Epílogo

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Sabe aqueles programas de televisão, que você tem que rodar uma roleta para ganhar um prêmio no final? Então assim considero a minha história de vida. Uma grande roleta. Sabe o porquê? Porque a cada rodada foram surgindo desafios na minha vida e fui tentando cada vez jogar mais em busca do meu prêmio final. Mas antes de contar para vocês em que fase da roleta que me encontro, gostaria de compartilhar com vocês as rodadas da minha vida que considero importantes. A primeira rodada que considero foi a Solidão: Quando perdi o bem mais precioso que eu tinha, que era a minha mãe. Mesmo com as dificuldades que tínhamos, ela era meu porto seguro. Ficar sem ela foram momento sofridos e tristes, onde me senti muito solitária e assim acabei passando momentos difíceis no orfanato até obter a maior idade e me ver obrigada a sair de lá também foi um desafio. Assim mais uma vez, girei a roleta e fui parar em uma casa, onde conheci o Théo. Nesta segunda rodada, conheci a Paixão foi um sentimento profundo que me fez enlouquecer por ele, também foi a minha destruição. Nesta nova fase da minha vida, a roleta rodou rápido demais e conheci sentimentos totalmente opostos a paixão e o sentimento de vingança. Acho que quando alguém nos machuca, a reação natural humana é revidar. Esta foi a primeira coisa que veio a minha cabeça, quando o Théo me machucou e eu resolvi me vingar, na tentativa de fazer com que ele sofresse tudo o que eu tinha sofrido. Mas as vezes o tiro pode sair pela culatra e quem sairá mais ferido nesta história seremos nós mesmos.

Conforme a roleta gira, recebemos mais ou menos pontos. As vezes ganhamos, as vezes perdemos, mas nunca deixaremos de ser afetados em cada rodada. Nesta época a minha roleta, rodou para um lugar mais obscuro que eu já tinha conhecido que foi uma Tristeza profunda. Eu estava tão confusa, tão triste de tudo que estava acontecendo na minha vida, que não via luz no final do túnel. Eu queria acabar com todo o sofrimento que eu estava passando e queria dar final para a minha dor. É uma dor muito profunda, que certas pessoas não entendem. Acham que é uma invenção, mas não é. É uma dor na nossa alma. Às vezes é importante dar uma pausa no jogo, antes de retornar a ele. Creio que estas pausas são fundamentais para refletirmos o caminho que devemos seguir. E foi assim que eu fiz. Voltei novamente ao jogo e junto com Deus, rodei a roleta e conheci uma palavra tão pequena, mas de proporções enorme. Conheci a fé. Ela foi fundamental para que eu conseguisse voltar a trilhar o meu caminho, colocando um anjo no meu caminho me fazendo lutar pela vida e renascer novamente. Não é simplesmente ter só fé em Deus, claro que esta é a mais importante, mas também ter fé em si mesmo é fundamental. Se você acreditar em você mesmo, já tem meio caminho andado.

Novos desafios surgiram nesta rodada então me reergui, me curei e assim soube o que era o Amor. O amor não tem nada a ver com sentimento, ou com o que o coração manda. O amor é ação.

Os meus dias acinzentados, ganharam cor e eu pude voltar a sorrir novamente. E para mim só conheci o amor de verdade quando virei mãe. Ser mãe é sensacional, é um amor incondicional que você sente pelo filho que você é capaz de tudo por ele. É se doar 100% do tempo. Ser mãe mudou a minha vida, mudou o meu jeito, mudou a minha maneira de pensar.

Não é fácil ser mãe ainda mais quando se cria um filho sozinha. Você tira forças da fraqueza para poder dar tudo de melhor para o seu filho. Se pudesse até removia montanhas por um filho. Mas o importante que venci esta etapa e tenho um filho lindo. O meu maior amor, o Vitor.

Enfim, a cada rodada é diferente e sempre saímos mais maduros das situações que passamos. A rodada do perdão foi muito difícil. Tentar esquecer tudo o que o Théo me fez passar não foi um processo fácil, principalmente contra os nossos inimigos internos. São tantos o medo, a insegurança, o orgulho. É uma batalha árdua travada em nosso ser. Esquecer tudo o que eu passei eu não esqueci, mas agora não sofro mais quando me lembro do passado. Senão fosse o sofrimento eu não seria esta mulher forte e madura que sou hoje.

Bom eu poderia ter parado por aí, mas eu resolvi continuar no jogo. Assim eu fiz e resolvi jogar mais uma partida e em busca do meu prêmio final, que mencionei logo no início. Não parei e fui em busca de outro prêmio a felicidade. Felicidade de ter uma família na qual sempre sonhei.

Isto tudo que eu contei para vocês aqui, é para falar que hoje faz seis meses que eu e o Théo resolvemos ficar juntos. Não é possível esquecer e corrigir o passado, mas decidimos seguir em frente.

Não tem sido fácil se reconectar novamente, mas estamos nos dando bem. A cada dia vamos construindo uma nova base da nossa relação junto. Não preciso nem dizer que o mais animado com esta mudança era o Vitor. Quando contamos para ele, que iríamos ficar juntos novamente, ele deu pulos de alegria. Nos mudamos para a casa do Théo, para ficar mais próximos do centro de treinamento dele e estamos tentando viver a nossa história em família.

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- Nossa hoje está tão frio, que hoje quero ficar aqui deitado com você. Então o Théo me enlaça pela cintura e ficamos ali deitados com as pernas entrelaças um de frente para o outro.

- Eu tenho medo de acordar e isso não se passar apenas de um sonho.

- Acho que nos sonhos, não podemos fazer isto. Então ele passa as mãos no meu cabelo e me dá um beijo cheio de carinho.

Nos separamos rapidamente, quando ouvimos o som da porta se abrir e uma coisinha entrar por debaixo dos lençóis.

- Mamãe, papai está muito frio. Posso dormir aqui com vocês?

- Pode meu filho!

E assim ficamos os 03 deitados e abraçados na cama. Nós não podemos apagar todos os maus momentos que vivemos, todas as ocasiões que deixamos de compartilhar. Mas tudo que passamos, serviu de aprendizado. Agora tínhamos um caminho enorme pela frente para trilhar, juntos e unidos como uma família.

FIM

Roleta do amorWhere stories live. Discover now