Nova Identidade (em revisão)

Capítulo 1 - Nova Vida

Respiro fundo e sinto aquele friozinho na barriga quando o avião decola.

Faz dois meses que ele se foi. Faz dois meses que tudo mudou na minha vida. Faz dois meses que David foi assassinado por causa do seu vício besta e idiota. Mais idiota ainda fui eu que caí na sua conversa como sempre.

Faz só um mês que eu vi ele morrendo aos meus pés. Faz um mês que eu vi seus olhos perderem a cor que eu tanto amava. Faz um mês que eu ouvi suas últimas palavras.

Ele tinha vinte e seis anos. Apenas dois anos mais velho do que eu.

Sabe aquele amor de adolescência? Sabe aquela pessoa que esteve tão presente na sua vida que você não imaginava sua rotina sem ela? Ele era tudo isso para mim. Eu imaginava meu futuro com ele. Só com ele. E agora nada disso será possível.

Olho para cima e pisco os olhos, tentando engolir o choro. Não, eu não vou mais chorar por isso!

Lembro como se fosse ontem daquela noite terrível. Depois que sai do meu quarto, fiz uma mala com algumas coisas e deixei outras que não tinha como levar.

Fui quase correndo para a casa dos meus pais. Eles me trataram diferente do que eu esperava. Eu temia por sermões, mas não era disso que eu precisava. E eles sabiam disso. Eu precisava de amor e carinho. Tinha acabado de perder alguém que eu amava.

No mesmo dia a polícia foi acionada e eu prestei depoimento. Contei tudo o que eu sabia, o que era, aparentemente, pouco. O assassino não foi encontrado e o fato de eu não ter o visto dificultava o processo da busca. No dia seguinte, papai colocou sua equipe na procura do assassino de David. Uma equipe mais particular, pois ele sabia que esse homem precisava ser encontrado, pois ele representava uma ameaça para todos nós, principalmente para mim.

Eu e David nos conhecemos na faculdade. Eu tinha acabado de passar em direito e ele, em engenharia civil. E foi daí que a gente começou a namorar. Mas com um tempo ele foi ficando estranho e, do nada, desistiu da faculdade.

Algum tempo depois descobri que ele estava se envolvendo com drogas, e não sendo apenas um usuário, mas traficando também. Mas eu o amava. E eu acreditava que ele me amava também. Creio que isso nunca foi amor. Ele sequer conseguiu ser fiel a mim.

Entre nossas idas e vindas do relacionamento, eu já tinha me formado em Direito. Meus pais sabiam do seu vício e tudo que nós queríamos era ajudá-lo.

Depois que ele se foi, passei um mês dentro de casa, com medo e sem poder sair. O tempo foi passando e a equipe de papai não achou nenhum resquício do assassino, e nem a polícia.

Eu sabia que não podia ficar o resto da minha vida presa em casa até encontrarem esse louco, então tomei uma decisão. Eu precisava sair do Brasil. Viver uma nova vida até tudo se resolver e essa dor, que mais parecia ser infinita, passar.

No início, papai e mamãe não concordaram, mas depois, eles viram que não adiantava mais me manter dentro de casa. E então, foi tudo providenciado, a viagem e tudo.

Meu pai é um dos maiores empresários mundiais e tem sedes da sua empresa por muitos lugares. A sede central é a do Brasil, onde eu morava. Ele tem uma sede em Nova York, onde outra pessoa controla, mas ele é o dono de tudo.

É para lá que estou indo.

Ben, o empresário que controla a sede de Nova York, conseguiu um emprego pra mim em um escritório de advocacia de lá. Fiquei também como professora substituta de uma das cadeiras de Direito de uma Universidade de lá. Ben era filho de um dos melhores amigos do meu pai. Ele era meu melhor amigo quando éramos crianças, mas acabamos perdendo contato. Ele assumiu a empresa recentemente, depois que seu pai se aposentou.