45. Julgamentos

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        Enquanto o mundo bruxo enlouquecia com a volta de Voldemort e Cornélio Fudge deixava a chefia do Ministério, o Largo Grimmauld havia se transformado em um lugar tão opressor que nenhum dos amigos conseguia suportar. Uma semana após o ocorrido no Ministério da Magia, Sirius tinha saído pela primeira vez sem precisar se esconder — ele havia sido inocentado provisoriamente — e tinha ido direto para o Gringotes. Sacando uma boa quantia e trocando pela moeda trouxa, o homem alugou um apartamento no centro de Londres e se mudou com Crystal, pois não aguentava a ver chorar sempre que pisava para fora do quarto. Aurora, por sua vez, se mudou para a casa onde Dora morava enquanto Alex e Remus permaneceram no Largo — de acordo com Alex, alguém tinha que tomar conta da sede e de Bicuço e Remus não tinha para onde ir.

        O apartamento de Sirius e Crystal era bom para os dois: dois quartos, sala, cozinha e dois banheiros. Por mais que Sirius quisesse que a noiva participasse daquela escolha, as únicas coisas que Crystal dissera era que o lugar deveria ser provisório e com um quarto para Harry passar um tempo com eles. Por mais que ele desejasse argumentar e dizer que chamaria Harry para morar com eles, não o fez — nem ele e nem a noiva tinham disposição para nenhuma discussão por conta do luto.

        Quando estava completando quase duas semanas desde que tinham colocado os pés no Ministério, Sirius e Crystal tiveram que retornar àquele local: finalmente, depois de anos de injustiça, Sirius Orion Black seria finalmente julgado apropriadamente e teria como provar sua inocência — além do depoimento de Crystal sobre a morte de Cedrico Diggory. No dia 30 de Junho, o casal chegou às oito da manhã e Crystal acompanhou o julgamento do noivo, recebendo Harry com um abraço — o menino iria testemunhar sobre a descoberta de que Rabicho estava vivo, coisa que acontecera dois anos atrás, e também sobre a morte do lufano de um ano antes. Passaram o tempo todo sentados em silêncio, mas de mãos dadas para passar um pouco de segurança e conforto que ambos precisavam.

        Dumbledore também estava lá. O senhor de óculos meia-lua havia chegado junto de Harry e iria defender tanto o homem quanto a mulher. Lançara olhares à Crystal e chegaram a trocar algumas palavras, mas ela evitou falar mais do que o necessário. Não sentia raiva de Dumbledore, por mais que até Alex sentisse no momento: Crystal tinha para si que a culpa era sua pelo ocorrido. Pensava que, se tivesse mantido as coisas para si, Alice não teria feito o que fez e ela não teria perdido sua quase-irmã. Também jamais deixaria Sirius morrer — teria se sacrificado no lugar dele também. Cada vez que pensava em diferentes possibilidades, sentia suas forças diminuírem e afundava mais em um estado que fazia com que até Harry começasse a ficar preocupado.

        Já eram mais de uma hora da tarde quando o julgamento de Sirius foi dado como finalizado e ele foi finalmente inocentado. O homem ficou tão radiante como não ficava em tempos e até Crystal se permitiu contagiar um pouco com a felicidade do noivo, o abraçando fortemente assim como Harry. Aquela foi uma sensação incrível para o animago: com os braços ao redor de Harry e Crystal, conseguia visualizar e talvez entender o que realmente significava uma família como James tinha, mesmo que por um ano — e esse pensamento o deixou ainda mais determinado a lutar. Iria até o inferno atrás de Voldemort, Rabicho e todo o resto se fosse preciso; não perderia mais nada e nem ninguém para nenhum deles.

        Enquanto Sirius absorvia a notícia sentado com Harry, Crystal foi ouvida sobre a morte de Cedrico e seu estado depressivo voltou em um segundo. As lembranças do cemitério pareceram ainda mais pesadas em seu peito, pois tentar não se lembrar de James e Lily era quase impossível com a cópia deles a encarando apenas metros de si — e consequentemente lembrava-se de Alice ganhando tempo junto de seu irmão e amigas. Mesmo que parecesse impossível — e guardando as angústias para chorar depois —, a mulher se manteve firme e de olhos atentos em todos que lhe faziam perguntas, respondendo a todos com o máximo de detalhes que conseguia. Descreveu o ocorrido no cemitério — deixando as amigas e o irmão de fora, pois não confiava no Ministério o suficiente para dizer a respeito deles — e, após o depoimento de Harry as três da tarde, também foi liberada e inocentada de qualquer acusação.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Where stories live. Discover now