4. Varinhas e Fumaça

2.2K 252 102
                                    

        — Não, essa não. — Sr. Olivaras tirou da mão de Aurora, a primeira a experimentar as varinhas, outra. Olhou para a garota novamente. — Hm, talvez... — e se virou para as estantes, tirando outra caixa retangular. — Tente esta. Álamo, vinte e oito centímetros. Núcleo de corda de coração de dragão.

        Aurora apanhou uma varinha branca e fina parecida com marfim, belíssima. Sentiu um repentino calor nos dedos, da ponta da varinha voaram faíscas com um brilho avermelhado.

        — Interessante... — murmurou Olivaras, olhando Aurora com atenção. — No século XVIII havia um clube de duelo chamado A Lança Prateada que tinha reputação por somente admitir bruxos e bruxas com varinha de Álamo... — contou. — É boa em duelos, senhorita Clark?

        — Sim. — respondeu quase que imediatamente quando pensou nas discussões que se metia e como sempre conseguia deixar quem quer que fosse sem argumentos. Mas claramente Sr. Olivaras não estava se referindo à esse tipo de duelo.

        — Então, fico feliz em dizer que essa será uma varinha maravilhosa para isso. — Sr. Olivaras virou-se para a irmã de Aurora e começou a fazer as medições. — Bem, vamos tentar algo diferente para a senhorita... — olhou atentamente para os cabelos de Dora e novamente para seus olhos antes de se virar para pegar outra caixa retangular. — Ébano, vinte e oito centímetros. Núcleo de pelo de unicórnio. Boa para combate e transfiguração.

        Sr. Olivaras virou-se para Dora e entregou uma varinha de madeira bem escura, muito bonita. Quase que imediatamente a varinha soltou faísca arroxeadas.

        — Maravilha! — exclamou o mestre das varinhas. — Bem, agora a senhorita Ihlenfeldt. — o homem deixou a fita tirar as medidas enquanto olhava para várias caixas. Quando a fita terminou de medir a garota, passou para o próximo.  — Hum... Talvez, mas... É, quem sabe... — olhava de vez em quando para Alice. Subiu em uma escadinha e quando esticou o braço para pegar uma caixa, outra rumou ao chão em direção a Dora.

        Alice puxou a garota para perto de si, ficando na sua frente para evitar que a amiga fosse atingida, esticou o braço sobre a cabeça para evitar que a caixa atingisse-a e esperou o impacto sobre o braço. Mais rápida que o Sr. Olivaras, que sacou habilmente a varinha para parar a caixa, foram Crystal e Alex que esticaram o braço ao mesmo tempo. Mas a garota, por ser mais alta, a pegou centímetros antes de bater na amiga e sentiu algo estranho.

        — Dora, o que você estava esperando para se mexer e sair do lugar? — Crystal perguntou um pouco irritada à amiga, ignorando o que tinha sentido. — Um galo no meio da testa?

        Sr. Olivaras olhou a cena toda atentamente e repensou a escolha da varinha de Alice, colocando a caixa que estava em sua mão no lugar. Desceu das escadas com duas caixas na mão, colou-as sobre uma pequena mesa e pegou a terceira quando Crystal a esticou para ele, tentando fazer cara feia para amiga. Crystal não conseguia ficar realmente com raiva das amigas.

        — Bem, senhorita Ihlenfeldt, veja esta. Cipreste, vinte e nove centímetros, núcleo de pena de fênix. — o homem entregou à Alice uma varinha caramelo claro com um entalhe na base que lembrava uma pata de um felino.

        Alice sentiu um calor na ponta dos dedos instantaneamente e faíscas verdes saíram da ponta da varinha.

        — A coragem vai além do que consegui ver... Bom, bom... Muito bom... — Sr. Olivaras falava consigo mesmo.

        — Sr. Olivaras... — Alice chamou-o. — Desculpe, mas não é como se tivesse me sacrificado por ela. Era só uma caixa.

        — São nos pequenos atos que vemos quem as pessoas são, senhorita Ihlenfeldt. — ele olhou para a varinha. — Varinhas de cipreste são conhecidas pela nobreza, tanto da madeira quanto do portador. Os bruxos que conheci com varinhas de cipreste sempre foram corajosos e sempre estavam prontos para morrer pelos seus... — contou. — A senhorita poderia ter feito como a maioria faria. Esperar que sua amiga fosse atingida para depois dar risada.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Onde histórias criam vida. Descubra agora