Assim que chego nos vestiários pego minha vassoura e me sento em um dos bancos de costas para a porta esperando por Harry.
- BUH! - sinto um leve empurrão e solto um grito aterrorizado.
- Harry - digo me levantando - Que merda!
- Aqui - disse ele, gargalhando enquanto me estende a capa.
- Ótimo - apanhei a mesma, indo para fora - Sobe.
- Quê?
- Sobe na vassoura.
- S/n, eu estou proibido de voar, lembra?
- Está proibido de voar sob a visão de Umbridge, ela não pode te punir por algo que não viu, certo?
Ele sorri e sobe atrás de mim. Nos cubro com a capa da invisibilidade e aponto o cabo da vassoura para cima, ganhando altura o suficiente para ficar à uns bons seis metros do chão.
- M-meu amor...eu sei que você sabe voar...mas por favor cuidado - ele falou, aterrorizado quando passo voando pelos terrenos de Hogwarts.
Eu sorrio.
- Harry, não confia em mim?
- Vou responder quando estivermos no chão.
Fungo, indignada e acelero só para fazer graça, Harry aperta mais minha cintura.
- Salgueiro Lutador? - ele pergunta olhando para baixo. - Você quer ir para a Casa dos Gritos?
- Harry, segura essa capa direito - grunhi ao perceber que minha cabeça estava descoberta.
O menino rapidamente arruma a capa e murmura "Se você quiser gritar não precisamos ir tão longe, Hogwarts tem lugares o suficiente para isso"
Arregalo os olhos, acho que ele não falou diretamente para mim então apenas finjo que não ouvi.
Ao ver que cheguei no local que queria começo a inclinar a vassoura para baixo.
- Aonde vamos? - ele pergunta animado ao ver que estávamos no chão.
O olho descrente.
- Harry você não é assim, porque todo esse medo?
- Acredite ou não depois que comecei a namorar com você eu criei mais amor pela minha vida... - ele diz envergonhado enquanto esfrega a nuca.
Sorrio e me aproximo do menino, segurando seu queixo para que ele olhasse para mim, deposito um beijo em sua bochecha que agora estava corada e puxo Harry pela mão até uma parede.
Estávamos nos terrenos traseiros de Hogwarts, ficava próximo ao salgueiro lutador. Passo a mão pela parede procurando uma fenda.
- Alohomora! - falei e com um aceno de varinha a parede é arrastada para o lado, nos dando uma visão de uma sala.
Harry solta um expressivo xingamento ao passarmos pela passagem.
A sala era encantada para parecer uma floresta, era quase igual a de Firenze(nosso novo professor de Adivinhação) mas posso dizer com convicção que essa era mais real.
A parede volta ao lugar.
- Meus tios disseram uma vez que costumavam vir aqui... eles falam que é o melhor lugar de Hogwarts...
- S/n...
- "Depois da cozinha", minha tia dizia - ri com a lembrança. - eu nunca mostrei para ninguém sabe, me sinto meio culpada em não ter compartilhado com a AD quando precisávamos ...
- Amor...
- Não sei, senti ciúmes de compartilha-lá com todo mundo, mas ai fui parar para pensar, e não seria nada discreto um monte de alunos voando para fora dos castelos a noite-
Harry me interrompe com um beijo.
- Você fala muito, em? - ele diz, sarcástico - Fico muito feliz em saber que eu sou a primeira pessoa que você mostrou esse lugar... eu sou, não sou?
Sopro uma risada: - Sim, você é.
- Descer! - murmurei apontando a varinha para o teto, que solta quase que imediatamente uma escada de corda.
- Venha.
- Caramba!
Estávamos no telhado, a vista desse ponto era incrível; o lago contrastando com o enorme castelo onde passei pelos momentos mais felizes da minha vida, onde ganhei uma nova família, onde conheci o amor; o céu azul marinho encontrava-se totalmente imerso nas milhares de estrelas que o enfeitavam, como se as mesmas tivessem sido pintadas por uma mão magicamente talentosa, como se esse ser soubesse exatamente como hipnotizar alguém apenas pela vista de um céu infinito.
Me sento na beira do telhado e Harry faz o mesmo, ele passa o braço por meus ombros.
- Lembra que a gente brigou no terceiro ano? - pergunto sem olhar para ele. Vistas bonitas me faziam relembrar de memórias que à muito tempo foram esquecidas ou guardadas em uma gavetinha ao sul do meu cérebro, como eu gostava de pensar que era sua organização.
- Lembro.
- A gente ficou umas duas semanas sem se falar...
Ele não respondeu imediatamente.
- Eu vinha aqui todas as noites.... - falo, e por mais que tentasse esconder o tom triste, não conseguia. - quando eu era menor, alguém me disse que quando as pessoas morrem elas se tornam estrelas. Então eu vinha aqui para conversar com eles...
Um nó se fez em minha garganta.
- Aquelas semanas foram horríveis pra mim, parecia que tudo dava errado.
- Digo o mesmo, não gosto de ficar brigada com você.
- Eu odeio - ele diz olhando para baixo - Acho que prefiro passar um ano inteiro na casa dos meus tios sem sair do quê brigar com você.
Meus olhos estavam cheios de água, o porque eu não sei, mas abracei Harry muito, muito forte. Ele já passou por tanta coisa e mesmo assim continuava corajoso, eu conseguia ver que por dentro ele ainda era apenas um menino, um menino que daria tudo para ter uma vida normal, que daria tudo assim como eu, para ter os pais aqui.
Ficamos um longo tempo abraçados, sem falar nada, pois palavras não eram necessárias naquele momento. Quando nos afastamos Harry diz em tom quase inaudível, como se estivesse segurando para não chorar:
- Não tem um dia que eu não pense neles...
Encosto a cabeça no ombro dele e ficamos observando as estrelas... que na minha cabeça eram nossos pais.
- Eu também.
- Escuta, S/n - ele fala após alguns bons dois minutos em silêncio. - Eu sei que não é a mesma coisa mas eu estou aqui, tá? Estou aqui com você e para você, sempre.
Meus olhos se enchem novamente de água, sorrio fracamente enquanto estendo o mindinho para ele.
- Como uma família?
- Como uma família. - ele diz entrelaçando nossos dedos.
- Digo o mesmo, viu? Você pode contar comigo para tudo.
Ele sorri fracamente.
Ficamos mais um tempo conversando mas logo retornamos ao castelo. Na volta Harry dirigiu a vassoura para matar a saudade. Foi bem tranquilo, com a capa ninguém nos via...estava subindo para meu dormitório quando Harry agarra meu pulso delicadamente, me fazendo virar para ele novamente.
- Amo você.
- Também te amo.
Com um beijinho em minha testa nos despedimos, eu subo e vou para meu dormitório. As meninas, para minha surpresa, ainda estavam acordadas.
- Fofocando sem mim? - pergunto, fingidamente incrédula - achei que fôssemos amigas sabe...
- S/n! - Todas falam, animadas.
- Senta aqui, nós estamos jogando verdade ou desafio, mas sem regras... - diz Angelina.
Eu me espremo ao lado de Parvati.
- Sem regras?
- Na verdade isso está mais para um jogo de confissões - diz Hermione.
- Aaaahh sim.
- Tá... já que você chegou, vamos continuar com você!
Concordo com a cabeça.
- É verdade... - começa Parvati. - que Harry beija bem?
Jogo um olhar esquisito para a menina, juntando as sombrancelhas. Em meio a tantas perguntas ela estava interessada em algo assim?
- Que pergunta idiota, Parvati! - diz Patil que estava ao seu lado - S/n, com quem foi seu primeiro beijo?
Dou um sorriso de canto e olho para Hermione, a menina sorria olhando para baixo.
- Mione.
Todas levam a mão até a boca, surpresas.
- MENTIRA! - Lilá guincha.
- Uma fofoqueira morre após ouvir história contada pela metade, pode falar como foi Bennet. - diz Angelina.
- Bem... foi no quarto ano, nós meio que ficamos curiosas... e foi.
- E nem foi um beijo, beijo mesmo, foi mais um selinho - diz Hermione.
- Pra mim significou muito, sua desalmada! - digo levando a mão até o peito, fazendo as meninas rirem.
- Minha vez, Angelina você já ficou com Oliver? - pergunta Lilá.
- Não! - ela responde, imediatamente.
- Granger, você já ficou com Krum? - pergunta Angelina.
Ela hesita por alguns segundos.
- Lembrando que se ela não se sentir confortável em falar ela não precisa - falo em tom de alerta - não é, meninas?
- Nhe... - todas hesitaram.
- Já - diz Hermione, ansiosa.
Apenas concordamos, eu já sabia porque ela tinha me dito.
- S/n você e Harry já fizeram...? - pergunta, Angelina.
Me assusto com a pergunta repentina.
- Não - falo baixo e rápido.
- Bennet!
- O quê?
- Verdade ou CONSEQUÊNCIA.
- E eu respondi, não.
- Corta essa! - fala Patil
- Mas gente...
Todas ficamos em silêncio, Hermione me olhava intrigada.
- Foi bom pelo menos? - pergunta Lilá, de repente.
- Eu já lhe respondi, não aconteceu nada ainda.
Não me sentia muito a vontade em conversar sobre coisas tão íntimas com outras pessoas, mesmo que as mesmas fossem minhas amigas. Se Harry estivesse tendo essa conversa com os amigos dele, eu tenho certeza de que ele não falaria algo sem antes me perguntar, então também não o faria.
- Quem é o menino mais bonito de Hogwarts na sua opinião, Brown? - pergunta Hermione, rompendo com o silêncio que prevalecera.
A menina solta um risinho antes de responder:
- Ronald Weasley! Ele é tão lindo!
Uou...isso foi bem inesperado, fiquei sem reação mas as meninas pareciam animadas. Olho para Mione que ficou tão pasma quanto eu, ela vai para sua cama sem nada dizer.
- Hermione? - questiona Angelina.
- Estou com sono.
- Acho que deveríamos fazer o mesmo, vamos todo mundo para suas camas - falei batendo palminhas.
Me levanto e vou até a cama de Mione, fecho as cortinas murmurando um feitiço para abafar o som. Tomo a liberdade de me encobrir com sua coberta pois sei que ela não se importaria.
- Você está bem?
- Estou ótima, porque não estaria?
- Mione...
- S/n, estou bem! Não sei porquê tanta preocupação, se foi pelo que Lilá disse sobre Ron, não perca seu tempo atoa, não gosto dele.
‐ Não gosta? - questionei, pretensiosa.
- Não.
- Pois bem, então porque saiu do jogo?
- Estou realmente com sono - ela disse. - e agradeceria se me deixasse dormir.
- Tudo bem - concordo e jogo as pernas para fora da cama, saindo e indo para a minha logo em seguida. Assim que me deitei no colchão macio o sentimento de angústia preencheu meu interior novamente, meu pais fazem realmente muita falta...