Capítulo 31

125 9 0
                                    

O céu mal tinha clareado, quando acordei. Tinha algo estranho acontecendo comigo. Minha barriga estava doendo um pouco e senti algo molhado nas minhas pernas. Olhei para baixo e vi que a minha camisola estava suja de sangue. Oh não! Meu bebê. Meu bebê. Com muito esforço consegui me levantar e me pus de pé e chamei a Andreia que estava dormindo na cama de cima.

- Andreia por favor acorda, ai. Preciso de ajuda!

Acho que ela se assustou e deu um pulo da cama e desceu do beliche para me ajudar.

- O que foi Ana, o que está acontecendo?

- Não sei Andreia, estou sentindo muita dor na minha barriga e tem sangue aqui em baixo.

Então ela se levanta, vai até o corredor e começa a gritar por socorro. As meninas que moravam comigo se assustaram com aquela gritaria e vieram correndo até o nosso quarto, para ver o que estava acontecendo comigo. Eu estava muito nervosa e sentindo muita dor na minha barriga.

- Meu bebê, por favor me ajudem! Estou sangrando. Ainda não está no tempo dele nascer. Eu só estou com 7 meses de gravidez. Ele não pode nascer agora. Tem alguma coisa de errado acontecendo comigo. Então me bate um desespero e começo a chorar.

- Calma Ana, vou pegar o carro e vou te levar até o hospital. Você tem que ficar calma, isso pode fazer mal para você e seu bebê também. Fica tranquila que tudo vai dar certo.

- Tá bom Dona Marcia, por favor me ajuda, não deixa o meu filho morrer.

- Ai ai está doendo muito. 

- Calma Ana, nada vai acontecer com seu bebê. Vai ficar tudo bem.

Demoramos uns 10 minutos para checar ao hospital. Dona Marcia me deixou no carro e entrou correndo no hospital pedindo ajuda. Prontamente um rapaz foi até o carro e me colocou sentada em uma cadeira de rodas e saiu me empurrando pelos corredores do hospital. A médica me disse que eu estava tendo uma hemorragia e rapidamente tinham que me operar para que eu não perdesse o meu filho. Fui conduzida para a sala do parto e fizeram todos os preparativos para que meu filho pudesse vir ao mundo.

- Força! A médica disse. Já consigo ver a cabeça do bebê.

- Vamos empurra, mais força. Dona Marcia segurou a minha mão durante todo o parto.

- Eu não tenho mais forças. Murmurei exausta.

- Pensa no seu filho. Mais força vamos. Falta pouco.

- AHHHHH!!! Dei um grito e coloquei toda a força que pude. E finalmente o choro do bebê ecoou pelo quarto. Estava muito cansada e sem forças. Vi a enfermeira levando o meu filho.

- Dona Marcia cadê o meu filho? Eu quero o meu filho.

- Calma querida, a enfermeira levou o menino para limpar ela já vai trazer ele.

Minutos depois a enfermeira trouxe o bebê enrolado em uma manta, parecia um pacotinho. Ele já não chorava mais e era tão pequeno. Ela colocou o bebê em meus braços. Eu não sabia se eu sorria ou se chorava. Ele era lindo. Tinha o cabelo preto e ao abrir os olhos, pude ver que eram azuis. Ela posicionou o bebê no meu peito, para que ele pudesse dar a sua primeira mamada.

- Ana o seu bebê é muito lindo! Desejo que ele cresça com muita saúde.

- Obrigada Dona Márcia. Tenho que te agradecer por tudo. Não sei o que seria de mim senão fosse a senhora. Obrigada por tudo. E eu vi os olhos dela se encheram de lágrimas.

- Não há de que querida. Eu sou uma manteiga derretida, sempre choro. Acho que é a idade. Então ela enxuga as lágrimas e me pergunta:

- Qual vai ser o nome do bebê?

- Vitor – o vencedor.

******

Depois de 2 dias saí do hospital e voltei para o abrigo com o meu pacotinho. Nos primeiros dias, não foi fácil. Eu não tinha experiência nenhuma. Não sabia trocar fraldas, não sabia dar banho e era um desespero quando ele chorava. Eu não sabia o que fazer. As meninas da casa, me ajudavam muito. Me ensinaram a dar de mamá, a como cuidar das cólicas, a dar banho. Elas eram maravilhosas. O Vitor virou o mascotinho do abrigo, já que era a criança mais nova a viver ali. É engraçado, como um bebê muda o clima do lugar. Parece que fica mais iluminado.

Como eu disse, não é fácil ser mãe de primeira viagem. Mesmo com as dificuldades de ser mãe e de todos os aprendizados que eu estava tendo, eu estava muito radiante por ter o meu filho nos meus braços. Ele me dava uma força de viver e continuar lutando para que tivéssemos uma vida melhor.

Roleta do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora