5. UM NOVO DIA, NOVOS OBJETIVOS

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A noite passou devagar. Chris se rendeu e saiu do quarto, avisando que estaria a alguns metros de distância se precisasse dele. Eu não consegui dormir, e por várias vezes na noite pensei em chamá-lo e fingir que estávamos em casa, conversando até tarde da noite. E sempre que sequer considerava a possibilidade, a pedra fria em minha mão brilhava e me lembrava de que isso não era mais possível.

Apesar de ter deitado na cama, não fiquei por muito tempo. Fui até o armário de roupas e peguei um dos casacos lá, indo para a sacada de novo que parecia o único lugar a me dar segurança, mesmo que falsa.

Do lado de fora, consigo ver o céu escuro e perfeito, cheio de estrelas que brilham como nunca brilhariam em casa. O ar é puro, puro até demais, e de madrugada, sopra suave movimentando fios do meu cabelo. Está calmo, e acho que calmaria é tudo o que preciso agora. Calmaria para pensar, para planejar e principalmente, acalmar a mim mesma.

Não tenho escolha, amanhã vai ser meu primeiro dia em Aurora eu querendo ou não. Se não for, Mackenzie virá a mim e me convencerá de qualquer maneira a ir. Pode até me chantagear emocionalmente com meus pais. É, eu sei que pode usar métodos assim. Usou enquanto esteve aqui, mesmo que sutis, eu percebi. Mas agora vejo que, mesmo que pareça uma péssima idéia, pode se tornar uma oportunidade.

Primeiro, tenho que sair do castelo, e mesmo que esteja acompanhada por Chris, a Academia é minha melhor chance. Bom, pelo menos, minha melhor chance sem uma confusão que possa chamar ainda mais a atenção para mim. Segundo, tenho que entender a "minha condição". Mesmo que Chris ache que não estou pronta, passei por coisas demais nos últimos dias para pensar assim. Não posso mostrar meus poderes, não posso dizer meu nome do meio. É uma rede de mentiras que vai aumentar cada vez mais, porém, não pretendo manter isso por muito tempo. E por último, tenho que descobrir o máximo que puder sobre o que Aurora realmente é. Por que tem um palácio sem um rei? Por que existe alguém querendo me matar? Quem é, e onde está? São perguntas que precisam ser respondidas, e ainda assim, nem um terço de um todo que ronda minha mente o tempo inteiro.

Não vi quando o sono finalmente me fisgou, mas tenho certeza que dormi na sacada. Quando o toque gentil vem e a voz de Lya me acorda, estou coberta e confortável na cama.

- Bom dia, senhorita. – Estou sonolenta. Dormi menos do que devia, e mais do que queria.

- Bom dia. – respondo afinal. A mulher sorriu.

- Trouxemos seu café e o uniforme que precisa usar. – Lya diz, mostrando o orgulho de seu trabalho em me agradar.

O banho já está pronto, e é tão relaxante quanto o anterior apesar de, agora, o efeito ser menor. Sou coberta com um roupão macio, como se nuvens tocassem minha pele. Quando saio, o uniforme está cuidadosamente colocado em cima da cama. As peças inteiramente pretas, com bolsos na jaqueta e acessórios para implementar armas e o que for necessário. Ver aquilo me faz sentir falta das minhas adagas.

- Obrigada, meninas. Posso me virar daqui. – Lya não se mexe, e seu rosto mostra dúvida e um quase pedido de desculpas. – Quer dizer que podem ir. –Eu repito, olhando para as três, que se entreolham.

A porta se abre, e Chris passa por ela. Veste roupas iguais as que eu tenho aqui. A não ser pela jaqueta, que é de um couro mais escuro, mais brilhoso também.

- Bom dia! – Diz com um bom humor que eu não tenho no momento.

- Bom dia. – Volto a olhar as garotas. – Viu! Ele está aqui agora, podem ir. – Peço mais uma vez. Sei que estão aqui porque Chris mandou que, de certa forma, me vigiassem. E claro, obedecessem apenas as suas ordens. Mas agora que ele está aqui, elas podem ir.

Beijada pelo FogoWhere stories live. Discover now