― O amor está enraizado firme em você e eu nunca o vi assim antes. Você mudou. Quer acreditar naqueles que querem matar a mim e a minha família. ― Ele negou com a cabeça. ― Tudo bem, não julgo você. Eu já amei assim, você não sabe de nada, você estava lá, assistiu de perto a minha perda, mas assim não sabe.

― O que eu não sei? Que ela morreu?

― Aurora era tão... Doce. Foi fácil demais, tudo nela parecia feito para mim, mesmo que ela fosse perfeita para mim, eu não precisava completar ela, ela já era inteira sozinha e isso foi o que mais me cativou. Ela não precisava de mim, até que ela engravidou. Por um instante ela precisou de mim.

Ettore deu um pequeno sorriso, era triste e fraco. Parecia perdido com as lembranças de Aurora, parecia um sonho bonito demais.

― Espera, ela estava grávida? Um filho seu?

― Filha. Era uma menina. ― Ettore prontamente o corrigiu. ― Meu pai a matou, matou Aurora bem na minha frente. Em um único tiro ele tirou duas coisas de mim, as que mais amei.

Fabrizio se levantou no mesmo instante, sua expressão estava perturbada, enquanto andava de um lado a outro olhando para as cicatrizes de suas mãos. Era a comparação que Ettore vivia fazendo, que seria mais fácil ter as mãos marcadas do que ver a vida escapar do corpo de seu primeiro amor.

Seu pai nem sempre foi um homem mau, as coisas nem sempre foram um verdadeiro caos. Houve um tempo bom, de sorriso, de paz e amor. Leonel era um pai bom e um marido amoroso. Ettore ainda lembrava-se de sua sua em alguns momentos, mas foi a sua morte que mudou tudo em seu pai.

Eram uma família feliz, a Giostra servia como ajuda, um segundo estado. Até que Leonel e Anna resolveram ter um outro bebê, a felicidade era tanto visível quanto contagiante quando o bebê se tornou realidade, mas bastou um ataque, um susto, que esse bebê se antecipou, uma bolsa estourada antes da hora que levou consigo duas vidas.

Ettore ainda lembrava do sorriso gentil de sua mãe, de orar todas as noites, do pedido de nunca se corromper. Andar sempre do lado correto. Certamente dona Anna não deve estar nada orgulhosa com o que o filho andava fazendo.

― Esse amor bondoso, que perdoa, que dá chances, levou minhas mulheres, Fabrizio. ― Bertinelli prosseguiu ao notar que Fabrizio não falaria mais nada. ― Não quero que me entenda, tampouco tenha pena. Te contei para que saiba que não vou parar, Helena vai ficar segura e protegida, assim como nossa menina. Enquanto estiver vida em meu corpo, eu não vou parar, não vou permitir que a história se repita.

― Eliza. ― Fabrizio disse o nome daquele que tinha lhe mostrado o amor. ― Não posso trazer ela para esse mundo.

― Você pode, mas isso requer coragem e força. ― Ettore sabia do que se tratava. ― Precisa saber que quando a arma estiver na direção dela vai fazer tudo aquilo que dizia que não, e precisa estar pronto para puxar o gatilho, precisa estar pronto para escolher Eliza acima do perdão aos inimigos... Ou vai perdê-la.

Perderia se optasse por outro, se confiasse demais. Ettore mesmo foi um a ameaçar aquele ponto fraco. Não foi nada honroso, mas quando se tratava de Helena Ettore se tornava implacável. Era a segurança de sua esposa acima de tudo.

― Não quero mudar a vida dela. Ela é tão inocente quanto Aurora era.

― Pense bem ― Ettore se calou no instante notou a presença feminina no canto da sala.

― Papai está te chamando, Fabrizio. ― Lucrécia resmungou de onde estava para o irmão.

― Licença. ― Fabrizio resmungou e foi a vez dele sair e então Lucrécia se aproximou.

― Eu posso? ― Lucrécia apontou para o sofá, o lado vago ao lado de Ettore. Ele olhou para o sofá e para a mulher, o que estava acontecendo ali?

― Prefiro que não. ― Ele foi meio grosso, mesmo a casa sendo dela, não estava gostando em nada daquele atrevimento toda vez que estavam sozinhos.

Ela ainda assim se sentou ao lado dele, não tinha mais aquela expressão inocente, os olhos brilhavam de forma diferente, assim como o vestido justo, levemente levantado, mostrando uma parte generosa de sua coxa.

― Pare. ― Ele ordenou, se levantando do sofá.

Lucrécia também se levantou, e não permitiu que Ettore saísse, puxando-o pelo braço, fazendo o homem voltar.

― Era para eu ser sua esposa. ― Ela reclamou. ― A mulher perfeita para o homem perfeito.

― O que espera ganhar se oferecendo como uma puta para mim?

Ser a tua puta. ― Ettore notou a aproximação de Lucrécia ainda mais e negou com a cabeça, primeiro sentiu a mão em sua nuca e o resto foi um piscar de olhos.

O Bertinelli virou o rosto de Lucrécia em um tapa firme e forte, ela se queixou da dor no mesmo segundo que levou a mão ao lugar que levou o tapa.

― Você nunca mais, nunca mais... ― Ettore colocou a mão no pescoço de Lucrécia, apertando a região, com o único intuito de machucar. ― ... Encoste a mão em mim novamente. Entendeu bem? Eu não dou segundas chances, Lucrécia. Cometa esse erro novamente e será a última vez que você vai fazer algo nessa vida.

Ele a empurrou, Lucrécia se desequilibrou em cima dos saltos e caiu no chão, foi quando Fabrizio voltou, amparando a sua irmã no chão, enquanto olhava dela para Ettore.

― Esse é o seu lugar, Lucrécia. No chão, aos meus pés e abaixo de Helena também. ― Bertinelli continuou, olhando para Fabrizio. ― Ensine bons modos a ela enquanto pôde, senão o máximo que fará será colocar flores em cima de um túmulo frio.

Ettore não continuou para esperar uma resposta, não sabia se Lucrécia apareceu para chamar Fabrizio com outras intenções por si só ou porque foi instituído que ela o fizesse esperando ganhar alguma coisa com toda aquela cena.

Quando estava no carro ele sentiu o telefone virar e atendeu um minuto depois.

Diga.

Preciso que venha para casa, senhor. Quem falava do outro lado da linha era Dante. - Tenho algumas coisas para você, venha preparado.

Por que Ettore nunca gostava de quando Dante vinha com aquelas de novidade? Nunca foi coisa boa, sempre um problema novo.

Só me responda uma coisa antes. ― Ele fez uma pausa breve. ― Helena está bem?

Sim, senhor. Ela e bolinha estão ótimas, Guillermo mandou mais umas fotos para o senhor.

Ettore respirou mais aliviado, mesmo odiando que Dante chamasse sua filha de bolinha. A princesa de seu império deveria ser respeitada, mesmo sem nome e tão miúda quanto a palma de sua mão.

Chego aí num piscar de olhos. Então finalizou a ligação guardando o celular.

Se não era sobre Helena, era sobre trazer ela para casa mais cedo. Não via a hora de estar com a sua esposa novamente, de ouvir sua voz, sua risada, até mesmo ser desafiado.

Seu jeito de amar era aquele. Cuidar acima de tudo.

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Olaaaa, menineeeesss!!!!! ❤❤❤❤❤ tudo mundo bem?

Um beijo e até a próxima. ❤😙

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now