Capítulo 46

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O Vitor ficou internado por 3 dias no hospital. Para mim foram os 3 piores dias da minha vida. Ver a pessoa que mais amo no mundo, longe de mim.

- Filho, estou tão feliz que vamos para casa!

- Sim mamãe. Não quero mais voltar para o hospital.

- Eu sei querido! E você não vai voltar mais. Agora é hora de voltarmos para a nossa casinha em Mangaratiba.

- Eba!

- Ana, eu queria conversar com você sobre isso. Acho melhor para o Vitor ficar na minha casa.

- Nem pensar ele vai comigo para casa.

- Deixa de ser teimosa! É melhor para ele. Melhor ficar perto do hospital onde tinha ficado internado, caso acontecesse algo de última hora, estávamos perto.

Relutei por um momento, mas sabia que ele tinha razão. Ficar próximo seria a melhor opção para ele.

O Vitor escutou aquilo e fez um estardalhaço. FICA MAMÃE!!!! FICA...

- É não tem jeito vou ter que ficar.

- EBA!

Eu e o Vitor ficamos na casa do Théo na Barra da Tijuca, me sentia muito desconfortável, porque ali não era a minha casa. Estava louca para voltar para o meu apartamento. Ele era simples, mas eu amava morar lá. Ele sim era meu lar.

- Vem mamãe, entra! E o Vitor saiu me arrastando para dentro da casa. Fiquei ali na sala plantada, enquanto o Vitor conversava com o pai. Eles falavam do jogo do futebol, do gol tal. Aff não sei por que homem gosta tanto disso. Enfim já se tinha passado mais ou menos 1 hora e eu ainda estava ali... parada olhando para os dois. E eu estava exausta. Com o Vitor internado eu ia ao hospital de manhã ficava com ele, voltava para casa e pegava no trabalho a noite. Ainda bem que a Michelle conseguiu trocar o turno dela comigo e consegui alguns dias de folga.

Bom fiquei ali meio que sem jeito, mas não tinha como voltar para a casa até que o Vitor melhorasse. Fui até o banheiro tomei um banho bem quente, tentando relaxar e desfazer os pontos de tensão das minhas costas. Desço as escadas e me dirijo até a sala e vejo uma mesa posta com um monte de besteiras, como pizza, refrigerante, um monte de doces. O Théo faz todas as vontades do Vitor. Lá em casa ele não tem esta moleza não. Obrigo ele comer os legumes e verduras, por mais que ele não goste ele precisa comer. O Théo e o Vitor já estavam sentados comendo. O Vitor estava do lado do pai e tinha uma cadeira vazia de frente para o Théo. Fiquei ali parada relutante em sentar a mesa com eles. Talvez fosse melhor nem comer, ou comer em outro lugar.

- Vem mamãe senta.

Então puxei a cadeira, me sentei um pouco sem jeito de frente para o Théo. Peguei um pedaço de pizza e comecei a comer mecanicamente. Nós mal nos olhávamos, muito menos, trocamos qualquer palavra. Um passado escuro veio a minha mente e me lembrei de tudo que aquele homem tinha feito de mal na minha vida. Não era para eu estar ali de frente para ele e muito menos naquela casa. Tudo bem que ele é pai do meu filho, mas eu não sou obrigada a conviver com ele. Havia um muro entre nós. Era muito difícil a nossa convivência. Comemos em silêncio, até que o Vitor começou a tagarelar.

- Mamãe, por que você e meu pai não são casados?

Eu que estava bebendo o meu refrigerante até me engasguei. - Nós já falamos sobre isto Vitor.

- Mas não entendo, porque vocês não moram juntos.

- É uma história complicada Vitor.

- Mas papai você não acha a minha mãe bonita?

- Hum o Théo coçou a garganta.

- Acho filho. Fuzilei o Théo com um olho mortal.

- E por que vocês não se beijam?

- Ô menino onde você está vendo estas coisas?

- Ué mamãe, todo mundo que é casado se beija. 

- E quem te disse essas besteiras?

- Os meus amigos da escola.

- Vamos parar com este papo! Chega por hoje. Vai brincar vai e para de falar bobeira.

E ele saiu correndo para a sala para jogar vídeo game com o pai. Sentei em um canto do sofá, enquanto observava o Théo e o Vitor. Fico ali parada por instante admirando a cena. A semelhança entre eles é incrível o mesmo tom de pele, a mesma cor de olhos. Já era bem tarde e todos estavam cansados das noites mal dormidas do hospital e o sono já começava a bater, com exceção do Vitor que ainda estava um pouco elétrico.

- Vitor hora de dormir.

-Ah, mãe quero jogar só mais uma partidinha.

- Não senhor, nem partidinha e nem partidão. Hora de escovar os dentes e ir pra cama.

- Pai, só mais um pouquinho.

- Vitor sua mãe tem razão. Já está muito tarde. E você acabou de sair do hospital, precisa descansar. Amanhã você joga mais.

- Ah tá bem. E ele subiu as escadas um pouco chateado e foi escovar os dentes a contra gosto. Passo pelo corredor em direção ao quarto que o Théo tinha me mostrado que eu iria dormir e vejo o Vitor pulando na cama do pai e o Théo não estava conseguindo fazer ele parar.

- Vitor! Desce logo desta cama e vai dormir. Falei com uma voz mais enérgica. Rapidinho ele parou e deitou na cama.

- Muito bem mocinho! Boa noite!

- Mamãe, deita aqui só um pouquinho. Me coloca para dormir.

- Não Vitor.

- Por favor! Por favor! Por favor! E começou a fazer cara de choro. Revirei os olhos, deitei-me ao seu lado e cobri ele com um lençol. - Vou ficar aqui até você pegar no sono. Agora fecha os olhos.

- Vem papai deita aqui também! Então o Vitor aponta o outro lado da cama para o pai. Ele resistiu no início, mas com a insistência do Vitor, acabou deitando do outro lado da cama. Ficamos ali os três deitados naquela cama enorme, esperando o Vitor adormecer. Acho que tanto eu, como o Théo estávamos muito desconfortáveis. Um silêncio pairava no ar, tinha poucos minutos que estávamos ali deitados, mas parecia uma eternidade.

O Vitor pega primeiro a minha mão e coloca em cima do seu coração e depois pega a mão do pai e leva em direção ao coração também. Fecha os olhos e começa fazer uma oração.

- Querido papai do céu, muito obrigado por ter me deixado sair do hospital com saúde. E muito obrigado por ter meu papai e minha mamãe juntos hoje. Que a gente seja muito feliz para sempre. Amém.

Sinto uma lágrima cair do meu rosto com a oração do meu filho. Fecho os meus olhos... eles estão muito pesados e cansados, então adormeci.

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