Capítulo 43

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Me dirigi ao quarto do Vitor, e comecei a arrumar as coisas dele dentro da mochila. Nunca pensei que este dia terrível ia chegar. Hoje é o primeiro final de semana que o Vitor vai dormir na casa do pai. A princípio fui meio resistente com esta situação. Até chegarmos a este acordo foi muito tenso. Com muitas brigas e desacordos. No início não me sentia muito segura de deixar o Théo sozinho com o Vitor e sempre acompanhava os dois em tudo que ambos iam fazer, mas infelizmente não poderia proibir o meu filho de visitar o pai, então aos poucos fomos nos adaptando. Como esta seria a última semana de férias do Théo, antes de voltar aos treinos de futebol, acordamos que o Vitor iria passar o final de semana com o pai. Hoje ele estava todo empolgado, porque ia conhecer os avós também.

- Mamãe, porque você e meu pai, não moram juntos?

- Porque eu tenho a minha casa e ele a dele ué.

- Mas porque não pode ser uma casa só, igual aos dos meus amigos?

Respiro fundo e ouço uma batida na porta. Salva pelo gongo...

Às 8 em ponto o Théo chegou. O Vitor foi correndo abrir a porta e se jogou nos braços do pai. Quem não estava tranquila era eu. Estava com um nervoso por dentro, uma aflição. Preocupação de mãe sabe.

- Papai, você demorou.

- Desculpa, filho. Estava preparando tudo para você lá em casa. Os seus avós estão doidos para te conhecer.

- Yupi! Estou muito feliz, porque vou conhecer meus avôs.

- Bom agora, diz tchau para sua mãe.

- Ué minha mamãe, não vai comigo?

- Não filho, este é o final de semana do papai.

- Mas eu quero que minha mamãe, também venha.

Senti uma lágrima cair do meu rosto. Meu filho me queria perto dele, mas eu não poderia estar por perto. Me abaixei e passei a mão no cabelo do meu filho.

- Vitor você não passa a semana toda com a mamãe?

- Sim

- Então, agora é a vez do seu pai.

- Mas porque você não pode vir junto?

- Porque será só você, o papai e seus avós.

Senti que ele ficou um pouco pra baixo, quando soube que eu não iria.

- Mas eu queria você lá também. E cruzou os braços e fez bico.

- Olha filho, se você tiver saudades da mamãe, é só pedir para o seu pai me ligar, tá bom.

- Tá.

-Agora vem cá e me dá um abraço bem forte. Se comporta, obedece ao seu pai e seus avós tá.

- Tá.

Me dirigi ao Théo em tom de ameaça. – Olha cuida bem do meu filho. Se alguma coisa de ruim acontecer a ele, eu mato você.

- Relaxa nada vai acontecer. E relembrando ele também é meu filho.

- Acho bom.

Enquanto íamos descendo as escadas do prédio com eles, fui dando algumas recomendações:

- Olha se ele tiver com frio, coloca um casaco nele.

- Ok.

E por favor não dá doce antes do jantar.

- Haham.

- Não deixa ele sozinho na piscina, porque ele não está acostumado.

- Tá.

- Ele tem medo do escuro, então quando ele for dormir deixa a luz acesa.

- Tudo bem. Mas alguma coisa?

- Ah, e se acontecer qualquer coisa, qualquer coisa, a qualquer hora me liga.

- Tá relaxa.

Eu vi os dois se afastarem. Voltei para o apartamento e assim me permiti chorar, chorei muito. A sensação é que estavam roubando o meu filho de mim. Me deu um medo de nunca mais ver o meu filho. Dele gostar mais da casa do pai e nunca mais querer voltar para casa. Acho que liguei umas 5 vezes em 1 hora só para saber se ele estava bem. Acho que foi de mais. Na verdade tentei ligar mais uma vez, mas o Théo não atendeu mais. Fiquei doida. Não sabia o que fazer. Para tentar afastar aquelas ideias da minha cabeça, comecei a fazer uma faxina no meu apartamento. Lavei, passei, arrumei as coisas do Vitor, isto tudo para passar o tempo.

Roleta do amorWhere stories live. Discover now