Especial de 40K - JK

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Meu avô é um homem muito… como diz o papai, atrasado demais para sua idade? As vezes ele é muito mais elétrico que eu! coisa que não é muito difícil, já que eu sou um menino reservado — Palavras de vovô.

E quando chegamos em Seul, eu senti vontade de voltar para Busan. A capital é muito barulhenta, músicas e sons altos para todos os lugares, e a noite a cidade brilha mais que as estrelas no céu,  e isso incomodava meus olhos.

Mas o que me deixou feliz, foi saber que morariamos em uma livraria. Uma livraria! É…É muito legal!

Sou apaixonado por livros, eles me ajudam melhorar ainda mais na minha fala, mesmo que não saia da minha cabeça. E também a sair um pouco da realidade que eu vivia, e me ajudava a ter mais inspi… Inspiração! Eles me ajudavam a ter mais inspiração para desenhar minhas fadinhas.

Pode parecer bobo, mas fadas são minhas criaturas favoritas! Ler sobre elas é maravilhoso! Eu sou muito… como se diz mesmo? Fas…fascinado por coisas pequenas e fofinhas.

— Jungkookie, você precisa ir ao hospital, meu amor. — Papai disse depois de um tempo que a gente tava na capital, eu estava deitado na minha cama enquanto desenhava um grande passarinho com asas amarelas.

Não gosto muito de amarelo, é uma cor muito brilhante _ e também traumatizante— mas aquele passarinho tinha cara de amarelo enquanto eu desenhava ele. Então pintei de amarelo.

— M-mas… — Eu tentei dizer, mas as palavras sumiam de minha boca sempre que eu tentava pronunciar elas muito rápido.

Esse era um problema um pouco assustador, eu sabia falar, na minha cabeça. Mas as palavras não saiam como eu pensava e isso me deixava triste, queria falar normalmente como todo mundo, mesmo que eu não fosse normal.

O quão incompetente eu era por nem conseguir falar direito? Minha mãe dizia que o básico do ser humano é falar, se não conseguir, não tem o porquê de estar vivo.

— Você mal está comendo, filho. Esta tão fraco e magrinho. — Ele se sentou em minha cama, tocando em minhas costas legal. — Eu sei que o sabor da minha comida não é igual o da sua mãe, mas você não pode deixar essas coisas te abalarem, meu bem… — Juntei as sobrancelhas confuso, me sentando. Papai acha que sua comida é ruim?

Eu gosto da comida dele, mas ultimamente eu não tenho sentido fome de nada, mamãe sempre falou que eu estava gordinho e precisava ser pelo menos um menino bonito e magro. Queria dar pelo menos esse orgulho a ela.

E confesso também que o sabor do tempero de mamãe é muito mais forte que o de papai.  O dele é suave e delicioso, o dela era forte e também delicioso, mas muito picante.

— Seu avô me contou que você mal toca na comida, não pode ficar sem se alimentar, filho.

Não pode. Mas às vezes eu não consigo obedecer essa sua ordem. A vontade de comer só some de mim, não desce mais nada.

Eu fui com ele ao hospital, e quando descobri que íamos ao nu… nutri… Quando descobri que íamos ao médico de alimentos, eu chorei.

Quando as emoções carregadas demais se formam aqui dentro de mim, eu começo a passar mal. É tudo tão dolorido. De repente tudo começa a doer, minha cabeça, meus ouvidos, meus olhos, meu corpo. Então eu sempre tento achar um jeitinho de parar a dor, mesmo que acabe me machucando sem perceber.

Naquele dia eu gritei com papai, mas não foi porque eu quis, sequer conseguia ouvir sua voz. A voz de outras pessoas se a juntando encima de mim me incomodava. Porque não podem ficar longe?

Mas, no fundo, eu ouvia a voz de mamãe me mandando calar a boca.

Às vezes eu não entendo do porque de ter nascido doente.

Entre Livros e Morangos • Pjm + JjkWhere stories live. Discover now