Os soldados que estavam ali abaixaram o que olhar no segundo que o barulho dos passos de Ettore se fez presente, como um aviso que o mal estava ali, caminhando em um terno impecável e passos lentos até encontrar a alma mais pecadora do lugar.... E achou.

Aquela noite o diabo se divertiria ao fazer aquela pobre alma pagar por todos os delitos cometidos em vida.

Bem no centro do galpão estava uma sombra de Lorenzo. Preso a uma cadeira. Ferido, torturado, exposto como uma fraude para que todos os soldados pudessem ver as suas imperfeições, inúmeros defeitos escondidos embaixo de um terno bem alinhado.

Ettore não precisava se aproximar para sentir o cheiro do medo que se originava sobre a pele de seu sogro e emanava para todo o galpão.

A morte estava bem ali. Olhando para o homem preso, completamente vulnerável. Um sorriso sádico nos lábios seguido de uma risada horrenda, o homem parecia possuído por uma força superior a ele, sedenta por sangue.

Bertinelli se aproximou da mesa com alguns diversos instrumentos que tão fácil ou lentamente depois de alguns investidas levariam a viva de Lorenzo, mesmo que nenhum deles fossem realmente usados para tirar o brilho de seus olhos. Correu com o dedo pelos utensílios metálicos e frios, imaginando tudo o que poderia fazer.

— Sempre estive correto sobre você. — Ettore disse em uma entonação tão fria que causou arrepios em todos aqueles presentes naquele local. — Um porco.

Ele prosseguiu, passou pela mesa, e se direcionou para onde Lorenzo estava. No centro do galpão e exatamente onde a luz era presente e forte.

— O que está esperando? Acabe logo com isso. — Um pedido subiu aos lábios do condenado, mas não era um pedido que Ettore queria.

Não seria tão fácil.

— Acabar logo com isso? Definitivamente, não. — Estavam apenas começando, não tinha a menor possibilidade de acabar logo. — Temos muito tempo, sogro.

Escolheu justamente aquela palavra porque naquele galpão existia um homem que duvidou de Bertinelli apenas por aquele grau de familiaridade. Como se colocar aquele grau acima do carrossel fosse uma opção viável. Tudo foi friamente calculado.

— E o que espera ganhar? Eu já sou um homem morto. — Lorenzo demonstrava uma calma que claramente não passava de uma mentira.

Não seria uma morte rápida, seria longa e dolorosa. Bertinelli contornou a cadeira onde Lorenzo estava sentado e apoiou as mãos em seu encosto. Foi quando sentiu um leve tremor na cadeira, confirmando o quanto ele temia.

— Quer que eu conte quem estava comigo. — Era o óbvio. Ninguém se movimentava daquela forma sozinho. — Vai me poupar?

—Sim.

— Mentira.

Ettore deu uma risada nasalada. Realmente. Aquela opção não existia de forma alguma. Para Lorenzo era a morte ou a morte.

— Olhe para mim. Olhe bem para mim. — Bertinelli contornou a cadeira mais uma vez, indo para frente do sogro, onde levantou o queixo do homem. — Eu sou o que sempre desejou ser, na posição que sempre desejou ter, logo a última coisa que verá será o meu rosto.

O Bertinelli apoiou os dedos na parte de trás da cabeça de Lorenzo, com os dois polegares cobrindo os olhos do sogro. Então, apertou os polegares, forçando o globo ocular.

— Pare. — Ele gritou, se debatendo da forma que podia. — Eu falo.

Ettore parou, mas não tirou os polegares, mantendo-os com a intenção de continuar.

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now