22. OS PREPARATIVOS PARA A GRANDE FESTA

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     Subindo as escadas para algum lugar completamente desconhecido, ainda estou em choque. De repente tenho completa ciência da minha respiração, o movimento de meus pulmões enquanto se enchem, limpam o ar e então o soltam se esvaziando novamente. Meus olhos passeiam por todos os lados daquele castelo. Cada parede é como se fosse única, mesmo que sejam completamente iguais.

Emily. Eu a veria novamente. Talvez eu devesse me sentir culpada, afinal, se não tivéssemos nos tornado amigas, ela nunca teria se metido em toda essa confusão. Mas ainda assim, tenho o egoísmo de pensar que pelo menos uma de minhas perguntas, será respondida em minutos. Tudo o que tenho que fazer é seguir o terninho cinza a minha frente.

Chris está ao meu lado. Em completo silêncio. Tenho a liberdade de pensar que está tão em choque quanto eu, seria o mais lógico a se deduzir. No fim das contas, Emily também foi amiga dele e juntos, fomos um trio de melhores amigos até o fim.

Os saltos agulha finalmente param de andar pelos corredores, subindo escadas aqui e descendo outras ali. Virando em um corredor, seguindo outro. Já estava me dando nos nervos o enorme caminho até meu destino. E então Mackenzie abre uma porta pequena, menos luxuosa que as outras que vi pelo castelo. É simples, de madeira envelhecida e não tem nenhum brilho de verniz. Parece não ser restaurada a um bom tempo. Mas é para dentro dela que Mackenzie abre espaço para que eu entre.

Engulo em seco, sentindo a saliva descer pela minha garganta. Respiro fundo, não tem porque estar tão nervosa. É apenas Emily. Aposto que assim que nos vermos ela fará uma piada qualquer e vamos rir do passado juntas.

Forço minhas pernas a se moverem e entrarem no cômodo. Uma sala pequena com apenas uma mesa de centro e algumas poucas cadeiras de decoração. Parecia muito com uma sala de interrogatório dos filmes policiais, com a exceção da claridade que vem por uma janela fechada e sem cortinas no canto. Em cima da mesa oval de madeira, no entanto, tinha um pequeno cilindro com ervas amassadas dentro.

- Sente-se. – Diz Mackenzie atrás de mim. E eu o faço. – Acho que já conhece o somnium do nosso primeiro encontro.

- Mais ou menos. – Respondo olhando o potinho de plantas para Mackenzie.

- Bom, a árvore sagrada foi o primeiro portal de Aurora. Suas folhas não nos transportam para outro lugar, mas nos permitem vislumbrar o que queremos. Aí dentro tem uma mistura dessas mesmas folhas e peyot, uma planta alucinógena. A fumaça não tem o poder de te deixar alucinar, mas confere uma realidade maior ao contato. Assim que você acender, poderá falar com sua amiga do outro lado.

Ouço a explicação com atenção, mesmo que sinta minhas mãos suando em cima das roupas que uso.

Chegou a hora.

Chris parece perceber meu nervosismo porque se aproxima e sinto sua mão em meu ombro, sempre me confortando. Olho para o lado para vê-lo sorrir para mim, me encorajando a continuar.

Mais uma respiração profunda e uma faísca pôde ser vista acima do pequeno cilindro a minha frente. A fumaça subiu aos poucos, nos deixando esperar na ansiedade. E quando finalmente ela estabilizou a minha frente, pude ver os cabelos âmbar de Emily do outro lado. Ela anda pelo shopping com o namorado, as mãos dadas balançando entre eles enquanto ela ri de alguma piada que ela mesma deve ter contato.

Minha visão embaça com as lágrimas que queimam meus olhos. Sorrio comigo mesma, feliz por ela estar bem.

- Emily... – Sussurro querendo de repente um abraço bem apertado naquele ser humano tão maravilhoso em minha vida.

Emily para onde está com o namorado. Olha para trás como se estivesse procurando algo, ou alguém. Olho para Mackenzie confusa.

- Ela pode te ouvir.

Beijada pelo FogoWhere stories live. Discover now