Parte II

3.5K 139 14
                                    

Na manhã seguinte os pais de Alicia não foram ao trabalho e ficaram com a filha. Naquela altura os seus vizinhos notaram o movimento do carro da polícia em frente a sua casa e logo os telefonemas começaram a tocar, e os pais de Alicia atendiam e apaziguavam os ânimos agitados dos amigos e parentes.

            Alicia não queria sair de seu quarto e sua mãe conseguiu convencê-la a abrir a porta e tomar café.

- Não se preocupe filha... tudo isso irá passar... – dizia sua mãe tristemente.

- O que foi que ele contou? – ela sentia que sua mãe e seu pai estavam muito decepcionados com ela.

- Como assim?

- Você sabe o quê. O que foi que o maldito detetive contou para vocês?! – serrou os dentes, olhando para sua mãe furiosamente.

- Não vamos falar sobre isso filha. O que passou, passou. Agora coma e desça. – falou a mãe e saiu do quarto.

            Alicia espiou pela janela de seu quarto e o carro da polícia não estava mais lá na frente, mas havia um outro carro para disfarçar a curiosidade dos vizinhos.

Alicia não ia faltar à aula e sabia que o policial não ia poder ficar no colégio, pois podiam assustar os demais estudantes e a diretora ia ficar aflita por comentários negativos sobre a segurança de seu estabelecimento de ensino. Ela desceu e deu bom dia um tanto exagerado aos seus pais e ficou assistindo TV na sala. Seu pai que estava sentado na poltrona se levantou e foi para um outro canto.

            Sua mãe estava na cozinha e lá fingia fazer uma faxina só para não ter oportunidades de encarar a filha e ouvi-la confessar da própria boca que era verdade o que o detetive revelara para eles, sobre o possível envolvimento amoroso com sua filha junto ao seu professor Antônio.

            Alicia sabia que seus pais já a rejeitavam, e por isso não queria mais ficar ali onde seria como uma pessoa quase invisível.

            Ela foi para o colégio, mas teve que ir de carro com o policial disfarçado. Antes de ela sair do carro o homem passou umas regras.

- Tome este cartão. Ligue da secretaria caso resolver querer ir embora mais cedo e vou estar vigiando o colégio e ao redor para sua segurança e dos demais alunos...

- Eu não quero que fique me seguindo! Sei muito bem me virar sozinha! – interrompeu bruscamente o policial.

- Olha a boca, sua malcriada! – vociferou ele. – Não estaríamos tendo esse trabalho todo se a senhorita tivesse se comportada como uma garota normal, sabia?

            Alicia explodiu antes de sair do carro.

- VAI SE FODER! – e correu para dentro do colégio, esbarrando em alguns colegas ao passar pelo portão de entrada.

            Alicia encontrou Marcos e este a encarou com olhos cheio de culpa, mas ela o desviou quando passou por ele para entrar na sala de aula. A diretora vinha no corredor pedindo aos alunos para apressarem a entrar nas suas salas. Alicia caminhou para sua carteira, mas percebera que vários olhares da turma se concentravam sobre ela. Em seguida o professor Mariano entrou na sala e fechou a porta.

- Boa tarde classe! – ele abriu a pasta e tirou um monte de folhas, e começou a distribuir para seus alunos, informando. – Quero ainda hoje essas provas feitas.

            Alicia estendeu a mão para pegar sua folha e os olhos frios do professor a encarou por alguns instantes.

            O professor voltou à mesa e sentou. Alicia tentou se concentrar nas contas a fazer, mas, a sua mente estava fervilhando a mil por hora.

O Inferno de AliciaWhere stories live. Discover now