PRIMEIRA DOSE

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Ele

Era apenas um coração quebrado dentro de um corpo inteiro. E por algum motivo ele ainda insistia em bater, em fazer com que Christopher continuasse vivo.

Morrer. Esse era o seu único desejo naquele momento, na verdade, Chris só queria acabar com aquela dor, mas não se importava se para isso, fosse necessário acabar com a sua vida também.

Queria que tudo aquilo fosse o seu pior pesadelo, que fosse uma brincadeira sem nenhuma graça ou que ele estivesse ficando louco e que tudo aquilo fosse fruto da sua imaginação. Ele só não desejava que fosse real o que os seus olhos viam.

Negou algumas vezes com a cabeça antes de sair do quarto sem dizer uma palavra sequer, fechou a porta atrás de si e respirou fundo antes de pegar o seu casaco, as sua chaves e sair daquela casa.

Ele não sabia para onde estava indo, ele só tinha certeza de que precisava sair dali o mais rápido possível. Para onde ele ia, ou que ia fazer depois de tudo o que presenciou não tinha nenhuma importância naquele momento.

A primeira dose deixou um gosto amargo em sua boca, mas aquilo não era um incômodo para ele. Nada era pior que a dor que ele estava sentido, nada o incomodaria mais.

Se precisasse descrever, diria que alguém estava abrindo o seu corpo sem usar nenhuma anestesia, mesmo achando que não era uma comparação justa. O que ele estava sentido era pior que qualquer outra coisa.

- O que você tiver de mais forte. - Foi o que Christopher pediu para o garçom assim que sentou no assento vazio em frente ao balcão do bar.

A segunda dose parecia ser mais fraca, mesmo sendo a mesma bebida. Talvez o primeiro gole o pegou desprevenido e agora ele já estava preparado para sentir o sabor daquele líquido em seus lábios.

O garçom assistia Christopher beber com um olhar de pena. Chris tinha certeza que estava com um semblante horrível e era por isso que ele não havia questionado o rapaz que o observava descaradamente.

A partir da quinta dose, ele já conseguia sentir um sabor agradável na bebida. Talvez já estivesse acostumado com o seu gosto ou talvez já estivesse bêbado o suficiente para não se importar com isso.

Christopher não sabia por que estava naquela balada, como chegou ali e como ainda conseguia ficar sentado depois de secar tantos copos.

Naquele momento a única coisa que ele queria era beber até esquecer o que aconteceu naquela noite, nem que fosse só por algumas horas.

Seus pensamentos estavam distantes, a música alta não o incomodava e a loucura que estava em sua mente parecia ter diminuído depois que ele tentou preencher o vazio que havia em seu corpo com bebida.

- Uma cerveja, por favor. - Uma voz feminina o tirou dos seus pensamentos, fazendo com que ele levantasse o olhar.

Sua cabeça estava baixa e ele o questionou silenciosamente se havia cochilado enquanto estava encostado no balcão.

Uma mulher muito bem vestida havia ocupado o assento vazio ao seu lado, ela já estava bebendo a cerveja que pediu segundos antes.

Ela talvez tenha percebido que estava sendo observada, pois virou seu rosto para onde Christopher estava.

O movimento fez com que os seus cabelos caíssem em seu rosto, usou uma de suas mãos para joga-los para trás, deixando a mostra  um sorriso acolhedor.

- Está tudo bem? - Ela perguntou depois colocar a mão no ombro de Christopher.

- Olhe para a minha cara e me diz se está. - Respondeu sem pensar, se arrependeu no momento seguinte.

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