55. A Mansão dos Malfoy

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        Com Fenrir Greyback parado a menos de um metro de si, Crystal sentia que não conseguia respirar — ou talvez fosse por causa do tombo e do peso sobre si. Ele cheiava morte, ao menos essa era a melhor descrição que poderia pensar: terra, sujeira, suor, sangue... e entre todos, o último era o que a enjoava mais.

        — Ora, ora... Que surpresa.

        — Reconhece ela? — perguntou o homem com o pé no peito de Crystal.

        — Ah, conheço. — murmurou Fenrir, dobrando-se para aproximar seu rosto do da mulher no chão. Se ainda não estivesse tão preocupada com os filhos, Crystal teria vomitado. — Ela atacou a mim e um conhecido quando estávamos nos divertindo com uma amiga dela, anos atrás... O meu conhecido ficou tão ferido por causa de você que dizem que morreu.

        Ele não teve a decência de sequer parecer triste — e mesmo que a informação tivesse chocado Crystal, ela não se importou nem um pouco. Parte de si se sentiu incomodada com aquilo.

        Em um movimento truculento, Greyback empurrou a perna do colega e, antes que Crystal pudesse dar impulso para levantar, desceu o próprio pé sobre o peito dela. A força que usou foi tanta que a bruxa soltou um grunhido pela dor e quase ouviu os ossos ali estalarem.

         — Não esqueci do seu rosto. Você estragou minha diversão... — murmurou Fenrir novamente, dessa vez parecendo  realmente desapontado. — Como vai sua amiga? Acho que não muito mal, não tive tempo para quase nada...

        A bruxa sentiu uma raiva tremenda, mas não conseguiu responder com Greyback apoiando-se sobre a própria perna e fazendo parecer que seu peito fosse afundar.

        — A que te ajudou a salvá-la tenho certeza que está melhor que você, não é? — instigou. — Se me lembro bem, Bellatrix a matou, não foi?

        — Calado! — se antes estava com raiva, agora estava irada. Como ele ousava abrir a boca para falar de Aurora ou Alice? O companheiro do lobisomem riu com escárnio pela audácia da bruxa. — Mantenha sua língua atrás dos dentes, cãozinho...

        Crystal não teve tempo de continuar: Fenrir a livrou de seu pé apenas para levantá-la pelo pescoço. O mundo girou e suas costas encontraram uma árvore, a aspereza do tronco a arranhando mesmo sobre a blusa que usava — se é que ainda estava inteiro. Greyback a afastou antes de bater mais uma vez contra a árvore e Crystal arregalou os olhos pela dor aguda que sentiu na cabeça. O lobisomem não a soltou.

        — Que tal você manter a língua atrás dos dentes?  — rosnou a centímetros do rosto contorcido da mulher. A mão em seu pescoço podia rapidamente acabar com tudo ali mesmo sem que ele sequer fizesse muito esforço.

         Mas ele deu um passo e a jogou para o lado, de volta ao chão. Crystal forçou o ar para os pulmões, sentindo-os queimar como os arranhões causados pela árvore, gravetos e raízes, e não respondeu. Percebeu que as unhas do lobisomem também haviam lhe arranhado quando tirou as mãos que havia levado ao pescoço e as notou levemente sujas de vermelho.

        — A cabeça dela vale um bom dinheiro, Greyback? — uma terceira voz perguntou.

         Crystal procurou ao redor e viu que estava praticamente cercada pelo grupo de Fenrir. Um homem ao lado do de cabelos castanhos e mechas vermelhas de mais cedo arrastava uma Louise inconsciente com rosto ensanguentado, além de outras figuras: um duende também inconsciente com seu rosto escuro coberto de vergões e um rapaz que estudava com Harry com o rosto roxo e sangrento. Estavam todos amarrados uns aos outros, o rapaz tendo que sustentar o peso dos companheiros praticamente sozinho se um dos comparsas de Greyback não estivesse segurando o braço de Louise tão fortemente para arrastá-la.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Where stories live. Discover now