boa leitura meus amores
A primeira coisa que fez ao bater a porta, além de trancar, foi se livrar do casaco, impregnado pelo odor de outras pessoas, algumas em que havia esbarrado durante o dia e outras sendo clientes e amigos – que adoravam cumprimentar com abraços duradouros e apertados. Em outros dias, não se importaria tanto, mas os diversos cheiros, quando combinados com a horrível dor de cabeça que sentia, deixavam-no enjoado, até tonto. O que fazia-o preferir se livrar daquilo o mais rápido possível, assim como de seus sapatos limitantes.
Sentindo-se mais leve, massageou a testa ao concordar com o que diziam do outro lado da ligação, não dando a atenção necessária enquanto seguia em direção à cozinha, abrindo um dos armários e procurando pela caixa de remédios, tirando um em específico e guardando-a novamente em seu lugar, indo em busca de um copo, enchendo-o antes de mexer na caixinha que tinha em mãos.
A cartela de remédios estava vazia, fazendo Louis praguejar em voz baixa, tomando a água que tinha no copo antes de levar uma das mãos à têmpora, massageando-a como uma forma de refrear a dor, sentindo a cabeça pulsar com a enxaqueca. Jogou o plástico inútil e a caixa no lixo, fazendo uma anotação mental de que precisaria comprar mais em algum momento, voltando o celular para a orelha, finalizando a discussão anterior com uma breve explicação da situação.
Bill, o beta do outro lado da ligação, prontamente concordou que seria melhor deixar a conversa para um momento posterior, desejando uma boa noite e melhoras para o Tomlinson, desligando em seguida, fazendo o alfa sentir-se mais tranquilo tendo uma preocupação a menos. Agora, com seu lobo menos incomodado pelo barulho e irritação que o diálogo trazia, suspirou aliviado – apesar de haver grandes parcelas de frustração no ato.
Levou o copo até a pia, deixando-o por lá e logo seguindo seu caminho até o quarto, fechando as cortinas e apagando as luzes no caminho, repetindo a ação ao chegar no cômodo, deixando uma pequena brecha aberta na cortina para iluminar um pouco o lugar. Recebendo o breu como um calmante, a dor parecendo instantaneamente aliviar um pouco, tirando uma pequena parte da sensação ruim, além do incômodo.
Exausto, tirou os jeans e camiseta, jogando em algum ponto aleatório do chão, vestindo-se com moletons confortáveis e meias quentinhas antes de deixar seu corpo cair na cama, colocando o celular sobre sua mesa de cabeceira, praticamente berrando de alívio ao se aconchegar nas cobertas espalhadas ali desde a manhã, seus ombros relaxando instantaneamente, assim como seu pescoço, que pesou sobre o travesseiro, afundando-o.
Tentando deixar as preocupações da rotina de lado, o alfa fechou os olhos, se cobrindo e virando na cama, buscando por uma posição confortável, soltando um som de satisfação ao encontrar uma pose boa o suficiente, apertando o cobertor entre os dedos, esfregando os pés sob o tecido, tentando aquecer-se. Longos segundos de paz e tranquilidade se seguiram, quase o suficiente para que caísse no sono, até que começaram, de novo, apesar de mais cedo dessa vez; os passos.
Os mesmos que não viriam a se repetir e que não haviam o feito por dois dias.
Apenas dois dias.
“Puta que pariu” resmungou, cobrindo a cabeça, ouvindo os barulhos aumentarem, transformando-se em pulos, o que fez com que se sentasse desleixadamente, jogando o cobertor um pouco longe e encarando o teto de forma mortal, como se aquilo fosse fazer a bagunça diminuir. Não rolou. “Mas que porra...?”
Tentando ignorar aquilo, deitou-se novamente, colocando o travesseiro sobre a cabeça e cobrindo-o, estando todo escondido sob o tecido. Os sons pareceram dar uma pequena trégua, o suficiente para que ele se deixasse respirar de forma mais profunda, mais uma vez próximo do desejado sono. Porém, ao que seu celular vibrou com uma nova mensagem na mesinha de cabeceira, perdeu o controle, abrindo os olhos bruscamente ao que o ruído se repetiu, sendo acompanhado por um salto particularmente alto.
Jogou o cobertor para longe de seu corpo imediatamente, determinado a acabar com aquilo, levantando-se irritado, o alfa rosnou ao buscar por suas pantufas, puto por seu vizinho − e o universo − parecer estar brincando com sua cara, encontrando o par de calçados no exato momento em que o som de algum programa infantil soou, extremamente alto, vindo do apartamento de cima.
Aquilo era um absurdo. Além de incômodo, era desrespeitoso, tirando-o do sério muito facilmente por seus nervos estarem a flor da pele, fazendo com que, assim que se considerasse decente, saísse porta afora apressadamente, nem sequer fazendo questão de trancá-la. Mais que tudo, querendo resolver a situação, sabendo que estaria de volta em pouco tempo – possivelmente com um dente a menos ou coisa parecida.
Subindo as escadas velozmente, prometeu a si mesmo que reclamaria pra caralho do novo morador assim que encontrasse com o síndico. Pensou que, talvez, um segundo puxão de orelha trouxesse a noção de volta ao moreno, que causara barulho demais em tempo de menos.
E que, por conta disso, fazia ele estar lá novamente, batendo na porta do Styles, em menos tempo do que gostaria e com uma dor infernal, mas infelizmente com urgência. E, tal como da última vez, o som parou imediatamente ao que suas batidas na porta começaram, fazendo-o rir incrédulo e morder o lábio inferior, revirando os olhos e passando a língua pelos dentes ao desviar o olhar, encontrando um rosto conhecido saindo de casa.
Katie, uma jovem que morava ali há alguns anos com o namorado ômega. Não conhecia o garoto muito bem, mas a beta era muito simpática, sempre agindo de forma amigável consigo e ajudando algumas vizinhas de idade com as compras. Soube que cuidava de crianças também, muitos moradores comentavam sobre como seus filhos pareciam amá-la e o quão adorável era. Mas bem, quem não era quando precisava de algum dinheiro extra pra pagar a faculdade?
De qualquer forma, ele acenou para a garota, pronunciando um “hey”, tendo um sorriso como resposta, assim como um aceno antes que ela sumisse pela escadaria. Logo em seguida, voltando sua atenção para a porta ainda fechada, batendo mais uma vez e com mais força. As luzes do prédio pareciam muito fortes aos seus olhos, incomodando-o e fazendo com que sua cabeça latejasse, apressando-o para voltar à sua cama. Ele só queria dormir.
O trinco fez barulho, a seguir, as chaves e só então a imagem de Harry apareceu, com desenhos em seu rosto e orelhas de coelho sobre a cabeça. E, mesmo inconscientemente, não pôde deixar de imaginar se algum dia deixaria de se surpreender com o visual do maior.
Um forte cheiro de bolo tomou conta de suas narinas, chamando sua atenção e fazendo sua boca salivar pelo delicioso aroma de chocolate, trazendo a forte tentação de apenas deixar aquilo passar mais uma vez e, quem sabe, fazer amizade pra conseguir um gordo pedaço da guloseima. Ou algo a mais, afinal, o bolo não era a única coisa que cheirava bem por ali. Se Harry tivesse um sabor tão gostoso quanto aparentava, talvez valesse a pena o sacrifício.
Balançou levemente a cabeça para deixar aqueles pensamentos de lado, focando apenas em sua raiva ao que seu cérebro pareceu ser atacado de novo. Ele estava ali para reclamar, não flertar ou comer sobremesa. Faria o que tinha ido fazer e voltaria para a escuridão de seu apartamento, onde deveria estar.
“Louis?” a voz do Styles pareceu hesitante, saindo em um tom inseguro de questionamento, como quem já esperava o que estava por vir. Bem, que bom então. Tomlinson não estava mesmo a fim de maneirar dessa vez.
“Qual é o seu problema?” vociferou, não perdendo a forma que os olhos verdes se arregalaram ou os ombros se encolheram um pouco, imediatamente lembrando das crianças e abaixando o tom de voz. “Dois dias, Harry. Fazem só dois dias que você disse que a bagunça ia parar.” lembrou-o de suas palavras, apontando um dos dedos para o outro e segurando um rosnado por ter sua mão afastada imediatamente com um tapa, tentando não se estressar mais para não arranjar confusão. A dor de cabeça já estava fazendo um trabalho bom o suficiente, não precisava de um olho roxo para acompanhar. “Se você queria um lugar pra ficar pulando o dia inteiro por quê escolheu viver em um prédio ao invés de comprar a porcaria de uma casa?” reclamou entredentes, refreando seu palavreado ao ter o vislumbre de pequenas mãos escondidas atrás de uma das paredes do apartamento, respirando fundo antes de prosseguir. “Eu não sei e não quero saber o que estão fazendo, ou como vai dar um jeito nisso, mas, por favor, parem. Ao menos por hoje.” pediu, apertando a ponta da língua contra os dentes, respirando fundo e soltando o ar pela boca, desviando os olhos para o chão antes de erguê-los novamente, focando no maior ao cruzar os braços.
Harry não se pronunciou por longos minutos, permancendo ali parado, encarando-o enquanto limpava o que parecia ser farinha de suas mãos, batendo-as no avental cor-de-rosa que só agora havia sido notado por Louis. Nele haviam pequenos coelhos, cenouras e patinhas desenhados, junto com alguns ovos de Páscoa coloridos, fazendo-o franzir o cenho, estranhamente admirado pela peça de roupa.
“Okay, sinto muito por todo o incômodo, Louis.” a voz do Styles tirou-o de seu transe, surpreendendo-o por estar tão pacífica, imediatamente fazendo com que seus olhos voltassem a se focar em seu rosto, deixando pra lá toda a análise que fazia − apesar de achar fofa a maneira com que ele esfregava os pés juntos, desta vez, cobertos por meias azuis com pequenas nuvens.
“Boa noite, Harry” se despediu, recebendo apenas um acenar de cabeça em troca, dando as costas antes que a porta se fechasse, descendo as escadas mais aliviado, sentindo que agora teria um pouco mais de silêncio para descansar, agradecendo por isso em nome de sua pobre cabeça, que já não aguentava mais tanta pressão.
Ao entrar novamente em casa, voltou a trancar-se dentro dela, indo em direção ao quarto e verificando sua caixa de mensagens, vendo que, além da situação anterior, mais alguém havia chamado por ele, chegando a ligar cinco vezes no tempo em que estivera fora. Focando no importante, abriu a mensagem que era de um dos funcionários, Colin, descobrindo ser uma boa notícia a respeito das tintas novas que haviam comprado, respondendo brevemente antes que o celular começasse a vibrar em suas mãos.
“O que foi, Zayn?” perguntou ao atender, a voz saindo cansada e frustrada, suspirando por saber que isso chamaria a atenção do amigo, que pediria explicações que ele não estava disposto a dar agora.
“Credo, que bicho te mordeu?” brincou ao responder, rindo e sussurrando alguma coisa com o namorado ao fundo, que cumprimentava Louis a distância, gritando, fazendo-o bufar, revirando os olhos e respirando fundo.
“É sério, Zee. Tô meio cansado hoje, então...” justificou, querendo ser o mais breve possível.
“Ah. Liam pensou que seria uma boa termos uma noite juntos hoje. Tomar alguma coisa, ir em algum lugar, sei lá. Liguei pra saber se você tava ocupado, mas vamos entender se não estiver disposto” deixou claro, a voz suave mesmo que estivesse falando sério, não querendo forçar o alfa a nada, sabendo que a classe do amigo não aceitava ordens muito bem. Além do próprio Louis não ser a pessoa mais amável do mundo quando estava cansado, levando as coisas a sério e sendo rabugento demais, até grosseiro algumas vezes.
“Foi mal, acho que dessa vez realmente não dá pra mim. Eu preciso deitar na cama e capotar antes que exploda, ou algo do tipo.” lamentou, não querendo negar o convite dos amigos mas estando indisposto demais para fingir que estava minimamente bem, escolhendo deixar o passeio para uma outra ocasião.
“Okay, então se cuida bro. Toma um banho beeem relaxante, come alguma coisa e vai deitar. Qualquer coisa, lembre que eu tenho o número da tia Jay se precisar te ameaçar, então não seja cabeça dura e faz o que eu mandei ao menos dessa vez.” riu um pouco, fazendo o Tomlinson sorrir ao concordar, ambos se despedindo rapidamente para que o alfa fosse tomar um banho, no qual demorou mais que o necessário, sentindo a água quente levar um pouco da dor embora.
Assim, depois de ter tomado um bom banho, enchido a barriga e relaxado, não pôde deixar de sorrir ao deitar em sua cama, mentalmente agradecendo pelo silêncio. Harry finalmente havia feito o que prometera e, enquanto o alfa caía no sono, esperava que as coisas continuassem assim; pacíficas.
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oioi meus super humanos, tudo bom?
louis putinho hmmm
porém não julgo, faria o msm numa situação dessas, vizinhos barulhentos eca
ent... as interações deles ainda não foram as mais românticas masss esperem pq não vai durar muuuito, uma hora ou outra eles acabam rendidos um pelo outro, relaxem
enfim, comentem, votem, divulguem... façam a autora ficar feliz, quem sabe isso não rende alguma coisa na próxima att?
falando nisso, fiquem ligados, segunda tamo aí dnv rs
lavem as mãos, tenham smp álcool em gel e usem as máscaras pessoal!!
até mais verrrr