Capítulo 29

126 11 0
                                    

Tudo estava em silêncio, uma frestinha de sol começava entrar pela janela. A minha cabeça doía... abro os meus olhos e por um momento estou tranquila e serena desfrutando do ambiente que eu não conheço. Passo os olhos, tentando identificar que ambiente era aquele, mas de fato eu não o conhecia. Eu estava deitada em um quarto simples. Tinha apenas uma cama beliche branca e um guarda-roupa da mesma cor. Me levanto e me olho no espelho. Estou com uma cara horrível. Minhas olheiras estavam mais profundas. Meu rosto estava pálido e mais fino, devido aos quilos que tinha perdido. Eu me sentia um pouco perdida, não sabia onde estava. Abro a porta e saio pelo corredor, tentando descobrir que lugar era esse. Me dirijo até a sala e encontro a senhora que me ajudou no dia em que eu... eu, bom não gosto nem de lembrar, sentada com algumas mulheres em volta dela.

- Oi querida, que bom que acordou! Como você está se sentindo?

- Oi estou me sentindo um pouco estranha. Muito cansada.

- Isto é normal, devido a situação que passou.

- Agora venha senta aqui, toma o seu café e depois conversamos.

Assenti com a cabeça. A mesa do café tinha pão, café, leite e um bolo de fubá. Nossa comi muito, me sentia com muita fome. Mais do que o normal. Quando terminei de tomar o meu café, nos dirigimos para uma salinha, que tinha uma escrivaninha e muitos livros. Ela sentou em um lado da mesa e apontou para eu sentar em uma cadeira próxima.

- Senhora estou um pouco perdida, onde estou? E quem é a Senhora?

- Você realmente não se lembra né? Então deixa eu me apresentar. Sou Márcia e esta é a minha casa. Estamos no município de Mangaratiba. Você lembra que te encontrei em uma situação um pouco delicada?

- Sim eu me lembro. Mas depois daí, não me lembro de mais nada.

- Normal dormiu por 2 dias. Você estava muito agitada e o médico passou calmante para você se acalmar. Sei que seu nome é Ana, porque vi nos seus documentos, mas você tem alguma família?

Por um momento, fiquei hesitante, pensando no que eu ia responder. Depois de tudo o que aconteceu, não posso considerar o Théo como minha família.

- Não, sou sozinha no mundo.

- Você foi abusada? Sofreu alguma violência doméstica? Me conta a sua história.

Eu não me sentia muito confortável em contar a história para ela, porque não a conhecia bem. Um silêncio pairou no ar. Acho que ela percebeu o desconforto e começou a contar a sua história para quebrar o clima.

- Sabe Ana, há 15 anos atrás eu era uma moradora de rua. Eu sei muito bem o que é viver sem lar. Eu estava assustada e sozinha, o tempo todo tentando sobreviver e ter forças. Principalmente quando se é mulher, as coisas são bem mais difíceis. Temos que nos defender o tempo todo. E então ela fez uma pausa, como se tivesse tentando relembrar do próprio passado.

- Como você, eu tentei tirar a minha vida várias vezes, para ver se todo o sofrimento acabava. Até que um belo dia, tudo mudou quando uma pessoa me ajudou. Então minha vida começou a mudar. Encontrei um emprego, tinha uma casa... e foi aí que tive a melhor ideia da minha vida. Há 5 anos transformei a minha casa em um abrigo para receber mulheres com a situação parecida com a minha. Então como aconteceu comigo, esta pode ser a sua melhor chance. Por favor abra o seu coração. O que aconteceu contigo, pode confiar em mim que posso te ajudar. Estou aqui para te dar uma direção e quem sabe lhe dar um futuro melhor. Com a ajuda de Deus, tudo pode melhorar.

Fiquei impressionada com a história dela. Respirei fundo e tomei coragem para contar a minha história. - Meu pai eu não conheci e minha mãe, morreu quando eu era pequena. Fui criada em um orfanato e depois fui trabalhar em uma casa de família. A minha vida nunca foi fácil, mas parece que depois minha vida desmoronou ainda mais. Me apaixonei pelo filho do meu patrão e me entreguei a ele. No início ele fingiu que estava apaixonado por mim também, mas no final descobri que era tudo uma mentira e que ele tinha feito uma aposta com um amigo. Ele me humilhou na frente de outras pessoas e  para me vingar, forcei ele a casar comigo, mas nada deu certo. Na noite anterior do dia que nos conhecemos, peguei ele beijando uma moça, daí me descontrolei e quebrei o carro e a casa dele. Fui expulsa de lá. Perambulei pelas ruas e aí fui parar na situação que a senhora mesma viu.

Roleta do amorTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang