Capítulo 17 - Uma vaga lembrança

31 12 18
                                    

Abri os olhos, e ainda permanecia no mesmo lugar. Algumas coisas estavam diferentes, havia algumas esculturas novas no chão, entretanto as madeiras ainda estavam intactas da casa.

Isso quer dizer que eu ainda estou presa no passado.

Toquei em meus braços lisos, dessa vez não tinha pena neles e nem asa em minhas costas. Respirei aliviada abraçando o meu corpo de volta. A gaiola ainda estava lá, mas dessa vez não estava no centro da sala, e sim no canto. Ouvi alguns murmurinhos, caminhei até a janela e tentei ver o que tinha lá fora. Me dirigi até a porta devagar a abrindo, o sol estava forte.

Sebastian estava cobrindo os olhos com a mão observando o céu, o vento balançava os seus cabelos o bagunçando, ele deu um longo suspiro e soltou com um ar sereno. Por um momento tive a impressão dele abrir os braços como se estivesse se preparando para voar:

-Acha que eu não sei que está ai? - Murmurou ele fechando os olhos.

Senti um frio na barriga. Com quem ele estava falando?

-Eu consigo sentir o seu cheiro de longe.

De repente de cima das árvores vi um vulto pulando desengonçadamente e caindo bem na nossa frente:

-Você precisa praticar o seu voo. - Bronqueou o moreno sério. - Um cupido sem as suas asas não é nada. Olhe o tamanho delas, mal consegue voar desse jeito. Precisa fazer seu trabalho para que elas cresçam.

Kai se levantou do chão o chutando, mas o outro foi mais rápido o segurando com força:

-Que infantil.

Parei por um momento recapitulando uma memória, lembro de já ouvir Sebastian falar isso no jardim da escola quando eu estava procurando o meu colar:

-Mesmo que você fique invisível, eu sempre vou reconhecer o seu cheiro. - Anunciou ele o soltando.

O pequeno estava bem mais baixo do que o normal, sua estatura era de uma criança de quatro anos, e tão marrento quanto uma. O moreno se aproximou e agachou na sua frente:

-Onde você estava?

O baixinho escancarou a boca apontando para a garganta:

-Tsc... Então você gosta mesmo de ouvir ela cantar... - Advertiu ele batendo com a mão na testa. -O que eu te falei sobre ficar longe daquela casa?

O pequeno serzinho permaneceu calado o ignorando, Sebastian cerrou os dentes irritado e o puxou pelo braço, mas Kai se defendeu devolvendo com um arranhão:

-Eu sei que você tem motivos para me odiar. Mas você sabe que é diferente dos outros, e eu sou o único que estou disposto a te ajudar, então precisa se esforçar.

O cupido continuou em silêncio mantendo uma certa distância enquanto ouvia:

-Ei, está me ouvindo? Eu estou confiando em você.

Kai colocou os dedos na bochecha fazendo uma careta o provocando:

-Grll... Isso faz parte do meu castigo também? Não achei que teria que tomar conta de algum pirralho na vida. - Resmungou ele.

-Eu deixei a gaiola por uma razão. - Sussurrou uma voz vindo do telhado.

Kai voou para trás de Sebastian mostrando suas garras:

-Que criatura fofa, acha que vai arranhar quem com essas unhas? - Debochou Maya sentada balançando as pernas.

Ela chegou tão discretamente, que mal percebi sua presença lá:

Não se apaixone por mimHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin