-Morto? - Falei desconcertada.
-Ele ser só um pedaçu de carne andandu pur aí, sem pensamentus ou sentimentus. Ele nãu comer ou durmir. Friu e calur nãu ter diferenza, ele vive num mundu sem fazer parte dele.
-Você fala como se ele fosse um cadáver ambulante. - Balbuciei cobrindo a boca.
Isso é a coisa mais bizarra que já ouvi, entretanto, ver um cupido também não é algo comum. Se isso tudo o que aconteceu até agora é possível, não é descartável o que ele falou sobre o que Sebastian é.
-Não pode ser, ele pode ser frio, mas já conversamos antes!
-Ele poder ter cunversa cum vuzê, mas agura aquilu ser vazio. -Comentou num tom triste. -Nãu significar nada pra ele, qualquer coisa qui sobrar dentru dele nãu existe mais.
A maneira como sempre me tratou, sobre nunca ter se relacionado com ninguém, e rejeitar a todos a sua volta. Aquela frieza no olhar, até em relação da sua própria vida:
-Ele pode ter um gênio difícil, mas ele é como todos nós.
-Nãu deixar aparência enganar vuzcê, aquilu estar lunge di ser humanu.
Esfreguei a cabeça tentando entender toda aquela explicação:
-Como você sabe disso?
A expressão dele pareceu desfazer num semblante melancólico:
-Vuzê saber di muita cuisa, Maya ficar furiusa.
-Maya?
-Vamus, ela já ter ido embura. - Disse o cupido me pegando no colo de novo.
-EU VOU A PÉ... AAAAAAAAAAA.
Ele mais pulava do que voava, suas asas eram pequenas demais para aguentar o peso de nós dois juntos. Descemos um quarteirão antes, e fomos caminhando cuidadosamente enquanto ele cheirava o ar procurando algo de estranho:
-Você é um cupido ou cachorro?
-Vamus. - Respondeu ele ignorando a pergunta.
Quando fui entrar pela porta da frente, ele me puxou pela blusa dando um salto para a sacada que dava para o meu quarto. Assim que ele me soltou vomitei para fora da janela enquanto tremia:
-Se não se importar de agora em diante eu gostaria de ficar no chão.
-Nãu precisar agradecer. - Comentou ele.
-Agradecer? Desde que você apareceu só tem acontecido coisas bizarras e assustadoras. Fora que você deixou minha família com um pé atrás em relação a mim, depois daquela bagunça que você fez na nossa sala.
-Se nãu fusse eu, eles estar separadus agura.
-Ótimo, então por que não continuou fazendo o seu trabalho quieto e invisível como sempre foi?
-Vuzê ia me entregar pra eles, si eu não tivesse fugidu! - Disse ele bravo. -E eu tentar ajudar.
-Me ajudar? Fazendo aquela legião de meninos correr atrás de mim como doidos? Sabe que estamos com uma dívida por sua causa né?
-Vuzê pedir issu!
Parei de falar analisando os fatos:
-Então você mesmo quem causou tudo isso? - O interroguei. - Isso quer dizer que no meu aniversário você me ouviu?
Kai concordou com uma expressão irritada:
-Quando eu falei que queria os meninos correndo atrás de mim não foi no sentido literal. - Esfreguei o rosto. -Não vai me dizer também que é você quem coloca sempre insetos na minha porta no dia do meu aniversário?
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Não se apaixone por mim
Mystery / Thriller"Feliz aniversário, por que não faz um pedido? Essa foi uma coisa na qual eu não deveria ter feito." Érika nunca soube lidar com sua aparência. Por não se encaixar num padrão, as pessoas a julgam chamando de Bruxa. Por coincidência coisas estranhas...