Não tenha medo de ir devagar, tenha medo ficar parado!
- Provérbio chinês.
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5 𝑑𝑒 𝐴𝑏𝑟𝑖𝑙, 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑎 𝑓𝑒𝑖𝑟𝑎
🍀𝐻𝑎𝑛𝑛𝑎ℎ
Mais um dia se inicia. Tomo um rápido café e saio. Entro no meu carro e preparo-me para sair rumo ao trabalho. Mas algo estava errado!
Saio do automóvel e começo a verificar o carro. Droga, eu estava pedindo o Caleb há meses para que levasse o carro ao mecânico. Se bem, que com os novos inquéritos, quase não tivemos tempo.
Bateria ruim, esse é o problema. Reviro os olhos.
- Meu dia já começou ótimo!- digo, revirando os olhos.
Olho as horas em meu relógio de pulso e vejo que não tenho tempo de levá-lo ao mecânico. Suspiro e saio de casa.
Chamo um táxi e logo estou em frente à delegacia de polícia. Pago o táxi e entro. Vejo que está bem movimentado aqui.
Marjorie vem até mim.
"Ah não, está cada vez mais difícil aguenta-la!"
- O delegado pediu-me que quando chegasse fosse urgentemente à sua sala!
Saio sem dirigir palavra a ela. Bato na porta e ouço Caleb pedir para entrar.
- Pediu- me para viesse a sua sala?!
Ele está em frente ao computador. Seus cabelos desgrenhados e roupa amassada. Sua barba estava para fazer e olheiras profundas tomavam espaço em seu rosto. Palavras que eu usaria para descreve-lo seria exausto, cansado...
Nem de longe era o Caleb Miller que eu conhecia, ou pensava que conhecia...
- Sim, sente-se, por favor...- o cansaço era nítido em sua voz.
Sento- me em sua frente e ele massageia as têmporas.
- Não sei o que fazer, Hannah, o ministério público está a ponto de sugar os meus ossos apenas pelo caso do "justiceiro".- ele diz, sua voz rouca de preocupação.
- Sim, eu imagino, tanto tempo e não chegamos a nenhuma conclusão.- digo.
- Nesse mês, temos novos inquéritos e eles fizeram até ameaças.
- Ameaças?- pergunto.
Ele suspira e encosta em sua cadeira. Ele sorri, sem humor.
- Eles estão desacreditados em minha gestão, eu posso acabar sendo transferido.
Seus olhos encontram os meus, engulo em seco. Nesse momento, me sinto como se tivesse tanto a ser falado, porém não tenho coragem de abrir a minha boca. Temo por acabar falando alguma estupidez.
Ele abaixa o olhar após o meu grande silêncio.
- Nos deram um prazo.- diz.
- Quanto tempo?
- Três meses, no máximo.
Me ponho de pé e começo a andar em círculos. Penso nas promessas minhas dirigidas aos familiares desesperados pela justiça aos seus entes queridos, mortos. Penso em quantas outras pessoas ele pode matar e sair em pune. O emprego de Caleb que está em risco, mesmo com a nossa ligação estando abalada, eu sou incapaz de permitir que algo assim acontessesse.
Talvez eu fosse burra demais, ou talvez eu o amasse demais. Me viro para ele. Seus olhos me analisam, quase me desequilibro.
- Você terá o assassino, provas e tudo! Só precisará pedir o mandato.
- Hannah, não quero que fique sob pressão mais do que já está, eu...
- Eu vou fazer, Caleb, já decidi, eu vou escavar até o túnel onde esse canalha está se escondendo e vou arranca-lo de lá e jogá-lo atrás das grades.
Ele dá um meio sorriso.
- Já vi esse olhar outras vezes, você está determinada!
Assinto.
- Eu andei pensando...assim que concluirmos o caso, eu vou pedir demissão.
- O quê?- Caleb levanta bruscamente da cadeira, fazendo-a ser arrastada para trás.
- Sim.
- Hannah, se é pelo o que houve entre...
- Caleb, eu não vou voltar atrás com a decisão. Assim, que o nosso divórcio for consumado e o caso concluído, vou me demitir.
- Hannah...- ele sussurra.
Sua voz, que me trazia afago e consolo, agora, só me traz ressentimento e saudade.
- Aliás, na quarta feira iremos nos reunir para as devidas providências para que o divórcio possa ser conceituado.
- Não há nada que eu possa fazer para que mude de idéia?- ele pergunta.
Em seus olhos vejo medo e voz escuto a dor, e talvez o arrependimento.
- Infelizmente, não. Há ações que causam estragos irreversíveis.
Ele engole em seco e volta a sentar-se. Saio da sua sala e sigo para a minha. Segurando as lágrimas mais uma vez.
[...]
Estou há mais de duas horas analisando esses papéis e nada. Ando de um lado para o outro na sala.
- Desculpe, detetive, mas andar de um lado para o outro na sala não vai trazer nenhuma conclusão. - Louise Nogueira sorri.
Suspiro.
- E que eu não consigo pensar estando parada.
- Como a senhora disse, deve ter algo que ligue as vítimas, além das terríveis formas que foram assassinadas.
- Sim. Eu penso e penso e não consigo a chegar em nenhuma conclusão. Todas eram tão distintas uma das outras.
- E o carro?
- Andei pesquisando e não achei nada. Não há nenhum registro de Ford F-150. O que é estranho. Um carro como aquele não passa despercebido assim! Principalmente por se tratar de um carro que chama a atenção.
- Talvez o nosso assassino não seja um desconhecido e sim alguém bastante conhecido.
- Concordo! Eu estava pensando que o assassino pode até mesmo estar perto de nós, senão, como pode se camuflar assim e se esconder tão bem?
- Ou até mesmo ter um cúmplice.
Sorrio.
- Você está certa, penso semelhante a você.
Louise Nogueira sorri para mim.
[...]
Bato na porta mais uma vez. Ao meu lado, Nogueira e Ximenes, me acompanham. Após alguns segundos, um senhor atende a porta. Roberto Carl, pai da Sônia, nossa terceira vítima.
- Bom dia, Senhor Roberto!- digo.
- Bom dia, Senhora Lewis. Entre, por favor!
Ele dá espaço, eu e Nogueira entramos, enquanto Ximenes aguarda no lado de fora. O senhor Roberto se senta em sua poltrona, eu o acompanho, sentando-me no sofá a sua frente.
- Senhor Roberto, eu queria que o senhor me desse mais algumas informações sobre a Sônia.
Ele assente. Ele passa as suas mãos marcadas pela idade sobre a barba branca.
- a Sônia sempre foi uma boa menina! A sua mãe abandonou-a aos cincos ando de idade, desde então eu sempre me esforcei para criá-la. Mas digamos que um ajudante de pedreiro e um quebra-galho não ganhe tão bem assim...
Ele parece melancólico.
- Eu soube que o senhor passou mal, o que houve?
Ele suspira.
- Não foi nada demais, Investigadora, eu só acabei trocando os remédios sem querer, a Sônia sempre me ajudava com eles, minha visão já não está tão boa como antes e minha memória é um caos.
Assinto.
- Ela parecia amá-lo muito!- digo.
- Ah, a minha menina, minha doce menina!...quando a Sônia fez quinze anos, ela se levantou bem cedo e disse que eu não fosse trabalhar. Ela me disse que eu sempre cuidei dela e que agora ela era quem iria cuidar de mim.
Ele sorri, preso em seus devaneios.
- Eu até tentei impedi -la...
- O senhor sabia que a Sônia acabou...na...prostituição?- pergunto, receosa.
Ele não pareceu surpreso.
- A Sônia começou a trabalhar como empregada de casa de família, mas ela era uma menina bonita e não durou muito no trabalho, se a senhora me entende?!
Assinto.
- Eu não sei em que ponto de sua vida que ela viu a prostituição como sua única escolha, mas eu queria tê-la impedido.
- Quando o senhor começou a suspeitar?- pergunto.
- Talvez eu esteja enganado, mas acho que não há nenhum outro emprego que dure das dez horas da noite até a cinco da manhã.
Assinto.
- O senhor chegou a acompanhar algum envolvimento dela, ou para quem ela trabalhava?
Ele parece pensar.
- Sim, ela trabalhava para o León, ele é quem comanda o bordel. Eu vi ele agredindo a Sônia, então eu entrei no meio. Porém, de nada eu poderia fazer. Eu não podia fazer nada pela minha própria filha.
Me sinto triste pelo o senhor Roberto. Ele perdeu sua única família, imagino como deve ser difícil para ele.
- Fique tranquilo, Senhor Roberto, vamos pegar o assassino da sua filha.
Ele assente. Levanto-me e abre de sair pergunto:
- Ela tinha alguma amiga, ou costumava a ir em algum lugar sempre?- pergunto.
- Sônia não tinha amigas, mas aos seus dezoito anos, ela se tornou membro de um centro de caridade.
- Como se chama esse centro?
- Centro "Marilyn", é um centro de ajuda a mulheres que sofrem agressão e crianças e adolescentes abandonados.
Anoto o nome mentalmente e saio.
- Qual o próximo passo?- pergunta Nogueira.
- Vamos conversar com esse tal de León.
[...]