58. A Batalha de Hogwarts

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        A casa ficou tão silenciosa quanto no momento que Crystal havia comunicado a morte de Peter. Os gêmeos, alheios do que aquelas palavras significavam, protestaram para o pai quando o lobo sumiu.

        A troca significativa de olhares entre o grupo deixou bem claro as emoções conflitantes que cada um tinha dentro de si: Crystal não poderia deixar os filhos, mas também não queria que os amigos lutassem em seu lugar; Sirius tinha pensamentos muito similares — o que era uma grande mudança se comparado a suas atitudes em todos aqueles anos; Louise e Aurora encontravam-se perdidas mais pelo fato de não terem se resolvido ainda.

           Os segundos pareceram excruciantemente longos até Lira chamar a atenção de Sirius, balbuciando algo parecido como "dada" repetidas vezes. Ele encarou a filha agarrada à sua calça, notando como os olhos cinzas e espertos de Lira pareceram ler na hora sua hesitação — ou sua mente estava lhe pregando uma peça, afinal, ela era penas um bebê. Tinha apenas 10, quase 11 meses. Precisava dele... Mas precisava de um futuro seguro também.

        O que ele devia fazer?

        — As crianças vão estar seguras, Sirius. — Crystal disse, como se a pergunta dele fosse óbvia. O olhar do bruxo caiu sobre a noiva e ela acenou, o encorajando a ir.

        A voz de Crystal não o fez mover um músculo, mas fez Aurora sair de seu transe. Arrumando as roupas que usava e empunhando sua varinha, a bruxa usou um feitiço convocatório para atrair seu par de botas do andar de cima. Sentou-se na cadeira mais próxima e as colocou em silêncio, evitando ao máximo que podia o olhar atento de Louise.

        Deneb, notando que a técnica da irmã para chamar a atenção do pai havia funcionando, começou a balbuciar sílabas repetidas vezes para a mãe. Esticando os bracinhos e com olhos pedintes, Crystal teve pouca resistência e se aproximou do noivo para pegar o filho, vendo o bruxo à sua frente fazer o mesmo com a filha.

        Houve uma troca silenciosa de olhares, daquelas que dizem milhares de coisas ao mesmo tempo sem que ninguém precise abrir a boca.

        — Só... Tome cuidado. — pediu Crystal, finalmente quebrando o silêncio. Sentia sua ansiedade crescendo no peito, sua respiração pesada.

        Sirius encostou a testa na da noiva e fechou os olhos, suspirando antes de concordar silenciosamente. Aproximou para beijá-la, mas Crystal o parou, colocando a mão livre entre os lábios dos dois.

        — Faça isso quando voltar para casa em segurança. — pediu. — E com Harry.

        Sirius sorriu suavemente.

        — É uma promessa.

        Uma promessa — uma lhe garantindo que voltaria pra casa, que voltaria com seu filho. Crystal sentiu o coração falhar no peito.

        Passando a filha para a noiva, Sirius observou os três juntos uma última vez antes de virar as costas e caminhar em direção à porta de entrada. Não olhou para trás, não conseguiria, mas esperou por Aurora antes de partir. Crystal também não o seguiu, nem percebeu a troca significativa de olhares entre as duas amigas. Afundando no sofá com os filhos inquietos no colo, a bruxa fechou os olhos e se sentiu tentada a rezar até que tudo tivesse acabado e todos estivessem bem.

        Mas o destino, aparentemente, tinha outros planos para ela.

        No momento que fechou os olhos, os barulhos que os filhos faziam e a voz de Louise sumiram — ela sequer pôde entender o que a mulher estava tentando lhe dizer. Sabia, porém, o que aquilo — aquele silêncio repentino — significava: estava em uma visão.

𝗠𝗨𝗧𝗔𝗧𝗜𝗦 𝗠𝗨𝗧𝗔𝗡𝗗𝗜𝗦,	𝒔𝒊𝒓𝒊𝒖𝒔 𝒃𝒍𝒂𝒄𝒌Where stories live. Discover now