. Era o livro de Rita Skeeter, sobre Dumbledore; havia um bilhete na capa do mesmo como se ela própria tivesse escrito para Batilda.

- Será que ela...

Meu coração batia forte e se acelerou ainda mais quando ouvimos uma explosão no andar de cima. Hermione se calou.

Subi correndo com Hermione em meu encalço. Ao chegarmos me deparei com um cobra enorme tentando atacar Harry, eles estavam no que parecia um quarto de criança.

Lancei um feitiço estuporante na mesma e ela se desnorteou por alguns segundos, tempo o suficiente para que Harry levantasse e saísse do quartinho. A cobra veio atrás de mim, sibilando alguns sons esquisitos, Hermione jogou um feitiço na mesma que caiu para o andar de baixo.

A varinha de Harry caíra no chão, centímetros a nossa frente. Me estiquei para pegá-la e nos escondemos atrás de escombros de algum estofado, esperando por algo. Meu coração mais uma vez parecia querer sair pela boca e meu estômago se contorcia bruscamente. A cobra voltou a aparecer de repente, sua boca estirada em nossa direção.

- Incendio! - pronunciou Hermione e o fogo acertou não só a cobra mas todo o andar; ela se atrapalhou tempo o suficiente para que eu, Harry e Hermione pulassemos pela janela, aparantando no ar.

Voltamos para a barraca mas Harry gemia e se contorcia de dor. Ele falava o nome dos pais e da mãe repetidamente, seu braço estava ferido e só me dei conta que sangrava agora.

- S-S/n...

A menina parecia aterrorizada então me permite tomar - ou tentar - o controle da situação. Minhas mãos tremiam muito e ter meu namorado se contorcendo de dor não ajudava em nada.

- Vamos colocá-lo em cima da cama - falei erguendo a varinha. - Mione, rápido!

- A varinha de Harry - ela se sobressaltou - S/n, desculpe, não pude fazer nada...

- Depois vemos isso - falei, impaciente - Agora, por favor, me ajude a deitar Harry na cama.

Então, com um Feitiço de Levitação o deitamos na beliche, embora não conseguissemos fazê-lo parar de gemer e gritar.

- O medalhão, S/n, temos de tirar esse medalhão!

- Certo - coloquei minhas mãos rapidamente sob o objeto mas ele não saia por nada. Puxei-o mas parecia estar colado. - Não sai...

- Como não sai?

- Está preso...

Hermione tentou arrancá-lo, mas previsivelmente tal tentativa foi em vão. Por fim usei um Feitiço de Corte para soltar a Horcrux de seu pescoço, o que acabou deixando uma marca.

Retirei minha blusa de frio, ficando apenas com a regata que usava por baixo e peguei uma tijela com água e um pano. Me sentei a beira da cama que ele estava e retirei seu casaco como podia, embora fosse um tanto quanto difícil, visto que Harry não parava de se contorcer. Molhei a flanela na água que Hermione esquentara e comecei a limpar a ferida no braço de Harry.

- Hermione - balbuciei -, na minha bolsa tem uma... uma Poção Limpa-Ferida, por favor...

Iria pedir para que ela pegasse mas antes de terminar a frase Hermione já estava com o braço na bolsa, retirando o pequeno frasco púrpura da mesma. Ela me entregou e eu o virei na ferida aberta de Harry, a qual fumegou por alguns segundos. A poção ardia, então o moreno, fosse por isso por outro motivo se calou, aquietando-se e dormindo pacatamente.

Deixei escapar um suspiro de alívio quando ele o fez e Hermione também pareceu se acalmar, sentando-se no sofá mais atrás enquanto eu prendia meu cabelo em um coque desajeitado.

───※ ·❆· ※───

Harry passou a noite resmungando e gritando, vez ou outra se contorcendo. Ele foi acordar ao amanhecer, após mais uma crise.

- Meu amor, está tudo bem, você está bem! - me apressei em tranquilizá-lo assim que ele acordou, desorientado.

- Não... eu a deixei cair... eu a deixei cair...

- Harry, tudo bem, acorde! - agora Hermione se aproximava.

- Escapamos.

- Sim - confirmei. - Harry, me desculpe, o medalhão não saia então tive que fazer um Feitiço de Corte, ficou uma marca...

Ele olhou para o próprio peito, uma oval escarlate sobre seu coração, onde o medalhão o queimara. Viu também as marcas de furo cicatrizadas em seu braço.

- Obrigado - agradeceu, ainda meio zonzo. - E não precisa se desculpar.

Harry estava encharcado de suor, mas logo se apressou em nos dizer o que acontecera quando Batilda o levou para cima, dizendo que a cobra estava dentro da mulher o tempo todo. Lembrei da frase de Remus enquanto Harry contava a história "Haverá magia que jamais imaginamos existir".
Disse que ela avisou Voldemort quando eles subiram e tentou-o enrolar até que ele chegasse, se transformando então em cobra e o atacando.

- Harry - intervi quando o menino quis levantar -, você precisa descansar.

- Você é que precisa dormir, ficou a noite inteira cuidando de mim, vamos, vão dormir vocês duas eu vou fazer a vigia por um tempo. Onde está minha varinha?

Hermione não respondeu, ela olhou para mim como olhava quando Fred e George me chamavam para fazer uma pegadinha.

- Onde está minha varinha?

Hermione mordeu os lábios e as lágrimas encheram seus olhos.

- Harry...

- Onde está minha varinha?

A menina se abaixou para apanhá-la ao lado da cama e entregou-a, totalmente quebrada. O moreno apanhou o objeto como se fosse um organismo vivo que tivesse sofrido um grave ferimento, olhou então para mim e a estendeu.

- Conserte-a. Por favor.

- Harry, acho que quando se parte assim... - falou Hermione, mas ele não lhe deu ouvidos.

- Por favor, S/n.

- Reparo - pronunciei e a parte pendurada da varinha tornou a emendar. Devolvi a Harry e ele a empunhou.

- Lumus! - a varinha soltou uma faisquinha e se apagou. Harry apontou-a para mim.

- Expelliarmus! - minha varinha sacudiu, mas não se soltou de minha mão.

- Harry - Hermione sussurrou tão baixinho que quase não pude ouví-la. - Sinto muito mesmo. Acho que fui eu. Quando estávamos indo embora, entende, a cobra avançou para nós, então lancei um Feitiço Detonador e ele ricocheteou para todo lado e deve ter... deve ter atingido...

- Foi um acidente - disse Harry, maquinalmente. - Encontraremos... encontraremos um jeito de consertá-la... eu..

- Pode usar a minha por enquanto Harry, sabe que eu não preciso realmente dela.

- Não, você não vai fazer feitiços sem ela - e então se virou para Hermione. - Posso usar a sua? Para... vigiar.

Ele parecia aturdido.

- C-claro - ela responde imediatamente - Pegue.

───※ ·❆· ※───

O Sol agora já havia nascido por completo, Harry ficou lá fora por muito tempo. Depois de dar-lhe algumas horas para pensar no que quisesse após tanta coisa acontecer me juntei à ele, sentando ao seu lado.

- E seu braço?

- Está melhor - ele respondeu. - Graças a você.

Ele se virou para mim e fez menção de um sorriso, embora falhasse miseravelmente.

- Lembra que você queria saber quem era aquele homem da foto?

- Lembro - ele falou, e passou o braço bom por meus ombros, me atraindo para si.

- Bem... lhe trouxe o livro - então empurrei o exemplar de A vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore para seu colo.

- Onde... como...

- Estava na sala de visitas de Batilda, Hermione o achou então pensei que... não sei, talvez haja alguma coisa sobre a qual você não sabe. Você disse que queria conhecer Dumbledore...

- Obrigado - murmurou, depositando um beijo no topo da minha cabeça. - Você é simplesmente incrível.

Sorri sem mostrar os dentes.

- Harry... só não, não acho que deva ler agora, não é uma leitura muito agradável sabe... - aconselhei. Já havia dado uma lida no livro e não sabia o que esperar de sua reação, que como a minha fora de extremo espanto.

Ele olhou para mim confuso mas como o teimoso que era começou a ler mesmo assim. Resumidamente Dumbledore e Grindelwald tiveram uma espécie de aliança, ambos tramando planos para assumir o poder e dominar os trouxas. "Pelo Bem Maior."

Harry terminou a leitura e visivelmente ficou furioso. Hermione chegara no exato momento em que ele se levantou, a menina também havia lido o livro comigo; os dois começaram a discutir, ela defendendo Dumbledore e ele gritando contra o diretor.

- O Dumbledore que conhecemos jamais, jamais, teria permitido...

- O Dumbledore que pensamos conhecer não queria conquistar os trouxas à força! - berrou Harry, sua voz ecoando pelo ermo topo do morro, fazendo vários melros negros levantarem voo, gritando em círculos pelo céu perolado.

- Ele mudou, Harry, ele mudou! É muito simples! - continuou Hermione.

Eu não estava surpresa, no fundo já esperava algo assim e depois do "sonho" que tive com Esmeray, minha visão sob o diretor não era mais a mesma. Mas eu entendia Harry, ele sim tinha uma relação próxima com Dumbledore e saber que ele mentiu para ele mais do que falou a verdade era no mínimo frustrante.

- Harry, me desculpe, mas acho que a verdadeira razão por que está tão furioso é que Dumbledore nunca lhe contou nada disso.

- Vai ver é! - berrou Harry, e atirou os braços para o alto - Veja o que ele me pediu, Hermione! Veja o que ele pediu a mim e a S/n! Arrisquem suas vidas! Outra vez! Mais uma! E não esperem que eu lhes explique tudo, confiem cegamente em mim, confiem que sei o que estou fazendo, confiem em mim ainda que eu não confie em vocês. Nunca a verdade por inteiro! Nunca!

Sua voz quebrou com o esforço e nós ficamos observando a claridade em silêncio sob aquele vasto céu.

- Ele o amava - sussurrou Hermione após um momento. - Eu sei que amava.

Harry deixou cair os braços.

- Não sei quem ele amava, Hermione, mas nunca a mim, nunca a S/n. Isto não é amor, a confusão em que nos deixou.

Harry apanhou a varinha de Hermione, que deixara cair na neve, e tornou a se sentar na entrada da barraca.

- Terminarei a vigia. Volte para o calor aí dentro.

Ela hesitou, mas reconheceu que fora dispensada e voltou para a barraca.
Me sentei novamente ao seu lado.

- Você precisa de um tempo? - perguntei.

- Preciso, mas isso não quer dizer que você precise ir.

Harry pegou minha mão, a entrelaçando na sua. Ficamos conversando sobre tudo, tudo menos Dumbledore; ele me contando sobre seus sonhos, sobre o que sentira quando viu o túmulo dos pais, eu dizendo que gostaria de saber onde meus tios haviam sido enterrados dentre outros assuntos que nos eram tão facilmente discutidos quando estávamos perto.

- Vou fazer um chá, você quer? Está muito frio.

- Quero, obrigado - ele respondeu e então eu me levantei, porém antes de entrar na barraca passei a mão por seus cabelos.

- Ele ainda está bravo comigo, não está? - perguntou Hermione, quando me dirigi a cozinha.

- Não.

- Não minta para mim, S/n.

- Não foi sua culpa, se está tentando insinuar isso.

Peguei três xícaras no pequeno armário e as coloquei em cima da mesa. Preparava a água mas senti os olhos de Hermione em mim.

- Fale.

- Ãn?

- Sei que você quer me dizer algo então vamos, desembucha.

Ela hesitou por um breve momento mas logo veio até mim, apoiando o tronco sob os braços na mesa de madeira.

- S/n, você não acha estranho isso de se enfraquecer quando realiza feitiços sem a varinha? Quero dizer... eu reconheço que são muito difíceis, eu mesma não consigo realizá-los, mas nunca ouvi falar de algum bruxo ou bruxa ficar fraco por fazê-los. Exige altíssima displicência e concentração, mas...

- Eu me pergunto isso desde que fiquei sabendo, Mione - respondi, cansada. - Tome - arrastei a xícara fumegante até ela, que a envolveu com as duas mãos - Parece que Harry não é o único que ficou sem respostas - completei, meus lábios se contorcendo em uma linha fina.

Sua face se contorceu em compaixão quando a deixei e fui levar o chá para Harry, mas ao ver que o menino não estava lá deixei a xícara cair, produzindo um estalido alto.

- O que houve?! - Hermione apareceu assustada.

- Ele sumiu.

Rapidamente limpei os cacos quebrados com a ajuda da varinha e a menina também se desesperou.

- Tem certeza disso? - então ela se pôs para fora, fazendo uma conchinha com as mãos e as levando a boca - HARRY! HARRY!

- Hermione! Pare de gritar o nome dele!

- Ah... d-desculpe, eu me esqueci...

Não podia a culpar, Hermione nunca fora muito boa em situações que envolvessem pressão ou em que ela estivesse muito nervosa.

- Vamos... vamos procurar juntas, para caso... santo Deus! - minhas mãos começaram a tremer novamente pensando nas mil possibilidades que poderiam ter acontecido à Harry.

- Vamos, S/n, ele não pode ter sido pego - então começamos a procurar, sem um rumo certo.

───※ ·❆· ※───

Após longos minutos o procurando retornamos à barraca. Tanto Hermione quanto eu estávamos aflitas e minha respiração regular já a muito tempo fora embora. Se tiverem o capturado... onde ele estaria... Harry estava sem a varinha.... mil e uma coisas passavam por minha cabeça.

- S/n, o-o que vamos fazer?

Não a respondi imediatamente, pensei fazer um buraco no chão de tanta inquietação mas ao me sentar minhas pernas tremiam e meu pé batucava o chão, o que me deixava mais nervosa com o barulho.

- Já faz muito tempo... - ela continou.

Realmente, faziam horas que Harry havia sumido.

- Nós só temos a sua varinha, pois ele pegou a minha e...

- Hermione, em nome de todos os santos e deuses existentes, pare de falar! Você esta me deixando mais nervosa.

A menina se sentou, apoiando os braços nas pernas enquanto se inclinava para a frente.

- S/N! HERMIONE!

Olhei para ela no exato momento que a voz ecoou do lado de fora, nós disparamos para a luz do dia e lá estava ele, sorridente. Fui em direção a Harry.

- Seu idiota - dei-lhe um soquinho no peitoral. - Estúpido - minha mão acertou um tapa em seu braço. - Some assim sem dizer nada e aparece com esse sorriso no rosto?

- Ai... amor, que isso... AI!

- Harry James Potter eu te odeio, te odeio muito, você quase - não pude evitar que minha mão acertasse-o mais uma vez - me matou do coração, seu.... cabeça de trasgo!

- Desculpe, não queria te assustar - ele falou esfregando os membros que soquei - Mas veja quem eu trouxe! - e então apontou para um ruivo ao seu lado. Ron deu um sorriso débil e esperançoso, e começou a erguer os braços.

- Oi!

Hermione atirou-se para a frente e começou a socar cada centímetro do corpo dele ao seu alcance.

- Ai... ui... me larga! Que...? Hermione... AI! O que deu em vocês?

- Seu... ridículo... idiota Ronald... Weasley!

Ela pontuava cada palavra com um soco: Ron recuou, protegendo a cabeça contra o assalto de Hermione.

- Aparece aqui depois de semanas e tudo o que diz é OI? Cadê minha varinha, Harry? Cadê minha varinha?

- Eu não sei... - Harry se agarrou aos meus braços, encondendo-se atrás de mim.

- Harry Potter, devolve minha varinha! - ela berrou e ele me puxou para trás, meio que nos protegendo enquanto envolvia os braços em minha barriga.

- Por que sua varinha está com ele? - perguntou Ron.

- Não te interessa, sabia?! - ela estava furiosa, mas ao olhar para a mão de Ron sua raiva pareceu esvaziar-se por um segundo - O que é isso?

Ron então, ergueu o medalhão destruído no ar.

- Você a destruiu?! - questionei, indo em direção ao ruivo para ver mais de perto.

- E como vocês estão com a Espada de Gryffindor? - completou Hermione, olhando para a outra mão de Ron.

- É uma longa história - disse Harry, e enfiando a mão no bolso, caminhou até mim, um pouco receoso ainda - E acho... que isto aqui pertence a você.

O moreno então estendeu a mão para mim e senti a cor sumir do meu rosto. O colar era feito em algum tipo de corrente preta, a qual parecia ser banhada na graxa de tão brilhante, mas isso não foi o que mais me chamou a atenção; o pingente continha uma pedra roxo indigno muito brilhante, a qual estava agarrada aos vários tentáculos de um dragão, que possuia as asas abertas e os olhos também feitos da mesma pedra abaixo.

- Como? - foi tudo o que consegui dizer.

- Eu também não sei... uma corsa prateada me levou até a espada, ela estava dentro do lago - Harry se apressou em dizer - mas quando entrei para pegá-la, isso estava lá também, como se tivesse aparecido... como se alguém a tivesse colocado lá, é uma longa história. Ron me salvou.

- Harry, você entrou em um lago com temperatura negativa? - questionei, desviando meus olhos do colar apenas para ver sua expressão desconcertada.

- Desculpe, mas eu tinha...

- Não peça desculpas a mim, meu amor, e sim ao seu corpo!

Após uma última olhada para Harry, peguei o objeto em minhas mãos esperando sentir algo, mas assim que minhas falanges entraram em contato com o colar, uma fumaça se fez dentro da pedra, onde pude ver de relance algumas palavras se formarem.

O donum illius quid est magis aufer

Isso era o que a pessoa que o encontrasse ganharia, mas ainda não sabia o significado muito menos o que era o almejado presente. Ao mesmo tempo que analisava o colar, sentindo um desejo avassalador de colocá-lo em meu pescoço, sussuros preencheram meus ouvidos, como em alavanche de incentivos.

- S/n? - falou Hermione, olhando para os lados.

- Vocês estão escutando? - perguntei.

- Estamos - respondeu Ron, sua voz saiu fina e sabia que ele estava amedontrado.

- Talvez não seja uma boa ideia usar isso, S/n - continuou Hermione - Vamos, me dê isso, eu vou guardar.

Embora no fundo soubesse que seria arriscado usar algo que não tinha conhecimento sobre o modo que chegou até mim, eu o coloquei. O coloquei em volta do meu pescoço e foi como se uma pessoa com miopia usasse óculos pela primeira vez, meus sentidos se tornaram mais claros e a sensação que tomava meu coração era semelhante aquela que senti quando tomei Felix Felicis, ou quando meus lábios tocavam os de Harry.

Senti-me capaz de fazer tudo, senti-me a pessoa mais feliz e sortuda do mundo, senti-me... radiante... sentia-me estranha? A sessão de esplendor foi-se extinguindo do meu corpo gradativamente e como se um termômetro tivesse sido enfiado dentro de um balde de água fria, meu estômago alcançou temperaturas negativas.

- S/n? - murmurou Harry, a sombra de preocupação tomando sua voz e seu rosto.

Enrruguei a testa e levei as mãos ao colar, abaixando a cabeça para olhá-lo. A pedra brilhava como plutônio, como os olhos verdes de Harry quando encontravam os meus. Olhei para ele, a confusão e uma terrível angústia tomando conta de todo meu corpo, ele tentou chegar mais perto de mim mas no instante em que o fez, ouvimos três estalidos estralarem no ar.

Nós congelamos. Três pessoas pelo que com certeza seriam Comensais aparataram ao nosso redor.

- Bingo! - falou um homem, sorrindo de forma perversa. Não sei como passaram pelo Feitiços de Proteção que colocamos, mas isso não vinha ao caso agora.

Trocamos um olhar carregado de significado e sem hesitar começamos a correr.

- Estupefaça! - gritou Hermione, jogando o feitiço em um dos Comensais. Ele caiu para trás mas não tive tempo de ver o que aconteceu depois, corria rapidamente entre as árvores.

Vi uma luz vermelha passar a centímetros da minha esquerda e mirei a varinha para trás, murmurando qualquer coisa que veio à mente.

Corremos e corremos, nada via além de árvores e gritos de maldições atrás de nós.

- Brachiabindo! - uma voz feminina e potente ecoou e vi Harry, que era o único em meu campo de visão, ser paralisado, voltando para trás como se cordas invisíveis o segurassem.

Parei recuperando o fôlego e embora meus olhos ardessem pelo vento e frio cortantes, havia um homem vindo em minha direção. Com varinhas em mãos, pronunciei:

- Emancipare! - o contra feitiço atingiu Harry e ele se soltou. Voltamos a correr mas quando o moreno passou por mim, e tive a certeza de que ele estava a minha frente, me senti imobilizada.

- Pegue ela! - gritou a mesma voz feminina que havia jogado o feitiço em Harry.

- E o garoto?

- Eu o pego, leve-a! - ela falava rápido e não conseguia a ver, mas pelo seu tom de voz estava exasperada.

- Me largue! - gritei mas o som não saiu. - Não! Me solte - eu queria me desprender do feitiço mas era impossível, lutava internamente tentando fugir.

Não pude fazer nada quando as mãos ossudas do homem envolveram os meus braços, Harry olhou para trás e voltava correndo, o vi apontar a varinha para minha direção segundos antes de uma escuridão me engolir. Lutei contra ela, concentrei todos os meus pensamentos em algum lugar diferente, mas sabia que de nada adiantaria. Quando senti o ar retornar aos meus pulmões cai sob um piso de madeira liso, em pé. O feitiço não se desfizera.

Segundos depois, três figuras imergiram no cômodo, mas nenhuma além da que me segurava permaneceu. Queria gritar para que me soltasse mas o feitiço estava forte demais.

"Isso é só um sonho, não está realmente acontecendo, é a porra de um pesadelo."

- Não conseguiram capturar Potter, então? - perguntou uma voz às minhas costas.

- Quando a pegamos o garoto estava um pouco a frente - respondeu, desinteressado.

- E onde está Tamar? - ele tornou a perguntar, agora rondando em volta de mim, me olhando como se eu fosse alguma exposição de arte.

- Uma menina estuporou ele, Tamar bateu com a cabeça na árvore e bem... você sabe do resto.

Visivelmente o homem magro, com vestes pomposas em tons de verde e preto, cabelos escuros e desgrenhados era de alguma maneira, submisso ao mais velho, que me olhava com interesse, os braços cruzados e o olhar cerrado. Deveria beirar os quarenta anos, embora não aparentasse uma face cansada, o corpo definido e os cabelos grisalhos puxado para o branco, longos o suficiente para alcançarem o ombro, onde se encaracolavam em uma trança fina que se curvava na ponta; os olhos incrivelmente azuis e uma barba rala. Suas vestes estavam sujas e desgastadas, como se se fossem remendadas todos os dias.

Mais um estalido no ar e uma mulher negra - a única figura feminina até agora - apareceu, atordoada, suas mãos tremiam quase tanto quanto as minhas segundos atrás.

- Aquele garoto - ela crucitou, indo até uma portinha no final do cômodo que provavelmente levava a outra sala - Potter. Ele... - então retornou com uma Poção - não é burro, muito menos fraco, olhe o que fez em minhas costas.

Então a mulher se virou, retirando a camiseta de botões brancos que usava, revelando incontáveis cortes.

Sectumsempra.

- Você esteve duelando com o garoto e não conseguiu pegá-lo? - perguntou o mais velho.

- Correção - disse a mulher, em tom despreocupado - eu estive duelando com Potter e mais dois amigos dele. Não poderia matá-los.

- Por quê? - perguntou o mais novo, que me espantei de ainda estar ali.

- Porque o Lorde quer fazer isso por conta própria e não faria mesmo que fosse preciso, são adolescentes.

- Adolescentes que estão nos dando mais dor de cabeça do que qualquer adultou sequer cogitou dar! - grunhiu o mais velho - Francamente Astrea, você e essa sua política de não matar vão acabar nos ferrando!

Astrea...

- Não me diga o que eu deveria fazer, Senka! - falou ela e o homem, que agora sabia o nome, bufou, embora o visse abaixar a cabeça sutilmente. - Eu faço minhas políticas e se decidi não matar não matarei, não pense que pode me ditar ordens agora que te nomeei sub-chefe.

Ao concluir a fala, Astrea ergueu as mãos em cima da poção e a mesma brilhou, brilhou como se todos os ingredientes estivessem se misturando magicamente, apenas com o poder de suas mãos, circundando pelo frasco, no ar.

- Solte-a - ordenou.

- Tem certeza, Astrea? - perguntou o mais novo - Ela é um de nós mas não sabemos o que pode...

Uma de nós?

- Eu disse, solte-a - ela falou, dessa vez mais firme. - E não vou repetir novamente.

O homem então, com um rápido estralar de dedos me desprendeu do feitiço. Imediatamente levei a mão ao bolso procurando por minha varinha, mas a mesma não estava lá. Astrea olhou para a calça, como se soubesse que iria procurar por ela, mas diferentemente do que pensei, seus olhos congelaram em meu peito, o colar reluziu sob minha pele, iluminando minimamente o cômodo escuro.

Ela parou o que estava fazendo e deu alguns passos lentos e ambíguos em minha direção, a Poção ainda brilhando em suas mãos. Me vi andando para trás sutilmente, mantendo uma distancia razoável dela.

- O colar - sussurou. - Aonde foi que conseguiu isso, garota?

Não a respondi. Ela parou de andar e eu fiz o mesmo.

- Ela lhe fez uma pergunta - cantarolou o homem mais novo, que se escostava na parede, as pernas cruzadas e a mão brincando com uma maçã, que rodopiava no ar. - É melhor responder para o seu próprio bem, você não gostaria de ver Astrea nervosa.

- Aonde conseguiu o colar? - ela sibilou novamente, eu não a respondi.

O mais novo suspirou pesadamente e desencostou da parede, vindo em minha direção, quando ergueu a varinha mechi minhas mãos e ela voou longe. Astrea, no entanto ergueu as suas e evocou cordas que imediatamente prenderam meus braços para trás e me fizeram cair no chão. Eu havia ficado tonta. O mais novo, após recuperar sua varinha se agaixou a minha frente enquanto eu tentava me soltar das cordas. A dor atingindo minhas nádegas que encontraram o chão brutalmente.

- Poupe esforços, gatinha - falou ele. - Responda a pergunta.

- Eu posso fazê-la falar, Gennady - crucitou a mulher, visivelmente incomodada com sua perda momentânea de controle. - Vou perguntar mais uma vez e espero que seja sincera em sua resposta, posso sentir o cheiro de seu medo a quilômetros, desnecessário, embora eu ache que deveria mantê-lo a postos enquanto estiver aqui - Astrea então se agaixou ao lado do menino e decaiu os bracos nas pernas. - Aonde achou o Colar de Libitina?

Seus olhos cinzas e leitosos se fixaram nos meus por longos segundos, e como se uma porta se destravasse em minha garganta, as palavras saíram disparadas, fora do meu controle:

- Não sei, só apareceu.

Senka soltou uma exclamação frustrada e o vi se transformar em um cachorro grande e branco, o focinho enorme e os dentes maiores ainda, rosnando e vindo até mim em passos furiosos. Astrea porém ergueu a mão e o mesmo parou quase que na mesma intensidade que iniciou.

- Ela está falando a verdade.

- Não, não está Astreas - o mais novo disse, impaciente - Procuramos por essa porra a anos e ela simplesmente diz que ele apareceu, do vento, sem mais nem menos? Deixe Senka mostrá-la a dor para que...

- Ela está falando a verdade, Gennady. Achei que eu ditasse as regras aqui.

Gennady se levantou e afastou-se um pouco, vi seus olhos azuis me acompanharem enquanto o fazia, como se eu fosse algum vírus instalado no local, não os desviei mas tinha certeza que eu não estaria sendo bem falada em sua mente.

Um silêncio incômodo preencheu o ambiente por um longo tempo, a mulher em minha frente estudando o colar como se pensasse nas inúmeras possibilidades. Podia sentir o cheiro de magia no ar, mais forte do que qualquer odor que jamais senti.

- Tirem dela - ordenou e se pôs de pé novamente, dando as costas para mim enquanto o homem empunhava a varinha. A rapidez que trocava da varinhas para as mãos me impressionou.

Gennady se sentiu eufórico, era visível sua felicidade por sua expressão que vinha até mim. O homem, que ainda estava na forma de cachorro rosnava próximo aos meus pés. Quando o mais novo tocou no colar algo expeliu sua mão imediatamente, o fazendo se afastar com uma exclamação de dor, soltei um grunhido pois eu também havia sentido a pontada aguda atingir minha pele, como se desse choque.

- Mas que p...

- Ah por favor! - grunhiu Astreas, que observava a cena. Ela soltou uma gargalhada estridente, que perfurou meus ouvidos de maneira incomoda e abundante, fazendo minha espinha arrepiar. Após parar de rir a mulher pegou a varinha para retirar o colar de mim, o sorriso se desfez em seu rosto quando o mesmo não se soltou; ela tentou com as mãos mas tampouco dera certo, as afastou quando a dor me atingiu novamente e consequentemente a atingiram também. Os três trocaram um logo olhar.

- Mas é claro que não sairá tão fácil, ela é a escolhida - pronunciou Astreas, a última palavra sendo acompanhada de aspas áreas.

- O que faremos com a menina então? - perguntou Senka, que voltara a forma humana, coçando a barba.

A mulher olhou para Gennady e ele coçou o queixo. Olhei-o enquanto pensava no que dizer, sentindo-se visivelmente importante por ditá-las.

- Iremos deixá-la aqui, pelo menos até capturarmos Potter. Se vamos recuperar nosso nome com o Lorde temos de entregar um prato completo, e não somente a sobremesa.

Senti meu estômago revirar mais uma vez e agradeci aos céus por não ter comido muito bem nos últimos dias, não conseguiria manter a comida por muito tempo com tantos movimentos intestinais.

- Recuperar nosso nome? - as palavras saíram por meus lábios antes que pudesse contê-las.

- Você não achou que existia apenas você de Bennet no mundo, achou? - ironizou Senka, sua voz ecoando pelo cômodo vazio como um latido de cachorro. Ele era um animago, não esperava que fosse diferente.

- Recuperar o nome que você e aquela sua mãe e tia sujaram, se misturando com sangues-ruins e não se aliando ao Lorde, teremos nossa reputação de volta e adivinha quem vai nos ajudar - o sorriso no rosto de Gennady se alargou - Você.

───※ ·❆· ※───

HARRY'S POV

- NÃO! - gritei, quando vi o magro homem tocar em S/n, aparatando com ela segundos depois.

Senti-me desnorteado, aquilo não estava realmente acontecendo... era tudo um sonho, eu tinha de acordar. Ela não havia ido, era apenas um pesadelo...

- Sectusempra - pronunciei o feitiço contra a Comensal que havia sobrado. Prometi a mim mesmo que nunca mais o usaria em ninguém, depois do incidente com Draco e ainda mais por ser invenção de Snape, mas minha mente não funcionava bem nessa altura, todo meu raciocínio foi-se extinto.

A mulher gemeu de dor, mas permaneceu em pé, como se não passasse de uma algo costumeiro. Hermione e Ron apareceram ao meu lado, mas eu não olhava para nenhum lugar se não onde S/n sumira segundos atrás, na frente dos meus olhos.

Os dois arremessavam maldições e feitiços na mulher e eu os ajudava, embora não soubesse, muito menos tivesse ciência do que estava fazendo. Ela desaparatou segundos depois, nos deixando a deriva e sozinhos. Sozinho, era assim que eu me sentia sem S/n.

Hermione se inclinou para apoiar as mãos nos joelhos e Ron soltou um expressivo xingamento, chutando o tronco de uma árvore. Eu olhava para a menina na esperança de que ela dissesse alguma coisa, esperava que ela me dissesse que S/n estava bem e segura, longe daqui... mas quando seus olhos encontraram os meus, se detendo por segundos antes de olhar em volta, ela se reergueu, a cor sumindo de sua face lentamente.

- Harry, aonde está S/n? - ofegou ela.

Não consegui responder, aquilo era irreal demais para ser verdade. Minutos atrás ela estava aqui, comigo, e agora não conseguia ver nada além de escuridão e uma floresta gélida e deserta.

- Harry aonde está S/n? - repetiu ela, pensei ouvir as batidas do seu coração acelerarem, embora não soubesse distinguir se era o seu ou o meu que emitia sons tão fortes.

- Eu... eu não sei...

As palavras caindo como um martelo em minha cabeça. Nunca na vida eu me sentira tão desorientado como agora, nem mesmo quando tudo dava errado. S/n havia sumido, era minha obrigação a protegê-la e eu havia falhado. Eles a levaram. Eu havia prometido que iria cuidar dela... eu prometi.

- Harry, o que aconteceu? - perguntou Ron, o fundo de medo visível em sua voz.

- Ela parou... parou para me ajudar, mas quando me soltou do feitiço, um deles a imobilizou.. eu não vi... não deu tempo... eu não consegui...

Hermione e Ron olhavam para mim como se esperassem mais alguma coisa, mas não havia, ela se fora por minha culpa, porque parou para me ajudar. Olhei para os arredores, para além das árvores cobertas por neve, esperando que ela aparecesse, sorrindo daquele jeito encantador que só ela sabia sorrir, me abraçando e dizendo que tudo não passou de mais uma de suas pegadinhas.

- Acho melhor sairmos daqui - falou Hermione, em tom tão baixo que jurei não tê-la ouvido direito. - Não é mais seguro ficar, vamos.

Hesitei, ela poderia voltar, não poderia? Poderia aparecer aqui, exatamente no mesmo lugar em que se foi. Se foi.

- E se ela aparecer...

- Harry, ela não vai - Hermione ofegou, como se contesse um grito dentro de si ao mesmo tempo que evitava as lágrimas - ...ela não vai voltar.

Ron e ela foram na frente, em direção a barraca. Como eles nos acharam, como quase fomos pegos, como ela fora pega... meus pensamentos seguiam uma ordem inconstante e turbulenta. Olhei aos arredores mais uma vez e ao longe pude ver a árvore em que ela havia escrito nossas iniciais. Fui até a mesma, a dor em meu peito aumentando constantemente a medida que meus pés avançavam.

My heart talks abou nothing but you
S/i & H

Me ajoelhei à frente do tronco e passei as pontas dos dedos pela gravura. Ainda podia ver seu sorriso ao escrever as palavras. Medo não descrevia o que eu sentia nesse momento, o que poderiam estar fazendo com ela era tudo o que cobria minha mente. Se a machucassem eu nunca me perdoaria. Nunca.

- HARRY! - gritou Hermione, olhei para trás e a barraca já estava desmontada.

Me levantei, empurrando a dor súbita que se formara em minha garganta para baixo, engolindo junto as lágrimas que anceavam tão desesperadamente para cair. Onde ela estaria...
Me juntei a eles e desaparatamos, fui engolido por uma escuridão, mas dessa vez o desconforto da desaparatação parecia irrelevante com a que eu sentia dentro de mim.

___________________________

oii gente, tudo bem?

sempre choro quando o harry vai ver o túmulo dos pais

acho que deu pra entender, mas no próximo capítulo as coisas vão ser explicadas melhor, não sei se vai ser narrado mas vai conter o ponto de vista dos dois

acharam o colar, ele pode parecer (??) agr mas vai ser de *muita* utilidade futuramente, e sobre os novos personagens... eu me inspirei em fotos do pinterest pra descrever eles entt se ajuda, aqui estão:

Senka

Astreas

Gennady

é bem mais ou menos msm, só uma inspiração pq n achei pessoas reais pra isso :)

bjo gente, fiquem bem e tomem bastante água (aqui na minha cidade tá 35 °C plmrd)

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