𝗔𝗩𝗘𝗥𝗬.
Acho que nunca andei num carro tão cheio na vida.
Dentro do SUV preto do irmão de Sarah, absolutamente todos nós estávamos socados ali dentro. Eu não estou falando da boca pra fora. Enquanto Rafe dirige, Kiara está no colo de Sarah no banco da frente. Atrás, Pope está sentado na ponta esquerda e John B. sentou no meu colo, que estou encostada na porta da ponta direita. E, espremido no meio de nós e basicamente colado em mim, JJ tem dois engradados de cerveja no colo. Eu repensei inúmeras vezes durante todo o trajeto em como seria passar a vida na cadeia após quebrar todas aquelas garrafas em sua cabeça por ele literalmente não calar a boca. Aparentava estar animado pra festa, pois pelo que eu ouvi da boca de John B., Alisha tinha espalhado para as suas amigas – consequentemente, pra faculdade inteira – que queria terminar a noite na cama do meu ex.
Não é como se eu tivesse ciúme ou borbulhasse de raiva por isso, mas sim pelo fato de ele estar se vangloriando por uma menina ser tão ingênua em querer sentar no seu pau pela primeira vez. Tenho receio de me envolver com homens justamente por isso; os comentários futuros que meu nome pode estar envolvido. Não tenho sangue de barata, mas também, não poderia simplesmente acabar com a noite por jogar JJ pra fora de um carro que nem era meu.
Em compensação, Sarah e Kiara intercalavam em escolher as músicas que estavam conectadas pelo Bluetooth do celular de Kiara. As batidas me animavam um pouco. Precisava mesmo ter uma pequena dose de esquecimento que a porra do meu ex estava sentado do meu lado, batendo no peito em como comer calouras era divertido. Puta merda, como um dia eu pude endeusar a imagem desse cara na minha cabeça? Pensar que eu apresentei o imbecil pros meus pais era nojento. Bom, o que meu pai sempre disse é que tudo serve de lição. Aprendi que não posso levar qualquer idiota que me faça gozar pra jantar na minha casa e conversar sobre hóquei com meu velho.
Além disso, os olhares que Pope me lançava vez ou outra amenizavam a minha raiva, dando lugar ao tesão. Cara, o perfume dele empesteou em todo o carro. A corrente prata que está pendurada em seu pescoço e cai sobre a camiseta preta que marca bem seu corpo forte de jogador. O brinco brilhante em uma das orelhas, o cabelo exageradamente arrumado e a tensão sexual que emana só de lançar sorrisinhos pra mim me faz querer morrer. Eu não podia acreditar que um homem como ele estava afim de mim.
Rafe estaciona o carro em frente à grande casa de Alisha. Cacete, por que todas as pessoas que estão naquela universidade sem bolsa como eu esbanjam tanto luxo? Porra, a casa de Alisha era completamente feita de vidro. De fora, pudemos ver a festa acontecendo lá dentro, até mesmo algumas pessoas encostadas no vidro se beijando ou bolando um baseado. Faço uma careta. Não quero nem imaginar como o odor lá dentro está.
⏤ Cara, hoje eu só saio da cama de Alisha Elliot carregado. ⏤ JJ agarrou os ombros de John B, que deu uma risada fraca.
⏤ Não tá se garantindo demais antes da hora? ⏤ O amigo de JJ lhe diz.
⏤ Você me conhece ⏤ Maybank lhe deu um beijo no rosto. ⏤ eu me garanto.
Com isso, ele deu uma última olhada em minha direção com um sorrisinho quase que simpático. Não posso evitar erguer meu dedo médio pra ele, que ri e se desloca pra festa antes de todo mundo.
⏤ Guarda. ⏤ Rafe diz, jogando suas chaves pra sua irmã, que franze o cenho.
⏤ Mas por que?
⏤ Você vai voltar dirigindo. Vou chapar. ⏤ passou os dedos nos cabelos.
⏤ Isso não te prejudica no time? ⏤ Sarah perguntou preocupada. Consigo ver Rafe sorrindo de maneira vitoriosa.
⏤ Sou o capitão. Nada acontece comigo.
Com essa frase, assim como JJ, Rafe acaba me dando uma olhada que dura segundos, mas pra mim, ocorre quase que em câmera lenta. Os olhos azuis encaram os meus com firmeza antes de caminhar pra dentro da casa de vidro. Eu respiro fundo. Honestamente, os amigos de JJ realmente facilitavam meu trabalho. Homens são tão burros. É fácil demais jogar algumas palavras e acabar na cama deles no fim da noite. Eles sempre voltam pedindo por mais. O truque certo é esse; deixe-os obcecados por você, não o contrário. Eles precisam ser seu troféu.
Eu chamo isso de reparação histórica.
Minhas amigas me dão as mãos e, acidentalmente, olho pra trás. A piscadela que Pope me lança literalmente me desmancha por inteiro. É. Eles realmente facilitam.
☼
A festa acontecia no terraço. É até esquisito como todas as pessoas seguiram as devidas regras de vestimenta, que era todos irem de branco, incluindo sapatos. Me arrependi de sair com salto no segundo que pisei pra fora de casa. Sempre doem demais meus pés e chega uma hora da madrugada que não consigo mais me manter de pé. Mas, de forma alguma, eu perderia minha pose. Sinto que estar em cima de tamancos tão altos me deixava nas alturas. Sim, estou dizendo que me considero acima de qualquer mulher que está aqui, com a exceção de minhas amigas, que andam no mesmo nível. Egocentrismo não é um defeito, é luxo.
⏤ Você precisa experimentar isso aqui ⏤ Sarah estendeu o pequeno copinho com um líquido exageradamente rosa dentro. ⏤ tem gosto de rosa.
⏤ Você precisa parar de ver filmes adolescentes da Netflix. ⏤ rio, pegando o copo de sua mão.
⏤ Será que hoje você acha seu Noah Flynn? ⏤ A loira me lança um olhar malicioso. Não consigo responder, pois Kiara faz um som de repúdio.
⏤ Porra, que nojo. Aquele cara parece um dedo. ⏤ A cacheada revira os olhos.
⏤ Ele nem é tão feio assim, vai. ⏤ faço beicinho. — se ele tivesse num quarto e te chamasse sem camisa, você não ia?
⏤ Nem de homem eu gosto, sua filha da puta. ⏤ gargalho alto. ⏤ bebe logo isso, pelo amor de Deus.
Obedeço Kiara e deixo o líquido rosa ardente descer garganta à baixo. Realmente, tinha gosto de rosa. Mas provavelmente de um alvejante rosa, detergente rosa, qualquer produto de limpeza rosa. Provavelmente era vodca pura com corante rosa.
Eu só sei que, depois de eu fazer caretas e reclamar como aquilo tinha gosto de produto de limpar chão, os meus ouvidos foram abençoados com Wild Thoughts da Rihanna. Eu e minhas amigas soltamos gritos animados em harmonia e tomo a iniciativa de puxa-las pra pista de dança. Deixo que a voz escultural de Rihanna invada meu corpo e faça o mesmo se mexer sozinho. Jogo meus cabelos pro lado, rebolo os quadris no ritmo da música. Minhas amigas fazem o mesmo. Não faço ideia de como me equilibro em cima desse salto para dançar de forma tão livre, só sei que em alguns minutos, dois caras estão colados em mim e em Sarah e Kiara some pra pegar mais bebida.
As mãos que eu já conhecia pelos anéis prateados percorrem meu corpo como se o mesmo fosse de veludo. A respiração pesada batendo em minha nuca e o físico forte arrastando em minhas costas através da camiseta preta. Eu sentia até mesmo o gélido cordão de Pope encostando em minha nuca, o que me fez arrepiar um pouco ao mesclar com seu toque. Me arrisquei à olhar pro lado e acabei sorrindo quando vejo Sarah e John B. aos beijos de forma bastante intensa. Sorte a dela. Ele era mesmo atencioso e fodia bem demais.
