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Como mandava a tradição o casal recém-casado estava no centro da pequena área reservada para as danças, montada no centro do jardim de umas das residências dos Bertinelli

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Como mandava a tradição o casal recém-casado estava no centro da pequena área reservada para as danças, montada no centro do jardim de umas das residências dos Bertinelli. Em algum lugar no campo.

A cabeça de Helena repousava sobre o peitoral de Ettore e seus braços estavam em volta de seu pescoço, enquanto as mãos de Ettore rodeavam a cintura da mulher.

Os dois balançavam ao som de um ritmo lento, acompanhados de vários casais em sua volta.

― Não aguento mais essa farsa. ― Helena murmurou baixo quando levantou a cabeça para olhar nos olhos de seu marido. ― Quando podemos acabar com essa dança?

― Já está cansada, mulher? ― Resolveu provoca-la deslizando a mão pelo braço da mulher até parar em sua mão para rodopiá-la.

― Para ser sincera, eu estou cansada sim. ― Helena voltou a pousar a cabeça no peitoral de seu marido, se aconchegado ao calor que o homem lhe proporcionava. ― Eu quero tirar esses saltos. Meus pés estão doendo. Incrível como esses porcos velhos conseguiram pisar deles.

Ettore estranhou a proximidade da mulher, mas não teve a opção de reclamar, já que ambos estavam protagonizando a cena de um casal que se amavam.

Assim como acabou dando uma risadinha pela forma como a mulher apelidou os homens.

― Tudo bem. Não precisamos ficar até o final, somos os noivos.

Os dois perceberam que tiveram um breve momento. Conversaram amigavelmente. Não foi tão difícil quanto acharam que seria, foi fácil até. Só foi estranho, totalmente novo.

― Se me permite, gostaria de uma dança com sua esposa. ― Leonel interrompeu o casal pedindo a mão de Helena para iniciar uma dança.

― Claro, como quiser.

Ettore tirou as mãos da cintura da mulher, se afastando para passar a esposa para seu pai.

Esposa.

Aquilo soava estranho até mesmo em seus pensamentos.

Ettore aproveitou a deixa para se retirar, saindo do meio da pista, a verdade era que aquilo era tedioso; passar de mão em mão, oferecendo sorrisos falsos. O homem foi a mesa onde podia ser ao menos sincero.

― Não imaginei o quanto isso podia ser um tédio. ― Puxou uma cadeira e sentou-se entre Fabrizio e Salmo. Apoiou os cotovelos sob a mesa, colocando a cabeça entre as mãos; sentindo as pontadas no centro da testa incomodar.

― Qual é o problema? ― Salmo perguntou parecendo alheio ao fato do casamento que tinha acabado de acontecer. ― Aquela belezinha que você terá a sua disposição não me parece nenhum tédio.

― Salmo, meu amigo, você não está vendo a situação ao todo. O casamento na Giostra vai, além disso. Tem a ver com fidelidade. Nosso amigo estará preso a isso para sempre.

Fabrizio chamou atenção de Ettore, fazendo-o levantar a cabeça em sua direção e negar, balançando-a, contrariado.

Fez sinal para um garçom que passou para que o servisse de conhaque.

―Sim, sim. Tem a ver com isso também. Mas não é apenas isso. ― Ettore deu um gole em seu copo, tentando engolir o bolo que subiu em sua garganta. ― Agora eu tenho que ter um filho. Quanto antes, melhor.

Fabrizio e Salmo não tentaram se conter, ambos começaram a rir com a expressão de ultraje presente no semblante de Ettore.

― Fala sério. ― A fala em uníssono deixava claro que eles não perceberam o quão sério aquilo era. ― Espera, você não está brincando?

― Não. ― Ettore tomou outro gole e por cima do copo viu a expressão de seus amigos mudarem, assumindo um sorriso a contra gosto, como quem diz algo sobre 'cara, você está ferrado de todas as maneiras'. ― Me deem un único motivo para não ser o moleque irresponsável, que não respeita a vontade do ái, e foge para o mais longe possível!?

― A Giostra. É o que você sempre quis. Ser o senhor de tudo.

Ser o Don da Giostra sempre foi o seu sonho desde que descobriu da pior maneira como o mundo era.

E Salmo estava certo, aquilo era motivo o suficiente para seguir adiante com os planos do pai.

Incluindo até mesmo ser pai em breve.

***

A mão direta de Helena repousava sobre a mão de Leonel, assim como a esquerda apoiava no ombro de seu sogro, enquanto era guiada numa valsa lenta, completamente desagradável.

Naquele instante ela quis de volta os braços de seu estranho marido.

― Espero que seja uma boa mulher para meu filho, norinha! ― O bafo repugnante do charuto que Leonel outrora tinha fumado encheu os pulmões de Helena, trazendo repulsa e uma náusea quase insuportável, fazendo tudo o que tinha comido subir a sua garganta, que a todo custo conseguiu reprimir.

Mas agradeceu aos céus que seu marido não tinha aquele cheiro repulsivo.

― Não irei decepcionar o sinhor, nem Ettore. Prometi diante de Deus que não.

Tentou uma voz macia, modelada, para amansar a fera e não provocar a sua ira. Ainda era o primeiro contato com o seu sogro, ainda mais tão aberto quanto aquele.

― Deus, minha querida, sequer existe. Tire essas ideias tortas que Lorenzo deve ter lhe ensinado da cabeça, em minha casa aprenderá coisas novas. Regras novas.

Regras novas.

Percebeu, então, que aquilo não se tratava de uma conversa, mas de um aviso. Cheio de ameaças ocultas, mas tão claras como se tivessem sido faladas diretamente.

― Regras novas, mas é claro. Por que eu não estou surpresa!? ― Torceu os lábios e rolou os olhos sem ao menos notar, perdendo o controle de sua língua despejando sarcasmo em seu sogro. Mas se incomodou quando a mão dele se estreitou ao redor de sua cintura. ― Vai mesmo querer fazer esse tipo de cena na festa de casamento de seu filho? Com todos esses convidados importantes e com a sua posição em cheque?

O timbre de Helena soou mais forte e decidido do que gostaria, se contradizendo quando as primeiras palavras trocadas foram doces.

Leonel afrouxou as mãos da cintura de Helena, soltando-a lentamente.

O polegar da mão esquerda do homem acariciou a bochecha da mulher que possessa virou o rosto fugindo da carícia.

― Não se exalte, Helena. Isso é apenas uma conversa. Precisa saber que temos algumas normas bem regidas, e que caso não as respeite terá consequências, querida.

Revisado 

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Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now