TRIGÉSIMA OITAVA DOSE

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Ela

Após chegar a sua casa e não ter mais a companhia de Chris, o final de semana pareceu ter perdido a graça para Kathy, apesar de que ela também gostava muito de estar acompanhada de sua mãe, seu irmão e sua sobrinha. Victória não poupou à filha da sua curiosidade em saber como foi à noite dela com Christopher, Katrina contou tudo o que deduziu que a mais velha poderia saber, exceto alguns detalhes que ela guardaria em segredo e certamente reviveria em seus pensamentos antes de dormir.

O domingo não teve muita novidade, Katrina aproveitou a folga para organizar algumas coisas no apartamento, recebendo a ajuda de sua mãe. Dylan passou o dia fora, foi levar a sua filha até o encontro de Dominique e não voltou pra casa. Quando já era noite Victória foi a um aniversário de uma amiga, Kathy estava sozinha quando o seu irmão chegou com um semblante abatido. Ela conhecia o mais novo o suficiente para saber que alguma coisa muito grave havia acontecido.

- O que aconteceu? - Kathy não perdeu tempo e logo perguntou ao irmão, temendo por ele e também pela sobrinha. Preferia saber de cara, independente do que fosse, do que dar asas a sua imaginação.

Dylan já havia se jogado no sofá, repousando a cabeça nos braços enquanto fixava o seu olhar no teto, o seu estado demonstrava certa confusão mesmo que o rapaz estivesse com o pensamento distante. Embora a curiosidade e preocupação fosse enorme, Katrina sentou-se ao lado dele e esperou o momento em que Dylan se sentisse a vontade para compartilhar o motivo que o fez ter voltado para casa daquele jeito. Talvez por entender que a irmã estava ali porque que se preocupava com ele e que não o deixaria sozinho até descobrir o que aconteceu, Dylan não demorou muito para compartilhar com ela o que tinha acontecido.

- Eu conversei com a Samantha, expliquei que é melhor não sairmos mais. - Ele começou a falar recebendo a atenção da irmã. - Fui sincero e tentei ser o mais claro possível, mas ela não me entendeu, Kathy, ela saiu arrasada da nossa conversa e eu estou me sentindo um merda por isso.

Não precisou de muitos detalhes para que Kathy entendesse o assunto da conversa que Dylan teve com a irmã de Christopher. O mais novo já havia compartilhado com Katrina que ainda nutria sentimentos por Dominique, a mãe de sua filha. Ela não poupou conselhos para o irmão e sabia que, mesmo que Samantha estivesse chateada, seria melhor terminar tudo agora antes que a relação e os sentimentos da mais nova aumentassem.

- Dylan, a Samantha é muito nova, algumas coisas ela só entenderá depois, vai precisar de um tempo para digerir tudo o que você disse a ela. -  Lembrou numa tentativa de amenizar.

- Eu só não queria ser uma decepção na vida dela, mas parece que foi exatamente isso que eu me tornei. Se ontem ela sentia alguma coisa por mim, hoje eu tenho certeza que ela me odeia. - Dylan negou as suas próprias palavras com a cabeça antes de se retirar e ir para o seu quarto.

Embora quisesse aconselhar o seu irmão e tentar ajuda-lo de alguma forma, Katrina não forçou a continuação daquela conversa. Talvez fizesse bem a Dylan ficar um tempo a sós, apenas com a companhia de seus pensamentos. Ela conhecia o rapaz bem o suficiente para saber que, mesmo com o sofrimento inevitável de Samantha, tudo o que ele fez foi com a melhor das intenções. O restante do seu domingo não teve nenhum acontecimento importante. Um pouco depois da conversa com Dylan ela foi para o seu quarto e não conversou mais com o irmão, dormiu antes mesmo que a sua mãe voltasse pra casa.

A segunda também começou sem muitas emoções, enquanto dirigia até o seu trabalho Katrina pensava em Christopher. Eles não conversaram no domingo, mas aquele detalhe não era um problema para ela. Apesar de saber que a relação dos dois estava fluindo de uma forma diferente e que Christopher despertava nela algo jamais sentido, ainda assim Kathy queria deixar tudo acontecer no tempo certo e principalmente respeitar o espaço dele. Um pouco de distância causava nela uma pequena saudade que Katrina não se importava em sentir. Alguns minutos depois ela já estava em sua sala, assim que entrou no local notou a imagem de um Benjamin sorridente encostado na mesa como se estivesse esperando por ela.

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