34. O Poste

662 64 180
                                    

        Naquela noite, Crystal havia dormido na Sala Comunal uma vez que nenhum dos meninos poderia carregá-la para o dormitório feminino e queriam evitar que ela fosse novamente ao deles depois do que Alex havia dito nos corredores. Os quadros espalhados pelo cômodo cochicharam a respeito da garota, mas os amigos ignoraram e começaram a se organizar: Aurora subiu para pegar cobertores assim como James, pois Sirius e Alice insistiram que passariam a noite ali; enquanto isso, Remus juntava todos os trabalhos com ajuda de Lily e Peter; Sirius havia deitado Crystal com a cabeça em seu colo assim que ela apagou enquanto Alice havia se sentado no chão de frente para o sofá e encarava a amiga, tentando entender a mistura de emoções ruins que a outra sentia. Após ajeitados — Sirius havia passado a coberta pelos ombros, Crystal havia sido coberta por Aurora e Alice havia se enrolado na coberta e sentado encolhida na poltrona mais próxima —, os outros foram convencidos a subir para descansar.

        No dia que se seguiu, Crystal foi a primeira a acordar e se sentiu confusa: havia dormido tão pesadamente que teve a impressão de ter apenas fechado e aberto os olhos e de repente encarava uma lareira apagada e os primeiros raios de sol entrando pelas janelas. Mexeu a cabeça e se sentou, avistando primeiramente Alice encolhida e meio torta na poltrona e depois Sirius bem largado e com a cabeça tombada para o encosto do sofá. Por um milésimo de segundo a garota pensou em sorrir, mas às lembranças de sua visão voltaram a sua mente como uma nuvem de fumaça densa que não deixava a luz do Sol passar.

        — O que houve? — ouviu o resmungo de Alice e parou de encarar o nada para olhá-la. Meio descabelada e com o rosto levemente amassado, a asiática fez uma careta ao esticar as costas. — Já estou sentindo suas emoções novamente e mal amanheceu ainda.

        — Prefiro não falar disso... — murmurou Crystal voltando a ficar pensativa. A garota sequer sabia quem eram as pessoas do sonho, não sabia o que realmente explicaria à amiga... Pelo menos, não naquele momento. — Suba para descansar na sua cama... Eu já vou também, só vou mandar Sirius primeiro. — mudou o assunto, se levantando e se espreguiçando.

        A asiática encarou a amiga por alguns segundos antes de se dar por vencida, envolver a amiga em um abraço longo e apertado e subir para o dormitório. Aquele abraço fez o peito de Crystal parecer um pouco mais leve, por mais que o cansaço de sua mente e corpo ainda fosse enorme — parecia que todas as noites mal dormidas a atingiam de uma única vez. Virando-se para Sirius, pôde olhá-lo melhor agora que estava de pé: vestia a mesma calça jeans escura, tênis, camiseta cinza escura e jaqueta preta da noite anterior; seus cabelos negros estavam espalhados no encosto do sofá vermelho, levemente bagunçados; seu peito descia e subia suavemente indicando o bom sono que tinha apesar da posição pouco confortável; a garota também podia ver agora uma coberta escondida às costas do namorado. Crystal se sentou ao lado do namorado e arrumou algumas mechas dos cabelos escuros do rapaz que, mexendo a cabeça na direção da garota, acabou por abrir os olhos e sorriu fraco para ela. Ficaram por poucos minutos naquela troca de olhares silenciosa: Crystal entorpecida pelos brilhantes olhos cinzas e sorriso do rapaz e Sirius aproveitando o carinho — uma vez que a garota continuava a mexer nas mechas de seu cabelo — enquanto mergulhava nos olhos âmbar dela.

        — Bom dia. — desejou Sirius com a voz rouca. Este, assim como Alice, também fez uma careta ao esticar as costas.

        — Bom dia... — sussurrou Crystal, fazendo o rapaz notar o cansaço e desânimo da garota só então. — Desculpe por ter mantido você e Alice aqui...

        — Estaríamos todos aqui, mas eu e ela... — Sirius apontou para onde a asiática deveria estar e, quando notou que Alice não estava ali, começou a procurá-la ao redor. — Espera, ela nos abandonou? — se fez de ofendido e arrancou um sorriso da garota.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Where stories live. Discover now