Eu não quis esperar demais naquela pista. Quando as últimas notas de Wild Thoughts tocam, me viro pra Pope e seguro seu pescoço, aproximando minha boca do seu ouvido com um sorriso estampado na cara.
⏤ Vai esperar muito pra me levar pro quarto e me comer ou prefere fazer na pista?
Escuto a risada fraca de Pope. Só então que aproximo meu rosto perigosamente do seu que ele me puxa pela cintura e cola nossas bocas. O beijo com vontade, deslizando minhas unhas pelo seu pescoço enquanto ele finca seus dedos nos meus glúteos por cima do vestido branco. Nosso beijo não dura tanto. Ele queria isso tanto quanto eu, por isso sorrio de maneira vitoriosa quando ele entrelaça a mão na minha e me puxa pelo meio da multidão, na direção das escadas que davam pro segundo andar, onde provavelmente os quartos ficavam.
Atravessando aquele mar de pessoas, balanço minha cabeça de um lado pro outro pra tentar procurar Kiara. Tentativa falha. Ela provavelmente foi encher a cara com os meninos ou simplesmente estava sentada do lado de fora fumando maconha. Não encontro os olhos castanhos da minha amiga, mas como eu estava quase me acostumando, minhas íris se colidem novamente com aqueles olhos azuis. Cara, eu queria entender como eu conseguia enxergar os seus olhos no meio da multidão e com aquela escuridão que só era amenizada pelas luzes de neon piscando.
Rafe estava encostado na parede. Uma garota baixa e de cabelos pretos beijava seu pescoço. Enquanto isso, sua boca está entreaberta e seus olhos literalmente vidrados em mim. Ele não deveria se concentrar em ficar de pau duro? Tinha literalmente uma garota enfiando a mão pra dentro de sua calça. Acabo mordendo o lábio inferior, tão concentrada naquele momento rápido e confuso que só noto o que está prestes à acontecer quando subo as escadas ainda de mãos dadas com Pope.
Não vemos nenhuma pessoa no corredor. Provavelmente todo mundo tinha mesmo aproveitado a chance de usar o quarto da casa dos outros. Não julgo, afinal, eu estava indo fazer isso agora.
Solto a mão de Pope para abrir a porta no fim do corredor. Seus olhos me encaram, eu o puxo pra dentro do cômodo e tranço a maçaneta atrás de mim. É questão de segundos quando empurro o jogador de hóquei, que cai sentado na cama, me olhando como se eu fosse alguma divindade suprema. Primeiramente, mexo nos cabelos e os tiro da frente dos meus ombros. Então, levo minhas mãos até minhas costas, abrindo o zíper com cuidado e deixando que meu vestido simplesmente deslize pelo meu corpo até parar nos pés. Sinto vontade de rir pelo fato de Pope nem piscar. Vendo que ele não iria se mexer – estava hipnotizado demais pra isso – eu me encaixo com as pernas abertas em seu colo e seguro sua nuca, voltando à beijar sua boca carnuda com desejo.
Pope rapidamente retira sua blusa, me beijando de forma rápida como se estivesse desesperado para me sentir logo. Eu rebolo em suas mãos quando seu toque me aperta com força. Tombo a cabeça pra trás, dando liberdade pra que ele lambesse meu pescoço e deixasse algumas mordidas que não deixariam marcas exageradas. Logo, sua língua estava nos meus seios e sua boca brincava com os piercings dos meus mamilos. Mordo os lábios em meio à um sorriso, notando como ele se divertia ao chupar meus peitos. Enquanto isso, uma palma apertava minha bunda e seus dedos da mão livre se direcionavam até minha intimidade, onde ele massageava meu clitóris pra me arrancar gemidos baixos. Ele intercalava sua boca entre beijar meus lábios e voltar a chupar meus seios, o que honestamente, estava me dando muito prazer.
⏤ Molhada pra cacete. ⏤ ele segurou de forma leve em meu pescoço, deixando um beijo em meu queixo.
Acabo sorrindo, mas minha expressão divertida não dura muito, pois ele penetra um dedo em mim. Deixo um gemido alto escapar e logo Pope está movimentando seu dedo dentro de mim. Me seguro em seus ombros, rebolando levemente contra sua mão e deixando que ele me explorasse o quanto quisesse.
Me fodendo com seu dedo, Pope beija meu pescoço com vontade e sussurra em meu ouvido para eu gozar pra ele. Nego com a cabeça e não o deixo continuar fazendo seu trabalho. Empurro seu corpo na cama e me encaixo em cima dele, o ajudando a tirar sua calça e sorrio ao vê-lo tirando o pequeno pacote de camisinha do bolso. Ajudo-o à encaixar em seu pau e sem avisar, me sento por cima dele. Escuto o gemido rouco de Pope e sorrio, espalmando minhas mãos sobre seu peito e não espero pra começar a cavalgar em cima dele. Mexo meus quadris lentamente pra frente e pra trás, não conseguindo segurar minha satisfação ao ver seu pleno semblante de prazer. Eu o estava deixando louco.
Eu tinha prazer demais queimando meu corpo. Meu suor descia pelas minhas costas e eu gemia enquanto quicava em cima dele. Na real, apenas isso pareceu ser o suficiente pra ele, porque em questão de minutos, Pope me apertou com seus dedos fortemente e gemeu tão alto que eu tinha certeza que havia abafado a foda dos casais dos quartos vizinhos.
Ele respira de forma ofegante e no final, dá um sorrisinho satisfeito. Eu não consigo disfarçar minha decepção. Franzo o cenho de maneira nada satisfeita. Porra, durou menos de quinze minutos. Nosso sexo durou menos de quinze minutos, alguém que tinha uma fama tão boa de transar com todo mundo e fazer isso muito bem.
⏤ Gostosa demais, gata.
Me pareceu mais um pedido de desculpas.
Forço um sorriso sem mostrar os dentes e saio de cima dele, andando pro banheiro que havia dentro do quarto. Irritada, faço minhas higienes rápido e coloco minha roupa, me apressando em subir em cima dos meus saltos pra correr daquele quarto. Céus, eu só queria transar até amanhecer. Era mesmo pedir muito?
⏤ Ei ⏤ ele agarrou meu pulso. ⏤ não vai me esperar?
⏤ Kiara tá me mandando mensagem ⏤ minto. ⏤ preciso ir.
⏤ Então, a gente se vê de novo? ⏤ me puxou pra ele.
Sinto vontade de bater com meu salto em sua cabeça, mas não o faço.
⏤ Claro. ⏤ minto mais uma vez.
Deixo ele selar meus lábios de forma rápida e me apresso em sair do quarto. Desço as escadas, procuro minhas amigas com os olhos e bufo de frustração por não encontra-las. Sarah provavelmente estava se divertindo mais que eu e Kiara devia estar chapada demais pra lembrar que havia vindo pra uma festa acompanhada. Precisava achar as minhas amigas.
O problema era: eu estava com tesão demais pra isso.
Foi muito rápido e eu não posso simplesmente entrar no banheiro sujo e usado de uma festa lotada pra me masturbar. Eu precisava achar outra pessoa pra saciar minha vontade e foda-se. Nem que eu tenha que rebaixar meu nível e ir atrás do meu ex de novo.
Eu respiro fundo e olho para os lados. A cena se repete mais uma vez. Os olhos azuis me encarando, mas dessa vez, sem nenhuma garota pendurada em seu pescoço. A mão segurando o copo de uísque e os braços com veias marcadas encostados na parede. O pescoço largo e forte levemente tombado pro lado, a cabeça concentrada em focar na minha direção.
Foda-se. O capitão do time de hóquei mais falado da minha faculdade e irmão da minha melhor amiga seria a minha válvula de escape hoje.
E espero que ele me coma direito.