Capítulo 20 - Plano

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  Música do capítulo: The Weeknd - Starboy

Boa leitura ♥


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Abro os olhos, tudo está escuro, sinto minha cabeça latejar. Me viro e Jake está ao meu lado, dormindo, tão sereno. Tento lembrar o que aconteceu.

Restaurante, Jake, ligação...Aí meu Deus! Minha mãe! 

Meu corpo aparece acordar de verdade quando eu lembro. Olho para o relógio na mesinha de cabeceira e são duas horas da manhã.


Me levanto com cuidado, o gosto de bile sobe à garganta. Vou até a varanda e vejo os carros pretos estacionados na entrada da casa de Jake e alguns seguranças do lado de fora. Um deles, quando me vê, fala algo para outro segurança que obviamente não escuto. Volto para o quarto.

Vou até o banheiro e finalmente encontro um remédio para dor de cabeça. Tomo com água e vou até a sala. Procurando meu celular, algo me chama a atenção: uma caixa de madeira, como se fosse um presente, no pé da porta.

Quando a abri, tinha um papel dentro dizendo: "Boa noite, Srta. Dornan..." Estremeci ao ler meu sobrenome real. "Sim, ela está conosco e seu fim está próximo, mas se quiser ela de volta, venha até o endereço fixado no papel SOZINHA. Se vier com alguém, saberemos e aí será o fim das duas."

Peguei o papel com o endereço, mas achei outra coisa: o cordão prateado que ela sempre usava. Era na forma de um coração e quando abria tinha uma foto minha e do papai. Lágrimas começaram a jorrar, mas então uma raiva tomou conta de mim.

Peguei meu celular e disquei alguns números.

- Carl, eu tenho um plano.

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Meu corpo todo se arrepiou ao sentir o avião descer. Aqui estou eu de novo, Brasil! Pego minhas malas na área de desembarque e vou para fora do aeroporto.

Enquanto espero um táxi, digito uma mensagem para Ben explicando o porque de já estar aqui no Brasil, mesmo que ele provavelmente já saiba, quero que ele saiba por mim também.

Me pergunto como Jake deve estar agora, ele foi a pessoa mais difícil de deixar para trás. Tenho medo de nunca mais o ver, mas alguns sacrifícios precisam ser feitos.

Pego o táxi e dou o endereço de um hotel que geralmente fico. Chego na recepção e falo o meu real nome. É aliviante poder dizê-lo depois de tanto tempo. Nunca pensei que estaria em casa de novo nessas circunstâncias.

Quando cheguei no quarto, só me deitei na cama e apaguei. Ao acordar, já passava das 21 horas. É agora.

&&&


Olhei ao redor antes de entrar no endereço que me foi informado no "presente" que recebi. Respirei bem fundo. Era uma casa abandonada.

Quando abri a porta, entrei e ela logo se fechou, como naqueles filmes de terror.

- Bem Vinda, Srta. Dornan. - Disse uma voz masculina, um tanto familiar. Estava escuro, não conseguia ver o seu rosto.

Dois homens me agarraram e eu logo reagi.

- Xii, garota. Não tem mais para onde correr. - Ele se aproximou e finalmente consegui ver. Meu corpo todo estremeceu.

- David!

- Não se engane... - Ele acariciou meu rosto. - David está morto.

- Mas...mas vocês são...são...iguais. - Eu me tremia toda. Ele estava bem na minha frente, era o mesmo rosto, o mesmo sorriso. O cabelo maior e a barba já crescida, mas era ele.

- Você nunca se perguntou sobre a família dele?

- Ele me disse que...os pais dele morrerem e só, sem outros familiares.

- Acho que ele não deve ter contado sobre o lado negro da família, querida. Eu sou Emanuel. Você é realmente tão linda quanto ele dizia. - Comecei a chorar de ódio.

- Não me toque! - Eu gritava, em desespero.

Ele deu um passo para trás e riu.


- Meu irmão era o bonzinho, Natalie. Eu sempre fui excluído da família porque eu fazia tudo errado. Aos 16 anos fugi de casa e então nenhum deles nunca mais ouviu falar de mim, até que papai e mamãe morreram. Eu construí meu império, eu era um dos maiores traficantes da América do Sul. Confesso que não senti um pingo de remorso pela morte deles, só queria que eles vissem como eu estava rico. Quem eles tanto falavam mal, estava podre de rico.

- Rico de dinheiro sujo. Seus pais teriam nojo de você, hipócrita.

Ele deu um tapa na minha cara. Eu podia sentir o sangue escorrer pelo meu rosto.

- Meu irmão tinha uma vida perfeitinha, estava na faculdade, tinha conhecido você, mas claro, eu tinha que me aproveitar da fraqueza dele e deu certo. Ele veio para meu mundo. Eu lhe apresentei outra vida, o prazer das drogas, de várias mulheres. - Eu chorava cada vez mais com a história. Meu rosto doía. - No começo, nosso plano era tirar todo seu dinheiro, mas ele se apaixonou por você, quis abortar o plano, quis entrar pra reabilitação e te contar a verdade, mas ele tinha muitas dívidas, Natalie e eu não iria perder a oportunidade de ter seu dinheiro. Depois que ele foi morto por um parceiro meu, precisávamos matar todas que se relacionaram com ele. Você é foi muito esperta, doçura...Foi a mais difícil de achar, mas depois que te encontramos, tudo ficou mais fácil. Eu quero a sua morte, Natalie Dornan, mas antes, preciso do seu dinheiro.

Nessa hora, um alarme tocou dentro da casa.

- Filhos da puta! Tem gente aqui, seus idiotas, vão! - Ele ordenou aos caras que me seguravam.

Ele me segurou por trás com uma mão no meu cabelo.

- Garota estúpida, eu avisei! Era para estar aqui sozinha! - Ele me jogou no chão e meu ombro estralou. Gritei com a dor.

Não, Natalie, não desista. Olhei para trás e ele andava de um lado para o outro enquanto eu escutava o tiroteio lá fora.

Ele me pegou novamente, meu ombro ardia e me levou até um quarto escuro. Quando ele acendeu as luzes. Eu a vi, minha mãe realmente estava lá, toda amordaçada.

- Mãe! - Eu gritei. Sua cara de sofrimento me machucava, eu quase não conseguia mais sentir a dor no meu ombro.

Na mesma hora a porta abriu com um barulho gigante. Jake, Ben e Carl apareceram. Eu sorri para Carl, deu certo.

O irmão de David me agarrou por trás e colocou uma arma na minha cabeça enquanto os três apontavam a arma para nós.

- David! - Ben disse.

- Tão tolo quanto ela. Eu sou irmão de David. - Ele declarou, suando, sorrindo como um maníaco.

Com esforço e sem ele perceber, levantei a minha blusa atrás e peguei um punhado. Enfiei na sua barriga com pesar e me abaixei antes que ele pudesse atirar.

A arma caiu das duas mãos e eu caí de joelhos. A dor no meu ombro voltara a me alucinar. Ben e Carl agarraram Emanuel e eu chorava sem parar. Antes que eu caísse no chão, Jake me segurou.

- Onde dói? - Ele perguntou. Eu estava em seus braços, mas o sentia cada vez mais distante.
- Meu ombro. - Falei antes de tudo apagar.



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O final está próximo.

Nova Identidade (em revisão)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora