Uma crise de tosse ecoou debaixo da cama.
Coloquei o copo em cima do criado mudo e dobrei as pernas abaixando a cabeça para baixo tentando espiar alguma coisa.
Dei um salto de susto batendo as costas na parede:
- O que você está fazendo aí em baixo? Eu passei a noite toda te procurando!
Ele se virou com um olhar de deboche ignorando-me:
-V-Você está aí há quanto tempo?
-Vuzê ser barulhenta dimais.
-Era aí que você estava escondido esse tempo todo? - Falei indignada. - Você não pode ficar zanzando no meu quarto sem eu saber, é invasão de privacidade!
Ele se arrastou para fora da cama erguendo seu tronco acomodando suas longas pernas no chão:
-A propósito. - Falei pegando um tênis que estava encostado na cômoda. - Você não passa de um pervertido!
Joguei o acertando em cheio em seu queixo, ele colocou a mão por cima fazendo uma careta:
-Eu nãu entender! - Resmungou ele confuso.
-Acha que está tudo bem você se fazer de cavalheiro me colocando na cama enquanto eu estava sem minhas roupas?! - Gritei jogando o outro par de tênis.
-Eu querer ajudar.
-Típico, bem conveniente sua ajuda.
-Nãu saber pur que vuzês humanus usar roupas.
-Nós humanos?
Enquanto ele falava eu o analisava tentando lidar da maneira mais normal possível, mesmo não acreditando no que eu via. Sua forma era tão bizarra a ponto de se tornar amedrontador. Meu coração estava palpitando tão forte que pensei que iria vomitar, mas por meu espanto ele também parecia receoso:
-Érika? – Indagou uma voz vinda da porta.
Virei sobressaltada, era Rose. Ela estava apertando a maçaneta com uma expressão receosa. Olhei para a cama de novo, mas a criatura já não estava mais lá:
-Você estava conversando com quem querida? - Perguntou ela tentando forçar um riso.
-Eu? Bem, eu estava pensando alto, só isso. – Respondi com uma gargalhada.
Ela não pareceu aceitar muito bem a ideia, suas sobrancelhas ainda estavam arqueadas:
-Bem, como foi com o Drézinho? Não sei se fiz bem o deixar subir. Ele saiu com um rostinho triste, vocês brigaram?
-Não foi nada.
Rose fez um som pensativo com um ar desconfiado:
-Entendo, espero que esteja tudo bem, vocês são amigos há tanto tempo.
-Eu também. - Respondi brava comigo mesma.
-Escuta, eu pedi alguns lanches para o almoço. Se quiser podemos fazer uma sessão cinema mais tarde.
-Ia ser ótimo. - Comentei apreensiva olhando para a cama. - Mas acho que não vou conseguir hoje.
-Ah, tudo bem docinho de coco, vou parar de papear e te deixar fazer suas coisas. - Brincou ela.
Dei um sorriso enquanto ela fechava a porta. Fui em direção à cama quando tropecei e me estatelei no chão. Acariciei a testa levantando o rosto quando dei de cara com as pernas do garoto misterioso para fora da cama:
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Não se apaixone por mim
Mystery / Thriller"Feliz aniversário, por que não faz um pedido? Essa foi uma coisa na qual eu não deveria ter feito." Érika nunca soube lidar com sua aparência. Por não se encaixar num padrão, as pessoas a julgam chamando de Bruxa. Por coincidência coisas estranhas...