Capítulo 4 - Sorte ou azar?

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No dia seguinte desci as escadas e segui em direção à mesa, minha pele estava mais pálida do que o normal e o cabelo despenteado como nunca, peguei um pedaço de pão para colocar na mochila quando Rose veio da cozinha vestindo um avental cheio de manchas de farinha:

-Espere um pouco querida, eu fiz esses biscoitos hoje cedo para você levar, você passa o dia todo sem comer quase nada, suas pernas parecem duas varetas de tão magrinha.

-Pra mim? Mas você detesta cozinhar. – Respondi olhando para a fumaça que saia da cozinha

-Sei que você não teve um dia bom ontem, mas... – Disse ela com um grande sorriso no rosto. – Levanta essa sua cabecinha e bola pra frente!

Peguei os biscoitos torrados e enfiei dentro da bolsa:

-Não teria como ter uma madrasta melhor. – Comentei colocando os óculos escuros.

Andei o mais devagar possível até chegar à escola. Assim que entrei na sala esbarrei com André, ele pareceu um tanto surpreso, mas logo desviou o rosto para o chão:

-Errr... você está bem? - Perguntou ele.

-Não deveria ser eu a te perguntar isso? - Retruquei cutucando o braço dele.

Senti um suspiro vindo de trás da minha nuca, junto de uma risada baixa e rouca:

-Depois de ontem eu fui no  médico e ele tirou uma chapa, parece que e...

-Shhh! - Interrompi -o tapando a sua boca.

Ele franziu o rosto um tanto confuso:

-Essa voz... É a mesma que ouvi ontem. - Falei espremendo os olhos.

Passei pela porta olhando para os lados, de repente avistei uma silhueta um pouco distante:

-O que é aquilo? – Falei avançando alguns passos.

-Espera, aonde você vai? - Berrou o japonês levantando seu braço machucado. -a aula já vai começar!

Comecei a correr involuntariamente, aos poucos a sombra foi ficando mais nítida, conseguia ver o formato de um menino, mas não conseguia enxergar suas feições direito, uma nuvem de fumaça o envolvia.

-Estou quase lá! - Afirmei tentando alcançá-lo com o braço.

Virei o corredor, mas estava vazio:

-Sumiu? – Bufei fungando.

Voltei para sala com um ar de frustração. Quando entrei todos os olhares se voltaram contra mim. Me apressei para me afundar na cadeira:

-O que foi aquilo? – Cochichou André sentado na minha frente.

Cobri a cabeça, sem resposta. Apoiei o rosto no vidro da janela enquanto observava a árvore do lado de fora:

-O que é aquilo? - Murmurei sozinha.

O intervalo finalmente chegou, peguei minha mochila com os biscoitos dentro, quando Daniela veio em minha direção e a arrancou da minha mão. Ela fez sinal para dois meninos vigiarem a porta, enquanto suas outras amigas me rodearam:

-Achou que ia nos assustar ontem e sair livre? - Ironizou a loira.

-É sério? -disse André tentando se aproximar e sendo impedido pelos meninos. -Bullying em pleno século XXI? :

Olhei para todos em volta, analisando:

-Seis contra dois? -Comentei esfregando o rosto. -Isso é tão cansativo.

Não se apaixone por mimUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum