19. UM PRESENTE ACOMPANHADO DE UM RECADO

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- Árvore!

- Folha!

- Outono!

- Estação!

- Trem!

- Trilho!

- Pedra!

- O que? – Nós rimos, não conseguindo mais continuar a brincadeira.

A regra é fácil. Numa mistura de Stop e Mega Senha, um de nós fala uma palavra e o outro tem que dizer outra que se conecte à anterior. É bem fácil e rápido de se distrair.

- Tem pedras nos trilhos do trem. – Chris argumenta.

- Não, não tem! – Rebato caindo na gargalhada. – De onde tirou isso?

- Das minhas viagens de trem!

- Okay! Até podem existir pedras nos trilhos, mas tem tantas coisas com que relacionar isso, e você pensou em pedras? – Ele encolhe o ombros como se não fosse nada demais.

- Por que não?

Uma batida na porta chama nossa atenção e juntos, viramos a cabeça para saber quem nos interrompe, esperando boas notícias no mínimo.

- Desculpe interromper, alteza. – A curandeira de antes pede, encostada na porta entreaberta e com um sorriso escondido nos lábios.

- Por favor me chame de Scarlet. – Não sei se algum dia vou me acostumar com esse título de "alteza" e "majestade", mas espero que não precise chegar a tanto.

- Ah, claro. – Ela continua sem graça. – A Sra. Frost está aqui para vê-la.

Demorei um segundo para perceber que por "Sra. Frost", ela queria dizer Mackenzie.

- Ah, sim! Pode deixa-la entrar. Obrigada.

A garota se retira e dá espaço a altiva presença de Mackenzie, que como sempre, tem as roupas e o cabelo em perfeito estado. Por um pequeno espaço de tempo, fiquei imaginando se ela dormia assim, ou talvez dormisse em pé como os cavalos, só para não ter nada fora do lugar caso seja chamada no meio da noite.

- Olá, Scarlet! – Eu sorrio em um cumprimento de volta. – Vim aqui para dizer que providenciei o que me pediu da última vez.

O mapa do castelo. Meus olhos brilham em expectativa. A última peça do quebra-cabeça estaria, finalmente, completa e eu finalmente poderia tramar minha rota de fuga enquanto todos estivessem no grande baile que tecnicamente, seria em minha homenagem.

- O que você pediu? – Chris pergunta com curiosidade.

- Nada que precise se preocupar. – Respondo antes que Mackenzie possa ter a vez e, com um olhar, ela percebe que não deve dizer mais que isso. – Pode pegar água para mim? – Peço num tom doce, como se realmente precisasse.

Chris hesita, como se pensasse que, ao me deixar, me perderia de novo. Mas por fim, ele concorda entendendo que preciso de um momento com Mackenzie. Mesmo que estejamos bem agora, ele não pode saber do que planejo. Depois de tanto tempo me "protegendo" e me convencendo a ficar, não pode perceber que nunca aceitei realmente estar em Aurora. Uma encenação feita com toda a experiência de 2 meses no clube de teatro.

- E então? – Indago ansiosa a Mackenzie assim que a porta do quarto se fecha e ficamos a sós.

- Primeiro deve saber que nossas pedras e todos os mapas e informações configurados nelas não são feitos por nós, mas pelos Elfos no alto da montanha.

Beijada pelo FogoWhere stories live. Discover now