Capítulo 12 - Cópia perfeita.

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-Morto? - Falei desconcertada.

-Ele ser só um pedaçu de carne andandu pur aí, sem pensamentus ou sentimentus. Ele nãu comer ou durmir. Friu e calur nãu ter diferenza, ele vive num mundu sem fazer parte dele.

-Você fala como se ele fosse um cadáver ambulante. - Balbuciei cobrindo a boca.

Isso é a coisa mais bizarra que já ouvi, entretanto, ver um cupido também não é algo comum. Se isso tudo o que aconteceu até agora é possível, não é descartável o que ele falou sobre o que Sebastian é.

-Não pode ser, ele pode ser frio, mas já conversamos antes!

-Ele poder ter cunversa cum vuzê, mas agura aquilu ser vazio. -Comentou num tom triste. -Nãu significar nada pra ele, qualquer coisa qui sobrar dentru dele nãu existe mais.

A maneira como sempre me tratou, sobre nunca ter se relacionado com ninguém, e rejeitar a todos a sua volta. Aquela frieza no olhar, até em relação da sua própria vida:

-Ele pode ter um gênio difícil, mas ele é como todos nós.

-Nãu deixar aparência enganar vuzcê, aquilu estar lunge di ser humanu.

Esfreguei a cabeça tentando entender toda aquela explicação:

-Como você sabe disso?

A expressão dele pareceu desfazer num semblante melancólico:

-Vuzê saber di muita cuisa, Maya ficar furiusa.

-Maya?

-Vamus, ela já ter ido embura. - Disse o cupido me pegando no colo de novo.

-EU VOU A PÉ... AAAAAAAAAAA.

Ele mais pulava do que voava, suas asas eram pequenas demais para aguentar o peso de nós dois juntos. Descemos um quarteirão antes, e fomos caminhando cuidadosamente enquanto ele cheirava o ar procurando algo de estranho:

-Você é um cupido ou cachorro?

-Vamus. - Respondeu ele ignorando a pergunta.

Quando fui entrar pela porta da frente, ele me puxou pela blusa dando um salto para a sacada que dava para o meu quarto. Assim que ele me soltou vomitei para fora da janela enquanto tremia:

-Se não se importar de agora em diante eu gostaria de ficar no chão.

-Nãu precisar agradecer. - Comentou ele.

-Agradecer? Desde que você apareceu só tem acontecido coisas bizarras e assustadoras. Fora que você deixou minha família com um pé atrás em relação a mim, depois daquela bagunça que você fez na nossa sala.

-Se nãu fusse eu, eles estar separadus agura.

-Ótimo, então por que não continuou fazendo o seu trabalho quieto e invisível como sempre foi?

-Vuzê ia me entregar pra eles, si eu não tivesse fugidu! - Disse ele bravo. -E eu tentar ajudar.

-Me ajudar? Fazendo aquela legião de meninos correr atrás de mim como doidos? Sabe que estamos com uma dívida por sua causa né?

-Vuzê pedir issu!

Parei de falar analisando os fatos:

-Então você mesmo quem causou tudo isso? - O interroguei. - Isso quer dizer que no meu aniversário você me ouviu?

Kai concordou com uma expressão irritada:

-Quando eu falei que queria os meninos correndo atrás de mim não foi no sentido literal. - Esfreguei o rosto. -Não vai me dizer também que é você quem coloca sempre insetos na minha porta no dia do meu aniversário?

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora