Cap. 8 - Um anjo?

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Uma crise de tosse ecoou debaixo da cama.

Coloquei o copo em cima do criado mudo e dobrei as pernas abaixando a cabeça para baixo tentando espiar alguma coisa.

Dei um salto de susto batendo as costas na parede:

- O que você está fazendo aí em baixo? Eu passei a noite toda te procurando!

Ele se virou com um olhar de deboche ignorando-me:

-V-Você está aí há quanto tempo?

-Vuzê ser barulhenta dimais.

-Era aí que você estava escondido esse tempo todo? - Falei indignada. - Você não pode ficar zanzando no meu quarto sem eu saber, é invasão de privacidade!

Ele se arrastou para fora da cama erguendo seu tronco acomodando suas longas pernas no chão:

-A propósito. - Falei pegando um tênis que estava encostado na cômoda. - Você não passa de um pervertido!

Joguei o acertando em cheio em seu queixo, ele colocou a mão por cima fazendo uma careta:

-Eu nãu entender! - Resmungou ele confuso.

-Acha que está tudo bem você se fazer de cavalheiro me colocando na cama enquanto eu estava sem minhas roupas?! - Gritei jogando o outro par de tênis.

-Eu querer ajudar.

-Típico, bem conveniente sua ajuda.

-Nãu saber pur que vuzês humanus usar roupas.

-Nós humanos?

Enquanto ele falava eu o analisava tentando lidar da maneira mais normal possível, mesmo não acreditando no que eu via. Sua forma era tão bizarra a ponto de se tornar amedrontador. Meu coração estava palpitando tão forte que pensei que iria vomitar, mas por meu espanto ele também parecia receoso:

-Érika? – Indagou uma voz vinda da porta.

Virei sobressaltada, era Rose. Ela estava apertando a maçaneta com uma expressão receosa. Olhei para a cama de novo, mas a criatura já não estava mais lá:

-Você estava conversando com quem querida? - Perguntou ela tentando forçar um riso.

-Eu? Bem, eu estava pensando alto, só isso. – Respondi com uma gargalhada.

Ela não pareceu aceitar muito bem a ideia, suas sobrancelhas ainda estavam arqueadas:

-Bem, como foi com o Drézinho? Não sei se fiz bem o deixar subir. Ele saiu com um rostinho triste, vocês brigaram?

-Não foi nada.

Rose fez um som pensativo com um ar desconfiado:

-Entendo, espero que esteja tudo bem, vocês são amigos há tanto tempo.

-Eu também. - Respondi brava comigo mesma.

-Escuta, eu pedi alguns lanches para o almoço. Se quiser podemos fazer uma sessão cinema mais tarde.

-Ia ser ótimo. - Comentei apreensiva olhando para a cama. - Mas acho que não vou conseguir hoje.

-Ah, tudo bem docinho de coco, vou parar de papear e te deixar fazer suas coisas. - Brincou ela.

Dei um sorriso enquanto ela fechava a porta. Fui em direção à cama quando tropecei e me estatelei no chão. Acariciei a testa levantando o rosto quando dei de cara com as pernas do garoto misterioso para fora da cama:

Não se apaixone por mimWhere stories live. Discover now