- Esse definitivamente NÃO FOI o melhor aniversário de Ron. - comentou Fred.
Haviamos passado o dia inteiro esperando para vê-lo, mas Madame Promfrey liberou o quarto para visitas apenas às oito da noite. Hermione se sentava na cama de Ron, segurando sua mão.
- Não foi bem assim que imaginamos entregar nosso presente - disse George, sério, deixando um grande embrulho na mesa de cabeceira de Ron e se sentando ao meu lado, na cama da direita.
- É, quando imaginamos a cena, ele estava consciente - confirmou Fred.
Após alguns minutos em silêncio George, Fred e Harry começaram a discutir sobre o veneno, chegando a conclusão de que provavelmente alguem queria envenenar Dumbledore, visto que Slughorn pretendia dar a garrafa ao diretor. Tais teorias foram esquecidas quando o Sr. e a Sr.Weasley entraram na sala, juntamente com Dumbledore.
- Ah, Harry! Dumbledore nos contou sobre a sua ajuda, obrigada! - a Sr.Weasley falou, lacrimosa enquanto abraça Harry.
- Você já salvou Gina... eu, e agora Ron. - diz Arthur - Quase toda nossa família lhe deve a vida, Harry!
- Ah... não, não. - o moreno diz, desconcertado - não se preocupem com isso.
No mesmo instante Lilá entrou no quarto com uma expressão ansiosa no rosto.
- Uon-Uon! Eu queria tanto te v... o que ela está fazendo aqui?! - completou quando viu Hermione.
- O que eu estou fazendo aqui? - Hermione se levantara - O que você está fazendo aqui?!
- Eu sou a namorada dele!
- E eu sou... eu sou bem, sou a amiga dele!
No mesmo instante Ron murmurou alguma coisa, todos se calaram para ouvir.
- Her-mi-o-ne - o ruivo crucitou.
Todos entenderam que ele havia chamado pelo nome da amiga, inclusive Lilá, a menina saiu chorando.
- Pobre garota... nutriu esperanças que não a foram correspondidas. - comentou Dumbledore docemente enquanto observava Brown sair.
- Meu amor, já volto. - sussurei para Harry e sai da ala hospitalar. Procurei por Hogwarts inteira, mas só fui encontrar Lilá em um banco no quinto andar, chorando baixinho. Me sentei ao lado da menina, e a mesma pareceu assustada com minha presença.
- Lilá... - comecei, mantendo meu tom de voz baixo - está tudo bem?
A menina enxugou as lágrimas e fez que sim com a cabeça.
- Que pergunta idiota. Se estivesse tudo bem você não estaria chorando! - me aproximei mais dela - Olhe... eu gosto muito de Ron, muito mesmo, mas ele pode ser meio confuso às vezes, e não acho certo que apenas você sofra com essa bagunça dele.
Ela subiu os olhos para mim, ainda deixando escapar um ou outro soluço.
- Você é incrível, de verdade. Tenho certeza que irá encontrar alguém que te faça tão feliz quanto você merece, que te ame de verdade. Mas acho que essa pessoa não será Ron.
Graças a Merlin, Brown pareceu mais calma, ela apenas me abraçou e tentei passar conforto para a mesma. Paassados alguns segundos nos afastamos.
- So dê mais espaço para a pessoa da próxima vez, viu? - falei limpando as lágrimas que molhavam sua bochecha.
- O-obrigada, S/n... - ela balbuciou pela primeira vez, sua voz saiu fanha, como de alguém que estava gripada - Pensei que você era amiga de Hermione.
- E sou! Ela é minha melhor amiga, mas não quer dizer que eu não seja sua também. - falei calmamente e ela sorriu.
- Obrigada de novo...
- Não me agradeça, por favor, eu não fiz nada de mais. - então me levantei e dobrei o braço para trás - Vamos?
Ela sorriu novamente e passou seu braço pelo meu, tentei contar piadas para a menina no caminha à Comunal, mas as minhas não era muito boas... e Lilá era bem lerda para pegar os trocadilhos.
- Brown, você sabia que as caixas pretas dos aviões são, na verdade, laranjas?
- O quê? Não são caixas? - ela perguntou, confusa. Olhei para a menina tentando entender se ela estava brincando, conclui que não e começamos a rir.
Ao passarmos pelo buraco do retrato Harry me esperava no sofá, Lilá subiu e eu fui em direção ao menino.
- Ela está bem? - perguntou enquanto passava um braço por cima dos meus ombros.
- Vai ficar.
- Falei com Hagrid, ele disse que Dumbledore está bravo com Snape.
- Quê? Porquê?
- Não sei, parece que eles discutiram.
Olhava para a lareira, estava meio que deitada em Harry, meu braço direito sobre seu peitoral, fazia movimentos circulares pela região involutariamente. O menino começou a acariciar meus cabelos.
- Acha que tem alguma coisa haver com Draco, não acha? - perguntei, erguendo a cabeça para olhar em seus olhos.
- Sim, acho. Mas não quero falar de Draco agora... na verdade não quero falar.
- Não quer falar? - perguntei, confusa. - Vamos fazer o quê então, ficar olhando um pra ca... - não completei a frase, Harry me beijou. Lentamente minhas mãos subiram para a parte de trás de seu cabelos, envolvendo seus fios negros, aprofundando o contato de nossos lábios. Harry me ajudou a subir em seu colo, mas quando estava em cima do mesmo uma voz o chama.
- Aí está você, Potter!
Harry, ainda com os olhos fechados e as mãos em meu rosto soltou um suspiro impaciente. Olhamos para o lado e vimos Córmaco McLaggen. Sai de cima de Harry e me sentei ao lado dele, enquanto arrumava meu cabelo.
- Olha, vi quando levaram Weasley para a ala hospitalar hoje cedo. E, pelo jeito, não estará em condições de jogar a partida da semana que vem.
Harry parecia estar irritado quando se mecheu no sofá, pegando uma almofada e cobrindo seu colo com mesma. Sorri desacreditada.
- Ah... certo... quadribol - passando a mão, cansado, pelos cabelos - É... talvez ele não possa jogar.
- Bem, então, eu serei o goleiro, não é?
Me levantei, estava pronta para me retirar e ir para meu dormitório.
- É, presumo que sim... - Harry agarrou meu pulso me fazendo parar.
- Excelente! Quando começam os treinos então?! Tenho estratégias ótimas para...
- Tá, tá. - interrompeu Harry - Você me fala amanhã, certo? Estou muito cansado agora.
Cormáco pareceu irritado, mas se retirou assim que viu Harry e eu subirmos para seu dormitório. Antes de abrir a porta o menino espiou para ver se alguém ainda estava acordado, pude ouvir o ronco de no mínimo duas boiadas.
- O quê você está fazendo? - sussuro, confusa.
- Quero dormir com você hoje - ele sussurou de volta pegando minha mão para entrarmos no quarto -, agarradinho.
Nos deitamos em sua cama e ele rapidamente murmurou um feitiço para abafar o som dentro do dossel.
- Não gosto de McLauggen. - comentei enquanto ele me puxava para cima de seu peitoral.
- Nem eu, mas não temos outra pessoa para substituir Ron...
Ficamos alguns segundos em silêncio, antes de Harry tornar a dizer:
- Sabe... queria ter te contado isso antes, mas ontem sonhei com você.
- Sonhou comigo?
- Sim. - ele falou pacientemente enquanto me acariciava - Você tinha uma ateliê de arte, e estava inaugurando um exposição dos seus quadros...
Me inclinei para olhar o menino, um sorriso enorme brotou em meu rosto.
- Calma, é sério??
- Seríssimo. - ele também sorria.
Me sentei rapidamente, meus olhos brilhavam de felicidade.
- Por Merlin, já pensou?! Eu expondo meus quadros... isso seria tão...
- Incrível! - Harry se sentara também, ele parecia feliz, apenas por eu estar feliz.
O sorriso não se desfez em meu rosto enquanto olhava para o céu azul através da janela.
- David Hockney... Ed Rusha... Mariana Abramović - comecei a listar os artistas que lembrava, segurei no braço de Harry exclamando eufórica: - Cindy Sherman! Já pensou se algum dia eu tiver a chance de conhecer algum desses?!
O moreno riu do meu entusiasmo.
- Harry, eu te amo - depositei um selinho nele - te amo - selei nossos lábios novamente - te amo muito! - e uma última vez - Sonhe mais comigo sendo uma pintora renomada, obrigada!
Ele riu novamente.
- Você não queria ser auror?
- Quero, lógico que quero. Mas eu consigo fazer as duas coisas...
- E claro que consegue. - ele disse se deitando novamente, fiz o mesmo.
- Vira pra lá.
Pedi e Harry se virou para o outro lado, me deitei abraçando o menino, que estava de costas.
- Imagina quando descobrirem que o escolhido dorme de bundinha pra mim... - comentei diverdamente e Harry soltou uma gargalhada.
Dormimos rapidinho.
...
- Você tem que conversar com ela, Ron.
- Por quê?
- Porque não é justo você simplesmente parar de falar com Lilá depois de literalmente ter chamado por Hermione enquanto dormia.
- Hermione? Ela vai vir aqui antes do jogo?
Dei um tapinha na perna do ruivo.
- Que droga, S/n! - ele murmurou esfregando o lugar. Harry apareceu no mesmo instante.
- Amor, o jogo vai começar em 20 minutos.
Me levantei rapidamente e antes de sairmos olhei para Ron por uma última vez.
- Fale com ela! - ele bufou e fechou os olhos. Neguei com a cabeça e Harry e eu saímos. O menino, que segurava minha mão, a ergue na altura de sua barriga e começou trocar meus anéis de lugar.
- Faz tanto tempo que você não faz isso - comento risonha - tinha até me esquecido.
O menino estava muito concentrado trocando as peças de um dedo para o outro que apenas soltou um risinho nasalado, ambos esquecemos que estavamos andando e acabamos colidindo com três pessoas.
- Olhem por onde andam! - comentou Malfoy, ajustando o terno preto. Ele estava na companhia de duas meninas, cada uma de um lado.
- Aonde é que você vai? - quis saber Harry.
- É, vou mesmo lhe dizer, Potter, porque é da sua conta. - Draco respondeu, desdenhoso. Uma das garotas riu, contrafeita. Encarei-a e a menina corou. Malfoy passou por nós, e ela e a amiga o seguiram quase correndo, viraram num canto e desapareceram de vista.
- Sujeitinho estranho, não? - falei enquanto tornava a andar - Harry? - o menino estava parado. Ele pareceu despertar de algum devaneio e voltou a andar. Corremos até o vestiário, onde Gina deu uma bronca por chegarmos atrasados. Vesti o uniforme e toda a equipe entrou no estádio, sob vaias e aplausos ensurdecedores.
- Condições enganosas! - disse McLaggen - Coote, Peakes, vocês terão de voar evitando o sol, para eles não verem vocês se aproximando...
- Eu sou o capitão, McLaggen, pare de dar instruções! - exclamou Harry irritado.
Luna narrava o jogo, o que animou MUITO meu ânimo, a loirinha era extremamente engraçada, mesmo não sendo proposital. Após dez minutos de jogo eu e Gina haviamos marcado um gol, cada, fazendo a torcida vermelho e ouro lá em baixo vibrar. Harry discutia com McLauggen várias vezes, o menino queria dar ordens e isso estava começando a me irritar também.
- Mclauggen cale a boca e preste atenção no que você deve fazer! - gritei para o menino, que fez uma cara feia e voltou para frente do aro.
- Setenta a quarenta para Lufa-Lufa! - anunciou a professora McGonagall ao megafone.
- Já?! - exclamou Luna distraída - Ah, vejam! O goleiro da Grifinória arrancou o bastão de um dos batedores.
Me virei no ar para ver. De fato McLaggen tirara o bastão de Peakes e parecia estar demonstrando como bater um balaço em Cadwallader, que se aproximava.
- Quer devolver o bastão dele e voltar às balizas?! - rugiu Harry, voando em direção a McLaggen, exatamente na hora em que ele golpeava com ferocidade um balaço. O mesmo bateu com tudo em Harry e o menino despencou da vassoura.
Voei velozmente a ele, sai da vassoura apressada e me ajoelhei ao seu lado, colocando sua cabeça em meu colo. Ele estava desacordado.
- SEI IMBECIL! SE VOCÊ CALASSE A PORRA DA BOCA POR UM SEGUNDO E FIZESSE O QUE DEVERIA FAZER, ISSO NÃO TINHA ACONTECIDO! - gritei para Córmaco, sentindo o ódio transbordar em mim.
- Calma, Bennet... - ele falou, seu tom malicioso me fez sentir vontade de socar a cara dele - Ele vai ficar bem, e se não ficar... eu sempre estou aqui, sabe.
- Cala a boca, seu idiota!
- Se não o que?
Alguns alunos pegaram Harry para levá-lo à Enfermaria, tudo foi muito rápido. McLaggen continuava ao meu lado, sorrindo com os braços cruzados.
- Se não... - meti o chute no meio das pernas do garoto, que rapidamente ajoelhou no chão, gemendo de dor e tampando a região - Eu faço isso doer bem mais!
McGonagall saiu novamente para o pódio, mas tinha certeza que ela havia visto o que eu fiz. Sorri e antes de voltar ao jogo fiz um feitiço com a varinha, as cuecas do menino subiram até a região da barriga e ele deu um pulinho no ar rapidamente, guinchando. A equipe da Grifinória gargalhava e até alguns alunos nas arquibancadas apontavam e riam.
Passei o restante do jogo tensa, tudo o que queria era terminar logo e ver meu namorado. O placar final foi trezentos e vinte a sessenta. Me desvencilhei do motim de alunos comemorando e corri até a Enfermaria. Madame Promfrey ia entrando então me deixou vê-lo.
- Como está se sentindo? - perguntei receosa, me aproximando com cautela da cama de Harry.
- Melhor agora... - ele balbuciou, sua voz saira rouca e cansada. Olhei para Madame Promfrey e ela apenas assentiu com a cabeça.
- Está tudo bem, S/n. Ele sofreu uma fratura no crânio mas já coloquei tudo no lugar - e se virou para Harry, séria - Vou manter você aqui até amanhã, Potter, nada de esforços até lá.
- Isso que é amigo, Ron! - comentei me virando para o ruivo - Veio ficar com você até na Enfermaria.
Ambos soltaram uma risadinha frouxa.
- Quero encontrar McLaggen e matar ele...
- Creio que essa mocinha já se vingou por você. - disse Madame Ponfrey.
Encolhi os ombros enquanto colocava o cabelo para trás da orelha, Harry sorriu para mim.
- Certeza que você não é uma Weasley?! - comentou Ron quando a bruxa saiu, eu ri e me sentei na ponta da cama dele.
- Deita aqui comigo. - disse Harry, esticando os braços.
- Não. Você tem que descansar. - respondi, séria.
- Se você se deitar comigo eu tenho certeza que ficarei bom mais rápido.
Estudei o menino por alguns segundos, ele fez um biquinho na intenção de fazer graça mas que acabou sendo muito fofo. Cedi e me deitei com ele, tomando o máximo de cuidado para não machuca-ló, o menino depositou um beijinho rápido em meu lábios.
- Odeio quando vocês fazem isso. - falou Ron.
- Isso o quê?
- Ficam se agarrando em público, dando beijinho e abraços. Me faz lembrar que estou solteiro...
- Ah! Falou com Lilá?
- Não.
Suspirei e percebi que isso era um jogo perdido.
- Amor, eu tenho que ir. Não me troquei ainda e tenho que falar com Hermione.
- Você volta? - ele perguntou, receoso.
- Volto, claro. - me despedi dele e de Ron e fui até a comunal.
Fiz minhas higienes e avisei a Hermione que iria passar a noite com Harry na enfermaria.
- Tudo bem, e Ron? Como ele está?
- Melhor, bem melhor.
Mione pareceu mais entusiasmada com a notícia, murmurei um feitiço para invocar a capa da invisibilidade de Harry e a mesma veio até mim. Me cobri e voltei para a enfermaria, quando entrei Ron ainda estava acordado e...
- Por Merlin, o que esses dois estão fazendo aqui?? - sussurei retirando a capa de cima de mim; Dobby e Monstro brigavam no chão enquanto Pirraça incentivava:
- Chutinho, arranhãozinho! - exclamou, alegre, atirando pedaços de giz nos elfos - Torcidinha, cutucadinha!
- Monstro dirá o que quiser sobre os senhores dele, ah, dirá, e que senhores ele tem, amigos nojentos de Sangues-Ruins, ah, o que diria a pobre senhora do Monstro...?
O elfo não completou a frase porque foi atingido na boca por Dobby, fazendo saltar metade dos seus dentes. Eu e Harry corremos até ele tentando separa-lós, embora continuassem tentando chutar e esmurrar um ao outro, incentivados por Pirraça, que dançava em torno do lampião aos guinchos:
- Enfia os dedos no nariz dele, tira sangue e arranca as orelhinhas dele!
- Pirraça, cala a boca! - falei e o poltergeist pareceu ofendido - Desculpa... - completei, mas ele já havia saído.
"Depois me resolvo com ele" pensei.
- Certo - disse Harry, agarrando Monstro pelo braço - proíbo você de lutar com o Dobby. Dobby, eu sei que não posso lhe dar ordens...
- Dobby é um elfo doméstico livre e pode obedecer a quem ele quiser, e Dobby fará tudo que Harry Potter quiser!
- Ok, então - disse Harry, soltando Monstro. Eu fiz o mesmo com Dobby.
- O Senhor me chamou? - crocitou Monstro, fazendo uma profunda reverência a Harry.
- É, chamei - disse Harry, olhando de relance a porta de Madame Pomfrey, provavelmente ele tinha jogado um Abbafiato no lugar - Tenho uma tarefa para você.
- Monstro fará o que o seu senhor mandar - e fez uma curvatura profunda -, porque Monstro não tem opção, mas Monstro sente vergonha de ter um senhor assim, ora se tem...
- Dobby fará a tarefa, Harry Potter! - guinchou Dobby, seus olhos do marejados de água - Dobby se sentiria honrado de ajudar Harry Potter!
- Pensando bem, seria melhor que os dois fizessem - disse Harry. - Ok, então... quero que sigam o Draco Malfoy.
Eu e Ron, que agora se levantara, olhamos para Harry perplexos. O menino disse que queria que os dois elfos vigiassem Malfoy, seguissem cada passo dele e lhe mandassem relatórios regularmente. Após os elfos sairem a atmosfera do lugar mudou, ficando mais calma. Os dois se deitaram novamente e Harry fez um sinal para que eu me juntasse a ele.
- Você não acha que isso é demais, Harry? - falou Ron, nervoso.
- Não. Malfoy está escondendo algo e eu quero descobrir o que é.
- S/n...? - Ron tornou a falar, provavelmente na esperança de me fazer confessar que também achava aquilo demais, entretanto fingi estar dormindo. Fiz a maior força do mundo para não rir enquanto sentia os olhos de Harry sobre mim.
- Shiii, ela está dormindo e acho que deveriamos fazer o mesmo.
Escutei o ruivo murmurar algo e a cama ranger quando ele se virou para o lado.
- Harry, você acha que é seguro usar Monstro? - sussurei após verificar que Ron virou para o outro lado - Sabe, eu acho que Maggie faria isso de bom grado...
- Monstro não pode contar à ninguém, me certifiquei de não deixar nenhuma brexa. - ele sussurou tranquilamente.
Concondei, embora não confiasse muito no elfo depois do episódio com o Ministério.
...
No dia seguinte Ron e Harry foram liberados. Eram quase oito horas da noite quando estávamos na Comunal, eu e Hermione liamos (terminamos de escrever, em outras palavras) o trabalho de Herbologia de Harry e Ron - o qual inclusive reatou a amizade com Hermione.
- S/n, temos que ir. - disse Harry, consultando o relógio.
Me levantei rapidamente do chão e despedindo de Hermione, eu e Harry corremos até o buraco do retrato. Chegando na sala do diretor, ele pediu que nos sentassemos
- Boa noite! - disse Dumbledore, ele parecia mais cansado que o normal - Antes de começarmos... conseguiram a memória?
Fui pega de surpresa, com tudo o que aconteceu acabei me esquecendo completamente da tarefa.
- Ah... - começou Harry, muxoxo - Bem, falei com o professor Slughorn sobre a lembrança, no final da aula de Poções, senhor, mas, ãh, ele não quis me dar.
- Entendo... - e então se virou para mim, esperando uma resposta.
- Err... não professor, não consegui também. - falei, olhando para meu próprio colo enquanto mechia na manga da blusa, envergonha.
- E vocês acham que investiram todos os seus esforços na tarefa que pedi?
- Professor - digo, meio desconcertada -, não é que não tenhamos nos importado nem nada, é só que tivemos outras... outras coisas...
- Outras coisas na cabeça. - Dumbledore concluiu a frase - Entendo.
Um silêncio preencheu o ambiente, o mais constrangedor da minha vida. Senti minhas bochechas queimarem de vergonha, comecei me policiar mentalmente: "Sua burrote, você deveria ter se dedicado mais" "Você so tinha uma tarefa"; desejei que aparecesse um buraco naquela sala para eu me enfiar dentro.
- Professor Dumbledore, lamento sinceramente. Eu devia ter me esforçado mais... - falei.
- ... deviamos ter compreendido que o senhor não nos pediria isso se não fosse realmente importante. - completou Harry.
- Obrigado por dizerem isso. Creio que de agora em diante vocês irão se empenhar mais, certo?
- Sim, claro. - conformei fervorosamente.
- Obteremos a lembrança.
- Ótimo. - disse Dumbledore, mais animado. - Hoje vou-lhes mostrar duas memórias e depois, gostaria muito de saber se vocês acham prováveis as conclusões que extraí dessas lembranças.
Antes, porém, o diretor nos explicou que Tom Riddle, após sair da escola pediu a vaga como professor de DCAT, e, não conseguindo o cargo acabou indo trabalhar na na Borgin & Burkes, para desapontamento de muitos professores, afinal o menino era uma aluno brilhante.
- E agora chegou a hora de ouvir o que diz Hóquei, a elfa doméstica que trabalhou para uma bruxa muito velha e riquíssima chamada Hepzibá Smith.
O diretor despejou o conteudo do primeiro frasco na Penseira.
- Primeiro vocês.
Nos levantamos e mergulhamos na memória, indo parar em uma sala diante de uma bruxa bem gorda, com uma piruca ruiva e roupas em um tom de rosa choque, que lhe davam a aparência de um bolo. Ela mirava seu próprio reflexo em um espelhinho enquanto a elfa lustrava suas pantufas rosas. Uma campainha tilintou, e a as duas se sobressaltaram.
- Depressinha, Hóquei, ele chegou! - exclamou Hepzibá e a elfa saiu com dificuldade da sala exageradamente mobiliada.
A elfa doméstica voltou minutos depois, seguida por Voldemort, mais novo, bonito e claro, com um nariz. O menino cumprimentou a mulher com um beijinho em sua mão.
- O que te trás aqui, rapaz? - Hepzibá perguntou, sorrindente enquanto guiava o menino para se sentarem no sofá.
- O sr. Burke gostaria de fazer uma oferta melhor pela armadura fabricada pelos duendes. Quinhentos galeões, ele acha mais do que justo...
- Ah, fiau para o sr. Burke! - a bruxa respondeu, fazendo um gesto de descaso com a mão. - Quero lhe mostrar algo... HÓQUEI!
A elfa entrou imediatamente na sala, segurando dois estojos de couro. Hepzibá disse que eram coisas valiosas e perguntou se poderia confiar em Tom para não contar ao Sr.Burke; o mesmo concordou imediatamente e então a bruxa lhe mostrou uma tacinha de ouro com duas asas lavradas, dizendo que a mesma era descentende de Helga Hufflepuff. No outro estojo havia o medalhão de Slytherin, o qual chamou muita atenção de Voldemort.
- Hora de partir. - disse Dumbledore calmamente e segurando nossos braços, retornamos a sua sala. - Hepzibá Smith morreu dois dias depois dessa breve cena. Hóquei foi condenada pelo Ministério por ter envenenado a sua senhora, por engano.
- Nem pensar! - exclamou Harry enraivecido.
- Meu Merlin! - falei quase ao mesmo tempo. - O que esse povo tem contra elfos domésticos?!
- O ser humano muitas vezes não se empatiza pelo diferente, S/n. O acha estranho apenas pelo fato de não ser como gostariam.
Dumbledore disse que provavelmente Voldemort alterou a memória da elfa, assim como fez com Morfino. Dessa vez, suspeitaram de Hóquei de cara apenas por ela ser uma elfa. Nunca me senti tão agradecida por Hermione ter criado o F.A.L.E. O diretor também destacou que Voldemort matou dessa vez para lucrar, e não por vingança, como tinha feito com a família. Ele pediu demissão da Borgin & Burkes e esta fora a última vez que se ouvira falar de Tom Riddle.
- E agora vamos à última lembrança que tenho para mostrar - disse Dumbledore, se levantando e despejando o conteúdo na Penseira - Desta vez, a mesma é minha, dez anos depois da que acabamos de ver.
Mergulhamos outra vez na instável massa prateada, aterrissando exatamente no mesmo escritório, com a única diferença que agora nevava. Um Dumbledore mais novo estava sentado em sua mesa. Voldemort entrou, dessa vez, não tão jovem como haviamos visto minutos atrás; ele pediu novamente a vaga de professor de DCADT mas acabou levando um não, claro o suficiente para que saísse do lugar bufando. Voltamos a atual sala de Dumbledore.
- Por quê? - perguntei encarando Dumbledore.
- Por quê ele voltou? O senhor sabe? - completou Harry.
- Tenho algumas ideias, mas irei contá-las apenas quando tiverem a memória. Agora creio que estejam querendo dormir, boa noite.
- Boa noite. - falamos em uníssono e saímos.
...
Já era tarde quando acordei, suada e ofegante. Havia tendo o mesmo sonho há dias: o enorme lago, cercado por árvores e uma plataforma circular no meio, onde havia uma cabana. Sempre acordava quando via uma velhinha vindo em minha direção, voando sobre o ar de forma veloz. Aquilo tudo era tão estranho, mas ao mesmo tempo sentia algo me chamando e me pedindo para ficar ali, me pedindo para não recuar ao ver a sombra da senhora...
Sei que já passava das duas horas da manhã, mas estava muito assustada, meu coração batia mais forte que jamais batera e minha barriga pareceu ter parado de receber sangue. Fui até o dormitório de Harry que para meu alívio estava acordado, ele mirava o céu do dossel quando abri a porta de fininho para não acordar ninguém.
- S/n? O que aconteceu, está tudo bem? - ele perguntou, preocupado enquanto se sentava.
- Posso dormir com você?
- Não precisa nem perguntar - ele falou e nos deitamos. Harry me encobriu e eu abracei seu corpo me aninhando à ele - Está tudo bem?
- Aham. Só tive um... um pesadelo.
Ele agora acariciava meus cabelos, estava tão quentinho ali que me senti mais calma imeditamente.
- O que quer que tenha sido... foi só um sonho - ele sussurou carinhosamente - Já passou, eu estou aqui.
Me ergui para dar um selinho no menino.
- Te amo, viu? Obrigada por tudo.
- Também te amo.
Acabei adormecendo com os cafunés de Harry.
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queria falar aqui q a parte das piadas com a Lilá me lembrou a declaração do harry lá no comecinho "[...] amo o jeito como você é péssima em contar piadas" 🤧🤧🤧
fiquem bem <3