No entanto, Ettore foi deixado de fora daquele segredo. Tudo o que sabia era o que Dante descobriu depois de algumas investidas.

— E o que eu deveria fazer, hum? — Ettore perguntou.

— Esperar. — Fabrizio respondeu. — Se ele tiver envolvido em alguma coisa, vai cair sozinho. É só esperar, Lorenzo foi só o primeiro.

Ninguém trabalha sozinho, ainda mais um feito como aquele. Precisava ter mais pessoas para saber o que fazer. Pietro era o mais perto de Lorenzo, logo o que mais levantava suspeitas.

— E sua esposa? — Augusto perguntou.

Ettore balançou e suspirou. Ali estava, de fato, a fraqueza do homem. Era fácil demais fazer o nublado de seus olhos sumirem e dar lugar a um azul claro, sem tempestades, limpos e ligeiramente apaixonados.

Mas a pergunta não se tratava de seu bem estar. Ettore não sabia o quão amorosa, ou se era, a relação de pai e filha, mas ainda assim... Ele tinha matado o pai de sua esposa.

— Eu disse que deveria ter pensado. — Fabrizio respondeu quando Ettore ficou com olhar perdido. — Não é tão fácil. Não é apenas fogo nos traidores e pronto. Mas você não quis pensar em nada.

Aquela era a sua dor de cabeça.

Pensar que o relacionamento em construção com a sua esposa poderia simplesmente ruir, mesmo que tenha feito exatamente o que era para ser feito.

Como Helena iria reagir quando voltasse e recebesse aquela notícia?

Como contaria aquela traição...?

Uma estranha voz em sua cabeça sussurrou algo que o deixou estático, ainda mais que não estava acostumado a falhar. E se ela fizesse parte daquele plano... Se estivesse envolvida com toda aquela traição, se tivesse planejado o substituir?

Não.

Não podia ser verdade. Aquilo o perturbou, fazendo um frio passar por sua espinha ao ligar alguns pontos.

Primeiro que Helena sempre pareceu demonstrar medo quando sabia que consequências drásticas precisam ser tomadas, como se tivesse medo.

Não.

Ele não quis pensar nos outros pontos, focando-se no assunto que Augusto e Fabrizio conversavam, querendo esquecer aquela duvidava que cresceu em sua cabeça. Aquela semente não precisava ser regada, iria arrancá-la de lá antes que crescesse.

— Pensar não é uma opção, Fabrizio. — Augusto ponderou. — "Pesada é a cabeça que carrega a coroa."

— Não me é permitido pensar entre perdão e morte. Eu tenho que matar, caso contrário terei falhado na minha promessa. — Ettore tomou a voz. — E eu não me arrependo de nada.

Não se arrependia. Mas e se para manter aquela promessa tivesse que matar a mãe de sua filha? Matar aquela que estava fazendo todo o possível para proteger seria uma dura missão, mas sabia que se fosse verdade e ela estivesse envolvida precisaria fazer.

— Está pronto para continuar? — Augusto perguntou.

— Mais que pronto. — Ettore se levantou. — Mas para isso eu preciso ir.

Ele deixou a xícara em cima da mesinha de centro e com a licença abandonou o cômodo, indo em direção a saída, mas quando cruzava a batente da porta esbarrou em alguém e como um instinto suas mãos foram a cintura fina, impedindo que o corpo frágil caísse.

— Por Deus, perdão! — Escutou a voz familiar e afastou os cabelos loiros do rosto feminino, e passou um olhar rápido por Lucrécia. Ela parecia bem. — Ettore. Perdão. Eu não percebi que estava saindo.

Em todos os encontros ela mantinha os olhos para o chão, sempre sussurrando. Ettore só não sabia afirmar se era por medo ou por constrangimento. Ambos se assemelhavam diante seu comportamento.

— Tudo bem. Não se preocupe. — Ele murmurou um tempo depois e a soltou no instante que notou as suas mãos ainda na cintura dela.

— Perdão! — Ela repetiu, as mãos juntas frente ao corpo.

— Olhe para mim, Lucrécia. — Devido a aproximação que tinha com a família Carbonne Ettore julgava aquela submissão desnecessária.

Lucrécia não era uma subordinada. E por pouco não foi a sua esposa, sua consciência o cobrou por aquilo no instante que ela levantou o rosto, observando os grandes olhos cor marrom.

Aquela mulher era completamente o oposto de Helena e certamente a esposa perfeita e se fosse a senhora Bertinelli nada daquilo estaria acontecendo. Augusto jamais montaria uma traição contra si e poderia ver o filho crescer em seu ventre.

Ettore pela primeira vez estava confuso entre o que tinha e o que poderia ter tido.

— Tudo bem? — Ela perguntou piscando e voltando a olhar para o chão quando passou mais tempo do que deveria olhando para ela. — Deve estar sendo difícil demais... Ainda mais agora. Sinto muito por seu pai.

Ela não deveria sentir uma vez que nem o seu próprio filho sentia.

— Está tudo bem. Eu tenho problemas maiores.

— Vai resolver tudo, Ettore. — Ela deu um passo à frente e colocou a mão em seu peito, do lado esquerdo, bem em cima do coração. — Eu acredito em você.

Foi a vez de Ettore piscar algumas vezes.

Ela levantou o olhar e parecia tão certa, seus olhos expressivos brilhavam em confiança e um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.

Bertinelli não sabia que precisava daquele apoio e tampouco daquelas palavras, mas foi absurdamente bom, como se enchesse seu ego e acabasse com todas as dúvidas que assolavam seu peito.

— Por que? — Ele perguntou e abaixou o olhar, foi quando Lucrécia tirou a mão e deu um passo para trás. Parecendo perceber o que tinha acabado de fazer. Foi estranho.

— Porque é o certo a se fazer. Você sempre consegue. Não vai ser agora que vai errar. — Ela respondeu mais uma vez com aquele brilho confiante. — Quanto maior a luta, maior o triunfo.

— Ettore? Lucrécia? — Fabrizio apareceu, olhando de Bertinelli para a irmã, uma ruga interrogativa na testa, parecendo confuso. — O que está acontecendo aqui?

Ettore não soube responder. Ouviu coisas que não esperava de quem não esperava. Estava processando tudo ainda. Helena nunca tinha oferecido aquele apoio, só mudou quando soube a gravidez.

Medo pelo bebê.

Não porque confiava, mas porque podia perder algo precioso.

Algo em Ettore gritou mais uma vez.

— Nada. — Ettore respondeu rapidamente. — Só me esbarrei quando estava saindo, mas agora preciso mesmo ir.

Não esperou a licença, apenas partiu em direção ao seu carro, as palavras de Lucrécia martelavam em sua cabeça junto de imagens de sua esposa, deixando-o perturbando com tudo o que tinha ouvido e com as várias vertentes que estava envolvido.

Sua esposa poderia estar envolvida em toda aquela traição.

Lucrécia confiou sem julgar.

Fabrizio dizia que deveria pensar.

Sua cabeça estava cheia demais, uma mistura do que esperavam de si e o que ele mesmo esperava que fizesse. Estava sobrecarregado e cansado com tudo o que estava acontecendo.

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Olaaaa, menineesss!!!! ❤❤❤❤❤ cês tão bem????

Será que Ettore está certo mais uma vez e sua preciosa está envolvida, junto de Lorenzo, contra ele?

Um beijo e até a próxima. ❤😙

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora