Alguns dias se passaram. Ron tinha conseguido entrar para o time da Grifinória. Eu estava sentada à beira de uma árvore perto do lago pintando.
- Maninha - ouço duas vozes ao mesmo tempo.
Os ruivos se sentam ao meu lado.
- Uou - Fred diz observando a pintura.
- Mandou muito bem, S/n - George completa o irmão olhando admirado para a escultura que eu havia pintado.
- Obrigada!
Eu estava com um coque mal feito e toda suja de tinta, começo a me limpar com uma franela e recolher as coisas. Me abaixo para pegar as tintas e vejo um saquinho balançando a minha frente.
- Como? - falo, perplexa enquanto puxo o saquinho cheio de fios de cabelos negros dentro.
- Não nós faça...
- Não nós faça perguntas e não responderemos mentiras, sim eu já sei!
Pensando bem, eu não tenho certeza se quero mesmo saber como esses dois conseguiram tantos fios do cabelo de Snape.
- Quando fica pronta?
- Bem, as crisopas devem ser cozidas por vinte e um dias antes de fazer a poção...
- 21 DIAS ANTES? - Fred pergunta assstado.
- Calma ruivinho eu já colhi elas, está tudo certo. - digo sorrindo. - Mas somente a Descurainia colhida na lua cheia é aceitável...O processo total leva aproximadamente um mês para ser concluído.
- Hoje é dia de lua cheia, estamos com sorte.
- Sim... - respondo pensativa.
Isso significa que Moony iria se transformar hoje, precisava mandar uma carta para ele...
- Um mês então? - George pergunta por fim.
- Isso.
- Excelente! - os dois respondem em uníssono e saem.
Recolho minhas coisas e volto para o castelo onde sou recebida com uma notícia horrível.
- Umbridge... Alta Inquisidora?! - pergunto devolvendo o jornal para Mione.
Estávamos no grande salão.
- Então agora sabemos como foi que acabamos alunos da Umbridge! Fudge aprovou o "Decreto de Educação" e forçou a sua contratação! Agora lhe concedeu o poder de inspecionar os outros professores! - Hermione ofegava após ler a notícia. - Não consigo acreditar. É um absurdo.
- Sei que é - disse Harry, e provavelmente sem querer olhou para sua mão direita, agarrada ao tampo da mesa, e viu o leve contorno branco das palavras.
- Harry? O que é isso na sua mão.
O garoto rapidamente esconde a mão machucada em baixo da mesa e mostra a esquerda.
- Nada.
-Não essa, a outra. - Ron que estava ao seu lado a puxa erguendo para cima da mesa.
- Harry...isso é terrível. - a menina diz ofegante - Então é isso que vocês têm feito dentro daquela detenção? Escrever...eu devia ter desconfiado que essa mejera não daria um castigo tão leve para vocês. S/n...?
Eu apenas afirmo com a cabeça.
- Vocês precisam contar isso à Dumbledore. - diz Ron.
- Não Ron...já acabou e S/n meio que deu um jeito.
- Em todo caso, vocês precisam contar para ele...essa mulher é louca, velha, pervertida, ela não pode fazer isso.
- Mione por favor confie em mim, tenho a leve impressão (e conto com a sorte também) de que ela não irá fazer mais isso com os alunos.
───※ ·❆· ※───
Tivemos o primeiro tempo de História da Magia, e por sorte Umbridge não estava inspecionando o professor Binns. Tampouco estava nas masmorras quando fomos para a aula de Snape.
- Dei a vocês as notas que teriam recebido se tivessem apresentado esses trabalhos no seu N.O.M. - disse Snape com um sorriso afetado, ao passar pelos alunos devolvendo os deveres - Isto deverá lhes dar uma ideia realista do que esperar no exame.
- Parabéns Sra.Bennet - ele diz desdenhoso enquanto me entrega o exame.
Vibro quando vejo que havia recebido um "E". Harry vem em minha direção me abraçando.
- Parabéns.
- Obrigada - digo depositando um beijo em sua bochecha.
Snape foi até a frente da classe e se voltou para a turma.
- O nível geral dos deveres foi abissal. A maioria de vocês não teria passado se fosse um exame real. Espero observar um esforço bem maior no trabalho desta semana sobre as variedades de antídotos para venenos ou terei de começar a distribuir detenções para os tapados que receberem "D".
O professor riu com afetação quando Malfoy deu uma risadinha e disse num sussurro ressonante:
- Teve gente que recebeu um "D"? Ha!
Olhei de esgelha para Draco que estava sentado na mesa mais próxima de mim na tentativa de ver a nota que o garoto recebera; mas Malfoy escorregou o trabalho para dentro da mochila o mais depressa que pôde.
A próxima aula era adivinhação, e para minha tristeza Umbridge estava a um canto da sala com uma prancheta na mão, os olhos correndo atentamente para todos os alunos da sala. Hermione não nos acompanhava nessa aula então ao chegarmos Harry e Ron se sentam nos pufes.
- Não vai sentar com a gente? - Harry pergunta ao ver que eu passava do lugar que estavam.
- Desculpe, mas Neville sempre fica sozinho, vou me sentar com ele hoje.
Ele afirma positivamente e se volta para Ron.
- E aí Neville, tudo bem? - digo me sentando ao seu lado.
- T-tudo. O que está fazendo aqui, S/n?
- Não quer minha companhia? - pergunto sorrindo.
- N-não, claro que quero. Pode ficar.
A Profª Trelawney apertou os xales em volta do corpo, com as mãos ligeiramente trêmulas, e inspecionou a turma através das enormes lentes de aumento dos seus óculos.
- Hoje continuaremos o nosso estudo dos sonhos proféticos.... - ela não pode completar pois a porta se abriu descaradamente.
- Pr...professora - o menino diz ofegante se apoiando nos joelhos - D-desculpe tia...não irá se repetir.
- Louis querido, espero realmente que não. Agora sente-se e deixe nossa querida Trelawney continuar a aula - diz Umbridge forçando um sorriso.
Louis olha rapidamente ao redor da sala mas vendo que não tem lugar vazio anão ser ao meu lado e de Neville ele caminha ate nossa direção.
Sinto Harry acompanhá-lo com os olhos.
- Tia? Ela é sua tia? - sussuro quando o garoto se senta do meu lado.
- Sim...olha S/n eu quero me desculpar por tudo, eu quase te beijo e depois simplesmente sumo. Eu nem gosto de você. Não, não eu gosto, mas não desse jeito - ele diz rapidamente quando arqueio as sombrancelhas - Foi por impulso e depois simplesmente te ignorei, me desculpe.
- Preocupa não - digo enquanto olho para Trelawney que tremia mais que árvore no inverno.
- Então é verdade? Você e Potter...
Ainda sem olhar em seus olhos sorrio de forma discreta.
Ele ri também.
- Sabe, eu devia ter percebido que você gostava dele, como fui burro.
- E você? Ouvi dizer que está saindo com a Bevans.
- É. Ela é legal, muito legal. Está me ajudando com Herbologia.
Sinto Harry me observando, arqueio minhas sombrancelhas para ele em sinal de "o que foi?". Ele se vira para frente novamente cabisbaixo.
A aula se passa estranhamente calma, fora o fato de estar com uma leve impressão de que Umbridge agora estava de olho em Trelawney. Me despeço de Louis que tinha outra aula logo em seguida e saio.
- O que vocês colocaram na atividade dos sonhos? - pergunto alçancando Harry e Ron que já estavam no meio do corredor.
- Harry disse que sonhou com você.
- E sonhou?
- Não. - ele responde secamente.
- Oi! Como foi a aula? - pergunta Hermione se juntando a nós.
- Normal, acho que Umbridge está de marcação com Trewlaney.
- O quê?
- Longa história, ela...
- Como você sabe disso, S/n? - Harry me interrompe - Você passou a aula toda rindo com Louis.
- Cara... - Ron murmura.
- Você está com ciumes? - pergunto, incrédula.
- Não estou com ciumes.
- Você está. - Hermione e Ron dizem em uníssono.
- Sabe Harry, seria muito maduro e gentil da sua parte se tivesse um pouco mais de confiança em mim. E Louis não...
- Desculpe mas não posso confiar em um cara que tentou te beijar, sabe.
- Então confie em mim. Ou também não pode fazer isso?
O menino desvia o olhar para o outro lado e não responde. O miro com raiva e saio na frente. Quando chegamos na classe da Profª Umbridge ela já nos esperava, me sento ao lado de Hermione e Harry se senta com Ron.
- Guardem as varinhas - mandou ela com um sorriso, e aqueles que esperançosamente haviam apanhado as varinhas, com tristeza as repuseram nas mochilas - Como terminamos o capítulo um na aula passada, hoje eu gostaria que abrissem na página dezenove e começassem a ler o capítulo dois "Teorias de defesa comuns e suas derivações". Não haverá necessidade de conversar.
Sinto o olhar de Harry queimar sobre mim, mas o evito. Como ele pode ser tão idiota ao ponto de não confiar em mim. Eu estava brava, não havia motivos para isso, Louis não gosta de mim, ele mesmo afirmou, mas Harry nem me deu a chance de explicar.
Estava absorta em meus pensamentos quando percebo Hermione com o braço levantado.
- O que é Srta. Granger?
- Já li o capítulo dois.
- Então passe para o capítulo três.
- Já li também. Já li o livro todo.
A Profª Umbridge piscou os olhos, mas recuperou sua pose quase instantaneamente.
- Bem, então, você deverá poder me dizer o que Slinkhard escreveu sobre as contra-azarações no capítulo quinze.
- Ele escreveu que a denominação contra-azarações é imprópria - respondeu Hermione imediatamente - E que contra-azaração é apenas o nome que as pessoas dão às suas azarações quando querem fazê-las parecer mais aceitáveis.
A Profª Umbridge, ergueu as sobrancelhas, percebo que estava impressionada, ainda que a contragosto.
- Mas eu discordo.
As sobrancelhas da professora subiram um pouco mais, e seu olhar se tornou visivelmente frio.
- A senhorita discorda?
- É, discordo - confirmou Hermione, que, ao contrário de Umbridge, não murmurava, falava em uma voz alta e clara, que a essa altura já atraíra a atenção do resto da turma - O Sr. Slinkhard não gosta de azarações, não é? Mas acho que podem ser muito úteis quando são usadas defensivamente.
- Ah, então essa é a sua opinião? - disse a professora, se esquecendo de murmurar e endireitando o corpo - Bom, receio que seja a opinião do Sr. Slinkhard que conte nesta sala de aula, e não a sua, Srta. Granger.
- Mas...
- Agora basta - disse a professora - Srta. Granger, vou tirar cinco pontos da Grifinória.
Houve uma eclosão de murmúrios.
- Por quê? - perguntamos eu e Harry ao mesmo tempo, indignados. Olho para o menino mas rapidamente me volto para a Profª Umbridge.
- S/n não se meta! - Hermione cochichou para mim.
- Por perturbar minha aula com interrupções sem sentido - disse a Profª Umbridge suavemente - Estou aqui para lhes ensinar, usando um método aprovado pelo Ministério que não inclui convidar alunos a darem suas opiniões sobre assuntos de que pouco entendem. Os professores anteriores desta disciplina podem ter permitido aos senhores maior liberdade, mas como nenhum deles...com a possível exceção do Prof. Quirrell, que pelo menos parece ter se restringido a assuntos apropriados para sua idade... teria passado em uma inspeção do Ministério...
- É, Quirrell foi um grande professor - disse Harry em voz alta -, exceto pelo pequeno problema de ter Lorde Voldemort saindo pela nuca.
Eu abafo uma risada. Tentei abafar outra mas não consegui.
- Acha engraçado, Srta.Bennet? Talvez mais uma semana de detenção para você e o senhor Potter faria bem - disse Umbridge com voz sedosa.
Hesitei por longos segundos.
- Desculpe, professora - enunciei as palavras educadamente sentindo a repulsa pulsar em meu estômago. Sabia que professores gostavam de bajulação e educação, então o esforçou valeu de alguma coisa. - Desculpe... isso não irá se repetir.
- Execelente! - deu-se por satisfeita.
Harry me jogou um olhar confuso mas sabia que ele agradecia mentalmente.