Capítulo 6 - Ilusão?

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Rose estava torcendo o quinto guardanapo de tanto nervosismo por esperarem tanto:

-O que será que aconteceu? Porque a demora? – Indagou Carlos.

-Já que ela não vem, porque não pedimos a sobremesa?

-Agora não Miguel. Ela não está me atendendo

-Estou começando a ficar preocupada. Só de imaginar aquelas duas perninhas de alcaçuz zanzando por aí. E se ela se perdeu? – Balbuciou Rose

O celular de Carlos tocou, era uma mensagem:

-É a Érika! – Disse num tom aliviado – Ela teve que voltar pra casa.

Sua expressão mudou fazendo o levantar bruscamente:

-Ela acha que alguém invadiu a nossa casa.

-O que? - Disse Rose. - Vamos chamar a polícia!

Peguei uma pá que estava no jardim, coloquei a mão cuidadosamente no trinco da porta e abri silenciosamente. Avistei uma sombra na cozinha, estava escuro, então só dava para enxergar o formato de uma pessoa sendo iluminada pela luz da geladeira aberta. Engoli seco enquanto ele estava distraído pegando o que estava dentro, fiquei imóvel para não ser notada.

Sem pânico Érika, se eu permanecer em silêncio talvez ele não me note até os meus pais chegarem.

Dei alguns passos para trás para ir para fora de novo, mas ele parou o que estava fazendo e ergueu sua cabeça para cima como se estivesse procurando por algo enquanto farejava o ar, e para o meu terror ele se virou na mesma hora. Só consegui ver dois olhos fundos redondos e amarelos.

Ele deu um salto em cima da pia, acendi a luz instantaneamente, ele soltou um grunhido pulando para cima do armário:

-É você! - Falei soltando a pá.

Era o mesmo ser de antes, só que dessa vez sua silhueta não estava tão difícil de enxergar, aparentava um pouco mais nítida. Conseguia ver sua forma um pouco mais clara, porém ele não parava de saltar entre os móveis dificultando minha visão para que o pudesse analisar com precisão.

Conforme ele ia pulando procurando uma saída ele ia derrubando tudo à sua volta:

-Espera, você vai destruir a casa assim! - Gritei enquanto via as coisas desmoronarem no chão.

Ele parecia estar um pouco assustado.

Escalei tudo pela frente tentando chegar até o meio da sala, o menino deu um salto do sofá até a janela, porém ela estava trancada. Parei impedindo sua passagem, o espertinho se virou olhando a estante ao seu lado. Em questão de segundos ele abriu uma das portas, e sem nenhum peso de culpa ele pegou um dos prato e o jogou em minha direção. Por reflexo me joguei o segurando no ar, mesmo não vendo completamente o seu rosto eu conseguia enxergar um sorriso maléfico por baixo daquela camuflagem. O serzinho pegou mais alguns e os jogou um atrás do outro, consegui salvar mais dois, entretanto os outros se espatifaram no chão. Aproveitando minha distração, sem achar uma saída ele correu em direção as escadas.

-Ei, onde pensa que vai? - Indaguei colocando os pratos em cima do estofado.

O barulho do motor vindo de fora chamou a atenção de nós dois, a voz de Miguel era a primeiro a se ouvir.

Levantei os braços indicando calma para a figura estranha que estava parado no pé da escada, ele deu um passo para trás lentamente, assim que o trinco da porta virou a criatura ergueu o braço derrubando a televisão espatifando no chão separando a passagem entre nós dois, aproveitando isso ele se virou subindo andar a cima em direção aos quartos.

Não se apaixone por mimWhere stories live. Discover now